Homenagem ao cineasta Leon Hirszma

 
Leon Hirszman (Rio de Janeiro, 22 de novembro de 1937 — Rio de Janeiro, 15 de setembro de 1987)  
 
Leon Hirszman nasceu na Boca do Mato, em Lins de Vasconcelos, subúrbio do Rio de Janeiro, em 22 de novembro de 1937). Foi o primeiro filho de Jaime (1907-1983) e Sarah Hirszman (1903-1995), judeus poloneses que fugiram das perseguições antissemitas nos anos 1930, pouco antes da eclosão da Segunda Guerra Mundial. Teve duas irmãs, Shirley e Anita. Leon perdeu todos os parentes paternos durante a guerra na Polônia, o que marcaria profundamente a sua infância.
 
O menino de 7 anos, fascinado com os episódios dos seriados, pedia ao pai para levá-lo ao cinema da Rua 28 de Setembro, onde assistia a duas, três sessões seguidas.
 
Leon estudou na escola judaica progressista Scholem Aleichem, onde, segundo afirmava, começou a adquirir consciência social e política, despertando também seu interesse para o cinema. Sentia maior atração pelo futebol de rua do que pela continuidade das tradições judaicas.
 
Fez o curso colegial no Instituto Lafayette, e cursou Engenharia por exigência materna. Na Faculdade, participou da criação de seu primeiro cineclube. Abandonou a Engenharia para dedicar-se exclusivamente ao cinema.
 
Seu interesse para o cinema foi mais uma vez despertado com a movimentação que ocorreu em 1954 para a liberação do filme Rio 40 Graus. Acompanhou toda a luta de Nelson Pereira dos Santos, participou das reuniões na Associação Brasileira de Imprensa. Nesse mesmo ano, fez assistência de direção e continuidade no filme Juventude sem Amanhã, dirigido pelo advogado Elzevir Pereira da Silva e João César Galvão, sobre meninos que viviam nas ruas. Em 1957 participou da equipe do filme Rio, Zona Norte, de Nelson Pereira dos Santos, “levando cadeira de um lado para outro”.
 
Ligou-se ao grupo de Teatro de Arena de São Paulo, formado por Augusto Boal, Gianfrancesco Guarnieri e Oduvaldo Vianna Filho. Desses encontros surgiu, em 1961, o CPC – Centro Popular de Cultura, da União Nacional dos Estudantes (UNE), grupo que reuniu entre 1961 e 1964 artistas de esquerda provenientes de diversas áreas,onde realizou sua primeira produção, o curta Pedreira de São Diogo, um dos cinco episódios do filme Cinco vezes favela, lançado em 1962. Leon acompanhou de perto o projeto dramatúrgico desenvolvido por dois de seus companheiros de PCB, Guarnieri e Vianinha, chegando, inclusive, a preparar, para o segundo, uma seleção de cinejornais a serem exibidos em sua peça A mais-valia vai acabar, seu Edgar (1960).
 
Desenvolveu uma idolatria especial pelo cineasta russo Seguei Eisenstein, que cultivaria para sempre ao longo de sua vida. 
 
Em 1965, para evitar a repressão política, refugiou-se no Chile. De volta no ano seguinte, funda com Marcos Farias a Saga Filmes. Foi à falência com as dívidas de São Bernardo, interditado pela censura.
 
Como integrante do Cinema Novo, Leon ora se aventurou na criação documental em torno da cultura do povo, como no curta-metragem Nelson Cavaquinho (1969), no qual o samba é retratado como autêntica expressão musical brasileira, e ora propôs um diálogo mais intenso com os companheiros do PCB no teatro.
 
Com o maior endurecimento político do regime militar a partir de 1968, o que intensificou a repressão às artes, as peças provenientes de dramaturgos ligados ao PCB passaram a ser constantemente proibidas pela censura. Devido a esse cerco, que intensificou a crise do mercado teatral brasileiro, parte da geração de artistas formada no Teatro de Arena precisou buscar um outro meio de expressão e de sobrevivência.
 
