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Redação

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  1. Comparativo econômico entre Argentina, Brasil e Venezuela

    PARA ALÉM DA RETÓRICA – Há uma eterna mania de alguns grupos em tecer comparações entre a política e a conjuntura nacionais com estes mesmos elementos presentes em países vizinhos, notadamente na Venezuela e na Argentina.

    Os setores ditos de esquerda, que desde tempos imemoriais urram de prazer em fazer tais comparações, batem sempre na mesma tecla: a Argentina e a Venezuela tem “governos revolucionários” e estão muito mais avançados que o Brasil em todos os aspectos possíveis e imagináveis. Persiste sempre um tom rançoso nestas comparações, como se o Brasil fosse um padrão ruim e desprezível na comparação com nuestros hermanos.

    Em primeiro lugar, esse tipo de análise desconhece, desde sempre, a questão da correlação de forças existente no Brasil e em outros países do globo terrestre.

    Em segundo lugar, as análises atuais a respeito da economia política nacional, continental e mundial não levam em consideração nenhuns aspectos como os ciclos econômicos, a debacle do preço das commodities minerais e agrícolas, a iminente normalização da política econômica nos EUA, a queda na economia chinesa, etc.

    Em terceiro lugar, pintam um quadro do Brasil, de forma comparada ao país de Gardel e de Bolívar, como se nossos vizinhos estivessem em situação infinitamente superior. Principalmente tratando-se de quesitos como inflação, taxa de juros e emprego, é necessário e urgente revelar a verdade factual a respeito da situação brasileira.

    Façamos isso, portanto:

    1) Taxa de juros

    -Argentina: 22,5% ao ano;
    -Venezuela: 19,6% ao ano;
    -Brasil: 14,25% ao ano.

    2) Inflação

    -Venezuela: 68,5%;
    -Argentina: 15%;
    -Brasil: 9%.

    3) Desemprego

    -Venezuela: 7,9%;
    -Argentina: 7,1%;
    -Brasil: 6,9%.

    Não seria de todo ruim enveredar também pela comparação do Brasil consigo mesmo, até para dissipar as teorias dos profetas do apocalipse, que trombeteiam sobre o fim dos tempos em Pindorama.

    Para tanto, a régua adequada é comparar os índices do Brasil nos últimos 03 ajustes macroeconômicos (1999, 2003 e o atual de 2015).

    1) Taxa de juros

    -Em julho de 1999, ajuste de FHC/PSDB: 19,5% ao ano;
    -Em julho de 2003, ajuste de Lula/PT: 24,5% ao ano;
    -Em julho de 2015, ajuste de Dilma/PT: 14,25% ao ano.

    2) Inflação

    -Em 1999, inflação de FHC/PSDB: 8,9%;
    -Em 2003, inflação de Lula/PT: 9,3%;
    -Em 2015, inflação de Dilma/PT: 9%.

    3) Desemprego

    -Em 1999, desemprego de FHC/PSDB: 8%;
    -Em 2003, desemprego de Lula/PT: 12%;
    -Em 2015, desemprego de Dilma/PT: 6,9%.

    Todos esses dados trazidos a baila servem apenas para contestar o clima de final do mundo que se instalou no Brasil atual. E servem também para evidenciar que o debate econômico, para além dos slogans, das frases de efeito ou das palavras de ordem, necessita de um mínimo de racionalidade na análise da situação concreta e objetiva dos fatos.

    O Brasil vive hoje o terceiro ciclo econômico dos governos do Partido dos Trabalhadores (pró-cíclico entre 2003 e 2008 e a partir de 2015; e anticíclico entre 2009 e 2014). O fim da política econômica anticíclica trás dissabores mas é uma necessidade, até porque nenhum país da face da terra mantém políticas anticíclicas de forma indefinida. Não há orçamento que aguente.

    Nos últimos 06 anos o mundo tem se mantido a partir de doses cavalares e descomunais de afrouxamento monetário, expansionismo fiscal e política agressivamente anticíclica. A reversão dessas políticas está em adiantado estágio nos EUA e no Brasil, ao passo que ainda estão sendo levadas a efeito na Zona do Euro.

    Cedo ou tarde a maioria dos países terá que desembarcar do expansionismo monetário e fiscal, algo que nós estamos a fazer desde já.

    Para finalizar, no que é mesmo que, em termos econômicos, a Argentina e a Venezuela estão melhor que o Brasil?

    1. Esse clima de final de mundo

      Esse clima de final de mundo enche o saco até de quem não tem. Depois de pregarem todos os caos, agora só resta apelar para o fim do mundo. Dia desses, alguém veio me falar que Brasil teve uma “epidemia”de febre amarela. A educação não me permitiu responder como eu queria, mas fiquei pensando em como foi fácil fazer as pessoas acreditarem nessa mentira. Quem acreditou nisso, acredita no fim do mundo.

      Macondo é aqui.

  2. Juros, preferência temporal e ciclos econômicos

    Juros, preferência temporal e ciclos econômicos

    por 

    O que você prefere: ter uma televisão LCD agora ou só daqui a cinco anos?  Um laptop hoje ou só daqui a sete anos?  Uma barra de ouro agora ou daqui a uma década?  Caso você saiba dirigir e goste da liberdade de viajar segundo seu próprio horário, você preferiria ter um carro hoje ou só daqui a dez anos, e ficar andando de ônibus até lá?

    Embora as respostas para as perguntas acima pareçam muito óbvias, sua implicação para toda a teoria econômica é incomparável.  Trata-se da manifestação de um princípio básico da ação humana: o homem prefere o usufruto de um bem no presente ao usufruto desse mesmo bem no futuro.  Esse é conceito da preferência temporal.

    É esse fenômeno natural que explica por que os bens presentes possuem um valor maior, um prêmio, em relação aos bens futuros – e é esse fenômeno que fornece a origem e a justificativa para o pagamento de juros.

    O fenômeno da preferência temporal, que é observável em inúmeros aspectos da vida humana, é na verdade uma simples questão de bom senso: o homem prefere uma dada quantia de um bem no presente à mesma quantia desse bem no futuro.  Mais ainda: somente uma maior quantia desse bem no futuro pode persuadir o homem a abrir mão desse bem no presente.

    Afinal, as pessoas não tratam uma dada quantia de um bem no presente e a mesma quantia desse mesmo bem daqui a alguns anos como sendo o mesmo bem.  Por exemplo, mesmo que não houvesse inflação, as pessoas não consideram 100 reais hoje e 100 reais daqui a dez anos como sendo o mesmo bem.  Do ponto de vista econômico, são dois bens diferentes.

    Qualquer um que se recuse a reconhecer o fenômeno da preferência temporal está absolutamente incapacitado para entender fenômenos econômicos básicos.  Por exemplo, uma indústria pode aumentar sua produtividade e a qualidade de seus produtos caso ela adote um processo de produção mais longo, mais metódico e, consequentemente, mais demorado.  Se a preferência temporal não existisse, todas as indústrias poderiam optar por esse procedimento, preferindo o processo de produção que gerasse a maior quantidade de produtos sem se preocupar com quanto tempo isso iria levar.  O fato de as indústrias nem sempre procederem assim é um exemplo da preferência temporal em ação.  Como explicou Mises, é a preferência temporal que

    “explica por que métodos de produção menos demorados são escolhidos, não obstante o fato de que métodos mais demorados gerariam um maior produto por unidade de insumo”.

    Outro exemplo prático da preferência temporal em ação, e do qual poucas pessoas se dão conta, é o preço de um pedaço de terra.  Se a preferência temporal não existisse, o preço de qualquer pedaço de terra produtivo seria infinito.  Por quê?  Porque se não levássemos em conta a existência da preferência temporal, esse pedaço de terra teria de ter hoje o mesmo valor que teria no futuro, após ter produzido várias colheitas.  Assim, o preço da terra hoje teria de ser igual à soma de toda a sua produção durante todo o período futuro até o fim dos tempos.  Assim, se fosse estimado que um determinado pedaço de terra pode gerar uma produção de 100.000 reais por ano, alguém que fosse comprar essa terra teria de pagar um valor equivalente a 100.000 multiplicado pelo tanto de anos que ele estimasse que faltaria para o mundo acabar a partir do momento da sua compra.  O fato de ninguém precificar as coisas dessa forma indica a existência de preferência temporal.

    Aplicações

    Tendo entendido a inevitabilidade da preferência temporal, o fenômeno dos juros fica mais claro.  Como um bem futuro tem menos valor pra você do que esse mesmo bem no presente, você só irá aceitar abrir mão desse bem no presente caso lhe seja prometida uma quantia maior desse mesmo bem no futuro.

    Por exemplo, suponha que você é o único habitante de uma pequena cidade a ter um laptop, o qual você usa diariamente.  Eis que surge um empreendedor local e lhe pede emprestado esse laptop por, digamos, três anos, para que ele possa utilizá-lo como capital para fazer algum investimento.  Você só vai aceitar abrir mão do seu laptop por três anos caso esse empreendedor lhe prometa pagar, após esse período de três anos, um valor que seja maior do que o valor presente do seu laptop.  O mais natural é que você exija, além da devolução do laptop, o pagamento de um valor adicional (se ele vai pagar em dinheiro ou qualquer outro bem que você queira é o de menos).  O fato é que você quer ser recompensado por ter de abrir mão do seu laptop no presente.

    Agora, suponha que você tenha dois laptops e esse empreendedor lhe peça emprestado apenas um.  Nesse cenário, é provável que a recompensa que você cobre por esse empréstimo seja menor que no primeiro caso – afinal, você tem um laptop sobressalente, e não vai ficar de todo desprovido de seu capital.  Ou seja, como havia uma maior abundância de capital (laptop) a ser emprestado, o preço cobrado pelo empréstimo de uma unidade foi menor.  O custo de se abrir mão dessa segunda unidade é menor do que no primeiro caso.  Consequentemente, quanto maior for seu capital disponível para ser emprestado, menor o valor que você exigirá por abrir mão de cada unidade.

    Expandindo esse exemplo para a economia de toda a cidade, fica mais fácil perceber como a preferência temporal coordena os juros e como isso se reflete no processo de crescimento econômico.  Por exemplo, imagine que os habitantes da cidade são indivíduos poupadores – isto é, são indivíduos que consomem muito pouco.  O fato de eles consumirem pouco significa que eles estão mais voltados para o futuro.  Logo, a preferência temporal deles é menor.  Eles não são tão ávidos para desfrutar bens no presente.  Estão dispostos a algum sacrifício (poupança sempre é sacrifício) para adiar o usufruto desses bens.

    Justamente por consumirem pouco, por terem uma preferência temporal baixa, eles permitem que haja mais bens disponíveis para ser emprestados e aplicados em processos de investimento.  Uma preferência temporal baixa gera uma maior abundância de bens livres para ser emprestados.

