O alto preço da articulação política de Dilma

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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O cientista político analisa como a vitória de Eduardo Cunha foi a ponta de lança de uma sucessão de erros de articulação da presidente

Jornal GGN – A vitória de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) à frente da Câmara dos Deputados não foi uma surpresa, mas resultado esperado de um histórico de articulação ineficaz da presidente Dilma Rousseff com o Congresso Nacional, analisou o cientista político Humberto Dantas, professor do INSPER, em entrevista ao GGN. A consequência é uma relação que deverá ser dosada, a “um preço muito caro”.

“Não é de hoje, mas desde o primeiro mandato. Lembre-se, no primeiro momento em que a Dilma precisou do PMDB, em 2011, foi o único partido grande que votou 100% na ideia do salário mínimo. Ali, a sigla deu o recado: estamos juntos. [A presidente], em algum momento, desagradou o PMDB e começou a desagradar outros partidos. Há um problema de articulação claro do governo com o Congresso”, disse.

Humberto Dantas entende que os erros do PT foram diversos. Um deles foi amparar-se em dois argumentos pautados na tradição: a silenciosa garantia do revezamento, em uma lógica herdada da política café-com-leite; e ter a seu favor a maior bancada da Câmara.

Enquanto isso, “Cunha percebeu que por trás dessa tradição existia uma jogada de oportunidade para ele agir. Por isso agiu, e foi eficiente. Ele foi eficiente porque o governo é fraco na sua articulação com os partidos, porque coloca para dialogar pessoas pouco flexíveis. Mercadante, Rossetto e Pepe Vargas… O PMDB olha para isso e fala: cadê a minha parte nessa história, se eu sou mesmo governo? Rebeldia, não tem outro jeito”, explicou.

Por outro lado, segundo o especialista, o erro recente de Dilma foi ter confiado na composição ministerial, acreditando que os partidos contemplados com Ministérios garantiriam a capacidade de articulação com suas bancadas. Se petistas arriscaram, acreditando nas trocas, o Partido Progressista (PP) e PRB, ambos que tiveram assentos garantidos em pastas pela presidente, adiantaram o caminho prévio: aderiram ao bloco do PMDB, antes mesmo da eleição para presidente da Casa. O voto para Cunha, portanto, já era previsto.

Na visão do cientista político, ao contrário de conceder cargos, estes partidos se viram diminuídos. O PP, por exemplo, detinha o Ministério das Cidades, que foi repassado a Gilberto Kassab (PSD). Com a nova composição, ficou com o Ministério da Integração, que por atender demandas da região Nordeste, não agradou os anseios de todos os deputados, sobretudo do sul e sudeste.

Cargos de segundo e terceiro escalão só foram anunciados com a batalha perdida. Outra falha, segundo Humberto Dantas.

“Perceba o erro: hoje, saiu uma matéria com aspas do Mercadante dizendo que o governo só vai liberar cargos mediante apoio. Será que não era para o governo ter feito isso antes? Ele não teria conquistado o apoio necessário dentro do Congresso?”, questionou.

Leia mais: O salto de Eduardo Cunha sobre a governabilidade de Dilma

Nessa lógica de “eleição do presidente do sindicato dos deputados”, termo emprestado de Chico Alencar (Psol), Dantas explicou que a disputa no Congresso é um jogo que alguém tem que se entregar primeiro. E, neste caso, o Executivo. Pela simples compreensão de que o Planalto “tem um poder significativo de retomada do que ele entregou”. A presidente pode voltar atrás na concessão de um cargo, mas, no voto, os parlamentares não podem.

Nesta fase, explicou o especialista, não há outra troca além de cargos. As verbas, emendas, Orçamento Impositivo são negociatas posteriores, quando as atividades legislativas estão em andamento.

“O cargo era importante, as finalizações, é uma liturgia, existe aí um teatro. Se o objetivo do governo é mudar a cultura de relação Legislativo e Executivo, ótimo, mas não é fácil. O governo vai apanhar muito, sempre, para conseguir o que quer. E não conseguiu”, afirmou.

Humberto Dantas deixou claro que a vitória de Cunha não foi uma manifestação isolada, mas uma cascada de insatisfações dos partidos da base. Além disso, dificulta a pouca habilidade de expressão política de Dilma.

“Se o Lula não cumprisse algumas das suas promessas, ainda assim, ele era uma liderança expressiva em termos políticos, com cabo eleitoral fantástico para muitos partidos e um cara ultra bem avaliado de acordo com a opinião pública. A Dilma não é nada disso. Não é cabo eleitoral para nada, é ruim de palanque, não é carismática e não se mostra tão eficiente quanto o Lula em termos de opinião pública”, avaliou.

A votação foi encerrada. Resta ao partido da presidente trabalhar a articulação com Eduardo Cunha nos próximos dois anos. Para isso, explica Dantas, a estratégia do deputado deve ser acompanhada:

“Hoje, a grande questão é entender se Eduardo Cunha tem na mão algo que vai transformar em dependência do Legislativo, como ele está dizendo – e também existe um exagero –, ou se ele está apenas fazendo ameaças para se inscrever no ‘clube de beneficiários do Executivo’. Todos querem se inscrever nesse ‘clubinho’, todo político sonha em fazer, em todo governo. O que não é uma crítica ao governo PT , mas à forma como a política é feita no Brasil. Agora, nós temos que ver se Cunha vai ser mais um beneficiário, se é que já não é”, concluiu.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

40 Comentários

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  1. Para entender Eduardo Cunha
    Para entender Eduardo Cunha

    A vitória acachapante de Eduardo Cunha para Presidente da Câmara explicitou um processo que ocorre desde o início do 1º governo de Dilma Rousseff: o de fortalecimento do lobby empresarial no legislativo brasileiro.