Em 1981 recebeu a consagração de público e crítica e o Leão de Ouro do Festival de Veneza com o filme “Eles não usam black-tie”, adaptação da peça teatral de Gianfrancesco Guarnieri, que escreveu com Leon o roteiro e os diálogos do filme.
 
Dez anos após sua morte Leon ganhou uma biografia, assinada pela jornalista e escritora Helena Salem, que restitui em toda a sua integridade a figura do cineasta e batalhador das causas culturais e políticas. O resultado desse trabalho é uma biografia com 382 páginas: Leon Hirszman o navegador das estrelas (Editora Rocco, 1997, Rio de Janeiro) que recorda para as novas gerações a importância desse cineasta, um dos mais importantes do Brasil, um dos fundadores do Cinema Novo, e que continua sendo lembrado pelos seus pares, como um elemento aglutinador nas palavras de Cacá Diegues, ou “o maior articulador que o cinema brasileiro já teve e um exemplo de convivência universal” como lembra Nelson Pereira dos Santos”.
 
Reconhecimento, aliás, merecido por este artista que no decurso de três décadas transitou por diferentes áreas da vida cultural brasileira deixando uma herança indelével pela interação que conseguiu realizar entre o movimento que ajudou a criar no inicio dos anos 60 e que foi se consolidando ao longo do tempo e influenciando jovens diretores que a partir dos seus filmes e idéias começaram a renovar suas temáticas.
 
Leon teve três filhos. Em 16 de setembro de 1987, antes dos 50 anos, faleceu em consequência da debilitação provocada pela AIDS.
 
*Leon Hirszman, página oficial (essa página é ingrata. O acesso é pelos quadradinhos acima, à esquerda).
 
Leon Hirszman na Wikipédia 
 
ABC da greve, por Leon Hirszman : a escrita da história em confronto, por Reinaldo Cardenuto 
 
O espião de Deus. Entrevista inédita de Leon Hirszman
 
A Falecida e o realismo, a contrapelo, por Leon Hirszman, por Ismail Xavier 
 
O Fundo Preto : uma análise do documentário Imagens do Inconsciente, por Leon Hirszman, de Luiz Vadico 
 
Leon Hirszman de volta às origens, por Ana Lúcia Vasconcelos 
 
Leon Hirszman: dramaturgia de combate, por Reinaldo Cardenuto 
 
Leon Hirszman e a representação da greve, por Beatriz Nogueira de Lima D’Angelo Braz 
 
Leon Hirszman, um cineasta longe da periferia, por Luiz Rosemberg Filho e Sindoval Aguiar
 
O reencontro de Nise e Hirszman, por Amir Labaki 

Vídeos

http://youtu.be/5LEbtr4xU9A]

http://youtu.be/8SU6VkZYsRE]

http://youtu.be/TWaCl6o2wTc]

http://youtu.be/ISJ-bvz9qIc]

http://youtu.be/UVLIW0cljdY]

http://youtu.be/6VTH_T00gnY]

http://youtu.be/vFhNrntqehk]

http://youtu.be/MBlMmFTaD1s]

[video:http://youtu.be/w0nZqliRldI] [video:http://youtu.be/DHJl7HOx-9o]

[video:http://youtu.be/WM9bn4ygEno

[video:http://youtu.be/kNTZLi1mUJA

[video:http://youtu.be/j7gG-onRK28

[video:http://youtu.be/G2MbIxiTtNs

[video:http://youtu.be/2hhFk0cml6Y

[video:http://youtu.be/rG8TwLLtveE

[video:http://youtu.be/K_1vhcJjHEM

[video:http://youtu.be/m7QcjNAAUiw

 

 

Redação

5 Comentários

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  1. só os grandes como ele têm

    só os grandes como ele têm essa biografia

    impressionante de luta por um mundo melhor.

    todos osseus filmes são obras-primas.

    obrigado por postá-los aqui.

    1. Comi mosca!!!

      Obrigada, Jair!! Comi uma mosca enorme, mas você, sempre atento, colaborou com essa preciosidade para completar a homenagem a Leon. 

      Abraços

      Mara Baraúna

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