Fora de Pauta

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Redação

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  1. CULT: Como a senhora vê a
    CULT: Como a senhora vê a situação política vivida pelo Brasil hoje?

    Marilena Chaui: É uma situação gravíssima. É gravíssima não por causa daquilo que a mídia apresenta como falência do governo, mas pelo movimento conservador, reacionário, de extrema direita e protofascista que está tomando conta da pauta política. Quando examinamos os pontos da pauta política discutidos de outubro de 2015 até agora, vemos o poder dos grupos dos “3B”: o boi, a bala e a Bíblia. É uma regressão sociopolítica fora do comum. É uma pauta regressiva, antidemocrática, de violação de todos os direitos que foram conquistados ao longo dos últimos quinze anos. Todo o fundo reacionário protofascista que existe no Brasil e que é alimentado pela classe média urbana brasileira veio à tona e pegou as esquerdas completamente desprevenidas. As esquerdas tinham pautas como o antineoliberalismo, os direitos, a questão da Palestina e do Oriente Médio, do surgimento do Estado Islâmico, enfim, pautas voltadas aos problemas da democracia e do socialismo, e foi pega completamente despreparada por uma onda de extrema direita que repôs para o Brasil os tópicos que estiveram em vigência no início dos anos 1960. É uma ameaça de golpe para reverter o processo de consolidação dos direitos sociais obtidos nos últimos anos e sustentada pela pauta “boi, bala e Bíblia”. Aliás, a atuação de grupos religiosos é muito preocupante e vai além de uma questão propriamente política, porque, apesar de se manifestar na representação política, ela é uma questão socioeconômica: é a maneira como as igrejas evangélicas interiorizaram e reformularam a concepção neoliberal.

    Matéria completa :
    http://revistacult.uol.com.br/home/2016/02/sociedade-brasileira-violencia-e-autoritarismo-por-todos-os-lados/

  2. Minas 247
    QUE GESTO DE
    Minas 247
    QUE GESTO DE GRANDEZA AÉCIO PODE FAZER PELO PAÍS?

    Neste sábado, em Goiânia, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) cobrou um “gesto de grandeza” da presidente Dilma Rousseff, que seria a sua renúncia; desde que foi derrotado, em outubro de 2014, já se passaram nada menos do que 489 dias e o presidente nacional do PSDB continua tentando fomentar o ódio e a guerra política no País; nessa toada, Aécio já fez de tudo: aliou-se a Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na tentativa de um golpe contra a democracia, sabotou votações de medidas fiscais que eram defendidas pelo próprio PSDB e estimulou diversas ações no TSE; sua aposta no ‘quanto pior, melhor’ não rendeu frutos para os tucanos; ao contrário, aprofundou a recessão, ceifou milhares de empregos e criou o ambiente perfeito para que germine a semente do fascismo no Brasil; é possível esperar de Aécio um gesto de grandeza?

    Minas 247 – Lá se vão exatos 489 dias desde que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) foi derrotado para a presidente Dilma Rousseff nas eleições presidenciais de 2014.

    Desde então, o senador mineiro, neto de Tancredo Neves, não fez outra coisa a não ser fomentar o ódio e a intolerância política no Brasil.

    No lugar de aceitar a derrota, como fazem políticos civilizados e com respeito pela democracia, Aécio decidiu agir como um autêntico carbonário. Convocou manifestações de rua, aliou-se a um político que simboliza a corrupção, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para tentar afastar do cargo uma presidente reconhecidamente honesta e sabotou medidas do ajuste fiscal que eram defendidas por seu próprio partido.

    Neste início de 2016, com o enfraquecimento do movimento golpista, Aécio sinalizou que adotaria uma postura mais responsável. Começou a posar de estadista, lançando uma agenda propositiva, e autorizou o novo líder do PSDB na Câmara (PSDB-MG), Antônio Imbassahy (PSDB-BA) a fazer um mea culpa tucano pela aposta no ‘quanto pior, melhor’. Numa entrevista ao jornalista Bernardo Mello Franco, Imbassahy reconheceu que o PSDB não deveria ter tentado implodir as contas públicas, derrubando medidas como o fator previdenciário.