    Dilma buscou enfraquecer a velha política. As emendas parlamentares foram distribuídas a conta gotas, os ministros tinham a tutela de secretários-executivos da confiança da presidenta e pouco podiam se manifestar, feudos importantes nas estatais foram desfeitos. O PAC reduziu a importância dos parlamentares na negociação de grandes obras, pelo menos para a maioria do congresso. O RDC (Regime Diferenciado de Contratação) reduziu a discricionariedade do gestor especialmente em pequenas e médias obras.

    Nem mesmo a arte de simular influência, tão comum na política, foi permitida aos congressistas. Não havia carona no avião presidencial e a sonhada foto do parlamentar descendo do avião em sua base ao lado de um presidente da república. Dilma pouco recebia os congressistas no Palácio do Planalto e eram raras as fotos ao seu lado.

    Ao mesmo tempo que Dilma enfraquecia os instrumentos tradicionais de política, não houve um esforço para estabelecer uma nova forma de se fazer política no legislativo. Poucas foram as vezes que um parlamentar progressista pôde discutir com a opinião pública um tema relevante, com a rara exceção de Alessandro Molon (PT-RJ) no debate sobre o Marco Civil da Internet.

    Pauta positiva não faltou: endurecimento da legislação de lavagem de dinheiro, reforma da previdência do setor público, punição para empresas corruptoras, PEC das Domésticas e cotas em universidades públicas e no serviço público são apenas alguns exemplos. E qual foi a exposição de parlamentares nesses debates?

    Como na política não há vácuo, o espaço foi preenchido pelos lobbies empresariais articulados por grandes escritórios de advocacia. Hoje, muito mais que atuar no judiciário, esses escritórios oferecem soluções jurídicas a seus clientes, estejam elas no Poder Judiciário, no Legislativo ou no Executivo.

    Eduardo Cunha, aliado a esses grandes escritórios, ofereceu a saída política e financeira ao congresso, especialmente no financiamento de campanhas eleitorais que chegaram a custar de R$ 10 milhões a 15 milhões na disputa para a Câmara dos Deputados.

    Não houve tema de relevância econômica que Eduardo Cunha não tenha participado das negociações: desonerações da folha de pagamentos e dos investimentos, novo prazo para o Refis da Crise, perdão das multas aplicadas pela ANS, tributação de empresas coligadas no exterior entre outras.

    Na articulação sobre as desonerações que chegaram a R$ 100 bilhões por ano, Cunha deu um verdadeiro baile no Governo. Desorganizado, o Governo não montou um modelo lógico de negociação com o Congresso. As MPs eram enviadas sem que os parlamentares fizessem sugestões de setores a serem incluídos nas desonerações dentro de critérios estabelecidos pelo Governo. As demandas dos parlamentares eram acatadas no Congresso sem contraponto do Governo, mas posteriormente vetadas. Na apreciação dos vetos, os setores com maior poder de pressão política eram incluídos na MP seguinte.

    Se fosse um Delfim Netto negociando uma quantidade tão grande de desonerações, teria saído Presidente da República. Contudo, como grande parte das desonerações havia sido obtidas “na marra”, não houve ganho legislativos para o Governo e o Ministro Mantega foi demitido durante o processo eleitoral, sem o apoio de um único setor digno de nome.

    O resultado das eleições legislativas foi fruto desse processo. O PT perdeu 30% de sua base parlamentar na Câmara, houve uma enorme fragmentação política e o domínio do PSB se deslocou para lideranças de direita.

    O cenário já era adverso e a articulação política colecionou tropeços.

    Dilma nomeou para a articulação política o deputado Pepe Vargas (PT-RS), da minoritária tendência petista Democracia Socialista. Esta tendência também emplacou os nomes de Henrique Fontana (PT-RS) como líder do governo na Câmara e Miguel Rossetto (PT-RS) como Secretário-geral da Presidência da República. Estes são nomes de primeira grandeza, com boa capacidade de discursar e interesses republicanos. No entanto, não possuem a capacidade de articulação necessária para estes cargos.

    Na Casa Civil, foi mantido Aloizio Mercadante que é uma espécie de Serra do PT, com incrível poder de desagregação. Mercadante busca o monopólio da interlocução com a presidenta, buscando desgastar eventuais concorrentes. Contudo, foi o responsável pela articulação nas maiores derrotas dos governos petistas: a queda da CPMF quando era líder do Governo e agora na eleição da mesa diretora da Câmara dos Deputados.

    Mesmo distribuindo uma enorme quantidade de cargos a figuras pouco recomendáveis, a articulação política encabeçada por Mercadante não evitou a humilhante derrota Câmara.

  2. Então fisiologismo virou

    Então fisiologismo virou solução agora? Tivesse Dilma aberto a caixa de presentes estaria sendo acusada de submeter o Congresso. Eduardo Cunha é o cara certo no lugar certo: surfou nas más notícias econômicas, na insatisfação política com a montagem do ministério, com o desalento da iminente crise global da água, da inabilidade na artculação política do governo, etc, etc, etc…

     

    Interessante: solução mesmo que é a reforma política o autor do artigo nem passa perto.

     

    Legal, fera!

    1. Totalmente de acordo.
      Para os
      Totalmente de acordo.

      Para os “analistas” a politica é assim e sempre será.

      Não podemos avançar na qualidade através de medidas que estabilizem o sistema.

      Nao vou me cansar de repetir: a oportunidade o Messias deixou escapar lá atrás quando o ufanismo ridículo confundiu popularidade com destreza política.

      Agora, já era.

