Jornal The Guardian cita Brasil como um país divido por muros

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
[email protected]

Jornal GGN – O jornal britânico The Guardian publicou nesta semana, em reportagem multimídia, um especial chamado “Mundo Murado”, sobre os muros de todo o mundo, que dividem as pessoas em vários países. A reportagem mescla aplicação de jornalismo de dados, com cruzamento de imagens de satélite, fotografias e vídeos. Um dos países citados é o Brasil.

O repórter Jonathan Watts descreve Alphaville, na Grande São Paulo, como uma das mais antigas, maiores e mais conhecidas comunidades muradas brasileiras. “Criada do lado de fora de São Paulo, em 1978, por uma elite metropolitana que queria um santuário fora da criminalidade do centro da cidade”, diz watts, ao citar a região constituída por atualmente 16 condomínios fechados.

Os muros variam em tamanho, mas, como exemplo, o de Alphaville 3 tem 4 km de comprimento e 2,5 m de altura, com 1,5 metro de arame farpado, cerca elétrica, 60 guardas de segurança e policiais militares nas redondezas. O modelo se propagou pelo país, criando mecanismos para separar, entre muralhas, bairros ricos de pobres. O cálculo feito pelo The Guardian sugere um total de 40 milhas de muros (64 km) e 960 guardas por toda a extensão de Alphaville.

Em entrevista ao Guardian, o empreiteiro responsável pelas cercas, Clovis Lemes, falou sobre a segurança que sente: “Nossas cercas reduzem drasticamente o risco de uma invasão. Elas não podem ser cortadas, elas não podem ser derrubadas e elas não podem ser escaladas. É perfeito”, diz Clovis, ao comparar com sua vida na infância, quando se sentia em uma sociedade livre.

A moradora Rita conta que é como se vivesse no campo, onde todos se conhecem. “É um lugar lindo e os padrões de educação dos moradores são mais elevados do que a média. Num mundo perfeito, isso não seria necessário. Muros adicionam divisões sociais, mas eu estou feliz que estou no lado certo delas”.

A reportagem ainda traz exemplos de Estados Unidos, Marrocos, Síria, Índia, Israel, Grécia, Irlanda, Coréia e Espanha – vão de muros a fronteiras que dividem países.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

1 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Xilindró prá quem tenta mudar a ordem das coisas

    Se esqueceram de dizer que quem tenta mudar o status quo tem como destino a cadeia, que o diga Zé Genoíno e outros Zés

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador