Investigações com outros nomes da política passam despercebidas em noticiários

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – Em uma semana em que a Operação Lava Jato foi deflagrada cinco vezes, em respectivas fases ou desdobramentos das investigações que partiram de Sergio Moro, outras ficaram fora dos holofotes: a Operação Abismo, que envolve familiares do coordenador de campanha de Marina Silva à Presidência, em 2014, e a Operação Aviões de Lama, sobre o desvio de recursos públicos no governo de André Puccinelli (PMDB) no Mato Grosso do Sul.
 
A primeira foi deflagrada na manhã de segunda-feira (04), em um dos desdobramentos da Lava Jato, apurando a fraude em processos de licitação e pagamentos de propina a servidores da Petrobras. Suspeitos de envolvimento no esquema de pagamento de R$ 39 milhões nas obras do Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes)
 
Entre os alvos dos mandatos, Roberto e Eduardo Capobianco Roberto, ambos da família de João Paulo Capobianco, que coordenou a campanha de Marinha Silva à Presidência da República, em 2014. Os dois são sócios da Construcap CCPS Engenharia e Comércio, investigada no caso.
 
Eduardo foi alvo de condução coercitiva e de buscas e apreensões pela Polícia Federal, na segunda. O Ministério Público Federal chegou a pedir a prisão temporária do empresário, mas fugindo da decisão geralmente adotada, Sergio Moro negou o pedido dos procuradores.
 
E, ao prestar depoimento aos investigadores e ao juiz, Capobianco negou participar do esquema. “O juiz é um profissional sério. Fui depor e, em seguida, já estava liberado. Voltei para casa e já estou trabalhando normalmente”, disse o empresário. 
 
Seu irmão, Roberto, não teve a mesma decisão e ficou preso em caráter temporário, mas por apenas cinco dias sob a tutela da equipe de Moro. As investigações constataram o repasse de, pelo menos, R$ 2 milhões da Construcap para a empresa Legend Engenheiros Associados, que integrava a empresa de lavagem de dinheiro do lobista Adir Assad. 
 
“A existência de transações da Construcap, Schahin e OAS com as empresas do operador Adir Assad é corroborada ainda pelos documentos apreendidos na Operação Saqueador, encaminhado a esta força-tarefa ministerial após autorização judicial. Mais especificamente, identificam-se notas fiscais da Legenda para OAS e Construcap”, diz trecho da investigação de procuradores da Lava Jato.
 
Já a outra Operação deflagrada trata-se da 3ª fase da Lama Asfáltica, nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e São Paulo, em uma investigação que apura contratos de obras públicas e fraude de licitações que envolvem mais de R$ 2 bilhões.
 
Foram presos preventivamente o ex-secretário de Obras Públicas e Transportes de Mato Grosso do Sul, Edson Giroto, e seu cunhado Flávio Henrique Garcia Scrocchio. Giroto trabalhou na secretaria durante o governo de André Puccinelli (PMDB) no Estado e é a segunda vez que é preso pela investigação.
 
Cerca de 20 policiais cumpriram três prisões preventiva e duas buscas e apreensões de aeronaves, nos municípios de Campo Grande/MS, Cuiabá/MT, Rondonópolis/MT e Tanabi/SP, todos expedidos pela 3ª Vara Federal de Campo Grande. 
 
De acordo com a PF, a organização criminosa é especializada em desvio de recursos, incluindo federais. Atua nas áreas de pavimentação de rodovias, construções, prestação de serviços nas áreas de informática e gráfica.
 
“Eles ocultavam a origem do dinheiro e mantinham, assim, a prática de novas condutas delituosas, mesmo após a deflagração da primeira fase da operação, em julho de 2015”, disse, ainda, a PF.
 
Em ambos os casos, não há informações sobre o nível de envolvimento ou a inocência dos nomes relacionados a grupos políticos nos esquemas. Contudo, nenhuma das duas investigações recebeu holofotes de grandes veículos, foi divulgada com informações de vazamentos ou os apontados anunciados como criminosos envolvendo partidos.
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

5 Comentários

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  1. Quanto menos petistas

    Quanto menos petistas envolvidos, menor o foco dos grandes veículos e menor o interesse de Moro em sustentar prisões.

    Simples assim.

  2. Já estou imaginando…

    Políticos de qual partido estariam envolvidos. Amanhã ninguem se lembrará desta operação e fica tudo como antes, no quartel de Abrantes.

  3. Só seriam manchetes se houvesse petistas envolvidos.

    O script da PF, do MPF e do PIG já está mais do que manjado. Uma operação só se torna destaque midiático se os alvos forem o PT, os petistas ou alguém da Esquerda política. Como tenho dito, nenhuma das instituições judiciárias (PF, MP e PJ)  está, de fato, empenhada em combater a corrupção no sistema público (sobretudo político), mas tão sòmente em combater o PT e a Esquerda política. Na Farsa a Jato, vários agentes das intituições judiciárias formam uma ORCRIM. O PIG dispensa comentários, pois é, por natureza, uma organização criminosa bem conhecida, que não só insuflou como foi partícipe ativo em TODOS os golpes de Estado ocorridos no Brasil, inclusive neste am curso.

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