      Se tiver a coragem de ser candidato em 2018 – o que duvido – toma ferro e vira um zumbi na política.

      1. Eu acho que entendo o seu

        Eu acho que entendo o seu desejo de ver o tal do Messias diminuido, mas seu comentário não tem muita lógica. Por que esse tom de desafio? Você espera que ele se incomode com isso e se candidate?

        Aliás, e porque os competentes e sofisticados que estavam antes – e também tiveram popularidade além de ampla maioria no Congresso – nunca fizeram nada do que você está pedindo agoa?

         

         

  3. Nem foi ato falho.

    “As verbas, emendas, Orçamento Impositivo são negociatas posteriores, quando as atividades legislativas estão em andamento.”

    Ao ver como tudo funciona, dá um desânimo…

  4. Não cabe mais nenhum

    Não cabe mais nenhum comentário sobre a Dilma política.

     Ridídicula e Grotesca define um pouco–mas nãso tudo.

          Mais 4 anos com ela o Brasil some do mapa.

                E escrevo sxério.

                     Desafio alguém escrever desde 1989 algo pior que esses 4 anos dessa autoritária incompetente.

                 Mais de um século.Muito mais.

                          Desafio alguém dizer quem foi pior que ela em 4 anos governando.

                           Sou todo ouvido.

                  

    1. Ra! Ra! Ra! Como você é fofo.

      Como Collor ficou menos que 4 anos, só sobra FHC2.

      Veja que não quebramos nenhuma vez nesses últimos 4 anos. Diferente do tempo do seu ídolo.

    2. Rapaz, voce com certeza tem a

      Rapaz, voce com certeza tem a vida ganha. Para a grande maioria do povo brasileiro, um governo que mantém o desemprego em 4,3%, inflação entorno de 6% e salário mínimo a 300 dolares, nunca pode ser pior que um que fez 12% de demprego, inflação entorno de 10% e salário a 86,2 dolares (valor de 2002). Voce não sabe mas esses são os números do FHC. 

      Isso sem contar o Minha Casa minha Vida, o Pronatec, o Luz para Todos, o Mais Médicos (não vou falar no bolsa família, uma “esmola, certo?) Mas para voce isso tudo deve ser “populismo”. Impressionante a incapacidade da classe média, anarquista ou não, de se colocar no lugar do pobre 

  5. E enquanto não vem reforma política.

     

    Duas ex-petistas, as ex-senadoras Marina Silva e Heloisa Helena, que participaram da fundação do PT há 35 anos, estão juntas de novo para a criação de um novo partido. Trata-se da Rede Sustentabilidade, projeto frustrado, em 2013, da ex-senadora Marina Silva, que viu o registro da sigla ser negado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por falta de assinaturas de eleitores conforme prevê a lei. 

    Nesta terça-feira, na página que mantém no Facebook, Marina postou a foto da correligionária, convocando simpatizantes a baixar a ficha de apoio à criação do partido,  assinar o documento e enviá-lo a um escritório para organização da futura sigla, em São Paulo. Um texto de Heloisa Helena acompanhava a postagem.

    “Após a reunião que participei, sábado em Brasília, da Executiva Nacional para legalização da Rede Sustentabilidade decidimos coletar novas assinaturas de apoiamento também em Alagoas! Apesar de milhares de assinaturas que muitos Cartórios no Brasil alegaram não poder certificar, melhor será não arriscarmos reapresentá-las! Quem ainda não assinou e por generosidade democrática gostaria de fazê-lo pode mandar mensagem (aqui ou no whatsapp 8893.9132 ou 8159.6099) para Átila Vieira que é o coordenador (e porta-voz) no estado! DEIXANDO CLARO que apoiamento para legalização não significa filiação imediata para participação eleitoral e mesmo quem é filiado a outro partido ou não quer se filiar, também pode assinar por generosidade democrática com o Brasil e com nossa querida Marina Silva! Quem não é de Alagoas deve procurar o representante em seu estado, tá?! Bjss”, descreveu Heloisa Helena.
     

    O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) negou no dia 3 de outrbro de 2013 o pedido de registro da Rede Sustentabilidade da ex-senadora Marina Silva. A votação do julgamento terminou com 6 posicionamentos contrários ao registro do partido e apenas 1 a favor. a democracia”, finalizou Marina, agradecendo os apoiadores.
    A maioria dos ministros do TSE fez coro à recomendação do Ministério Público em documento do vice-procurador-geral eleitoral, Eugênio Aragão. De acordo com o procurador, “provar a autenticidade das assinaturas é ônus dos partidos e não dos cartórios”. A Rede não conseguiu comprovar o apoiamento mínimo.

    Mais derrotas

    Em 2010, então pelo Partido Verde (PV), Marina Silva ficou em terceiro lugar na disputa presidencial. Quatro anos depois, abrigada no PSB, após a morte do candidato e governador Eduardo Campos, ela voltou a concorrer à Presidência da república, e de novo derrotada pela presidente Dilma Roussseff (PT)
    .

  6. .

    O governo não é apenas vítima dos próprios erros, mas também de um sistema político e um Congresso fisiológicos, corruptos, golpistas, historicamente sem qualquer perfil partidário-ideológico.

    Por mais que quadros petistas sejam bem intencionados, o partido também está impregnado dos mesmos vícios endêmicos, interesses obscuros e objetivos questionáveis. O que definirá o futuro de Dilma, as tramas de golpe, as chantagens oposicionistas e da própria base, será a capacidade política de purificar o PT internamente e buscar o apoio de suas bases tradicionais, exercer pressão com atos que provem ser um partido popular e democrático, sem considerar perdas pontuais de percurso. O partido não pode mais temer inimigos e fugir dos grandes debates e decisoes, sob pena de não ter mais chances de voltar ao poder em quatros anos, se não for golpeado antes.

