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Redação

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  1. Não confunda Sérgio Moro com

    Não confunda Sérgio Moro com Fausto De Sanctis

    SEG, 13/10/2014 – 10:07
    ATUALIZADO EM 13/10/2014 – 14:56
    Luis Nassif

     

    Uma pessoa é ela e suas circunstâncias. Um juiz é seu conhecimento e suas circunstâncias.

    A Ajufe (Associação dos Juízes Federais), por eleição direta, indicou três juízes federais como seus candidatos para ocupar uma vaga no STF (Supremo Tribunal Federal). Dois deles que viveram a circunstância de julgar processos que mexiam com as entranhas do poder: Sérgio Moro, que toca a Operação Lava Jato, e Fausto De Sanctis, que tocou a Satiagraha.

    É importante entender a diferença entre ambos, na análise de suas circunstâncias.

    As duas operações envolviam o mundo político-empresarial brasileiro, grandes empresas e pessoas ligadas a todos os partidos. Qualquer operador de mercado sabe que nesse submundo dos negócios do Estado navegam PT, PSDB, PMDB, PP e a rapa.

    A diferença entre ambos é que, ao não privilegiar nenhum lado, De Sanctis ficou do lado da Justiça. Na Satiagraha as circunstâncias do processo o levaram a enfrentar TODAS as forças da República – governo, poder econômico, STF, grupos de mídia.

    Suas investigações bateram em Daniel Dantas – apadrinhado por José Serra, Fernando Henrique Cardoso e grupos de mídia – e em José Dirceu – então todo poderoso Ministro-Chefe da Casa Civil. Enfrentou a fúria de Gilmar Mendes e o esvaziamento promovido na Operação pela própria Polícia Federal do governo Lula. Pode ser acusado de radical, jamais de oportunista.

    Mesmo com exageros, em nenhum momento tergiversou ou escolheu qualquer lado que não fosse o da Justiça. Naquele momento, perante a consciência jurídica do país, elevou ao máximo o respeito pelos juízes federais de 1a Instância. Daí o justo reconhecimento da Ajufe ao seu trabalho.

    Sérgio Moro também enfrentou suas circunstâncias.

    Avançou em duas operações delicadas, estudou-as, entendeu sua abrangência, percebeu que atingiam todos os lados do espectro político. E se viu com o poder extraordinário de controlar as informações de um tema que mexe com a opinião pública e até com o processo eleitoral.

    É nesses desafios que se identifica a têmpera e os compromissos de um juiz.

    De Sanctis foi grande: não cedeu.

    Sérgio Moro escolheu lado. Não pensou na Justiça e na imagem dos seus próprios colegas, juízes federais, que pouco antes o haviam escolhido como representante da categoria. Sequer pensou que a eficácia de uma operação contra o crime organizado reside em identificar todos os elos, todo o mundo político. Só assim haverá força política para promover mudanças que eliminem o mal.

    Nessa hora, o campeão da luta contra o crime organizado, pensou apenas em si e decidiu ser peça decisiva em uma eleição que elegerá a pessoa – o presidente da República – que indicará Ministros ao Supremo. No momento em que o STF começa a se arejar com a discrição sólida de um Teori Zavascki, de um Luís Roberto Barroso, de Ricardo Lewandowski, de Celso de Mello, surge um candidato a novo Luiz Fux, um jovem Gilmar Mendes.

    Então, para que não se cometa nenhuma injustiça em relação a De Sanctis, que se coloque a retificação. Um juiz é feito de conhecimento e de caráter. Juntando todas as peças, ele e Moro não são comparáveis.

    Aliás, seria instrutivo algum tracking junto aos associados da Ajufe para avaliar quantos votos Moro perdeu ou ganhou com seu gesto.

     

       

     

  2. Prezado Nassif,

    um desabafo:

    não deixe que o seu blogue/site se transforme num “feiceburro”!

    …está se desvirtuando do objetivo de ser um meio de discussão sobre cidadania, política e cultura.

