Por Inês Castilho
Numa entrevista em vídeo, as reflexões de um crítico que marcou o cinema brasileiro. Depois de recriar-se como autor, ele conta como viu de perto o próprio fim
https://www.youtube.com/watch?v=sqdoCBPygt8 width:700 height:394
Solidão, doença, envelhecimento, morte. E vida. O ex-crítico e ensaísta, roteirista, professor aposentado da USP e hoje ator Jean-Claude Bernardet, uma vida inteira dedicada ao cinema brasileiro, enfrenta com coragem, lucidez e leveza incomuns questões fundamentais da condição humana.
Nesta breve entrevista ao Canal Curta, por ocasião do último Festival de Brasília – que lhe concedeu Prêmio Especial do Juri pela atuação no filme Fome, de Cristiano Burlan –, Jean-Claude retoma questões que o preocupam há algum tempo: o avanço da cegueira, oprolongamento da vida e a necessidade de reinventá-la, a proximidade da morte.
Em 2016, Bernardet completa 80 anos – em plena atividade como ator e consultor de vários filmes. A comemoração, espera, será em torno da estreia de Fome, no qual, diz ele, representou “a essência” de sua solidão e viu de perto a própria morte – mas “no controle da representação”.
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bernadet não foi nem é talvez
bernadet não foi nem é talvez só um grande crítico, ator de cinema,mas um mestre da vida…
lembro de 69/70, por aí, de suas viagens pelo brasil lutando pela democracia…
um mestre da vida,repito, pois agora ensina-nos a arte de envelhecer……
e talvez morrer…
VIDA MINHA VIDA OLHA O QUE QUE EU FIZ
Lembranças do livro “O Jogo das Contas de Vidro” – Hermann HesseMeng-Tsé:Quando um homem atinge a velhiceCumprida a sua missãoTem o direito de confrontarA idéia da morte em pazNão necessita de outros homensConhece-os e sabe bastante a seu respeitoNecessita é de pazNão é bom visitar este homen ou falar-lheFazê-lo sofrer banalidadesDeve-se desviarÀ porta de sua casaComo se lá ninguém morasse
Mas é um “garoto”!
Primeiramente parabéns a senhora Inês Castilho por retomar essa grande pessoa Jean-Claude Bernardet, homem corajoso e que não se intimidou na Ditadura Militar e continuo formando jovens para lutar pela Liberdade. Suas limitações físicas (a visão) o comprometem em algumas atividades de sua especialidade, mas me parece que tem planos e ideias e as porá em prática. Sobre a solidão, é sua opção, pois para nós ele estará sempre presente em nossos pensamentos e lembrado por seus ensinamentos.
Mas o que é mesmo a velhice?
Jean-Claude nos ensina – e mostra – acima de tudo que saber entender o ritmo do tempo e que o presente é uma tênue trincheira entre o passado e o futuro, é a chave para uma velhice suportável. Não temos mais todo o tempo do mundo, como cantava Russo… Valoriza-lo ao máximo e entender sua fugacidade é a diferença entre uma velhice minimamente saudável e a inevitável depressão.