    Aécio agia com base em pesquisas que mostravam repúdio da população à sua conduta. Desde a derrota nas eleições presidenciais, o senador passou a ser visto como um político oportunista, preocupado apenas com os próprios interesses.

    No entanto, bastou que a Operação Lava Jato desse novo ânimo ao movimento golpista, com a prisão do marqueteiro João Santana, para que Aécio voltasse a vestir o velho figurino do político inconformado com a sua própria derrota.

    Neste sábado, em Goiânia, ele voltou a propor uma ruptura. “Eu acho que está chegando a hora da presidente da República, da presidente Dilma Rousseff, refletir e, quem sabe, em um gesto de grandeza, deixar a Presidência da República para que o Brasil possa construir um novo caminho”, disse ele.

    Dilma pede união

    Do Chile, onde se encontra com a presidente Michelle Bachelet, a presidente Dilma Rousseff pareceu não se incomodar com a provocação e mostrou estar ciente do rumo que precisa tomar. “O que é necessário para o Brasil recuperar o grau de investimento? Temos que estabilizar a situação fiscal. É fundamental que as pessoas percebam que não existe o fim em si de equilibrar o orçamento do Estado brasileiro. Você faz isso porque é essencial para que se crie um ambiente favorável ao investimento, que esteja com inflação controlada e que permita que haja um horizonte de expectativas positivas”, afirmou.

    Dilma também falou sobre o atual ambiente de intolerância. “Além disso, o Brasil precisa se unir. O Brasil não pode sistematicamente se mostrar desunido, todas as pessoas pessimistas. Todas as pessoas eu não digo, porque eu acho que o povo brasileiro é um otimista, mas grupos muito pessimistas que só olham a parte mais vazia do copo e isso nós não podemos permitir.”

    Até agora, a guerra política fomentada por Aécio e seus aliados já causou grandes prejuízos ao País. Tendo que atuar em diversos campos de batalha para sobreviver politicamente, o governo da presidente Dilma Rousseff não conseguiu recuperar a iniciativa nem fazer avançar reformas no Congresso capazes de equacionar a questão fiscal.

    De 2014 para cá, o Brasil já foi rebaixado por três agências de risco e milhares de pessoas perderam seus empregos, mas o ‘quanto pior, melhor’ não rendeu frutos para o PSDB. Ao contrário, os tucanos perderam apoio popular, assim como o PT. A única coisa que se conseguiu até agora, além de aprofundar a recessão, foi fazer com que germinassem as sementes do fascismo no País.

    Enquanto o Brasil sangra, fica no ar a questão: é possível esperar de Aécio algum gesto de grandeza?

  3. Minas 247
    QUE GESTO DE
    Minas 247
    QUE GESTO DE GRANDEZA AÉCIO PODE FAZER PELO PAÍS?

    Neste sábado, em Goiânia, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) cobrou um “gesto de grandeza” da presidente Dilma Rousseff, que seria a sua renúncia; desde que foi derrotado, em outubro de 2014, já se passaram nada menos do que 489 dias e o presidente nacional do PSDB continua tentando fomentar o ódio e a guerra política no País; nessa toada, Aécio já fez de tudo: aliou-se a Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na tentativa de um golpe contra a democracia, sabotou votações de medidas fiscais que eram defendidas pelo próprio PSDB e estimulou diversas ações no TSE; sua aposta no ‘quanto pior, melhor’ não rendeu frutos para os tucanos; ao contrário, aprofundou a recessão, ceifou milhares de empregos e criou o ambiente perfeito para que germine a semente do fascismo no Brasil; é possível esperar de Aécio um gesto de grandeza?

    Minas 247 – Lá se vão exatos 489 dias desde que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) foi derrotado para a presidente Dilma Rousseff nas eleições presidenciais de 2014.

    Desde então, o senador mineiro, neto de Tancredo Neves, não fez outra coisa a não ser fomentar o ódio e a intolerância política no Brasil.

    No lugar de aceitar a derrota, como fazem políticos civilizados e com respeito pela democracia, Aécio decidiu agir como um autêntico carbonário. Convocou manifestações de rua, aliou-se a um político que simboliza a corrupção, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para tentar afastar do cargo uma presidente reconhecidamente honesta e sabotou medidas do ajuste fiscal que eram defendidas por seu próprio partido.

