Goldfajn não vai participar de reunião do Copom

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Sabatina está marcada para o primeiro dia da próxima reunião do Copom

Jornal GGN – Indicado pelo governo interino de Michel Temer, o economista Ilan Goldfajn não vai assumir o cargo de presidente do Banco Central a tempo de participar da próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária). A sabatina programada junto à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) no Senado foi programada para a próxima terça-feira, data de início da reunião que vai definir a taxa básica de juros para os 45 dias subsequentes.

O pedido de adiamento partiu do senador Lindbergh Farias (PT-RJ). Um dos argumentos foi o de que Goldfajn é um dos sócios do banco Itaú Unibanco desde 2010, e exigiu que fosse cumprido um período de cinco dias entre a apresentação do relatório e a sabatina, além de afirmar existir “conflito de interesses” na indicação do economista para o cargo.

da Agência Brasil

Indicado ao BC não participará da primeira reunião do Copom do governo Temer

por Karine Melo

A sabatina do economista indicado à presidência do Banco Central, Ilan Goldfajn, pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, foi adiada e não será feita a tempo para que, se aprovado na CAE e depois pelo plenário da Casa, ele participe da próxima reunião do Conselho de Política Monetária (Copom). A reunião do Copom está marcada para as próximas terça (7) e quarta-feira (8) e a sabatina foi remarcada para a próxima terça-feira, às 10h, depois de um impasse na Comissão.

Na semana passada, a presidente da CAE, senadora Gleisi Hoffmann (PT-SC), chegou a confirmar a sabatina para amanhã (1). Na ocasião, a senadora disse que acordo foi feito com o relator do processo, senador Raimundo Lira (PMDB-PB) pelo fato do atual presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, ter dito a ela que não se sentiria à vontade para conduzir a primeira reunião do Copom, no governo interino de Michel Temer, que vai definir a Selic, a taxa básica de juros da economia – atualmente fixada em 14,25 %, ao ano.

Ao apresentar a proposta na comissão hoje e após a leitura do relatório de Lira, que atesta que Goldfajn preenche todos requisitos para o cargo, Gleisi não conseguiu consenso com o senador Lindbergh Farias (PT-RJ). Em uma sessão tumulada e marcada por protestos de apoiadores do governo Temer, o petista exigiu que fosse cumprido um intervalo de cinco dias, previsto pelo regimento do Senado, entre a apresentação do relatório e a sabatina do indicado.

Um dos argumentos usados por Lindbergh Farias para adiar a sabatina de Goldfajn foi o fato de o economista figurar entre os sócios do Itaú Unibanco desde agosto de 2010. Para Lindbergh há um “claro conflito de interesses na indicação de economista”, já que o BC tem como função fiscalizar o sistema financeiro nacional.

O senador petista ressaltou ainda que, mesmo que Ilan Goldfajn venda as ações do Itaú, conforme disse que faria, a ligação com a instituição financeira se mantém. Para Lindbergh, além de fiscalizar o banco ao qual sempre foi ligado, ele terá informações sobre todas as outras instituições financeiras que poderiam beneficiar o Itaú, maior banco privado do país.

Lindbergh argumentou ainda que, como o processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff ainda não foi encerrado no Senado, um novo presidente para o BC poderia trazer uma instabilidade econômica. “E se a presidente Dilma voltar? Porque é tanta crise neste governo do presidente interino Michel em 15 dias! Tantas crises! Olhem que instabilidade nós estaríamos passando: colocar um novo presidente do Banco Central, a presidenta Dilma volta e se muda o presidente do Banco Central novamente?”, ponderou.

Diante da polêmica da reunião, Raimundo Lira, disse pouco antes do fim da reunião da CAE, que recebeu uma ligação de Goldfajn na qual ele afirma que já se desfez de todas as ações do Itaú.

Relatório

Em seu relatório, Lira diz que o currículo de Goldfajn revela “o nível de qualificação profissional e a formação técnica e acadêmica do indicado, ficando, assim, esta Comissão de Assuntos Econômicos em condições de deliberar sobre a indicação do senhor Ilan Goldfajn para ser conduzido ao cargo de presidente do Banco Central do Brasil”. O relator destaca que o indicado possui “uma longa experiência profissional nos setores público e privado”.