    Assim, suponhamos que uma grande empresa dessa cidade queira iniciar um grande empreendimento – por exemplo, a construção de um shopping.  Para fazer esse investimento, a empresa vai precisar de uma grande disponibilidade de capital: desde cimento, argamassa e tijolo até tratores, escavadeiras, caminhões, maquinário pesado etc.  Quanto maior for a poupança das pessoas desta cidade, isto é, quanto menos elas tiverem consumido, maior será a disponibilidade desses elementos (afinal, aquilo que não é consumido é poupado).  E quanto maior essa disponibilidade, menor o preço cobrado pelo uso de cada unidade deles.  Logo, a baixa preferência temporal das pessoas dessa cidade gerou uma maior poupança – isto é, mais capital disponível para empréstimo -, o que fez com que fossem menores os juros exigidos por cada unidade de capital.

    Nesse cenário – observe que ainda não estamos lidando com dinheiro – a poupança disponível é genuína.  A empresa que vai fazer o empreendimento sabe com antecedência qual a real quantidade de capital disponível para ela utilizar em sua obra, bem como quanto terá de pagar pelo uso desse capital.  O cenário observado é o cenário real; não houve manipulações.  A quantidade de capital disponível (poupado) é aquela realmente observada.  Assim, a empresa estará apta a calcular corretamente quanto capital está disponível para ser usado e quanto irá gastar para adquiri-lo.  Caso esteja dentro do orçamento, a obra será empreendida sem sustos e, ao ser finalizada, haverá consumidores aptos para consumir os bens gerados por ela, pois pouparam para isso.

    Agora imagine que essa cidade, contrariamente ao exemplo anterior, seja povoada por pessoas com alta preferência temporal – ou seja, voltadas para o presente.  São pessoas consumistas, avessas à poupança.  Querem o máximo possível para hoje.  Nesse caso, o capital disponível foi quase todo exaurido (quase todos os tijolos e cimentos já foram usados, os tratores e as escavadeiras estão gastos, os caminhões estão dilapidados, há poucos laptops disponíveis para rodar os programas de cálculo estrutural etc.).  É óbvio que, nesse cenário, não há capital disponível para sustentar um investimento vultoso como a construção de um shopping.  A empresa que fosse fazer tal empreendimento rapidamente seria demovida da ideia ao ver a escassez de capital disponível.  Essa escassez de capital – consequência natural da alta preferência temporal das pessoas – se traduziria em um alto preço (juros) cobrado pelo uso do pouco capital que ainda resta, pois a empresa estaria disputando o uso desse escasso capital com os moradores consumistas, que cobram um preço muito alto para deixar de usá-los.

    Em ambos os casos, a introdução do dinheiro em nada muda o raciocínio.  O fato de as pessoas terem baixa preferência temporal, como no primeiro caso, se traduz em mais dinheiro disponível para empréstimo.  O fato de haver mais dinheiro disponível para empréstimo é consequência de ter havido pouco consumo.  Logo, há uma relação direta entre a quantidade de dinheiro poupada (disponível para empréstimos) e quantidade de bens disponíveis no mercado.  Portanto, nesse caso, a empresa que quer construir o shopping não precisa ir a campo para pesquisar qual a real disponibilidade de bens capital (ferramentas) para sua obra – tudo o que ela precisa fazer é ver qual a taxa de juros monetários cobrada para empréstimos.  Essa taxa de juros será um retrato fiel da real disponibilidade de poupança (bens de capital).

    O mesmo é válido para o segundo caso.  A alta preferência temporal das pessoas resulta em mais consumo e menos dinheiro disponível na poupança, o que consequentemente significa menos bens de capital disponíveis para serem utilizados em investimentos.  Por haver menos dinheiro na poupança, os juros cobrados para empréstimos serão altos, sinalizando a inviabilidade do investimento.

    Ambos os cenários relatados acima mostram como os juros funcionariam num ambiente de genuíno livre mercado, onde não há manipulações monetárias, não há criação de dinheiro e não há manipulação de juros por parte de alguma autoridade governamental.  Os juros monetários vigentes na economia representariam fielmente a real disponibilidade de bens de capital que podem ser utilizados em investimentos.  Da mesma forma, os juros também sinalizariam o poder de consumo da população: uma baixa taxa de juros estaria indicando que as pessoas têm dinheiro poupado e, consequentemente, poderão consumir mais no futuro (o que tornam viáveis investimentos de longo prazo).  Uma alta taxa de juros estaria indicando que as pessoas não têm dinheiro poupado e, consequentemente, não poderão consumir muito no futuro (o que inviabilizaria os investimentos de longo prazo.  Afinal, quem iria consumi-los?).

    Assim, em um livre mercado, a taxa de juros – que é formada pela preferência temporal das pessoas – coordena automaticamente a alocação de recursos na economia.  Não haveria como haver investimentos errôneos simplesmente porque estes seriam caros demais para ser iniciados.  Um investimento de longo prazo só seria empreendido se os juros vigentes indicassem haver uma possibilidade de lucros futuros.

    Como explicou Rothbard,

    “Em um mercado livre e desimpedido, a taxa de juros é determinada puramente pelas preferências temporais de todos os indivíduos que compõem a economia de mercado. A essência de um contrato de empréstimo é que um “bem presente” (dinheiro que pode ser usado no momento) está sendo trocado por um “bem futuro” (um título de dívida que só poderá ser utilizado em um dado momento futuro).  Como as pessoas sempre preferem ter o dinheiro agora ao invés da perspectiva de receber a mesma quantia em algum momento futuro, o bem presente sempre exige um prêmio no mercado em relação ao bem futuro.  Este prêmio é a taxa de juros, e seu valor irá variar de acordo com o grau em que as pessoas preferem o presente em relação ao futuro, ou seja, o grau de suas preferências temporais.”