    Neste início de 2016, com o enfraquecimento do movimento golpista, Aécio sinalizou que adotaria uma postura mais responsável. Começou a posar de estadista, lançando uma agenda propositiva, e autorizou o novo líder do PSDB na Câmara (PSDB-MG), Antônio Imbassahy (PSDB-BA) a fazer um mea culpa tucano pela aposta no ‘quanto pior, melhor’. Numa entrevista ao jornalista Bernardo Mello Franco, Imbassahy reconheceu que o PSDB não deveria ter tentado implodir as contas públicas, derrubando medidas como o fator previdenciário.

    Aécio agia com base em pesquisas que mostravam repúdio da população à sua conduta. Desde a derrota nas eleições presidenciais, o senador passou a ser visto como um político oportunista, preocupado apenas com os próprios interesses.

    No entanto, bastou que a Operação Lava Jato desse novo ânimo ao movimento golpista, com a prisão do marqueteiro João Santana, para que Aécio voltasse a vestir o velho figurino do político inconformado com a sua própria derrota.

    Neste sábado, em Goiânia, ele voltou a propor uma ruptura. “Eu acho que está chegando a hora da presidente da República, da presidente Dilma Rousseff, refletir e, quem sabe, em um gesto de grandeza, deixar a Presidência da República para que o Brasil possa construir um novo caminho”, disse ele.

    Dilma pede união

    Do Chile, onde se encontra com a presidente Michelle Bachelet, a presidente Dilma Rousseff pareceu não se incomodar com a provocação e mostrou estar ciente do rumo que precisa tomar. “O que é necessário para o Brasil recuperar o grau de investimento? Temos que estabilizar a situação fiscal. É fundamental que as pessoas percebam que não existe o fim em si de equilibrar o orçamento do Estado brasileiro. Você faz isso porque é essencial para que se crie um ambiente favorável ao investimento, que esteja com inflação controlada e que permita que haja um horizonte de expectativas positivas”, afirmou.

    Dilma também falou sobre o atual ambiente de intolerância. “Além disso, o Brasil precisa se unir. O Brasil não pode sistematicamente se mostrar desunido, todas as pessoas pessimistas. Todas as pessoas eu não digo, porque eu acho que o povo brasileiro é um otimista, mas grupos muito pessimistas que só olham a parte mais vazia do copo e isso nós não podemos permitir.”

    Até agora, a guerra política fomentada por Aécio e seus aliados já causou grandes prejuízos ao País. Tendo que atuar em diversos campos de batalha para sobreviver politicamente, o governo da presidente Dilma Rousseff não conseguiu recuperar a iniciativa nem fazer avançar reformas no Congresso capazes de equacionar a questão fiscal.

    De 2014 para cá, o Brasil já foi rebaixado por três agências de risco e milhares de pessoas perderam seus empregos, mas o ‘quanto pior, melhor’ não rendeu frutos para o PSDB. Ao contrário, os tucanos perderam apoio popular, assim como o PT. A única coisa que se conseguiu até agora, além de aprofundar a recessão, foi fazer com que germinassem as sementes do fascismo no País.

    Enquanto o Brasil sangra, fica no ar a questão: é possível esperar de Aécio algum gesto de grandeza?

  4. Esse Congresso Nacional não caiu do céu

    Esse Congresso Nacional não caiu do céu

     

     

     

    27 de Fevereiro de 2016 – Br 247

     

    Emir Sader

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    Um dos maiores fatores dos retrocessos que o Brasil vive vem de um Congresso claramente mais conservador que os anteriores. Pode-se sempre culpar o financiamento privado de campanhas e outros fatores que distorcem a vontade popular. Mas esses fatores todos estavam presentes e os Congressos anteriores eram menos conservadores. As representações da esquerda, em particular do PT, até aumentavam a cada eleição.

    De repente, foi eleito um Congresso claramente mais conservador, a esquerda diminuiu sua representação – tanto o PT, como mais ainda o PC do B, além da descaracterização do PSB como esquerda -, em quantidade, mas também em qualidade. Vários dos seus melhores parlamentares não se elegeram ou não se reelegeram.