  7. Os abutres estão de olho na

    Os abutres estão de olho na presidência da Petrobras. Agnelli ex presidente da Vale disputa a função entre outros, em substituição a Graça Foster.   

  8. Acredito que o Governo seria

    Acredito que o Governo seria derrotado de qualquer forma na Câmara dos Deputados, não só pelos motivos apontados em diversos artigos. Ou todos esqueceram:

    – este é o Congresso mais conservador em 30 anos?

    – que o Governo (leia-se Dilma) é a favor da Reforma Política, de forma que contraria inúmeros interesses dos deputados e senadores?

    – a regularação ecônomica da mídia contraria frontalmente os interesses de inúmeros deputados e senadores?

    – que muitos dos candidatos ditos ‘progressistas’ tiveram dificuldades de financiar suas campanhas? Eduardo Suplicy é o maior exemplo do cenário eleitoral do ano passado;

     

  9. De minha parte fico

    De minha parte fico tranquilo, pois sei que muita gente sabe de tudo: do que foi, do que é e do que será. Desse modo, Dilma e PT são facilmente descartáveis.  Não me surpreenderei se nas páginas de vários blogs, dentro em breve, articulistas e leitores descontentes com eles não comecem a endossar a campanha do PIG pelo impedimento da presidenta. O ódio, que se mostra irracional é grande.  Pouco se diferencia do que se lê nas publicações da grande mídia. Talvez o PT e Dilma tenham feito tanto mal para isso tudo merecer. Ou talvez, quem sabe, sejam eles que não mereçam o PT e Dilma. Esta conclusão estará reservada para a História que analizará os homens e seus momentos.

    Otto Lara Resende disse que o “mineiro só é solidário no cancer”. Isso foi há muito tempo atrás. Desde jovem, sendo mineiro, discordava frequentemente disso, pois a minha Minas, achava, não era a mesma que a dele, se generalizada. Ainda continuo achando o mesmo. Entretanto, complemento Lara Resende, pois na MInas que conheci haviam mineiros que tampouco no cancer se faziam solidários. Ainda bem que era uma minoria, os mesmos de sempre, que hoje se denomina de os 1%.

    De qualquer modo, Otto Lara quiz denunciar a hipocrisia, a falsidade e a traição a que todos estávamos submetidos sob falsos valores. Ele apenas fez um chamamento aos mineiros (e, obviamente a todos os brasileiros) para que não embarcassem no engodo do “salve-se quem puder”.

    Para mim valeu como um norte. E hoje, além de mineiro sou petista. Nessa condição me solidarizo com o PT e com Dilma, o que não me impede de reconhecer seus possíveis erros. Mas ainda sou daqueles para quem mais valem os homens de boa vontade e perserverança. Sem isso, belas palavras serão vãs.

     

  10. Dilma e Graça acertam

    Dilma e Graça acertam cronograma de saída de toda diretoria da Petrobras

    http://www1.folha.uol.com.br/poder/2015/02/1584720-dilma-e-graca-acertam-cronograma-de-saida-de-toda-diretoria-da-petrobras.shtml

                   Pro fim do mês? Algo que deveria ser o ANO passado?

               Haja gardenal e rivrotil……

                 Eu li aqui,neste blog, que o ministério de Dilma era ”tático”— procurem que está por aí com loas a granel

                 Depois de perder a câmara e com balanços malucos da Petro ,Mercadante e asseclas tornaram-se os Pnteras-cor-de –rosa.

                  E com o inspetor( Dilma) tendo ataque de nervos.

                        Fala sério.

                             Esse ”governo” é uma piada.

                           Em tempo: Por 3 minutos perdeu uma vaga na mesa da cãmara. Nem de propósito.Campeão MUNDIAL da ineficiência.

  11. os analistas confundem uma

    os analistas confundem uma disputa no legislativo como

    um problema da presidenta da república….

    ao invés de denunciar o fisiologismo, parece que exigem que a

    presidencia entre nessa jogada fisiológica como

    se isso fosse um destino manifesto.

    darcy ribeirio disse uma vez, que preferia ser

    derrotado do que assumir os erros da ditadura….

    vale para esse caso do cunha:

    digo, pela terceira vez:

    prefiro dilma lutando contra o fisiologismo do que aderir

    aos desejos do eduardo cunha.

  12. Saída do PSB, eleições do RN e eleições presidenciais.

    Henrique Eduardo Alves(PMDB) ex-presidente da Câmara dos Deputados é o fator principal da forma como se desenvolveu a atual disputa na câmara dos deputados, além disso tem a saída do PSB((34 deputados) da base aliada e sempre muito alinhado com o PT, e o resultado apertado das eleições presidenciais.

    O resultado apertado das eleições presidenciais da margem para uma interpretação de que sem o PMDB o PT perderia as eleições presidenciais.

    Diante das circunstância o PT não tem muitas alternativas no momento, e precisa definir rapidamente e e com ampla divulgação de que Lula será o candidato nas próximas eleições presidenciais, isto certamente fará o PMDB recuar em suas aspirações, além forçar os governadores do PMDB a atuarem junto aos deputados federais  para a manutenção da atual aliança política, afinal a cada dois anos tem eleições,  e o peso do governo federal e de uma candidatura de Lula são determinantes para o resultado das eleições.

     

     

  13. Centralizar ou delegar

    Li algumas vezes e estou totalmente de acordo que quem centraliza carreia para si 100% do prazer dos acertos e 200% do desprazer dos erros, no primeiro mandato foi assim.