    Como atrapalhar tudo

    Insatisfeitos com a baixa taxa de poupança da população do segundo exemplo, os políticos locais criam uma entidade poderosa o suficiente para fazer parecer com que haja mais capital disponível para o empreendimento do que realmente há. 

    Essa entidade, que vamos chamar aqui de banco central, é dotada do monopólio da criação de moeda, sendo que ela pode alterar toda quantidade de dinheiro da economia a bel-prazer.

    Assim, para evitar que a empresa que quer construir o shopping desista da ideia por causa da escassez de poupança (e dos juros altos, que é a consequência natural), o banco central imprime dinheiro e o injeta no sistema bancário.  Essa maior oferta de dinheiro irá fazer com que o preço dele (os juros) caia.

    Consequentemente, animada com essa queda nos juros, a empresa agora passa a achar que vale a pena fazer a construção do shopping – afinal, o investimento ficou barato e certamente trará lucros futuros.  As obras começam.

    Mas há aí um severo desequilíbrio econômico: a preferência temporal dos habitantes continua alta e eles continuam consumindo muito no presente – logo, há menos bens de capital do que os juros fazem supor e, de quebra, a empresa terá de disputar com a população consumista esses bens de capital.

    No início do processo, a sensação é de prosperidade.  A empresa está contratando, empregando gente, pagando salários e consumido bens de capital.  Os fornecedores ficam animados, pois veem um aumento das encomendas e de sua renda.  O crescimento econômico parece sustentável.

    Com o passar do tempo, os desequilíbrios vão ficando evidentes.  A escassez de bens de capital começa a ficar aparente.  Os preços deles sobem.  Essa subida de preços faz com que a empresa tenha de obter mais empréstimos para continuar adquirindo esses bens de capital.  Com isso, os juros sobre os empréstimos sobem.  O empreendimento vai ficando cada vez mais inesperadamente caro.  Os bens de capital estão cada vez mais escassos.  A espiral escassez de bens/aumento dos juros vai se tornando mais intensa.  Até que a empresa desiste e interrompe o investimento.  Os trabalhadores são demitidos e os fornecedores são dispensados.  A aparente prosperidade econômica revelou-se insustentável.  Capital e mão-de-obra foram desviados para um investimento que não deveria estar ocorrendo.  O aumento do desemprego é inevitável.  Instala-se a recessão, que é o período de se corrigir esse desequilíbrio.

    A fonte do problema é que a empresa iniciou um investimento voltado para o longo prazo na crença de que havia capital suficiente para finalizá-lo.  Os juros artificialmente baixos levaram-na a crer que havia poupança disponível tanto para financiar as obras quanto para permitir que os consumidores futuramente pudessem consumir o produto final.  Mas não havia nem uma coisa nem outra.

    Tudo que havia era mais papel-moeda na economia.  Mas aumentar o dinheiro na economia não faz com que surjam mais bens de capital para se fazer os investimentos.  O aumento do volume de dinheiro apenas faz com que os juros monetários caiam sem que tenha havido um simultâneo aumento na poupança.  O desequilíbrio econômico passa a ser inevitável.

    Não tivesse havido essa manipulação monetária, não teria por que se iniciar tal investimento.

    Finalizando

    Como vimos, os juros são fenômenos naturalmente oriundos da preferência temporal dos indivíduos.  Em um genuíno livre mercado, os juros sinalizam a quantidade de poupança genuinamente disponível.  Por ‘poupança’ entenda a quantidade de bens que não foram consumidos e que, portanto, estão disponíveis para serem utilizados em investimentos.  Mesmo em uma economia monetária os juros continuam sendo oriundos da preferência temporal das pessoas.  Quanto maior a poupança, maior a disponibilidade de bens e menor os juros monetários.  A quantidade de dinheiro poupada passa a ser um reflexo da abundância de bens.  A existência do dinheiro facilita em muito a questão da contabilidade – ao invés de ir a campo pesquisar quantos bens existem no mercado, basta olhar a taxa de juros vigente.

    Quando uma entidade como o banco central é criada, os juros passam a ser manipulados.  Não há mais um livre mercado na oferta de poupança e os juros monetários não mais são determinados pela preferência temporal das pessoas.  A manipulação dos juros por um banco central nada mais é do que um controle de preços, gerando escassez de capital da mesma forma que o controle do preço do arroz faz com que esse produto suma das prateleiras.  Os ciclos econômicos tornam-se recorrentes.

    Por fim, apenas uma consideração técnica adicional: no nosso atual arranjo econômico, no qual transacionamos com dinheiro e há incertezas futuras, embora a preferência temporal sozinha não determine os juros de mercado (juros de mercado são os juros bancários e não a taxa SELIC), ela é um ponto de partida.  Segundo Hayek, a preferência temporal determina o quanto as pessoas irão poupar, mas não determina a taxa de juros de mercado.  Além da preferência temporal, coisas como produtividade marginal, risco, oferta monetária, demanda por dinheiro, demanda por empréstimos etc., todas elas têm um papel determinante na formação dos juros de mercado.