    A que se deveu essa mudança, que promove tantos retrocessos no Brasil atual? É certo que a direita, valendo-se do monopólio privado da mídia, da influencia dos evangélicos, dos valores de shopping center que correm soltos por aí, conseguiu impor um clima político conservador. Mas apesar de tudo isso, Dilma ganhou, mesmo contra a aliança de Aécio com Marina, mesmo se por uma diferença pequena.

    O resultado da eleição para o Congresso foi muito diferente, com uma surra arrasadora da esquerda, simbolizada nas derrotas de Olívio e Suplicy, mas que teve outras derrotas dolorosas, com alguns dos melhores parlamentares da esquerda que não conseguiram se reeleger e alguns não lograram se eleger.

    Além das dificuldades diante das operações levadas a cabo pela mídia na opinião pública, a esquerda – seus partidos, os movimentos populares, os governos – não souberam encontrar as formas de desenvolver o trabalho de formação da consciência política da massa da população, especialmente aquela beneficiária das políticas sociais do governo, mais propícia para desenvolver essa consciência. A maior derrota da esquerda nas últimas eleições foi ter perdido vários milhões de pessoas das classes populares para a direita. (Se Aécio teve 51 milhões de votos no segundo turno, desse total pelo menos uns 20 ou 30 milhões provêm das classes populares, especialmente da periferia das grandes metrópoles do centro-sul do país.)

    Perder a batalha das ideias é prenúncio de derrota política. A direita conseguiu impor o tema da corrupção e do pessimismo econômico como centrais e, a partir daí, promoveu candidatos, em detrimento da esquerda. Uma campanha nacional defensiva, que apenas buscava evitar os retrocessos, sem dizer o que se faria no quarto mandato do PT, contribuiu também para consolidar o voto dos que já estavam convencidos, sem lemas e discurso para chegar aos novos públicos, tanto os jovens, como os beneficiários das políticas sociais do governo, as mulheres, entre outros. Foi uma campanha despolitizada, que não discutiu o Brasil e o futuro do Brasil. O discurso sobre quanto o país melhorou já não chega aos jovens, que não viveram o Brasil de antes, e cujos enormes contingentes negros são vítimas de uma chacina escondida da opinião pública, mas muito real na vida cotidiana deles.

    Tudo isso influenciou no resultado das eleições parlamentares. Mas o certo é que os movimentos sociais e populares não assumiram o projeto de democratização do Estado por dentro. Dado que a estratégia insurrecional seria caminho de massacre e de derrota, resta a estratégia de profunda democratização do Estado por dentro, para o que é fundamental uma representação parlamentar de cunho popular.

    Democratizar o Parlamento é eleger bancadas de educadores públicos, de trabalhadores da saúde pública, de metalúrgicos, de bancários, de negros, de mulheres, de jovens, de trabalhadores dos meios públicos de comunicação, de trabalhadores rurais, de indígenas, de comerciários – enfim, de todas as categorias sociais populares, especialmente as que vivem do trabalho. O movimento popular precisa assumir esse objetivo como seu, para que o Congresso tenha a cara da sociedade e não a cara da sua elite, povoado de lobbies do agronegócio, das igrejas evangélicas, dos bancos, das corporações industriais e comerciais, do ensino privado, dos planos privados de saúde, entre outros.

    Lula tem razão quando diz que o Congresso tem a cara do povo, no momento em que este vota. Mas de um povo alienado, que não busca eleger nos seus representantes quem os represente, porque não tem ainda a mentalidade de que não basta eleger governantes, se eles são cercados e asfixiados por parlamentos conservadores.

    O fim dos financiamentos empresariais de campanha é uma nova oportunidade para renovar e democratizar as representações parlamentares, a começar das eleições municipais deste ano. A política brasileira só vai se renovar e resgatar prestígio se passar a viver um banho de jovens e de mulheres, os dois maiores ausentes ainda da vida brasileira. Neste ano se pode começar a eleger a jovens e mulheres com boas discussões e campanhas sobre os grandes temas centralizados nas cidades, especialmente nas grandes metrópoles, que sintetizam dramaticamente o fracasso do capitalismo no Brasil, da suas visões mercantilizadas, a expensas dos espaços públicos. A recuperação destes espaços é a via fundamental da recuperação da política a nível municipal e isso pode começar a se dar este ano.