    Agora percebo que os acertos não estão trazendo 100% de prazer, mas os erros estão penalizando bem mais que 200% e a penalização cresce em escala exponencial.

    Tem um ditado na minha terra que diz “errar é humano” e “insistir no erro é burrice”. Só resta esperar que os coices sejam bem certeiros para a felicidade geral da nação, caso contrário teremos uma danação geral.

    E só para não perder o costume: “Globo cadê o DARF?”

  14. O alto preço vem lá de trás

    O país o pagou durante 4 anos e tudo leva a crer que vá continuar pagando por mais 4, depois disso nem deus sabe, pela desastrosa escolha da Dilma como sucessora do Lula. Caindo na esparrela neoliberal de que presidenciar um país é tarefa pra gerentes, Lula e o PT optaram por um poste gerencial, em vez de escolher um poste político, de preferência com luz própria. Na época, se dizia que era para não deflagrar uma guerra interna no PT, e coisas assim. Houve até quem dissesse que o PT não tinha nomes à altura do cargo. E lá Dilma está à altura? Se tivessem optado pelo Haddad, um poste Político com P maiúsculo, por exemplo, e além do mais com luz própria, o atual prefeito paulistano teria sido eleito também, já que o Lula tinha a possibilidade, como a história demonstrou, de eleger qualquer poste para a presidência. E a história teria sido outra, bem mais alvissareira.

  15. Isn’t it funny !?!?
    O Governo

    Isn’t it funny !?!?

    O Governo fala grosso com o OBAMA e suas espionagens e guerras; Fala na ONU contra a espionagem  internacional, contra a austeridade criminosa e os juros escorchantes dos bancos, mas dentro de casa não faz nada contra isso. 

    Esquizofrenia ou Cagaço !?! 

    Maybe, um MIX… Ou não …

     

    O BRASIL PARA TODOS não passa na REDE GLOBO DE SONEGAÇÂO & GOLPES – O que passa na REDE GLOBO DE SONEGAÇÃO & GOLPES é um braZil-Zil-Zil para TOLOS” 

  16. Engenheiros de obras feitas

    O que não faltam são engenheiros de obras feitas. A questão é que esse partido não tem ideologia. São parasitas do poder. Vão para onde o vento favorece. O povo botou esse monte de excremento no congresso. Deu no que deu. Agora é buscar os movimentos sociais. É isso. E vão catar coquinhos.

  17. PETROBRAS – PAULO ROBERTO

    PETROBRAS – PAULO ROBERTO COSTA É CRIA DOS TUCANOS

    GRANDE ARTICULADOR DE POSSÍVEL ESQUEMA DE CORRUPÇÃO NA PETROBRÁS É FUNCIONÁRIO DE CARREIRA, NOMEADO PARA VÁRIOS CARGOS DE CONFIANÇA NOS GOVERNOS DO PSDB E INDICADO PELA SENADORA ANA AMÉLIA (PP/RS) PARA O CARGO QUE ACABOU DEMITIDO POR GRAÇA FOSTER

     

     

     

    http://007bondeblog.blogspot.com.br/2014/09/fernando-henrique-cardoso-nomeou.html 

     

    SÓ PARA CONSTAR, e mais uma vez, DE QUEM SE TRATA O SR. PAULO ROBERTO COSTA. ELE É CRIA DO PSDB, COISA QUE A GLOBO NÃO FALA.

     

    Ex-diretor começou no primeiro governo de FHC (CADA MINUTO – 08/09/14).

     

    A chamada “grande imprensa”, nas reportagens sobre a Operação Lava-Jato, omite dados importantes sobre um dos personagens principais. Há informações relevantes que a mídia tem sonegado à população brasileira.

     

    Tem sido divulgado à opinião pública que Paulo Roberto Costa, agora no epicentro de um escândalo de corrupção, teria começado sua carreira na Petrobras em 2004 – portanto, no governo Lula –, quando foi nomeado diretor de Abastecimento.

     

    Isso não é verdade.

     

    Ele entrou na Petrobras muito antes, em 1979, quando participou da instalação das primeiras plataformas de petróleo na Bacia de Campos (RJ).

     

    Suas primeiras indicações políticas dentro da estatal ocorreram quando o PSDB ganhou a presidência da República.

     

    Em 1995, logo no primeiro ano da presidência de FHC, ele foi indicado como gerente geral do poderoso Departamento de Exploração e Produção do Sul, responsável pelas Bacias de Santos e Pelotas.

     

    Nos anos seguintes, sempre sob gestão dos tucanos, Paulo Roberto Costa foi beneficiado por várias indicações políticas internas da Petrobras. Em 1996 foi gerente geral de Logística. De 1997 a 1999 respondeu pela Gerência de Gás. De maio de 1997 a dezembro de 2000 foi diretor da Petrobras Gás – Gaspetro. De 2001 a 2003 foi gerente geral de Logística de Gás Natural da Petrobras. E de abril de 2003 a maio de 2004 (agora, sim, no início do governo Lula), foi diretor-superintendente do Gasoduto Brasil-Bolívia.

     

    Sua indicação para diretor de Abastecimento, em 2004, por indicação do PP (da Ana Amelia, da RBS-GLOBO, que quer ser governadora do RS – nosso), na gestão Lula.

     

    12 de setembro de 2014 – 07:13

    Colaborou leitor H. Pires

  18. Dilma, dá pra formar um time e criar espirito de corpo? Pufa?

    Escolhe cada tranqueira pra ministro que “vôticontá”!

    Mercadante (entrou e coisa desandouu de vez), Cardozo no comments, o ex-Bernardinho e “porraí vai”…

    Na comunicação, prefere ficar semunicação…

    Pensa que todo mundo vai ser republicano quinem qui ela..

