Graça Foster e Lobão são convidados a explicar compra de Pasadena no Senado

Do Estadão

Senadores convidam presidente da Petrobrás e ministro a explicar compra de refinaria
 
Governo consegue transformar convocação em convite para Graça Foster e Edison Lobão (Energia) irem ao Senado para prestar esclarecimentos sobre negócio de US$ 1,18 bi nos Estados Unidos
 
Nivaldo Souza
 
Brasília – A Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle do Senado Federal (CMA) aprovou na manhã desta terça-feira, 25, convite para a presidente da Petrobrás, Graça Foster, e o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, participarem de audiência pública para esclarecer denúncias sobre a aquisição da refinaria Pasadena, no Texas, Estados Unidos.

O governo conseguiu transformar a convocação obrigatória em convite. Assim, Graça e Lobão ficam desobrigados a comparecer à sessão. A data do comparecimento ainda não foi definida porque depende de deliberações de outras comissões para a audiência ocorrer em uma sessão conjunta.

O convite para Lobão também foi feito para o ministro prestar esclarecimentos sobre o sistema elétrico do País e a situação econômica da Eletrobrás.

Graça Foster também foi convidada, há duas semanas, pela Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara para explicar a denúncia de suposto pagamento de propina a funcionários pela empresa holandesa SBM offshore. A data do comparecimento na Câmara ainda não foi definida. Além dela, deputados aprovaram convites e convocações de outros dez ministros. A ação em massa ocorreu no auge da crise entre o governo federal e parte da bancada do PMDB na Casa, devido a insatisfações com a condução da reforma ministerial e do represamento pelo governo de emendas parlamentares feitas ao Orçamento da União.

A compra da refinaria em Pasadena passou a ser motivo de interesse do Congresso após oEstado revelar, na semana passada, que a presidente Dilma Rousseff deu aval à aquisição, em 2006, quando presidia o Conselho de Administração da estatal. Ao todo, a Petrobrás pagou US$ 1,18 bilhão pela unidade, que, em 2005, foi adquirida por US$ 42,5 milhões pela empresa belga Astra Oil. Em nota, a presidente argumentou que sua decisão foi fundamentada em documentos “técnica e juridicamente falhos”.

Desde então a oposição articula a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) e o convite ao ex-diretor da área internacional da Petrobrás Nestor Cerveró, a quem Dilma atribui a autoria dos documentos.

 

Redação

13 Comentários

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    1. Financiamento de campanha

      A reforma é mais do que necessária para coibir a delapidação do dinheiro do povo com a desculpa de se formar caixa 2 para campanha.

  1. Deveria virar costume

    Deveria ser um costume, logo algo tido como normalíssimo, o Congresso ou uma de suas casas convidar autoridades a prestar esclarecimentos. Afinal, o poder legislativo é o representante do povo: prestar contas a ele é prestar contas ao povo. A convocação deveria ser uma segunda etapa: caso os convidados se recusassem a comparecer (o que seria um desrespeito ao Congresso, logo ao povo, e um erro político grave). O próprio PT deveria tomar a iniciativa de fazê-lo, só poderia lhe ser salutar.

  2. Petrobras – artigo interessante do Fernando Petros

    Petrobras – Governança corporativa e interesse público

    terça-feira, 25 de março de 2014

     

    Afora os evidentes aspectos políticos, econômicos e de administração da res publica, a divulgação da transação envolvendo uma refinaria localizada em Pasadena, Texas, nos Estados Unidos deixa evidente outro grave problema envolvendo a maior empresa estatal brasileira, a Petrobras. Trata-se de sua governança corporativa, de importância fundamental para o pleno entendimento dos últimos acontecimentos envolvendo a empresa petroleira.

    Desde o início do século XXI, a governança corporativa no Brasil encontra sólidas bases, seja na regulação legal, seja na infralegal (inclusa as instituições de mercado). Isso vale especialmente para o caso das empresas de capital aberto, dentre as quais encontra-se a Petrobras que é o foco deste artigo.