  5. Piedade em fragmentos

    Trechos selecionados de Homero, Charles Dickens e Raduan Nassar. Foto de Caroline Cole.

    ***

    “Compadecei-vos de quem não acha hospitaleiro acolhimento, nem tem casa, ó vós que habitais a alta cidade de Hera (ninfa de olhos meigos), situada nos últimos escalões de Sardena, e aí bebeis a excelente água  do Hemo, rio rutilante de palhetas de ouro e que promana do imortal Zeus.”

    Aos Neoteiqueus – Homero

    ***

    “Quando eu seguia diariamente de ida e volta  para Southwark e Blackfriars e, à hora das refeições, percorria ruas obscuras cujas pedras devem, pelo que sei, estar hoje gastas por meus passos infantis, imagino quantas das pessoas padeciam naquela multidão que passava diante de mim e que revejo outra vez, ao som da voz do capitão Hopkins! Quando meus pensamentos retornam agora àquela agonia da minha juventude, quanto das histórias que inventei para essas pessoas paira como uma névoa sobre fatos bem lembrados! Quando trilho o velho chão, não me surpreende ver diante de mim e sentir pena de um inocente menino romântico construindo seu mundo imaginativo com experiências tão extranhas e coisas tão sórdidas!”

    David Copperfield –  Chelarles Dickens

    ***

    “Prosternado à porta da capela, meu dorso curvo, o rosto colado na terra, minha nuca debaixo de um céu escuro, pela primeira vez eu me senti sozinho neste mundo; ah! Pedro, meu querido irmão, não importa em que edifício das idades, em alturas só alcançadas pelas setas de insetos raros, compondo cruzes em torno dessa torre, existe sempre marcado no cimo, pelo olho perscrutador de uma coruja paciente, a noite de concavidades que me espera; neste edifício erguido sobre colunas atmosféricas escorridas de resinas esquisitas, existe sempre nas janelas mais altas a suspensão de um gesto fúnebre; e existe a última janela de abertura debruçada para brumas rarefeitas e espectros incolores, ali onde instalo meus filamentos e minhas antenas, meus radares e minhas dores, captando o espaço e o tempo na sua visão mais calma, mais tranqüila, mais inteira; eu nunca duvidei que existisse, com a mesma curvatura que rola, a mesma gravidadeque cai, a mesma precária arquitetura, um translúcido hálito azul, a bolha derradeira, presente em cada folha amanhecida, em cada pena antes do vôo, denso e pendente como orvalho; mas em vez de galgar os degraus daquela torre, eu poderia simplesmente abandonar a casa, e partir, deixando as terras da fazenda para trás; eram também coisas do direito divino, coisas santas, os muros e as portas da cidade.”

    Lavoura arcaica  – de Raduan Nassar

    ***

    Imagem: Crianças sofrem a perda de três familiares mortos a tiro por fuzileiros navais norte-americanos, em Bagdá, em 9 de Abril de 2003. Mohammed Khadim Hussein, seu filho Emad e outro parente, Hussein Ahmed Khadim foram mortos quando o carro não conseguiu parar ao comando dado em inglês em um posto de controle americano. A família não sabia sobre o tiroteio até que um parente trouxe o carro para a casa com os corpos ainda dentro. 

    Logo após a entrada americana na Bagda, houve saques na capital e outras cidades.  A segurança se deteriorou e as tensões aumentaram. Os jovens soldados em bloqueios de estrada descobriram que eles não tinham nem a língua nem a consciência local para lidar com a situação em que se encontravam.

     

  6. FAZER O BEM, FAZ BEM!

    Famílias reúnem doações para mães de bebês com microcefalia no país

     Marcus Leoni/Folhapress SAO PAULO, SP, BRASIL, 26.02.16 14h A advogada Nicolle Ramos, 28, esta gravida de sete meses. Fez um cha de bebe e pediu doacoes para familias que tem bebes com microcefalia. (Foto: Marcus Leoni / Folhapress, COTIDIANO)A advogada Nicolle Ramos, 28, pediu doações para famílias que têm bebês com microcefalia

    JULIANA GRAGNANI
    DE SÃO PAULO

    28/02/2016  02h00Compartilhar106 Mais opçõesPUBLICIDADE 

    “Eu estava terminando o supletivo quando engravidei. Agora tive que parar. A Isabella não tem carrinho nem berço. O berço nem caberia em casa, mas o carrinho seria muito útil. Ela chora muito e não consegue esticar o corpinho inteiro. Quero que ela se desenvolva e, quando crescer, que possa estudar e que seja independente.”