    Mas se a taxa básica da economia, que é a taxa SELIC, é manipulada pelo banco central, as chances de as taxas de juros de mercado refletirem adequadamente a disponibilidade de capital é praticamente nula.  Daí a recorrência dos ciclos econômicos.

    http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=552

      

  3. Os efeitos da poupança

    Os efeitos da poupança voluntária sobre a estrutura de produção da economia

    por 

    A poupança voluntária exerce efeitos sobre a estrutura produtiva da economia.  De uma maneira geral, o que ocorre é que o sistema de preços e a função empresarial de um mercado livre causam uma diminuição da taxa de preferência temporal dos agentes (preferência de bens presentes em função dos bens futuros), modificando a estrutura das etapas produtivas, a qual tende a se tornar mais complexa e produtiva. Trata-se de um processo dos mais importantes, e que se dá em toda a economia.  De uma maneira específica, os efeitos da poupança voluntária sobre a estrutura produtiva ocorrem de três formas: o efeito derivado da disparidade de lucros que surge entre as etapas produtivas; o efeito da diminuição da taxa de juros sobre o preço de mercado dos bens de capital, e o Efeito Ricardo.

    1. O efeito derivado da disparidade de ganhos que surge entre as etapas produtivas

    O aumento da poupança voluntária na sociedade sobre uma parte da renda total líquida reduzirá, na mesma proporção, a demanda monetária total de bens de consumo.  Consequentemente, haverá uma perda contábil nas empresas dedicadas às etapas finais de consumo, além dos custos de oportunidade.

    Porém, o fato de que há perdas contábeis nas etapas finais não afeta, de imediato, as etapas anteriores. Inicialmente, estas continuam experimentando ganhos parecidos com aqueles de que desfrutavam antes do aumento da poupança voluntária sobre uma parte da renda total líquida. Essa disparidade de ganhos entre as etapas atua como sinal indicador e de incentivo para que os empresários restrinjam seus investimentos nas etapas de consumo final e os direcionem para as etapas mais distantes, isto é, as etapas em que se está obtendo ganhos relativamente mais elevados.  Esse crescimento da poupança tende a produzir, então, um alargamento temporal na estrutura produtiva.

    Além disso, há outro ponto importante.  O incremento de preços dos fatores de produção — o que normalmente ocorreria devido à sua maior demanda nas etapas mais distantes do consumo final— não se verifica (salvo aqueles fatores mais específicos).  Isso porque cada aumento de demanda de fatores nas etapas mais afastadas do consumo final é neutralizado ou compensado em sua maior parte pela liberação de recursos produtivos das etapas de consumo final e das etapas próximas a ela, que agora são menos viáveis economicamente:

    Daí a grande importância de que — para a coordenação empresarial entre as etapas da estrutura produtiva de uma sociedade imersa em um processo de aumento de poupança e crescimento econômico — os correspondentes mercados de fatores de produção, e em especial os fatores originários (trabalho e recursos naturais), sejam muito flexíveis, permitindo com um mínimo de custo econômico e social sua transformação paulatina de uma etapa produtiva em outra. (HUERTA DE SOTO, 2010, p. 258).

    É preciso compreender que essa diminuição do investimento no setor de bens de consumo explica o começo de uma certa desaceleração da chegada de novos bens de consumo.  Esta desaceleração continuará até a chegada de uma quantidade maior, a qual tem sua origem na maior produtividade derivada do aumento da complexidade e do alargamento das etapas produtivas.

    Dado que os processos de produção tendem a ser mais produtivos conforme incorporam um maior número e complexidade de etapas, esta estrutura mais intensiva em capital terminará gerando um importante incremento na produção final de bens de consumo.  Por isso, o incremento de poupança, junto com o livre exercício da função empresarial, é a condição necessária para impulsionar todo o processo de desenvolvimento econômico.

    2. Efeito da diminuição da taxa de juros sobre o preço de mercado dos bens de capital

    O incremento de poupança voluntária, ou seja, da oferta de bens presentes, propicia uma diminuição das taxas de juros de mercado, e essa diminuição tem um efeito importante sobre o valor dos bens de capital, em especial dos bens que são utilizados nas etapas mais distantes das etapas de consumo final e que possuem uma duração e aporte maior ao processo produtivo.

    Isso ocorre porque o desconto intertemporal do cálculo econômico diminui, começando a viabilizar economicamente empreendimentos que até então eram inviáveis, principalmente aqueles mais distantes das etapas de consumo final.  Com efeito, ocorre tanto uma ampliação na estrutura produtiva (aumento na produção de bens de capital já existentes) bem como um alongamento (aumento de etapas), ambos resultado da capacidade criativa e coordenadora da função empresarial.

    3. Efeito Ricardo

    Efeito Ricardo é um efeito de suma importância que ocorre em consequência de um incremento de poupança voluntária sobre o nível de salários reais.  Leva esse nome devido à menção que David Ricardo fez ao fenômeno, publicado em seus “Princípios de economia política e tributação“.

    O efeito, apesar da sua importância, é relativamente simples de ser compreendido.  Quando se produz um aumento de poupança voluntária, os preços de bens de consumo final experimentam um redução. Logo, enquanto os salários nominais continuarem no mesmo nível que antes do incremento da poupança voluntária, haverá um aumento do salário real de todos os trabalhadores empregados em todas as etapas da estrutura produtiva.  Esse aumento de salário real é um sinal, em termos relativos, de que talvez seja mais viável economicamente trocar mão de obra por bens de capital, estabelecendo a tendência de alargamento da estrutura produtiva, tornando-a mais intensiva em capital.

    Apesar de que todo incremento de poupança voluntária e de investimento sempre gera inicialmente uma redução da produção de novos bens e serviços de consumo final em relação com o potencial máximo que se poderia conseguir no curto prazo, essa redução cumpre a função de liberar fatores produtivos que são necessários para a ampliação e alargamento das etapas mais distantes do consumo final.

