Investimentos em inovação: erros e aprendizados

Jornal GGN – Nos últimos anos, o Governo Federal vem empreendendo esforços para investir em inovação. Começou em 2001 com o programa Inovar. Depois vieram Juros Zero (2004), RHAE Inovação (2004), Subvenção Econômica (2006), Prime (2009) e PAPPE Integração (2010).

Leia também: As políticas de apoio às startups, por Luis Nassif

Apesar da boa intenção, os principais problemas dessas políticas foram a falta de continuidade e a ausência de ferramentas de avaliação. Essas questões estão sendo corrigidas pelo programa mais recente do governo para o setor, o Startup Brasil, de 2013.

O assunto foi tema de debata no 61º Fórum Brasilianas.org.

De acordo com Eiran Simis, gestor da área de empreendedorismo do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (CESAR), o Inovar disponibilizou um total de R$ 600 milhões por meio de 31 fundos. Os valores não eram reembolsáveis, mas eram entregues em troca de participação acionária.

O Juros Zero oferecia financiamentos de R$ 100 a R$ 900 mil, sem carência, sem necessidade de garantias reais, com correção apenas pelo índice de inflação (IPCA). O RHAE dava bolsas para Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) por meio do CNPQ.

A Subvenção Econômica financiava gastos de P&D de processos e produtos inovadores, desde que os projetos tivessem um valor mínimo de R$ 300 mil. Quem pagava a conta era a FINEP. No Prime também, mas em muito maior escala. 1380 empresas chegaram a ser apoiada apenas no primeiro ano.

O PAPPE Integração apoiava inovação em micro e pequenas empresas, para projetos de R$ 100 a R$ 400 mil.

Leia também: Brasil está mais preparado para dar apoio à inovação

Para Simis, cada um desses projetos representou um aprendizado. Mas nenhum deles conseguiu acertar em cheio. Ainda assim, ele considera essencial a participação do governo para minimizar os riscos em áreas estratégicas. “Em grandes hubs como Vale do Silício, Cingapura, Tel Aviv, Guangdong e Zhejiang a marca do setor público é inconfundível. A participação do governo desempenhou um papel fundamental na criação de cada uma destas regiões”, afirmou.

A questão no Brasil é conseguir encontrar um equilíbrio nessas políticas públicas, de forma que o governo minimize os riscos, mas não interfira demais na condução dos projetos. Esse papel deve ser do mercado.

Para Eiran Simis, o governo precisa aprender com os erros do passado. E para isso precisa criar ferramentas de avaliação das iniciativas.

Ele lembra que a atividade empreendedora não acontece no vácuo. Há todo um ecossistema de empresas que precisa ser considerado, e o governo deve auxiliar as empresas a entenderem e se inserirem nesses ambientes. “Às vezes os governos despejam recursos sem levar em conta outras barreiras além do dinheiro que os empreendedores enfrentam”, disse.

Simis também entende que focar apenas no curto prazo pode ser inviável para uma empresa nascente. “Nessa área, precisa de tempo para que a empresa comece a performar. Nada acontece no curto prazo”.

Outras fontes de financiamento – BNDES

Também presente no Fórum Brasilianas, Luciane Gorgulho, chefe do Departamento de Cultura, Entretenimento e Turismo do BNDES, lembrou que o banco estatal também dispõe de linhas de apoio à inovação.

O MPME Inovadora, por exemplo, oferece financiamentos de até R$ 20 milhões. O BNDESPar também tem grande foco em inovação (28% de todos os projetos contemplados são de inovação).

“Hoje, existe a necessidade de ter instrumentos financeiros diferenciados, pois há empresas de menor porte, sem ativos tangíveis”, explicou Luciane.

“Dentro do BNDES tudo que é inovação é prioridade. É um setor que está crescendo a taxas muito altas e nossa previsão é que vai se tornar um setor de relevância no PIB”, afirmou.

Segundo ela, os setores criativos já respondem por 2,5% do PIB Brasileiro. E a economia criativa deve crescer entre 3 e 10% ao ano.  “Ainda nesta década, o Brasil deve passar da 10ª para a 7ª posição nesse setor”.

Redação

8 Comentários

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  1. Pouco provável

    Acho pouco provável que apenas financiamento resolva. Os centros de desenvolvimento de tecnologia citados são muito diferentes entre si, em comum o financiamento e mercado até pelo menos os processos, empresas ou produtos ganharem envergadura. E a estrutura de custos é a moeda e não o retorno do financiamento propriamente dito. Não se financia um projeto sem uma estrutura de custos, digamos, que possa vir a ser competitiva, é o mesmo que tentativa e erro.

    Este é um grande problema para modernizar a burocracia brasileira, composta por economistas e advogados que não conseguem entender o que é custo.  O TCU, CGU, etc etc, analisam contratos públicos e não tem a menor idéia do custo de cada um dos processos,  e aí temos que conviver com um escândalo atrás do outro dispondo de uma estrutura de fiscalização gigantesca, onerosa e ineficiente e que não consegue melhorar os contratos, não consegue identificar onde poderão ocorrer os problemas na execução. 

    1. A falta total de expertise do governo no assunto
      Toda vez que penso em dinheiro mal gasto, penso nos fiscais de tributos do Brasil e o aparato fiscalizador em geral.