    Além do carrinho, Isabella, nem dois meses completos, precisava de fraldas, leite em pó e itens de banho. Depois do relato de sua mãe, Mariane Oliveira, 20, ela recebeu tudo isso –até dinheiro para comprar o carrinho no Rio, onde mora, “de uma moça de Belo Horizonte”.

    A conexão entre Mariane e essa doadora mineira se deu por meio do site “Cabeça e Coração”, projeto de uma família que se sensibilizou com os casos de microcefalia no país.

    Mariane diz não saber se pegou o vírus da zika –que, segundo o Ministério da Saúde, está relacionado ao surto da má-formação. “Tive manchas vermelhas no corpo no começo da gravidez.” No oitavo mês, conta, descobriu que a filha tinha microcefalia.

    “Desde que começaram a surgir histórias assim, quisemos ajudar. Resolvemos usar a tecnologia a que temos acesso, tão fácil para nós, para conectar quem precisa de ajuda e quem tem vontade de ajudar”, explica a jornalista Maria Clara Vieira, 24.

    As outras administradoras da página são sua irmã, que tem 15 anos e quer prestar vestibular para medicina, e a mãe, de 51 anos, formada em economia. As três vivem em São Bernardo (Grande SP).

    No site do projeto, na página no Facebook (que tem 3.000 curtidas) e no Instagram (4.000 seguidores), as três postam histórias de mães com filhos microcéfalos e divulgam os itens de que mais precisam, além de um endereço para o envio das doações.

    “Algumas mães falam em doadores únicos que deram R$ 500, outras são tão simples que nem checam extrato para ver o que entrou. Há também doações presenciais”, diz Maria Clara.

    “Amor os bebês já têm, o que falta são bens materiais e uma boa infra-estrutura, médicos e hospitais. Não conseguimos mudar isso de um dia para o outro, mas dá para fazer pequenas coisas.”

    Um dos locais onde a iniciativa já deu resultado foi Arapiraca, em Alagoas.

    Usuários do Instagram viram, em uma postagem do “Cabeça e Coração”, que Samuel, nascido em dezembro do ano passado, precisava urgentemente ir a um oftalmologista –a espera era grande no SUS, segundo sua avó, Nilda Sirqueira, 42.

    Após a mobilização na rede, conseguiram uma consulta gratuita na cidade.

    “Chorei de alegria”, diz Nilda. O restante do tratamento é feito pelo SUS em Maceió, a 100 km dali. Um carro da secretaria da Saúde leva a família à capital quando necessário. Só que, para chegar à sede da pasta, segundo Nilda, a família caminha uma hora. “Os táxis cobram R$ 20, e isso é dinheiro de um lanche.”

    Nilda afirma que ela, o marido e o filho tiveram o vírus da zika. Já a nora, de 16 anos, não tem certeza se teve.

    O “Cabeça e Coração” inspirou outras semelhantes pelo Brasil. Daqui a duas semanas, o empresário Henrique Melo celebrará seu aniversário de 45 anos em uma festa para 150 convidados em um restaurante no Recife, Pernambuco, Estado com maior número de casos de microcefalia confirmados (209).

    No convite da festa, ele avisa: “O seu presente será uma doação”. Espera arrecadar dinheiro para enviar às mães do projeto.
    chá de bebês

    De São Paulo, a advogada Nicolle Ramos, 28, também quis ajudar. Grávida de sete meses, pediu no seu chá de bebê fraldas para sua primeira filha e mais um item para dar a mães de crianças com microcefalia no Estado. Cerca de 80 convidados levaram latas de leite em pó, pomadas para assadura, sabonete e roupas de bebê.

    “Eu tenho a possibilidade de oferecer alguma coisa melhor para minha filha, mas muita gente não tem. Grávida, fico comovida”, diz ela, que afirma sentir “um medinho novo” a cada ultrassom. 

