Justiça acionada contra ensaio fotográfico da Vogue Kids

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Jornal GGN – A Vogue Kids movimentou mídia e redes sociais. E não foi bom para a publicação. Um ensaio mostrava meninas em fotos sensuais. A grita foi grande. O Ministério Público do Trabalho moveu ação contra a venda da revista e a justiça decidiu, em caráter liminar, a suspensão da distribuição e a retirada da edição deste mês da Vogue Kids.

A Editora Globo, responsável pela publicação, deverá recolher toda a edição da Vogue Kids. O Ministério Público Federal e Polícia Federal receberam queixas na quinta-feira, dia 11. O Ministério entende que a publicação violou o princípio da proteção integral à criança, previsto na Constituição.

O Instituto Alana, organização de defesa dos direitos das crianças, entrou como autor de uma das acusações, afirmando que exibe garotas em poses sensuais e “existe uma clara adultização precoce das crianças”.

A seguir a matéria do R7.

Do R7

Justiça determina recolhimento da Vogue Kids com fotos sensuais de crianças

Ação contra a venda da revista foi movida pelo Ministério Público do Trabalho

A Justiça determinou, em caráter liminar, a suspensão da distribuição e a retirada da edição deste mês da Vogue Kids

Após uma avalanche de críticas nas redes sociais, sob a acusação de publicar fotos de meninas menores de idade em fotos sensuais, a Vogue Kids deste mês terá de sumir das bancas. Uma liminar da Justiça determinou nesta sexta (12) que a editora Globo, responsável pela publicação, interrompa a distribuição e retire de circulação a revista, que vem encartada com a Vogue. A decisão foi divulgada pelo Ministério Público do Trabalho, que havia entrado com uma ação cautelar contra a venda da revista. Segundo o jornal Folha de S.Paulo, a ação corre em segredo de Justiça e foi acatada pelo Juízo Auxiliar da Infância e Juventude do TRT (Tribunal Regional do Trabalho). As queixas sobre o ensaio “Sombra e Água Fresca” chegaram ao Ministério Público Federal e Estado e à Polícia Federal na quinta-feira (11). Para o Ministério Público, a publicação violou o princípio da proteção integral à criança, previsto pela constituição.

Uma das acusações tem como autor o instituto Alana, organização de defesa dos diretos das crianças. Em entrevista à Folha, a psicóloga Laís Fontenelle afirmou que “as garotas em poses sensuais e existe uma clara adultização precoce das crianças”.

Ao R7, o pediatra, Daniel Becker, responsável pelo blog Pediatria Integrada, um dos primeiros a repercutir e comentar o editorial de moda da revista Vogue no Facebook, afirmou que a erotização ali está de forma tão explícita e grosseira que não há como não ficar nauseado.

— Mal dá para dizer a idade das meninas, tamanho é o invólucro de sensualidade, mas calculo que tenham entre 7 e 9 anos. Todas fazendo coisas eróticas. Uma deitada no deck, que parece alguém que acabou de transar. A outra insinuando tirar a blusa. Bocas e pernas abertas. As crianças estão sendo usadas como objetos de uso sexual e reproduzindo a pior atitude da sociedade com as mulheres, que é fazer das mulheres um objeto.

Em nota enviada à redação do R7, a revista Vogue se defendeu das acusações:

— A Vogue Brasil, responsável pela publicação de Vogue Kids, em razão de recentes discussões em redes sociais envolvendo a última edição da revista, mais especificamente o ensaio de moda intitulado “Sombra e Água Fresca”, vem esclarecer que jamais pretendeu expor as modelos infantis a nenhuma situação inadequada. Seguimos princípios jornalísticos rígidos, dentre os quais o respeito incondicional aos direitos da criança e do adolescente. Como o próprio título da matéria esclarece, retratamos as modelos infantis em um clima descontraído, de férias na beira do rio. Não houve, portanto, intenção de conferir característica de sensualidade ao ensaio. Respeitamos a diversidade de pontos de vista e iremos nos aprofundar no entendimento das diversas vozes nesse caso, buscando o aperfeiçoamento das nossas edições. Repudiamos, porém, as tentativas de associar a Vogue Kids ao estímulo de qualquer prática prejudicial aos menores. Lamentamos que o açodamento e a agressividade imotivada de algumas pessoas tenham exposto desnecessariamente as menores que participaram do ensaio, que são nossa maior preocupação nesse episódio. A missão da Vogue Kids foi e continuará a ser a de tratar a infância com o respeito que ela merece, abordando com respeito e sensibilidade questões contemporâneas e que vão muito além dos editoriais de moda.

