Governo Temer modifica nomes para comandar a Funai

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: Mário Vilela – Funai
 
Jornal GGN – Após a polêmica da demissão do então presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Antônio Fernandes Toninho Costa, na última semana, o governo de Michel Temer nomeou o general Franklinberg Ribeiro de Freitas para ocupar o comando da instituição que representa os indígenas.
 
A escolha de Franklinberg, que já atuava como diretor de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável na Funai, foi publicada no Diário Oficial da União desta terça-feira (09). Agora, o militar de carreira assume o cargo interino do comando da Fundação.
 
O ex-presidente da Funai foi demitido do posto na última sexta-feira (05), por decisão do ministro da Justiça de Michel Temer, Osmar Serraglio (PMDB), e com o aval do presidente, porque o representante não nomeou os 28 indicados pela bancada ruralista a compor a organização.
 
A pressão partiu do deputado André Moura (PSC-SE), que levou os nomes da bancada para a instituição que representa os direitos dos índios e a política indigenista no Brasil. Os cargos recomendados eram de funções técnicas na Funai, mas Costa se negou a nomear os políticos.
 
Antônio Fernandes, nome então de apoio do próprio deputado André Moura, adotava a postura de indicar apenas especialistas para as coordenadorias regionais e assessorias da Funai. A bancada ruralista estava por trás de pelo menos três indicações, nas cidades de Boa Vista (Roraima), Campo Grande (MS) e Passo Fundo (RS). As sugestões dos parlamentares provocaram uma insatisfação dentro da Funai, com ameaça inclusive de invasão das três coordenadorias. 
 
Osmar e Moura anunciariam a queda de Costa ainda no dia 19 de abril, mas or ser o dia do índio, o Governo decidiu atrasar o anúncio. Por isso, nesta quinta (20), Costa cumpriu a agenda normalmente, mas já estava se despedindo dos funcionários da Funai.
 
O comunicado oficial foi feito nesta sexta (05). Toninho Costa convocou a imprensa para justificar a demissão, criticando duramente o governo e afirmando que a sua saída ocorreu por ter atuado contra as “ingerências políticas” dentro da instituição, por pressões da bancada ruralista liderada por Serraglio.
 
O ex-presidente da Fundação também criticou a “incompetência do governo, que abandonou a Funai e as causas indígenas”. Já o ministro da Justiça respondeu também em críticas de que Costa conduzia a organização com “lentidão” nos processos de demarcação de terras indígenas: “muito lentos, amarrados e até dificultados”, disse Serraglio.
 
Além do presidente da Funai, o governo Temer também exonerou a ex-chefe da Diretoria de Administração e Gestão da Funai, substituindo-a por Francisco José Nunes Ferreira, segundo a publicação do DOU desta terça (09).
 
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Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

3 Comentários

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  1. Ou seja, o civil encarou o

    Ou seja, o civil encarou o GOLPISTA e o militar (general?) aceitou de bom grado colocar apaniguados políticos com as mãos sujíssimas em cargos que eram para ser ocupados por técnicos. Ou seja, mais um passo em direção ao lamaçal ostentatório dessa cambada de mequetrefes. Deve ser um dos tantos milicos batedores-de-panelas. Bando é muito pouco, né general?

  2. O Brasil engatou a marcha ré à velocidade máxima

    General no Comando da Funai? Voltamos no tempo com força, aos anos 1970!

    Pra quem quiser ver no que deu essa combinação basta ler Os fuzis e as flechas, de Rubens Valente (já foi matéria aqui no Jornal GGN: https://jornalggn.com.br/noticia/os-fuzis-e-as-flechas-conta-violencia-da-ditadura-contra-os-indigenas).

    Para resumir bastante a gravidade de se ter militares no comando da Funai: é um daqueles casos em que as Forças Armadas alegam que toda a papelada documentado a gestão foi “destruída”.

  3. Aparelhamento é isso ai

    Colocar pessoas de cotas pessoais, até vai, quando competentes para com o cargo que vão ocupar. Mas o que faz o PMDB é apenas aparelhamento ideologico-oportunista.

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