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  7. Pré-sal

    O pré-sal e a indústria naval foram conquistas obtidas através do governo Lula e do PT

                                             

    O governo tucano de FHC, com ajuda da Globo, tentou privatizar a Petrobrás. A mídia, principalmente a Globo, fez uma ampla campanha comparando a Petrobrás a um paquiderme e chamando os petroleiros de marajá.

    Lula assumiu e retomou a indústria naval, destruída por FHC. FHC foi construir navios e plataformas no exterior, destruindo nossa indústria naval, a maior do continente. FHC foi fazer investimento fora do Brasil e demitiu milhares de trabalhadores.

    O governo Lula, além de afastar o perigo da privatização, retomou os estudos do pré-sal que estavam engavetados. Se FHC tivesse privatizado a Petrobrás, o pré-sal iria de bônus. No governo de Lula, a Petrobrás desenvolveu tecnologia inédita no mundo e descobriu o pré-sal, a maior descoberta de petróleo do mundo contemporâneo.

    E sabe aqueles que queriam privatizar a Petrobrás? Agora querem entregar o pré-sal. Na Folha de hoje: “Maioria acredita que empreiteiras beneficiaram Lula, segundo Datafolha”. A maioria dos brasileiros diante do massacre midiático contra Lula pode até achar isso no primeiro momento. Mas o fato é que eles não conseguem provar nada contra Lula e aí apelam para o filho, o amigo, o compadre, a nora. E insistem: com o triplex que Lula não comprou, com o sitio que não é dele e como não tem nada para falar contra Lula desesperados, soltam a perola que “Lula foi 111 vezes no sitio”. Lula se quiser, em 2018, vai usar um atestado de bons antecedentes dado por seus algozes.

    Enquanto isso, o crime da compra de votos no governo de Fernando Henrique Cardoso para reeleição, está disponível na internet, nome dos deputados que venderam os votos e valores pagos por FHC. O aeroporto construído em terras da própria família com dinheiro público, em Claudio, pelo então governador Aécio Neves. Essa denuncia foi arquivada pelo ministério público de Minas Gerais por duas vezes. Inclusive deixando mal os senadores, Aécio Neves e Zeze Perrella (do PDT de MG), pois existe uma denúncia de conexão do aeroporto de Claudio com a queda do helicóptero de propriedade do senador Zeze Perrella, que caiu com 450 kg de cocaína. Como não investigam, fica a dúvida para a sociedade.

    FHC, Aécio Neves são políticos que, mais do que serem investigados, incluindo o Eduardo Cunha, deveriam ser presos, mas  preferem investigar Lula.

    Mas toda essa confusão política causada principalmente pela mídia, é uma cortina de fumaça para desviar a atenção da sociedade e esses mafiosos tomarem, dos brasileiros, o pré-sal. O futuro do Brasil está em nossas mãos e , se depender da mídia e do Congresso Nacional eles vão tomar de nossos filhos e netos a possibilidade de um futuro melhor. Eles vão tomar de nós, nosso passaporte do futuro.

    Só uma grande mobilização para barrar a entrega do pré-sal, como foi na década de 40/50, na campanha “O Petróleo é Nosso!” (isso quando o petróleo era um sonho). Os petroleiros que descobriram o pré-sal já imaginavam essa tentativa de golpe e preparam um filme e uma cartilha, cujo endereço eletrônico está abaixo, para alertar e conscientizar a sociedade. Só nas ruas vamos garantir o pré-sal para os brasileiros!          

     

    Fonte: Cartilha do Petróleo:

    https://docs.google.com/viewer?url=http://www.sindipetro.org.br/download/cartilha-todo-petroleo-completa_lowRes.pdf    

     

    Filme: O Petróleo que ser Nosso – A Ultima Fronteira: https://www.youtube.com/watch?v=dWzIRUZ-ymg

     

    Rio de Janeiro, 28 de fevereiro de 2015 

    OAB/RJ 75 300              

               

    Emanuel Cancella é coordenador do Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ) e da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP). 

    OBS.: Artigo enviado para possível publicação para o Globo, JB, o Dia, Folha, Estadão, Veja, Época entre outros órgãos de comunicação.

     

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