    A lei das Sociedades Anônimas (6.404/76) foi reformada pelas leis 10.303 de 2001 e 11.638 de 2007 e incorporou suficientes previsões e institutos que criam um sistema bastante razoável de checks and balances que permite o equilíbrio entre os interesses dos acionistas detentores do controle acionário, os administradores das empresas e a parcela mais numerosa desta relação, paradoxalmente denominados pela doutrina jurídica e pelo jargão de mercado de “acionistas minoritários” ou “preferencialistas”. De fato, tais acionistas são os “acionistas investidores”, aqueles que ordinariamente tomam riscos quando adquirem ações preferenciais das empresas nas bolsas de valores do Brasil e do exterior (usualmente via recibos de ações). Infelizmente, tais investidores ainda não tem a “maioridade capitalista” de deterem o poder de voto. Apenas excepcionalmente estes podem emprestar o voto para tomar decisões, como no caso de incorporação de ativos dos acionistas controladores. Mesmo assim, seus interesses e direitos são fustigados por querelas junto aos órgãos regulados (no geral, a CVM – Comissão de Valores Mobiliários). Chegará o dia no Brasil em que “uma ação representará um voto” para o bem do desenvolvimento do capitalismo brasileiro.

    A governança corporativa, devido à inexistência do direito de voto para as ações preferenciais, apesar de elevados padrões formais ainda carecem de fortaleza material. Afinal, sem o direito de voto, os acionistas preferencialistas acabam, no limite do exame das questões corporativas, limitados pelos interesses do acionista controlador. Note-se que isso ocorre em detrimento de uma mais perfeita avaliação das empresas, cujo valor de mercado (market value) acaba minimizado fossem todas as ações detentoras do direito de voto. Há, de fato, uma estranha democracia censitária pela qual o investidor pode tudo, só não pode aquilo que o acionista controlador não quer.

    O Estado, por meio de seus órgãos reguladores (CVM, por exemplo) e de fomento (onde pontificam o BNDES e o BNB), foi um instrumento que contribuiu decisivamente para a melhoria da governança corporativa ao exigir melhores padrões quando da concessão de empréstimos e investimento. No momento, contudo, poderia o Estado acelerar ainda mais as mudanças que valorizariam as ações preferenciais, sobretudo nas fusões e aquisições que patrocinam. Não é o que ocorre, de vez que, parece estar acomodado em relação ao tema.

    No caso das entidades privadas, notadamente a BMFBovespa e os fundos de investidores institucionais (fundos de pensão, fundos de investidores ativos, etc.), os avanços quanto a governança corporativa são mais contínuos mesmo porque tais entidades estão mais próximas dos interesses forjados pelo mercado. Não à toa, os níveis de governança corporativa implementados pela Bovespa, no passado, e mantidos e reavaliados continuamente pela BMFBovespa atendem infralegalmente aos mais importantes interesses dos investidores e são parâmetros internacionalmente reconhecidos.

    Há, ainda, um outro aspecto a ser observado no tema. A governança corporativa não pode ser olhada apenas como interesse do mercado de capitais ou um interesse meramente “microeconômico” na nomenclatura da literatura econômica. Vai além disso. Na verdade, a excelência da governança corporativa é, no limite, de interesse público, pois a separação entre interesses privados e públicos está cada vez mais mitigado pela realidade observada nos diversos segmentos de mercado. Uma crise que envolva empresas privadas relevantes é na essência uma crise macroeconômica e é por esta razão que a partir do último quartil do século passado os Estado acabou intervindo nos processos tipicamente de mercado e sendo articulador do saneamento de grandes e médias empresas. Os mais liberais não comentam muito este aspecto factualmente evidente, mas não se importam de se valer do Estado quando os riscos acabam afetando os ativos privados e o denominado risco sistêmico.

    A Petrobras, neste contexto, é um caso que merece as maiores e melhores atenções. É a maior empresa brasileira, responsável por enormes investimentos setoriais e pelo fornecimento do mais importante insumo que viabiliza toda a dinâmica da logística doméstica do Brasil. Além disso, é uma empresa de capital aberto e se serve do mercado de capitais local e externo para a satisfação de suas operações de crédito e de equities.