    Certo que ela está sob uma barragem de artilharia similar a dos pré-golpes de GV e Jango.

    Mas vou santificá-la se resolver esta batalha sozinha.

    Dá pra pelo menos ter um porta-voz pra falar pra kct todo dia?

    Ou eu vou ter jogado meu voto no lixo mesmo?

    O lixo que esta oposição quintocentona faz deste país!

  19. Aparências…

    Alguns humanos se parecem com certos animais irracionais…

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Suricata_suricatta

    – O suricata (nome científico: Suricata suricatta), também conhecido como suricato ou suricate, é um pequeno mamífero da família Herpestidae, nativo do deserto do Kalahari. Estes animais têm cerca de meio metro de comprimento (incluindo a cauda), em média 730 gramas de peso, e pelagem acastanhada. Os suricates alimentam-se de pequenos artrópodes, principalmente escaravelhos e aranhas. Têm garras afiadas nas patas, que lhes permitem escavar a superfície do chão e tem dentes afiados para penetrar nas carapaças quitinosas das suas presas. Outra característica distinta é a sua capacidade de se elevarem nas patas traseiras, utilizando a cauda como terceiro apoio.

    Estes animais são exclusivamente diurnos e vivem em colónias de até 40 indivíduos, que constroem um complicado sistema de túneis no subsolo, onde permanecem durante a noite. Dentro do grupo, os animais revezam-se nas tarefas de vigia e proteção das crias da comunidade. O sistema social dos suricates é complexo e inclui uma linguagem própria que parece indicar, por exemplo, o tipo de um predador que se aproxima. Estudos mostram que os suricates são capazes de ensinar ativamente suas crias a caçarem, um método semelhante à capacidade humana de ensinar. Suricate significa gato-das-pedras.

    – Suricatos detonando cobras e escorpiões

    http://www.macacovelho.com.br/suricatos-detonando-cobras-e-escorpioes/

    25/02/2014 Curiosidades

    Cobras e escorpiões são criaturas peçonhentas, que metem medo ou respeito em muita gente. Mas no mundo animal parece que nem todos dão muita bola para seu veneno, e até as criaturas aparentemente medrosas enfrentam sem receio as cobras e escorpiões mais bizarros! Você vai ficar impressionado com a audácia desses suricatos da África do Sul, também conhecidas como “meerkats”.

    – A comida dos suricatos

    http://meioambiente.culturamix.com/ecologia/curiosidades-sobre-os-suricatos

    A alimentação desses animais é composta por besouros, centopeias, minhocas, grilos, pequenos mamíferos, miriápodes, pássaros, ovos, tubérculos, pequenos répteis, raízes e até mesmo escorpiões (os suricatos são imunes ao veneno desses animais).

    http://oreinodosbichos.blogspot.com.br/2009/10/suricatos.html

    “Quase tudo que os humanos fazem uns com os outros, os suricatos também fazem. Mas eles vão a extremos”, diz Dr. Clutton-Brock sobre os animais que estuda há 13 anos.

     

     

     

  20. O assalto de Cunha na governabilidade de Dilma

    Uma cunha no pais e, o pior, o pig até o momento não deu sequer uma linha sobre as maracutaias da corrupção em carne e osso chamada Eduardo Cunha. E nem vai dar, pois ele sabe que terá seus podres revelados. 

  21. Articulação?

    Em 2005, o desconhecido Severino Cavalcante ganhou as eleições para o candidato de Lula, Luís Eduardo Greenhalgh

    No início do 2º mandato; coincidência não?

    Para quem acredita

    A eleição de Cunha se deu essencialmente por dois aspectos:

    1) A reforma politica ampla pretendida pelo PT;

    2) O orçamento impositivo que não encontrou amparo no planalto.

    O resto é tentar  aproveitar o resultado da eleição para a presidência do congresso para se unir aos oposicionistas que dizem que o governo do PT é incompetente.

    1. Assis

      Obrigado, Assis

      Temos uma mania de esquecer o passado…

      Acho engraçado que as pessoas confundem o governo com o  PT, o governo é composto por varios partidos.

       

  22. Hoje está na Folha que o

    Hoje está na Folha que o  advogado de FHC fez uma peça para o possível impeachment de Dilma, ao custo de prováveis 100 a 150 mil reais. Tanto advogado quanto FHC negam que tenha sido feita para o próprio FHC ou para o PSDB. FHC e o PSDB jamais foram amantes da verdade, portanto a negativa de ambos não tem nenhum valor. Dois pontos interessantes a serem lembrados. Essa denúncia da Folha seria em pagamento ao furo de ontem quando informou em primeira mão a saída de Graça Foster da Petrobrás? E seria Eduardo Cunha a aposta de FHC e do PSDB para finalmente livrar-se de Dilma e do PT no governo federal antes de 2018, quando têm grandes  possibilidades de perder de novo se Lula candidatar-se e essa crise da água se tornar  um descalabro pior do que já se apresenta? Os governos petistas ao longo desses 12 anos têm sido uma verdadeira batalha campal para os tucanos sempre nas moitas com FHC se fingindo de morto e articulando impeachments e armadilhas para o PT. Talvez fosse o caso da presidente Dilma vir à público e explicitar o que rola, como fazia o Hugo Chaves. Funcionou, pois ele só foi vencido pela morte, pois contra essa não há estratégia possível por enquanto. 

  23. Acho que o Vitor Hugo acertou

    Acho que o Vitor Hugo acertou na mosca. De fato a Dilma tenta governar de uma maneira menos “velha política”. Me parece que ela tem essa ambição, ajudar o país a enterrar o fisiologismo, o toma lá da cá. Só que parece que acredita que os políticos vão incorporar esse “republicanismo virtuoso” por osmose, ou por intervenção divina. 

