Judiciário dá exemplo de como tentar evitar novos massacres em presídios de Roraima

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – O Judiciário de Roraima é uma prova de que é possível se antecipar a rebeliões em unidades prisionais e evitar mais extermínio, como os que ocorreram no Amazonas e Roraima nos últimos dias. Desde o começo do ano, uma disputa entre facções – na visão da policia – causou a chacina de mais de 90 presos em pelo menos quatro presídios dos dois estados.

Segundo reportagem da Folha, após receberem a notícia de que o CPP (Centro de Progressão Penitenciária) de Boa Vista (RR) seria palco do próximo massacre, o juiz da vara de execuções penais Marcelo Lima de Oliveira e a juiza plantonista Suelen Márcia Silva Alves atenderam ao pedido do diretor do presídio, Wlisses Freitas da Silva, e determinaram que 160 presos do regime semiaberto passassem ao regime domiciliar no período noturno. Ou seja, agora eles trabalham durante o dia e, em vez de retornarem ao CPP a partir das 20h, deverão ficar em casa e cumprir uma série de restrições. 

De acordo com o jornal, o juiz admitiu haver risco de “uma nova tragédia no sistema penitenciário”. “O diretor disse que no último dia 6, após a chacina de 33 detentos em outra penitenciária, a Pamc (Penitenciária Agrícola de Monte Cristo), no CPP familiares e detentos, alguns dos quais ex-policiais, ‘estavam todos apavorados’ e diziam que o local ‘seria alvo da próxima tragédia’.”

No ofício, a juíza chama a atenção para “o baixo efetivo dos servidores”, com apenas “três ou quatro” agentes penitenciários para tomar conta de 160 detentos e outras centenas de internos albergados que comparecem ao local para assinar livro de frequência. “Ou seja, um fluxo de quase 500 pessoas. O que fica inviável prestar segurança”.

Oliveira afirmou à Folha no domingo (8) que a medida foi tomada “em regime de emergência”, com validade até a próxima sexta-feira (13) e deverá ser reavaliada ao longo da semana após entendimentos com o governo estadual. “É uma medida muito pensada, de dois juízes, é muito drástica, mas se precisava fazer. Havia informes de que o presídio seria o próximo palco de violências. Foi feito antes que aconteça uma nova tragédia”, disse o magistrado.

A reportagem ainda anota que desde outubro o CPP “vem sofrendo uma série de inseguranças, não possui muralhas, é um prédio antigo que nunca passou por reforma verdadeira”. No último dia 28,  um dos presos foi morto a tiros, na entrada da unidade, quando saia para trabalhar.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

2 Comentários

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  1. O Brasil esta sendo sacudido

    O Brasil esta sendo sacudido por uma série de acontecimentos que vêm à tona apos um golpe de Estado não menos violento, que toda essa violência que vem ocorrendo em consequência. A perpetuação de uma violência social que pode levar, um dia, a grande revolta. Espero que este momento faça refletir aquela porção da sociedade que pensa que mais repressão e falta de direitos é que o devemos dar a todos os condenados deste mundo.

  2. Pensei que era pegadinha…

    Congratulações aos Magistrados.

    Mas, à Policia cabe ficar atenta aos espertos que se aproveitão de brechas…

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