     

  3. Já tem programação para os próximos dias? “Vai Prá Cuba”

    Do Sul21.com.br

    Já tem programação para os próximos dias? “Vai Prá Cuba”

        Fotografia que está em exibição na exposição | Foto: Rogério Amaral Ribeiro

    Fotografia que está em exibição na exposição | Foto: Rogério Amaral Ribeiro

    Luís Eduardo Gomes

    Porto Alegre recebe desde a última quarta-feira a exposição fotográfica “Vai Prá Cuba” na sede do Instituto de Arquitetos do Brasil, no Centro Histórico. São 25 fotografias em preto e branco feitas, em 2012, pelos fotógrafos Lidia Fabrício e Rogério Amaral Ribeiro em Havana, capital do país, e Santiago, segunda maior cidade.

    “A ideia da exposição é mostrar as pessoas de Cuba. Quem são as crianças, quem são os adultos, quais as relações entre eles”, diz Rogério

    Segundo o fotógrafo o nome da exposição é uma brincadeira com a expressão “Vai para Cuba”, utilizada de forma pejorativa para atacar pessoas ligadas à esquerda no Brasil. “É uma brincadeira para que o público perceba que Cuba tem um potencial muito grande de educação, saúde, conhecimento e solidariedade das pessoas que não existe no Brasil”, diz Rogério.

    Rogério explica que a exposição traz imagens de “personagens, pessoas, retratos, crianças brincando e em situações da vida cotidiana”.

    Local: 

    Sala do Arco da Galeria Espaço IAB

    Instituto dos Arquitetos do Brasil/RS – Ponto de Cultura Solar do IAB

    Rua General Canabarro, 363, esquina Rua Riachuelo, Centro Histórico, Porto Alegre

    Visitação: 

    21 de maio a 12 de junho, de segunda a sexta-feira, das 14 às 20h

    Foto: Rogerio Amaral Ribeiro

    Foto: Rogerio Amaral Ribeiro

    Foto: Lidia Fabricio

    Foto: Lidia Fabricio

    Tags: 

  4. INVEJA

     

    Tratado Sobre a Inveja

    “A inveja é corrosiva e feia, e pode arruinar a sua vida”, disse Richard H. Smith, professor de psicologia na Universidade do Kentucky

    por Thomaz Wood Jr. 

    Ilustração de Serge Bloch

    “Quando um dos meus amigos tem sucesso, algo em mim se apaga”, admitiu certa vez o escritor Gore Vidal. No século XVII, esse tormentoso sentimento – a inveja – atingiu a cabeça coroada de Luís XIV e levou à desgraça seu exuberante ministro das finanças, Nicolas Fouquet. No verão de 1661, Fouquet, um amante da beleza e do prazer, promoveu uma deslumbrante festa em seu castelo de Vaux-le-Vocomte. A suntuosidade do evento, com fogos de artifício, espetáculos de teatro e divertimentos, despertou a inveja do rei e sua corte. Sob acusações diversas, Fouquet foi preso e condenado à prisão perpétua. Passou o resto de seus dias em uma pequena fortaleza nos Alpes Franceses. 

    Essa história, contada por Manfred F. R. Kets de Vries em um capítulo do livro “O Indivíduo na Organização: Dimensões Esquecidas”, mostra a inveja como um poderoso fator de motivação humana. As empresas da virada do milênio talvez não sejam tão diferentes da corte francesa do século XVII. O argumento do autor é pertinente: apesar de permear as relações nas empresas modernas, a inveja permanece pouco estudada e entendida. 

    História Antiga 

    A inveja é um dos sete pecados capitais. Foi a causa do primeiro assassinato da Bíblia quando o Senhor dedicou suas atenções a Abel, desprezando os esforços de Caim. Essa tragédia se repetiu como farsa recentemente, no rocambolesco caso Collor versus Collor. Na Bíblia ou em Alagoas, a inveja surge entre os que se sentem inferiorizados ou excluídos. 

    A inveja é incapaz de ingenuidade, de probidade e de honestidade. Falta-lhe retidão de caráter. Ela mobiliza todas as forças a seu alcance, manipula pessoas e distorce fatos para destruir o que não é capaz de alcançar. Sofre ao ver nos outros o que deseja ardentemente para si. Desejar é o seu verbo. A inveja é toda compulsão. Nunca está sozinha. Seus companheiros inseparáveis são o complexo de inferioridade, a vergonha, a frustração e a amargura. 

    Freud Explica 

    Qual a origem da inveja? Kets de Vries assegura que já existem no recém-nascido, que experimenta uma mistura de sensações de paz e satisfação com sentimentos de aflição. Freud explicava o sentimento de inveja a partir da concepção do ser humano como ser estruturalmente incompleto, iludido com a possibilidade de plenitude. 

    Se a inveja é de fato inevitável, ela não precisa ser necessariamente uma tortura para quem a experimenta. Reconhecer a inveja é reconhecer a inferioridade, porém pode também ser o primeiro passo para amadurecer e superar essa inferioridade. 

    Inveja Empresarial 

    Quem nunca sentiu aquele sabor amargo que um (ex-) colega foi promovido? Perdoamos tudo, menos o sucesso. Como um pântano pestilento, as empresas provêem um ecossistema favorável para o aparecimento da inveja. Como a umidade e o mofo, as estruturas hierárquicas, o personalismo, o culto ao poder e a ideologia do sucesso fornecem as condições necessárias para o surgimento e a propagação da inveja. 

    A inveja não grassa apenas nas empresas: universidades, sindicatos e grupos de psicanalistas também não lhe escapam. Mais sofisticado o meio, mais sofisticada ela aparece. Muda a forma, mas o conteúdo permanece o mesmo. 

    A circularidade é a sua marca: o trainee inveja o gerente que inveja o presidente que, muitas vezes, gostaria de ser apenas um jovem trainee. 

    Inveja Construtiva 

    Mas nem todas as maneiras de lidar com a inveja são negativas. Abordagens construtivas também são possíveis. Usar o objeto de inveja como fonte de inspiração para o auto desenvolvimento é uma forma positiva de lidar com a inveja. O primeiro passo é reconhecer o sentimento e eliminar as atitudes negativas: admitir que algumas realidades da vida são imutáveis e parar de desejar o que não se pode ter. Rompê-la pode ser um processo duro. Pode também ser o começo de um processo de amadurecimento e levar à superação de barreiras e limites. 

    Carências Tupiniquins 

    O brasileiro não precisa ter complexo de inferioridade quanto à inveja: somos tão invejosos quanto qualquer outro povo. Porém, se o sentimento é o mesmo, o jeito que ele aqui se manifesta adquire tons próprios. Mais estruturada e hierarquizada a sociedade, maiores as condições para a inveja destrutiva. Herdeira direta do “modelo casa-grande e senzala” de colonização, a inveja tupiniquim é alimentada pelas nossas carências econômicas, sociais e culturais. 

    No Brasil, a inveja é quase sempre negativa. Em Terra Brasilis o invejoso deve remoer sua dor nas mansardas e tugúrios suburbanos,

    Gerenciando a Inveja 

    Fora os casos patológicos de inveja perversa, existem estratégias possíveis que podem gerar mudanças e reduzir o nível de inveja. Para agir com sucesso na organização, é preciso compreender sua dinâmica e fazer uma leitura cuidadosa da cultura organizacional. É necessário entender os valores e as crenças mais arraigados na empresa, que definem sua identidade e sua forma de agir. A inveja é a homenagem que a inferioridade tributa ao mérito, superá-la é celebrar a possibilidade de vencer essa inferioridade e pavimentar o caminho da virtude. 

    Fonte: publicado em Os 7 Pecados do Capital e Outras Perversões Empresariais (Makron Books), por Thomaz Wood Jr., Professor da EAESP/FGV e consultor de empresas

    Fonte: http://mrmarcinho.blogspot.com.br/2001_07_01_archive.html

  5. Direita e Esquerda

     

    Nos tempos modernos o centro do debate político tem girado em torno de uma dicotomia maniqueísta referente à natureza humana. A questão é antiga e nos registros históricos vem desde a Grécia. Foi retomada por John Locke na hoje chamada teoria da tabula rasa, na fabulação de J. J. Rousseau sobre o noble savage corrompido pela cultura e no darwinismo social de Herbert Spencer. A dicotomia é simples:

    a)    O ser humano é desprovido de qualquer natureza de origem biológica. Todas as suas tendências, predicados e comportamento são frutos do ambiente em que é criado.

    b)    O ser humano nasce com um cabedal genético que determina suas tendências, predicados e comportamento, que o ambiente não é capaz de mudar.

    A primeira proposição (ambientalista) é o postulado da esquerda, a segunda (geneticista), o da direita. Esquerdistas e direitistas são pessoas que gostam de simplificações que possam ser expressas em axiomas fundamentais. Dessas simplificações, que não admitem nuances nem gradações ou terceiras vias, nascem o fundamentalismo, a intolerância e o totalitarismo.

    O nazismo e o leninismo-stalinismo foram as duas grandes catástrofes ideológicas do século 20, cada uma apoiada em um dos princípios opostos. O nazismo foi um totalitarismo racista por excelência, e o racismo não se sustenta sem a postulação de um determinismo genético. Na verdade, os inspiradores ideológicos do nazismo foram adeptos do darwinismo social – uma deturpação do darwinismo – que acabaram aderindo à eugenia de Francis Galton. Já o leninismo-stalinismo, apoiou-se no comunismo marxista, que por sua vez não se sustenta sem a crença numa maleabilidade extrema da natureza humana, o que é a negação de que o homem tenha alguma natureza de origem biológica. Não por acaso, Stalin acabou banindo o darwinismo, em que a evolução biológica deriva da seleção de caracteres hereditários (genéticos), e adotando como doutrina oficial do regime o lamarckismo, em que a evolução deriva da transmissão e seleção de caracteres adquiridos.  Lysenko é o ícone “científico” dessa impostura. Mais tarde, Mao Tsé-Tung afirmou sua fé na tabula rasa de forma sucinta: “É em páginas em branco que se escrevem os mais belos poemas.” O aforismo lembra claramente a célebre frase de Locke: “A mente de um recém-nascido é uma página em branco e a história nela impressa é escrita pelo ambiente e pela experiência de vida.”

    Tanto esquerdistas quanto direitistas continuam afirmando a inexistência de alternativas fora do maniqueísmo esquerda-direita. Para isso, é fundamental que se ignore a ciência. Ocorre que, no último meio século, a ciência vem acumulando uma massa avassaladora de dados reveladores de que o homem tem, de fato, uma natureza biológica, fruto da evolução darwiniana. O patrimônio genético de um recém-nascido o predispõe a certos comportamentos e potencializa certas aptidões. Entretanto, esse arquivo nato não determina a índole, os dons e o comportamento de um indivíduo, pois a expressão dos genes é condicionada pelo ambiente em que a pessoa se desenvolve. Ou seja, o homem é resultado de uma interação dos genes com o ambiente, da biologia com a cultura.

    Diante dessas evidências, que contestam a dicotomia tão cara a esquerdistas e direitistas, a reação foi negar a objetividade da ciência. Essa negação tem sido muito mais comum e radical na intelectualidade esquerdista. Por meio de um diversificado feixe de proposições, que no conjunto é chamado pós-modernismo, os esquerdistas têm ensinado que a ciência não é ideologicamente neutra. A maioria dos pós-modernistas também advoga o relativismo cognitivo. Nos casos extremos, negam a existência de um mundo “lá fora”, independente de nós, que nossa mente seja capaz de compreender. Em qualquer dos casos, a ciência, na visão pós-modernistas, não teria qualquer caráter distinto de outras formas de conhecimento, é apenas mais um discurso, como qualquer outro. Meteorologia e dança da chuva se equivalem. O Sol orbita a Terra, ou a Terra orbita o Sol, nenhuma dessas proposições se apoia em evidências factuais, exatamente por isso podem se alterar dependendo dos valores da época. Vale apontar, como já fez melhor Richard Dawkins, que essa retórica é claramente hipócrita. Quando adoece seriamente, um pós-modernista procura o melhor e mais bem equipado hospital que possa conseguir, não um curandeiro ou guru da sua seita. E todos circulam pelo mundo, para pregar sua filosofia, em aviões desenvolvidos por uma ciência à qual negam qualquer objetividade. A dez mil metros de altura, abnegam sua filosofia.

    Todo bom cientista reconhece que a neutralidade da ciência nunca é completa. Em particular reconhece que os valores de cada época definem a maior parte da agenda científica. Mas isso está muito longe do relativismo cognitivo. No caso das ciências naturais, nas quais se inclui a solução da dicotomia esquerda-direita, a ciência, após dissidências temporárias que quase sempre levam à formação de consensos, é muito objetiva. Consensos, um dos importantes distintivos da ciência, são impossíveis na filosofia e na ideologia. Não por outra razão, a boa filosofia costuma ser muito mais crítica do que assertiva, e o filósofo vira mero ideólogo quando troca a dúvida pela certeza. Os consensos científicos, que Thomas Kuhn denominou paradigma científico, nunca são para sempre. Toda teoria científica e todo paradigma um dia poderá ser substituído por outro capaz de descrever a realidade com maior precisão e abrangência. Sem conhecimento da dinâmica do avanço científico, muitos filósofos e cientistas sociais alegam que isso é demonstração da falta de objetividade e neutralidade da ciência.

    Tanto no caso da esquerda quanto no da direita, é importante distinguir a ideologia das práticas sociais e políticas dos seus adeptos. No caso da esquerda, grande parte da ideologia é fundada em ficções sem relação com a realidade. Quando aplicadas ao mundo real, tais ideologias levam ao fracasso. Já a direita, na atualidade sequer tem uma ideologia, uma vez que o darwinismo social e suas bases pseudocientíficas foram inteiramente demolidos. No campo da prática, a direita é uma realidade, principalmente associada à luta de classes. É, nesse aspecto, essencialmente um movimento de grupos social e economicamente privilegiados em defesa de seus interesses. Como esses interesses são atendidos no presente estágio da história, sua luta é pela manutenção do status quo. Exatamente por isso, os direitistas são também conservadores: qualquer mudança pode lhes ser desfavorável. Esse matiz conservador faz com que as religiões sejam um aliado natural dos direitistas. Há ainda outro elo de união entre direita e religião: as religiões são um forte aliado das classes dominantes ao pregar aos desfavorecidos resignação à sua realidade. Daí a afirmação de Marx que a religião é o ópio do povo.

    Já a esquerda, luta por mudanças. Por isso, se diz progressista, embora não defina claramente o que entende por progresso. Por exemplo, com frequência se opõe ao avanço tecnológico, que sem dúvida tem sido o grande propulsor dos interesses das classes desfavorecidas. Defende os interesses das classes desfavorecidas, é mais tolerante em relação às minorias e à diversidade dos costumes. No conjunto da obra, é inegável que a esquerda tem revelado muito maior sensibilidade para os problemas sociais. Mas às vezes luta contra a sua solução ao se opor a qualquer juízo de meritocracia, o que resulta da sua fé na tabula rasa. Todos nascem iguais, o que se chama mérito diferenciado nada mais é do que efeito de diferenças de oportunidades. Qualquer um pode ser um Pelé, um Picasso, um Mozart ou um Einstein, desde que seja preparado para isso.

    A busca do progresso social pode se tornar muito mais eficaz se as esquerdas abandonarem sua posição fundada no maniqueísmo descrito neste texto e abraçarem a posição de meio termo defendida pela ciência. Sem o reconhecimento de que a natureza humana deriva em parte da biologia e em parte do ambiente, só criarão utopias que inevitavelmente fracassarão por serem baseadas numa suposta e falsa maleabilidade ilimitada da nossa natureza. É emblemático o sucesso das democracias sociais dos países nórdicos. O que propositalmente se omite ou ignora é que nessas sociedades o proselitismo histórico da esquerda é quase inexistente. Até mesmo a pedagogia praticada nelas, que leva a uma das melhores educações do mundo, ignora os tabus da esquerda que negam a existência de aptidões natas e diferenciadas nas crianças. Ao contrário, as reconhece e procura explorar o que cada criança tem de melhor por meio de um sistema flexível em que cada criança escolhe as disciplinas para as quais é mais apta e, por isso mesmo, a agradam mais. Já a pedagogia brasileira, inspirada na tabula rasa, impõe aos estudantes uma grade curricular carregada de uma dúzia de disciplinas obrigatória para todos.

  6. Exército simula ocupar a Sabesp em caso de crise social

    CRISE HÍDRICA EM SÃO PAULO » Exército simula ocupar a Sabesp em caso de crise social Militares fazem simulação de possível ocupação em momento de crise por falta de água Crise hídrica e caos social em São Paulo entram na pauta do Exército MARÍA MARTÍN São Paulo 27 MAY 2015 – 10:56 BRT Recomendar no Facebook3.956Twittear229Enviar para LinkedIn0Enviar para Google +9 Arquivado em: Sabesp Exército profissional Crise hídrica Escassez água Seca Tratamento água Forças armadas Chuva Abastecimento água Precipitações Água Equipamento urbano Problemas ambientais Meteorologia Urbanismo Defesa Empresas Economia Meio ambiente Militares na entrada do recinto da Sabesp, em Pinheiros. / MARTHA LU Enviar Imprimir Salvar O Exército brasileiro ocupou na manhã desta quarta-feira as dependências da Sabesp, no bairro de Pinheiros, na zona Oeste de São Paulo. Cerca de 70 militares armados estudam o perímetro e o interior do recinto “para uma eventual necessidade de ocupação, em caso de crise”, segundo o comunicado interno enviado pela companhia aos seus funcionários. O conceito de “crise” não foi esclarecido pela Sabesp, mas funcionários explicaram a este jornal que é conhecido e comentado o temor por possíveis revoltas populares ou tentativas de invasão no local, se a crise hídrica que enfrenta São Paulo se agravar ainda neste ano. O Exército considera esta operação no contexto de segurança nacional e qualifica a sede da Sabesp como “área estratégica”. MAIS INFORMAÇÕES Sabesp ignorou ordem e fechou contratos com grande consumidor Ministério Público investiga contratos ‘premium’ da Sabesp “Não se viciem em água”, avisa o novo ‘Mad Max’ A vida com três horas de água A Sabesp informa que, a exceção do ano passado, esse tipo de manobra tem sido feita nas dependências da companhia há 15 anos, mas, consultados por EL PAÍS, três ex-funcionários da companhia com mais de 25 anos com o crachá da empresa disseram nunca terem visto nada parecido. Na porta da companhia, dois funcionários comentavam a ostensiva presença dos militares no local. Um deles, embora tenha sido avisado nesta terça-feira, levou um susto bem de manhã ao guardar sua marmita no refeitório, onde encontrou mais de 30 homens armados com metralhadoras. O Exército chegou por volta das 6h e prevê continuar as manobras até às 19h. O trabalho de reconhecimento dos militares está sendo realizado, mais discretamente, desde o dia 25. O Exército já tinha demonstrado sua preocupação pelo agravamento da crise hídrica e o caos social que poderia se desatar diante cortes prolongados no fornecimento de água. No dia 28 de abril, o Comando Militar do Sudeste, que coordena esta operação, celebrou na sua sede a primeira palestra com a crise hídrica como assunto. No evento, o diretor metropolitano da Sabesp, Paulo Massato, abriu a porta para a possibilidade da água acabar em julho, mas afirmou que a conclusão das obras planejadas pela Sabesp pode garantir o abastecimento até o próximo período de chuvas, em outubro. A principal dessas obras é a interligação da Represa Billings com o Sistema Alto Tietê e despejará, segundo o governador Geraldo Alckmin e o presidente da companhia Jerson Kelman, a possibilidade de um rodízio drástico – de cinco dias sem água por dois com – nos bairros abastecidos pelo Sistema Cantareira. A Sabesp e Governo asseguram que, depois de um atraso de três meses, os trabalhos devem finalizar em setembro e não haverá rodízio. Leia o comunicado enviado aos funcionários da Sabesp Exército Brasileiro realiza operação de segurança no Complexo Costa Carvalho Área da Sabesp é considerada estratégica e ação faz parte das atividades militares preventivas que visam a preservação da ordem pública e a proteção das pessoas e do patrimônio Nesta quarta-feira, 27 de maio, o Comando Militar do Sudeste do Exército Brasileiro estará nas dependências da Sabesp, no Complexo Costa Carvalho, para uma operação inserida no contexto de segurança nacional. Trata-se de simulação para uma eventual necessidade de ocupação em um momento de crise, uma vez que a área da Sabesp é considerada estratégica. Militares e veículos deverão chegar logo nas primeiras horas do dia e desenvolverão as atividades de segurança no decorrer da quarta-feira sem qualquer interferência na rotina de trabalho da companhia. Para garantir o sucesso da operação, o trabalho de reconhecimento do terreno pelos oficiais do Exército Brasileiro está sendo realizado desde o dia 25.

    http://brasil.elpais.com/brasil/2015/05/27/politica/1432728524_009010.html

  7. Hoje devia ser feriado nacional, por Luiz Weis

    Hoje devia ser feriado nacional

     

    Por Luiz Weis, especial para Jornalistas Livres

    Os motivos que levam um parlamentar a votar a favor ou contra um projeto — quando o comando da bancada não “fecha questão” em torno da matéria, deixando os seus membros livres para decidir como queiram — geralmente se resumem a uma mistura de convicções, fidelidade a acordos políticos e interesses.

    Para o público, essa última palavra é a Geni do sistema. O interesse é tido por definição como espúrio, ilegítimo, imoral — suprema traição do eleito aos seus eleitores. Mas isso não é necessariamente verdadeiro. Como não é verdade que os interesses que nos movem a todos em todas as esferas da vida sejam indignos e ofensivos ao ideal da integridade que deve pautar os atos dos seres decentes.

    De mais a mais, condenar os políticos à lapidação por violação contumaz da ética pode ser conveniente para ocultar os nossos próprios cadáveres — os pecadilhos que vamos acumulando ao longo do tempo por força do que os romanos chamavam com sabedoria e resignação ipsa humana natura.

    Só que o desprezo e a repulsa que muita gente, em quase toda parte, sente pelos que, em vez de representar quem os elegeu, servem aos interesses entrelaçados com o seu sucesso, é tão fútil como tentar ler jornal contra o vento.

    É assim que a democracia parlamentar funciona — misturando sujeira e limpeza em proporções difíceis de determinar de antemão.

    Mas tem o raro dia em que o interesse dos políticos e o interesse da sociedade convergem. Foi o que aconteceu na terça à noite no plenário da Câmara, quando 267 deputados (ante 210) abateram a escabrosa proposta concebida pelo vice de Dilma, Michel Temer, e apoiada com entusiasmo pelo presidente da Casa, o até então invicto Eduardo Cunha, do PMDB do Rio: o chamado “distritão” para a eleição de deputados e vereadores.

    O projeto equipararia essas votações àquelas para prefeito, governador e presidente, em que o voto dado a um candidato de nada valeria se não ajudasse a elegê-lo. No sistema proporcional em vigor no país desde 1946, o voto individual serve também para ajudar o partido ou a coligação do dito cujo a conquistar assentos nas câmaras e assembleias — mesmo que ele pessoalmente não chegue lá.

    O sistema tem um defeito grave. Permite que o voto dado ao candidato A do partido X acabe elegendo o candidato B do partido Y a ele coligado. É o que dá sobrevida aos nanicos, que vendem aos maiores o tempo de que dispõem no horário eleitoral — pouco, mas nem por isso menos precioso — em troca de lugares na chapa comum.

    Perto do distritão, porém, é uma beleza. Na perversão da democracia imaginada pela dupla Temer&Cunha, as 70 vagas para a Câmara federal a que o Estado de São Paulo tem direito, seriam preenchidas pelos 70 candidatos mais votados, fossem quais fossem as siglas a que estivessem filiados. E estas seriam induzidas a “contratar” radialistas, celebridades e outras figuras de destaque na chamada cultura de massa para entrar com presumível vantagem nas disputas distrito a distrito.

     Eduardo Cunha Foto: Antonio Cruz/ Agência Brasil

    Não há notícia de que algum cientista político brasileiro tenha manifestado apoio à enormidade. Ao contrário, os mais respeitados entre eles assinaram um documento de alerta para o desastre que representaria a sua adoção.

    Quem quiser encontrar um motivo para explicar cada um dos 267 votos que salvaram o país do que seria o maior retrocesso político desde a ditadura militar de 1964–1985 vai acabar encontrando mais motivos do que é capaz de segurar nas mãos.

    Mas o que decidiu a parada, pode-se apostar, foi o interesse da maioria de suas excelências. Políticos são essencialmente seres que calculam. A cada votação importante, se não forem tolhidos pelo “fechamento da questão” pesam os pros e contras para as suas carreiras se a proposta na ordem do dia prevalecer ou cair no processo.

    No caso do distritão, a maioria entendeu que a aprovação do monstrengo seria ruim para os partidos pelos quais se elegeram e para suas chances pessoais de longevidade política.

    E assim se deu que o que eles entenderam ser vantajoso para si mesmos coincidiu com que é vantajoso para o país. Isso é tão bom e tão infrequente que hoje devia ser feriado nacional.

    Luiz Weis é jornalista

  8. Mensalão e Lava Jato

    Joaquim Barbosa e Sergio Moro, farinha do mesmo saco

    Tenho um amigo que acredita, como grande parte da sociedade, que Moro é um juiz imparcial e vai levar às grades todos os envolvidos em corrupção na operação Lava a Jato. E que Moro não vai fazer como o ex-ministro Joaquim Barbosa, presidente do STF, que dirigiu a AP 470 e teve a cara de pau de julgar o mensalão do PT e deixou de fora o mensalão do PSDB, que foi anterior ao do PT. Todos ficaram esperando que depois do PT viria o mensalão tucano. Estamos esperando até hoje! E o mensalão tucano prescrevendo! Folha de 21/01/14:  “ […] A justiça de Minas Gerais confirmou as prescrições das acusações contra o ex-ministro Walfrido dos Mares Guia pelos crimes de peculato (desvio de recursos públicos) e lavagem de dinheiro no processo do mensalão tucano. […]”.

    Meu inocente amigo e sociedade ludibriada acreditam que o juiz Moro vai prender, como fez com o tesoureiro do PT, os tesoureiros e membros de outros partidos citados na operação, como o senador Aécio Neves, o ex-governador de Minas Gerais, Antônio Anastasia, Marcio Forter, ex-tesouro de campanha de FHC, e de José Serra, todos do PSDB! Com certeza que o sentimento da sociedade é que, independente de partido, todos envolvidos  e condenados irão para a cadeia, após ampla defesa garantida pela lei e do processo transitado em julgado. Vão ficar esperando, já que Moro e Joaquim Barbosa são iguais. Não dá para acreditar no Juiz Sergio Moro como não deu para acreditar no ministro Joaquim Barbosa, tanto que a Globo, que também não quer um país soberano e não gosta do povo, deu para os dois o prêmio de personalidade do ano. Como a maioria de nós, acreditei em papai Noel quando era criança, mas agora estou muito velho para me deixar enganar!

    OBS.: Artigo enviado para possível publicação para o Globo, JB, o Dia, Folha, Estadão, Veja, Época entre outros órgãos de comunicação.

    Emanuel Cancella é coordenador do Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ) e da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP).

    Rio de Janeiro, 27 de maio de 2015

     

    http://emanuelcancella.blogspot.com.br/

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