    Mas não adianta ficar comparando ela com o Lula, como fez o cientista político. Talvez mesmo que por caminhos tortos, sem habildade, quem sabe a presidenta não esteja conseguindo pelo menos abalar as estruturas dessa velha política, viciada e aparentemente eterna? Romper um círculo vicioso é sempre traumático. Pelo menos estamos vendo aí grandes empreiteiras no banco dos réus. Isso é muito novo no Brasil. Enfim, o que temos é a Dilma, vamos até o final. Impeachmente nem a pau!

    1. A pau não, mas a STF.

      Meu caro, abra os olhos e veja. O golpe do impedimento já está delineado a corre solto.  Vem a CPI da Petrobras aí. O Cunha ja disse que vai acatar.  Do congresso isto vai para o STF que mata no peito. Esperemos que a Dilma coloque na vaga vazia alguém capaz de defende-la.  Se cometer mais um erro, já era, se é qua ainda dá tempo.  A política hoje está nas mãos de quem colocar o povo na rua.

  24. Não sei porque tanto espanto

    Não sei porque tanto espanto com a eleição do Cunha. A culpa não foi da falta de articulação política do Governo. O novo Congresso apenas mostrou de que lado estão e que  todos já sabíamos. A bancada do Congresso de hoje representa o pessoal da Bíblia, do Boi e da Bala, são os BBBs. Daria para acresentar mais um B que é a turma que defende os interesses dos banqueiros. Vamos sacudir a poeira e cair na real. Desse Congresso podemos esperar o pior.  

  25. o assis ousou positivamente

    o assis ousou positivamente nos seus ótimos comentários.

    eu tenho receio em afirmar, mas na minha opinião,

    quem critica dilma nesse processo tá dando munição a esse fisiologismo  que,

    no passadso e no presente, só desagrega e piora as instiuições.

    há que lutar contra isso, contra a privatização de tudo, até da política,

    como ocorreu na europa, desgraçadamente.

  26. Um dos pressupostos de

    Um dos pressupostos de qualquer regime democrático é que o dissenso, ou seja, o confronto de idéias sempre ocorre a priori e o consenso a posteriori, como bem disse a Maria Luiza Quaresma Tonelli. É perfetiamente aceitável que dois polos antagônicos disputem os espaços de poder e a influência na agenda político-ideológica de uma nação.

    São os tais “fatores reais de poder” mencionados por Lassale ao explicar o conceito de Constituição (depois ficou conhecido por definir a concepção política de Constituição).

    Ora, para que a disputa aconteça é importante que os dois lados legitimem o jogo e joguem conforme regras previamente acordadas. Quando um dos lados não as legitima, podemos dizer que está aberto o caminho para uma tentativa de golpe, que seria burlar, fraudar ou sabotar as regras e o espaço legitimado de disputa política.

    Hoje, a direita brasileira está figurada em 5 grandes grupos: partidos políticos (PSDB, DEM, PPS e alas do PMDB), empresariado (mercado financeiro e industriais), figurões do Estado (juízes e promotores a frente), além da mídia (Folha, Veja, Globo, etc). Em torno desses grupos giram partidos fisiológicos, mídias menores, petistas ligados com grupos de interesse (Cardozo, Vacarezza, Bernardo, entre outros) que alimentam esses grupos maiores.

    Ainda que tenha recebido inúmeras concessões e benesses dos governos petistas, a direita não legitima a vitória de Dilma e do PT pela 4ª vez consecutiva. Para quem moveu mundos e fundos para aprovar a PEC da Reeleição, cujo objetivo era ficar 20 anos no poder e está há 12 fora dele, a vitória dela presidenta soou como uma “humilhação”. E claro, uma vitória política do PT e de Lula.

    Por isso tentam de todas as formas (legítimas e ilegítimas) paralisar o segundo mandato dela. É aquela história: “Você ganhou e sentou na cadeira, mas não vamos deixar você governar”. A tentativa de golpe nasce aí: a direita não legitimou o processo democrático brasileiro ao não aceitar a vitória de Dilma.

    Esse é o resultado.

    Para entender esse movimento frenético de tentar sabotar Dilma, Lula e com eles o projeto político que tirou milhões da miséria, resgatou a credibilidade e a autoestima do Brasil, é preciso voltar ao seu primeiro mandato presidencial e compreender alguns de seus movimentos políticos.

    Quando assumiu o governo, em 2011, Dilma já havia presenciado todo o linchamento político-midiático contra Lula, José Dirceu, Genoíno e Delúbio Soares na AP 470. Presenciara também a arrogância de um ministro do STF em denominar de “Estado Policialesco” as prisões de ricos feitas pela Polícia Federal, reestruturada no Governo Lula. Isso sem falar na chuva de escândalos diários sem fundamento promovida pelos grandes conglomerados de mídia nacionais.

    Não foram poucas as vezes em que a mídia escalou gangsters, estelionatários, políticos corruptos como fontes para criar os factóides que supostamente enfraqueceriam o Partido dos Trabalhadores.

    Resumindo: poderia ter iniciado seu governo trilhando um caminho diverso daquele feito por Lula em 2003, ou seja, sem (maiores) concessões. A militância, a blogosfera, os movimentos sociais e sindicais já haviam mapeado, na luta diária pela defesa desse projeto político, os porta-vozes antipetistas infiltrados no próprio PT, na oposição, na mídia, Judiciário e Ministério Público.