    4. Conclusão: o surgimento de uma estrutura produtiva mais capital-intensiva

    Como consequência da combinação dos três efeitos anteriormente descritos, impulsionados pelo processo empresarial, haverá a tendência de surgimento de uma nova estrutura produtiva, mais ampliada e alargada. Embora a renda bruta total do exercício permaneça a mesma (pois foi apenas trocado consumo por poupança). sua distribuição torna-se completamente distinta. Em termos observáveis para os consumidores, a combinação dos três efeitos propicia uma significativa redução dos preços de mercado dos bens de consumo (tanto inicialmente com a queda na demanda, quanto posteriormente devido a uma maior produtividade de uma estrutura produtiva mais intensiva em capital) e ao consequente incremento no salário real.

    Consequentemente, os efeitos de uma prática contrária ao aumento da poupança voluntária — isto é, caso os indivíduos consumam mais e poupem menos — serão contrários aos três anteriormente descritos. Haverá não um aumento no estoque de bens de capital e no salário real, mas sim o seu consumo, o que em última instância diminui a capacidade produtiva e a produção de bens e serviços de consumo final, dando lugar a um empobrecimento generalizado da sociedade.

    Não obstante, esse é o receituário de crescimento econômico proposto por Keynes em função do paradoxo da poupança.  No entanto, a explicação anterior não somente soluciona esse paradoxo, como na verdade revela a real consequência deste receituário: regredir a economia.  Não é de se estranhar por que atualmente esse receituário keynesiano adotado pelos governos não está solucionando a crise.

    Logo, somente o aumento prévio da poupança voluntária na economia possibilita torná-la mais intensiva em capital, o que, inclusive, pode ser utilizado como conceito de crescimento e, talvez, desenvolvimento econômico.  Em outras palavras:

    [é] o processo de crescimento e desenvolvimento econômico mais saudável e sustentável que até então se pode conceber, isto é, com menos desajustes, tensões e conflitos do ponto de vista econômico e social, e que historicamente foi verificado em diversas ocasiões, como deixam evidente os estudos mais sérios. (HUERTA DE SOTO,2010, 272).

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    REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

    GARRISON, R. Os triângulos hayekianos e a estrutura do capital.

    ____________. Tiempo y dinero. 2.ed Madrid. Unión Editorial, 2005.

    HUERTA DE SOTO, J. Dinero, crédito bancário y ciclos económicos. 4.ed. Madrid: Unión Editorial, 2009.

    http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1130

       

  4. Sobre a violência

    Sobre a violência (costumeira) do veto na história autoritária do Brasi, texto da Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Federal e do Ministério Público da União.

    O contexto é a derrubada do PLC28/2015, por veto da Presidência da República, projeto de lei este que recompunha a corrosão inflacionária a que está submetido o Plano de Cargos e Salários dos servidores do Judiciário Federal desde o último PCS, em 2006.

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    http://fenajufe.org.br/index.php/imprensa/artigos/3384-a-ditadura-do-veto

    Por Martinho Ramalho de Melo, Servidor da Justiça Eleitoral, historiador  e  membro do Conselho Deliberativo do SINDJUF-PB.  A nossa  atual  Constituição  que pretende ser democrática não superou o viés  autoritário de nossa cultura politica. Segundo o  artigo  primeiro, o Brasil é um Estado  Democrático de Direito.  O artigo 2º,  prescreve que a União é formada por 3 poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário.  E que estes poderes são independentes entre si. No aspecto formal a nossa Carta Magna é uma maravilha sem Alice.  Não precisa ser  jurista e nem muito esforço do intelecto pois qualquer cidadão comum,  qualquer leigo e  até   o Zé Ninguém  percebe que aqui embaixo  as  coisas  são  muito diferentes. O Brasil real tem forma mas não tem conteúdo. Na prática , a teoria é  outra. Não existe  independência,  o que existe é uma hipertrofia dos 3 poderes. O poder mais forte executa  e  é o dono do cofre ( o Executivo), depois vem  o poder da barganha e da negociação  (o Legislativo)  e  por  último o  poder da conveniência e do contexto(Judiciário).  São poderes hipertrofiados  e desarmônicos. O Poder executivo manda e executa, o Poder Legislativo legisla e quase sempre obedece e o Poder Judiciário padece.   O poder  que foi  do rei  autocrático , autoritário, centralizador e manipulador se transferiu para  o  rei( res) público(basta trocar o i pelo s) oligárquico,  centralizador , ditador-democrático , manipulador e controlador dos outros poderes.  E não para por  aí. O chefe ou a chefe do  Poder  que pode e pode mais que os outros , detém muito poder nas mãos, nos pés  e nos  cofres. Vejamos o raciocínio. Ele( ou ela) é presidente(a)  da República, é presidente  da Nação  brasileira, é presidente da União, tem poder de intervir em todos os 27 Estados da federação e no Distrito Federal, é chefe do Poder Executivo, tem o poder de vetar projetos  de lei(art. 84, V),  de extinguir funções ou cargos  públicos, de  decretar  “ estado  de defesa” e  estado de sitio,  de chefiar  todas as Forças Armadas  brasileiras, de nomear os ministros  e os chefes do Poder Judiciário, de nomear os ministros que aprovam  as suas  contas (TCU) , de nomear os magistrados  e o advogado-geral  que deveria defender a União e não o governo ( o Advogado-Geral da União),  de nomear , convocar e presidir o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional , tem o poder de declarar guerra, de permitir  que forças do estrangeiro transitem pelo Brasil , de preencher milhares de  cargos públicos , de fazer leis e fazer   com que elas tenham validade imediata e geral  para todos os mais de 200 milhões de brasileiros e para concluir o ( ou a) presidente  ainda  é  o ( ou a) chefe ou a chefa ( chefa mesmo)  ao mesmo tempo de Estado  e de Governo e tem um orçamento de mais de 1 trilhão de reais  nas mãos. Resumindo: no planeta Terra ninguém tem  mais poder que o dono( ou a dona) do poder no Brasil. E quando morre  no poder ainda tem  o caixão e o funeral mais caro do mundo custeado pelos cofres públicos. E para concluir, quando governa mal,  independente  de ser dos “trabalhadores” ou dos doutores ,  o povo( que tem  o poder de não ter poder) é quem paga a conta  do  (des)governo. E quando os representantes do povo aprovam  um aumento salarial a presidenta veta e tchau!   É a ditadura do veto. Todo veto é ditatorial porque é a vontade de  uma pessoa que se sobrepõe aos outros  2  poderes( legislativo e judiciário) e a  todas as pessoas ( físicas, jurídicas e  inexistentes) e   com  poderes que  se sobrepõe e prevalece sobre   a vontade  dos “ representantes’  do povo  e dos  sem povo. E na hora do veto o servidor , o aposentado ou o coitado  vira pó.  Pobre povo. Pobre porque não tem Poder e Povo porque é Pobre.  O povo somos todos aqueles sem poder , cujo poder pode na forma( na letra morta constitucional da lei)  mas não no conteúdo( o poder real). O poder que emana do povo  parece que  é o poder de obedecer! http://fenajufe.org.br/index.php/imprensa/artigos/3384-a-ditadura-do-veto

  5. A prisão do Almirante Othon fecha o cerco à soberania nacional

    Qualquer pessoa que queira entender minimamente sobre o funcionamento do poder numa sociedade precisa considerar os seguintes postulados:

    1. O poder não se orienta por interesses morais, religiosos ou emocionais;

    2. Os interesses elementares que estão na base das ações dos poderosos são econômicos, políticos e estratégicos;

    3. E, o poder é exercido por grupos organizados.

    Portanto, não nos enganemos com o discurso moralista que promotores, delegados da PF e o juiz Sérgio Moro utiliza para tentar legitimar a Operação Lava-Jato. Isso serve para saciar a fome de catarse das massas, isto é, de purificação por atos “impuros” e sofrimentos através do auto-sacrifício ou do sacrifício dos outros. Mas este discurso não expõe as entranhas do poder, os interesses concretos por trás do grupo de poder que a comanda.

    Em termos concretos, os principais interesses que comandam a Lava-Jato são:

    1. Em termos políticos: o interesse do PSDB e a direita mais conservadora do Brasil, remanescentes do escravismo, de voltar ao comando do executivo nacional.

    2. Em termos econômicos: os interesses das grandes empresas petrolíferas norte-americanas e europeias de se apropriar do Pré-Sal, assim como das corporações de construção civil europeias e norte-americanas de se apropriar do gigantesco mercado de construção civil do Brasil.

    3. Em termos geopolíticos: o interesse norte-americano de inviabilizar o avanço no desenvolvimento de tecnologia nacional de ponta em diversos setores, como o de tecnologia de defesa, de química (petroquímica) e cibernética.

    4. Ainda na dimensão geopolítica, há a necessidade de fragilizar econômica e politicamente o Brasil para fragilizar os BRICS, único bloco geopolítico que surgiu nos anos 2000 com a proposta de contestar a ordem mundial monopolar norte-americana.

    5. A fragilização do governo de centro-esquerda do Brasil também é parte de uma estratégia geopolítica para retirar do poder um grupo de viés nacionalista e que, em várias frentes, nacionais e internacionais, posicionou-se contra a hegemonia dos interesses imperialistas norte-americanos.

    6. A prisão do Almirante Othon faz parte da estratégia de inviabilizar o avanço na tecnologia de defesa através do ataque ao programa nuclear brasileiro, aí incluído o domínio de toda cadeia de enriquecimento de urânio e a tecnologia do submarino nuclear.

    O grupo de poder que comanda a tal Operação e as táticas utilizadas por este grupo não deixam margem para dúvidas sobre o que estou falando. Sobre isso, considere-se:

    1. Este grupo de poder, representado pelo PSDB, grandes empresas de mídia (Veja, Globo, Folha, Estadão) e partidos de oposição, como o DEM, é, historicamente, herdeiro da política colonial cujas linhas gerais são:

    a) Alinhamento político, estratégico e econômico incondicional aos interesses norte-americanos e europeus;

    b) Entrega substancial das riquezas nacionais mais importantes e estratégicas aos países imperialistas do norte do globo.

    2. A operação não atingiu nenhum membro do PSDB e outros partidos de oposição, como DEM e PPS, mesmo com material indicando a participação de membros destes partidos (José Serra, FHC, Aécio Neves, Geraldo Alckmin etc.- em esquemas de corrupção na Petrobras.

    3. A operação não foi a fundo nas investigações, buscando elucidar as raízes recentes dos esquemas de corrupção montados na estatal, que remontam ao governo FHC/PSDB.

    4. Os Estados Unidos e países europeus têm se manifestado por meio da sua justiça oferecendo todo apoio à elucidação destes esquemas de corrupção na Petrobras, mesmo que, internamente, nestes países os esquemas de corrupção sejam bem maiores.

    5. A proposta de Lei do senador tucano José Serra no Senado que retira o monopólio estratégico da Petrobras sobre o Pré-Sal, o que significa dividir ou, mesmo, entregar o controle estratégico desta imensa riqueza com/aos conglomerados norte-americanos e europeus.

    Não há muita margem para dúvidas: a Operação Lava-Jato é um cerco à soberania nacional porque afeta, fundamentalmente, os interesses nacionais mais estratégicos tanto em termos econômicos quanto políticos e geopolíticos.

  6. “Os lugares mais quentes do

    “Os lugares mais quentes do inferno são destinados aos que, em tempos de grandes crises, mantêm-se neutros”. (Dante Alighieri)

  7. http://www.world-nuclear.org/

    http://www.world-nuclear.org/info/Country-Profiles/Countries-A-F/Brazil/

    A CAIXA PRETA DOS PROGRAMAS NUCLEARES – Cinco paises do mundo tem armas nucleares autorizadas, são os membros do Conselho de Segurança, tres tem não autorizadas, India, Paquistão e Coreia do Norte, Israel tem mais não delcara e não discure a questão, a Africa do Sul chegou a ter mas desmantelou a parte bélica de seu programa,

    cerca de 11 paises tem programas nucleares em diferentes estagios, o Brasil é um caso especial e mais adiantado que os demais paises, é o unico fora dos cinco do C.S. que está fabricando um submarino nuclear.

    Desde o primeiro programa, Projeto Manhattan, de 1944 até os atuais, todos os programas nucleares tem grande parte de sua atividade tratada de forma sigilosa e em muitas etapas de forma clandestina.  Há um mundo cientifico oficializado e há um mundo clandestino de espionagem, contrabando, compra de cerebros, de formulas, de pesquisas, de materiais controladissimos mas que tambem se compram por baixo do pano.

    O Iraque ao tempo de Saddam operou um programa nuclear mas talvez o caso mais descarado de operações clandestinas tenha sido o do Paquistão, que comprou no varejo e no atacado tudo que estave à venda na area, gastou bilhões de dolares nessa tarefa, toda ela clandestina. Em seguida, o Irã, gastou cerca de 36 bilhões de dolares no seu programa, parte semi-oficial, parte completamente clandestina, escondida em cavernas de montanhas,

    comprando tecnologia onde estivesse à venda, importando cientistas, contrabandeando material para seu ciclo, existe um vasto mercado clandestino de todo o ciclo nuclear, na praxe do “”pagando acha””.

    O Brasil é um caso unico porque desde a decada de 40 teve cientistas e centros de pesquisas, a partir de Cesar Lattes, Mario Schmberg e muitos outros esteve à frente da maioria dos paises na pesquisa e no desenvolvimento

    e na continuidade com o Almirante Alvaro Alberto, pioneiro da Marinha no programa nuclaear brasileiro, dos mais respeitados e  acompanhados do mundo, infelizmente paralisado no governo Collor e quase liquidado no de FHC.

    Lembremos que o programa nuclear americano, concentrado no laboratorio de Los Alamos, foi intensamente espionado pelos sovieticos, que conseguiram detonar sua bomba em 1949 com a ajuda da trinca de espiões ingleses como

    Kim Philby, Donald Mac Lean e Guy Burgess e muitos outros como Alger Hiss, Klaus Guchs, o casal Rosenberg.

    No submundo dos programas nucleares existem em todos os programas contas secretas para comprar materiais sem documentação, para trazer cientistas sem visto e sem autorização, para comprar conhecimento cientifico que não pode ser vendido. Todos os programas nucleares tiveram graves problemas gerenciais e financeiros, começando pelo Manhattan. No caso do Irã e do Paquistão a maior parte dos gastos foi pago em malas de dinheiro, uma vez que transferencias bancarias não se usam para programas clandestinos intnsamente combatidos, como o do Irã.

    O Brasil teve contas secretas para pagar esses gastos que não deveriam deixar rastro. Tem um cientista na Romenia que pode ajudar muito em um elo do ciclo mas não podemos traze-lo oficialmente, então vamos mandar dinheiro por doleiro para a Holanda, lá um portador arranja passagem para ele e a esposa, ai ele embarca de Bucarest a Paris e depois Rio. Isso aconteceu muitas vezes, o dinheiro vem de conta secreta. No caso do programa brasileiro a conta era gerida pelo Almirante Othon. O valor merreca (em termos de um programa nuclear) que se alega que ele recebeu (com nota e recibo)  em seis anos e que justificou sua prisão pode ter tido destinação desse tipo mas evidentemente que ele não pode colocar na mesa para toda a midia ver onde gastou o dinheiro de uma conta desse tipo.

    Na já longa historia dos prohramas nucleares que surgiram no mundo a partir de 1944 o Brasil tem a primazia em

    um ponto: pela primeira vez na historia dos programas nucleares a Policia entra no assunto, prende o responsavel pelo programa e escracha tudo para a midia. Nunca antes no mundo se viu semelhante coisa, em um campo que em todo o planeta é coberto por um manto de sigilo e proteção que é da propria natureza do atividade.

    Não é atoa que o New York Times está se deliciando com o escandalo, era tudo o que os EUA mais gostariam de ver.

    Os EUA são inimigos historicos do programa nuclear brasileiro e tudo de ruim que pode acontecer com ele atende aos interesses dos Estados Unidos.

     

      1. Não é desânimo que está sendo

        Não é desânimo que está sendo despertado e sim uma raiva que há muito estava enterrada! O verbo correto não é chorar e sim outro…

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