Goldfajn foi professor de Economia na Universidade Brandels nos Estados Unidos da América e na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, diretor de institutos de debates e pesquisas em políticas econômicas e consultor do Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Mundial e Nações Unidas, além de economista-chefe e sócio do Banco Itaú.

Na declaração que enviou à CAE na semana passada, Ilan Goldfajn disse que além de experiência profissional tem “afinidade intelectual e moral” para exercer o cargo de presidente do BC. O economista também lembrou que já teve seu nome aprovado pelo Senado quando foi diretor de Política Econômica do BC, entre 2000 e 2003. “Entendo que essa experiência relatada capacita-me para o desempenho do cargo de presidente do Banco Central do Brasil”, observou.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

5 Comentários

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  1. Em outras palavras, o

    Em outras palavras, o “governo interino” nao quer ser acusado de fazer o que o Copom vai fazer:  aumentar os juros.

    Em outras grandes noticias, o banco central eh agente externo.  Sempre foi.  E sempre vai ser.

  2. Para o pessoal do COPOM dar

    Para o pessoal do COPOM dar uma lidinha antes de baterem o martelo por mais aumento de juros.

    É a distribuição de renda imbecís!

     

     

     

     

    Riqueza da cidade italiana passa de geração em geração desde 1427, de acordo com estudo recente de dois economistas

    Séculos se passaram, mas as famílias mais ricas de Florença continuam as mesmas. É isso que indica um recente estudo realizado por dois economistas italianos, no qual é mostrado que a maior parte das riquezas da cidade está passando de geração em geração há nada menos que 600 anos.

    Cargos mais altos e profissões mais lucrativas e renomadas vêm se mantendo nas mesmas famíliasThinkstockCargos mais altos e profissões mais lucrativas e renomadas vêm se mantendo nas mesmas famílias

    O trabalho, feito por Guglielmo Barone e Sauro Mocetti, reuniu dados sobre o pagamento de impostos dos moradores de Florença desde 1427 até 2011, informações que agora estão digitalizadas e disponíveis na internet.

    Observando os sobrenomes das famílias com as maiores rendas desde o século XV, os dois economistas perceberam que eles são os mesmos nos anos seguintes até o século XXI.

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    Analisando que na Itália, assim como em outros países europeus, os sobrenomes são bastante regionais e dificilmente mudam ou se perdem com o passar do tempo, Barone e Mocetti puderam concluir que em mais de 600 anos não houve uma mobilidade econômica significativa em Florença.

    Além disso, os italianos também concluíram que as riquezas na cidade têm sido passadas de pai para filho e que os mais ricos detinham – e ainda detêm – os cargos mais altos e as profissões mais lucrativas e renomadas.

    O resultado do estudo, que se assemelha com o de outros municípios e países, como o Reino Unido e a China, foi recebido com um pouco de surpresa já que, de acordo com os próprios economistas, Florença passou pelo controle das tropas de Napoleão Bonaparte e pela ditadura do fascista Benito Mussolini e também sobreviveu às duas guerras mundiais durante este período.

     

     

  3. Ligações perigosas

    Tem razão o senador Lindberg Farias: as relações do senhor Goldfjan com um dos maiores bancos do Brasil são foprtes e recentes. Independente da sua lisura, o fato torna-se maior , ganha dimensão perigosa neste momento crítico e instável que o Brasil atravessa. Qualquer coisa que aconteça de errado no cenário econômico pode respingar nas eventuais relações do indicado para a presidência do banco Central. Aqi se aplica aquela surrada frase: a mulher de Cesar não basta ser honesta, tem que parecer honesta. (É isso?).  Não basta dizer que se desfez das ações, ALiás, ninguém se preocupou em saber como e em que mãos foram parar essas ações. O Brasil já está farto de ligações perigosas ou aparentemente perigosas,; é preciso evitá-las ao máximo.

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