      Mude toda a tributação nacional, instituindo impostos modernos e elimine o custeio da folha de todos os fiscais e tribunais do Brasil. Invista o dinheiro no financiamento de empresas, vamos dar um salto exponencial na inovação e no emprego no Brasil, eu garanto.

      Manter milhões sem emprego e sem perspectiva de vida para sustentar um bando de inúteis, que a primeira oportunidade prevaricam, se apossando do bem público em benefício particular é de uma crueldade inenarrável.

      Acorda, Dilma!

  2. Comentário do outro post sobre startups

    A realidade do Vale do Silício

    Fenômeno ÚNICO e irreproduzível. Conclusão de inúmeras teses, estudos e pesquisas feitas no USA.

    Depende do gênio de um grupo de pessoas, ou mesmo de uma, que tem um gene recessivo (polimorfismo balanceado) que lhe dê uma vantagem competitiva neste ambiente arisco e traiçoeiro. Stanford é um Robber Baron, ou seja, escreve o certo por linhas tortas. Deve ter funcionado como um atrator para estes indivíduos nesta região, coisa não-reproduzível ou copiável.

    Aqui no Brasil é Dinheiro bom do Estado (vela boa), em defunto ruim (empresas merquetrefes).

     

  3. Burocracia

    Onde tem gestão pública, burocracia e funcionários públicos, nada anda. ão se faz efetivamente nada.

    O financiamento público nos EUA funciona porque o país é pautado na liberdade e isso estimula a criatividade. No Brasil, nós somos amarados pela burocracia interminável. Aqui não temos liberdade.

    E esse negócio de conceder bolsa a fundo perdido para pesquisador funcionário público nunca deu resultado. Nós precisamos chamar as universidades privadas para essas questões. A liberdade com as possibilidades que o capitalismo proporcia é o caminho, mas jamais sobre o manto da gestão pública burocrática.

  4. Lâmpada de filamento já foi inovação. Hoje é vintage…

    Somente uma referência à pouco criativa e insistente lâmpada de filamento que simboliza “idéia” ou “energia”. Infelizmente ainda temos uma parte considerável da população (gente comum, empresários, políticos, presidentas, etc) que confundem inovação com invenção.

    Concordo com o autor quase plenamente, mas me arriscaria a dizer que cada um dos exemplos acima citados não foram aprendizados e sim, oportunidades de aprendizado.

    Em se tratando do RHAE, seja como for (http://www.cnpq.br/web/guest/apresentacao14;jsessionid=600FDDD802F792380CCDBF730EE46406), vai muito bem, obrigado. Já não podemos dizer o mesmo do Programa Ciência sem Fronteiras, um festival de viagens sem um critério maior que o ENEM, criado e chutado para o alto por uma daquelas entre “parentesis” no primeiro parágrafo. Ninguém mais fala disso. Restaram apenas alguns comissionados que devem estar escondidos detrás de alguma porta de banheiro na Esplanada, e 110.000 relatórios de viagens para serem análisados. Quem sabe encontramos alguma invenção mais inovadora que a lâmpada de filamento do quadro de imagens acima.

     

  5. Lâmpada de filamento já foi inovação. Hoje é vintage…

    Somente uma referência à pouco criativa e insistente lâmpada de filamento que simboliza “idéia” ou “energia”. Infelizmente ainda temos uma parte considerável da população (gente comum, empresários, políticos, presidentas, etc) que confundem inovação com invenção.

    Concordo com o autor quase plenamente, mas me arriscaria a dizer que cada um dos exemplos acima citados não foram aprendizados e sim, oportunidades de aprendizado.

    Em se tratando do RHAE, seja como for (http://www.cnpq.br/web/guest/apresentacao14;jsessionid=600FDDD802F792380CCDBF730EE46406), vai muito bem, obrigado. Já não podemos dizer o mesmo do Programa Ciência sem Fronteiras, um festival de viagens sem um critério maior que o ENEM, criado e chutado para o alto por uma daquelas entre “parentesis” no primeiro parágrafo. Ninguém mais fala disso. Restaram apenas alguns comissionados que devem estar escondidos detrás de alguma porta de banheiro na Esplanada, e 110.000 relatórios de viagens para serem análisados. Quem sabe encontramos alguma invenção mais inovadora que a lâmpada de filamento do quadro de imagens acima.

     

  6. Lâmpada de filamento já foi inovação. Hoje é vintage…

    Somente uma referência à pouco criativa e insistente lâmpada de filamento que simboliza “idéia” ou “energia”. Infelizmente ainda temos uma parte considerável da população (gente comum, empresários, políticos, presidentas, etc) que confundem inovação com invenção.

    Concordo com o autor quase plenamente, mas me arriscaria a dizer que cada um dos exemplos acima citados não foram aprendizados e sim, oportunidades de aprendizado.

    Em se tratando do RHAE, seja como for (http://www.cnpq.br/web/guest/apresentacao14;jsessionid=600FDDD802F792380CCDBF730EE46406), vai muito bem, obrigado. Já não podemos dizer o mesmo do Programa Ciência sem Fronteiras, um festival de viagens sem um critério maior que o ENEM, criado e chutado para o alto por uma daquelas entre “parentesis” no primeiro parágrafo. Ninguém mais fala disso. Restaram apenas alguns comissionados que devem estar escondidos detrás de alguma porta de banheiro na Esplanada, e 110.000 relatórios de viagens para serem análisados. Quem sabe encontramos alguma invenção mais inovadora que a lâmpada de filamento do quadro de imagens acima.

     

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