    Uma vez mapeados esses atores, sua tarefa era seguir o caminho oposto, tensionando o debate político com as grandes reformas estruturais (política, tributária, midiática, imposto sobre grandes fortunas, pré-sal, etc), mantendo os programas sociais (como ela de fato fez) e daí trilhar os espaços de consenso com o outro lado. Sem falar que para isso ela teria apoio amplo e irrestrito dos grupos sociais que permitiram sua eleição e vitória nas urnas.

    A primeira batalha perdida foi quando tentou constrir um acordo de não-conflito com a mídia: aniversário da Folha de São Paulo, receitas com Ana Maria Braga, entrevistas ao Jornal Nacional. Aí foi o primeiro erro e um balde de água fria na militância. Não havia motivos para acordo. Como disse antes, a mídia já estava catalogada entre os adversários do PT no governo.

    As demissões em massa de ministros supostamente acu(s)ados em esquemas de corrupção como forma de agradar a mídia também foi outro erro. Vide o emblemático caso Orlando Silva, demitido em cima de um boato, sem chance de defesa, depois inocentado pelo MPF por falta de provas.

    A guerra Dilma-Mídia ficou ainda mais acirrada. Mas já não havia presenciado antes essa guerra, quando era ministra-chefe da Casa Civil de Lula e candidata em 2010?

    Outro erro foi tratar MPU e Judiciário de forma “republicana”. No caso do MPU, ao invés de ousar e indicar Ela Wiecko (procuradora conhecida por ser mais à esquerda entre seus pares), preferiu seguir a lista tríplice elaborada pelo próprio órgão e nomear Rodrigo Janot para Procurador-Geral da República, um procurador completamente mascarado. Até hoje não se sabe se ele joga contra ou a favor da República.

    No Supremo, as nomeações de Rosa Weber e Luiz Fux se revelaram desastrosas, pois logo após tomarem posse, trairam a indicação e se aliaram com os demais colegas de direita ali instalados. Weber condenou Dirceu mesmo sem provas, pois a “doutrina jurídica” lhe pertencia tomar tal decisão; já o ministro Fux disse que a verdade era uma quimera.

    Percebendo os equívocos, depois corrigiu os rumos, com as indicações de Barroso e Zavascki (acenada por Joaquim Barbosa como uma mera maiora situacional).

    Quando Dirceu, Delúbio e Genoíno sofriam no STF os desmandos de Barbosa, nem ela, nem um de seus líderes do Congresso vieram a público denunciar o abuso da Suprema Corte e fazer aquele debate político que Lula reconheceu (em entrevista aos blogueiros na campanha de 2014) que deveria ter feito quando eclodiu o mensalão.

    A divisão entre entre governo e partido, impressa em sua gestão, afastou movimentos sociais, militância e blogueiros, dando a sensação de um governo fechado, isolado e pouco comunicativo. O vácuo deixado por sua gestão abriu alas para críticas contra a Copa e a “Primavera” de Junho de 2013, que hoje resultaram na eleição do Congresso mais conservador desde 64 e na eleição de Cunha para a Câmara dos Deputados.

    A despeito da imensa agenda positiva construída em seu primeiro mandato – a ampliação do PAC, o Brasil sem Miséria, o Mais Médicos, a proposta de Reforma Política, a redução de juros dos bancos, etc – Dilma também não construiu alternativas de comunicação contra o bombardeio midiático.

    Em diversos episódios, a presidenta se esquivou dizendo que “preferia o barulho da democracia, que o silêncio da ditadura”. Nós também preferimos isso, mas não é possível aceitar tamanho assassinato de reputação dos grandes grupos de mídia.

    Preferiu emitir notas para cada ataque mentiroso da mídia, ao invés de confrontar publicamente esses grupos; continuou pagando gordas verbas de publicidade para esses mesmos veículos, enquanto blogueiros eram barrados no financiamento midiático. Isso sem falar no completo isolamento comunicacional da própria presidenta, que fez apenas em 2014, no calor da disputa eleitoral.

    A eleição de Cunha no dia 01º é resultado desse vácuo político deixado pela presidenta durante o seu primeiro mandato, gradativamente preenchido pelas direita com notícias mentirosas, Judiciário parcial, MPU partidário e protestos com bandeiras amplas e dispersas e muito, muito sangue e confronto para dar audiência e blindar os escândalos (esses sim, verdadeiros e comprovados) dos aliados tucanos e democratas.

    Apesar das dificuldades iniciais e da ressaca ainda da derrota na Câmara, Dilma pode fazer um segundo mandato melhor que o primeiro. Para isso, ela deve assumir de uma vez por todas uma postura de liderança política.

    O primeiro passo é traçar bem sua estratégia para o segundo mandato. Construir o caminho para o futuro: Pré-Sal, Saúde, Educação, Desburocratização. Para isso, a indicação de Mangabeira Unger parece ter sido acertada (embora tenha sido um crítico de Lula). Outro excelente nome para a pasta é o de Márcio Pochmann. Por fim, comunicar diariamente, semanalmente ou mensalmente essa estratégia é fundamental para reavivar a militância e os movimentos sociais.

    Para isso, Dilma tem que mudar o papel da Secretaria de Comunicação (SECOM). Ao invés de fazer discursos longos, enfadonhos e coletivas de imprensa, pequenos vídeos, com músicas de fundo, explicando pedagogicamente cada medida, rebatendo cada acusação e conclamando a militância para a luta poderá surtir efeitos extremamente positivos.

    E claro, para que esse tipo de medida atinja o maior número de pessoas possíveis, o investimento em tecnologia é fundamental: aplicativos, sites, blogs, whatsapp. Como era o Muda Mais, por exemplo. Gostemos ou não, nesse quesito o presidente Obama é referência.

    Mãos à obra!

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