    O prejuízo verificado na aquisição da Refinaria de Pasadena, bem como as denúncias envolvendo padrões éticos duvidosos no caso do aluguel de plataformas de petróleo são resultados de uma conjunção de fatores, alguns declinados, outros camuflados pela obscuridade das indicações políticas de seus diretores e pelas práticas comerciais e administrativas que confundem o público e privado, quase sempre com desvios na direção de bolsos alheios.

    A governança corporativa da empresa demonstra com sólida evidência que “há algo de errado no reino da Petrobras”.

    A presidente do Conselho de Administração de quando a já famosa operação de Pasadena foi concretizada era a atual presidente da República. Provavelmente, ela não mente quando diz que tomou decisões baseadas em “laudos incompletos”, muito embora tenha votado a favor do negócio e, nisso, foi acompanhada pelo restante dos conselheiros da empresas, inclusos aí, personagens de alto coturno da indústria nacional como Jorge Gerdau. Lembro neste ponto a responsabilidade pessoal dos conselheiros em relação aos votos proferidos em relação à condução dos negócios corporativos. Muito provavelmente, a Petrobrás carecia, como ainda carece, de uma governança corporativa sólida, calcada nas necessidade de conciliar os interesses públicos e privados dos quais a empresa é uma espécie de “fiadora”.

    No que tange ao papel dos conselheiros, vale dizer que o material produzido pela empresa relativos às reuniões do Conselho de Administração e enviado aos seus conselheiros é volumoso como a velha Enciclopédia Britânica. Somente conselheiros profissionais e extremamente dedicados podem ler este material e, com espírito crítico, votar nas matérias que dependem de decisão. Teria a então ministra Dilma Rousseff tempo para isto? O mesmo vale para o empresário Jorge Gerdau e outros conselheiros. Ademais, pergunta-se: um general de Exército é o melhor conselheiro para uma estatal, no caso de então o valoroso Gleuber Vieira? Por que os acionistas “minoritários” não tinham verdadeiramente uma representação no Conselho de Administração? Isso não poderia criar um sistema mais eficiente de checks and balances em favor da empresa? Por que a transparência desta operação permanece tão obscura se se trata de uma empresa de capital aberta e com deveres legais de informar?

    Não bastasse isso, percebe-se que aquela situação perpetua-se. Dentre os candidatos à composição do Conselho de Administração que devem ser eleitos no próximo dia dois de abril, estão inclusos Guido Mantega (ministro da Fazenda), Marcio Zimmermann (secretário Executivo do Ministério das Minas e Energia) e Luciano Coutinho (presidente do BNDES). Note-se o peso destes conselheiros na gestão da empresa e o quanto estes representam os interesses governamentais conflituosos, em muitos casos, com os da empresa. Não seria melhor que houvesse mais equilíbrio na composição do Conselho de Administração? É certo que o acionista controlador, no caso a União, necessita ser representado, mas empresas públicas que operam no regime jurídico de empresas de capital privado requerem mais do que representação. Requerem atributos de gestores, de experts na administração de negócios e defensores de padrões privados de eficiência. A título de ilustração analise-se o caso das multas bilionárias (R$8,7 bilhões) aplicadas pela Receita Federal à Petrobras. O Presidente do Conselho de Administração da Petrobras é o chefe supremo da Receita Federal, o Ministro Guido Mantega. Se isso não é um flagrante conflito de interesses, o que mais poderia ser?

    Hoje a Petrobras tem apenas um representante dos “acionistas minoritários”. Isso é outra evidência de que o governo não está atento aos interesses da governança corporativa da estatal em prol da defesa do valor da empresa. Pensa estar a defender, de forma errônea (para dizer o mínimo), os interesses do Tesouro em detrimento do tal do mercado. Triste ver que as autoridades pouco se sensibilizam com a perda gigantesca de valor de mercado – as ações que já foram cotadas a R$ 62 valem R$ 14 atualmente. Neste sentido, a questão dos desajustes do preço dos combustíveis é “apenas” mais um elemento a evidenciar o extraordinário desequilíbrio nos poderes de gestão da empresa.

    A hora é de investigar os fatos ao redor da Petrobras e que geram tantas dúvidas e indignações aos investidores e aos cidadãos brasileiros. Todavia, também é rara ocasião de se repensar a governança corporativa da empresa. É o caso de torná-la um exemplo de como a adequada forma de gestão de uma gigante com esta serve aos interesses públicos mais relevantes. Inclusive poderia evitar que a presidente da República tivesse tomado decisões tão importantes com base em “laudos duvidosos”.

     

  3. Caixa 2 de campanha da Dilma

    Se a hipótese do caixa 2 da campanha da Dilma ter sido alimentado por empresas do Belga que vendeu a Pasadena for verdadeira, estamos diante de um escândalo de grandes proporções.

    Até a ineligibilidade da Presidênta entra na discussão.

    1. Só mesmo…

      um coxinha pode imaginar caixa dois contabilizado. Vai ver que os partidos já estão prestando conta ao TSE dos gastos de campanha efetuados com caixa dois, e eu não sabia.

      1. No blog há dias

        PASADENA………….. TEM UM DETALHEZINHO………….

        Sr. Nassif , 

                           hoje recebi a seguinte informação (abaixo) sobre o assunto . Tem fundamento ?

         

        O  senhor  Albert Frère é um megaempresário belga. O homem mais rico daquele país. Ele era o dono da refinaria Pasadena, por meio da Astra Transcor Energy, que foi comprada por U$ 42 milhões como sucata e vendida por U$ 1,12 bilhão para a Petrobras. Ele comprou esta refinaria em 2005 e vendeu 50% para a Petrobras em 2006, já por mais de U$ 300 milhões. Este senhor possui 8% das ações da GDF Suez Global LNG, ocupando a cadeira de vice-presidente mundial nesta mega organização, maior produtora privada de energia do planeta. A GDF Suez possui negócios com a Petrobras no Recôncavo Baiano, mas seu principal negócio no Brasil é a Tractebel Energia, dona de um faturamento de quase R$ 6 bilhões anuais. É dona de Estreito , Jirau, Machadinho, Itá e dezenas de hidrelétricas, termelétricas, eólicas. A Tractebel, que é da GDF Suez, que tem como um dos principais acionistas o senhor Albert Frère, que é um dos donos da Astra Transcor Energy, que passou a perna no Brasil em U$ 1,12 bilhão, foi uma grande doadora da campanha de reeleição de Lula, em 2006. A doação de R$ 300 mil chegou a ser contestada na sua legalidade. Também foi uma das patrocinadores do filme Lula, Filho do Brasil. Já em 2010, para a eleição de Dilma, a Tractebel doou quase R$ 900 mil. O dinheiro que ajudou a reeleger Lula e eleger Dilma veio, assim, mesmo que indiretamente, da Petrobras. Daquela bolada que ela pagou, inexplicavelmente, pela Refinaria Pasadena.

        imagem de Alexandre Weber - Santos -SPAlexandre Weber…

        A The Economist foi certeira

        O artigo de 2006 da The Economist foi certeiro no negócio. Imprensa independente, que não têm rabo preso pode dar notícia.

        O artigo da The Economist sobre o Barão da Astra é de 2006

        Pelo sim, pelo não, a The Economist, que dê boba não tem nada, fez justamente na época deste acordo entre a Astra e a Petrobras a reportagem sobre ele, coincidência? ou eles sabiam de alguma coisa. 

        O artigo está aqui:

        https://jornalggn.com.br/comment/257647#comment-257647

         

         

    2. Haverá um momento em que

      Haverá um momento em que alguem vai abrir a boca. É somente uma questão de tempo para que o MPF e a PF entrem no caso. O mensalão vai parecer coisa de ladrão de galinhas.

  4. Lobão

    O Lobão explicando seja lá o que for?

    Babou.

    Lobão ao saber da Cláusula Marlim…

    -Marlim? Que que eu tenho com isso? Isso é coisa lá da Pesca e Agricultura.

    (assessor) – Agricultura não, ministro: A-QUI-CUL-TU-RA.

    -Num quero nem saber. Isso é coisa lá com o povo do Crivella.

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