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

16 Comentários

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  1. O assunto não é pedofilia, é
    O assunto não é pedofilia, é erotização infantil.

    Para as mulheres verem que não é apenas o desejo masculino que causa a pedofilia.
    Há um desejo feminino não identificado no meio da história.

    Com a palavra, as mulheres…

    Resolvam aí!

  2. Revista Lamentável

    Esta matéria das crianças na revista vogue, mostra a podridão até onte se pode chegar a ansia pela dinheiro, se passa por cima de valores básicos de decência.

  3. Bom senso

    Essas revistas em nome do “negócio” testam o estômago dos leitores. Acerta a justiça ao impor limites…

    “Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós”

  4. O dono da imagem é o olhar

    Quando um homem adulto olha uma imagem e diz  “parece que ela acabou de transar ” não tenha duvidas trata-se de um tarado.

    Pediatra e tarado é uma combinação terrivel.

    Quando uma mãe deixar a filha sozinha com ele no consultório ele dirá “ela está me oferecendo a filha …”

     

  5. Dificil até explicar.
     Há

    Dificil até explicar.

     Há muito que vejo entristecida meninas vestidas como adultas. Salto alto, maquiagem, roupas insinuantes. O estímulo  erotizante (via publicidade, novelas,  programas de TV, etc) é tão intenso que as mães, em sua maioria, sequer percebem  o  dano à infância de suas filhas.

     Não descarto tb a ocorrência, em menor gráu, de um outro problema. O da mãe que projeta na filha a sensualidade que já perdeu.

     Lamentável em qq hipótese.

     Louve-se nesse caso recurso à justiça. Ao menos se impõe algum limite a um negócio execrável.

  6. Ahhh, a responsável pela

    Ahhh, a responsável pela revista é a editora Globo !

     

    Então está explicado a baixaria com as crianças, aliás uma das vertentes da ação  desse grupo globo no Brasil é a mais descarada apologia e promoção do sexo.

    Basta ver suas novelas nojentas, onde a exibição de cenas de sexo a qualquer hora e dia  é a regra.

    Essa globo é um prostíbulo a céu aberto.

  7. CENSURA! E ponto final! Não

    CENSURA! E ponto final! Não ví nada de mais nessas fotos, são crianças fazendo o  que crianças fazem. Decisão ilegal da “justiça” que precisa ser revertida imediatamente. O ativismo judicial virou o maior câncer desse país. O ART227 que o excelentissímo invocou para justificar a censura, é exatamente o artigo que garante a legalidade desse trabalho.

  8. CONCORDO

    esse ramo, práticas perversas tem de monte.

    É difícil comprovar o que digo, mas a coisa fica feia quando fecha negócio e durante os ensaios.

     

    Pra não correr esse risco, JAMAIS !!

  9. O delito, se existir, não é

    O delito, se existir, não é da competencia da Justiça do Trabalho, o hiper ativismo do Ministerio Publico do Trabalho opera  com radar para achar alguma coisa para processar, precisa justificar sua imensa estruutra ampliada nos ultimos dez anos.

    A matéria é de mau gosto, as fotos são ruins, a revista é de uma frivolidade só MAS precisa ser muito perturbado para ver crime nessas fotos, levado aos limites não sobra muita coisa que não se possa imaginar criminosa em toda publicidade, o olhar é de quem olha, as meninas estão completamente vestidas e não estão sugerindo coisa alguma.

  10. Achei as fotos de mal gosto,

    Achei as fotos de mal gosto, porem é complicado essa historia de retirar publicaçao com base em mandato judicial por algo passivel de tantos questionamentos em varios sentidos.

    o que preocupa e o precedente que pode ser aberto de obter decisão judicial para retirar publicaçao posta a venda.

    complicado…

  11. Certa vez li uma entrevista

    Certa vez li uma entrevista com o padre Marcello Rossi falando que a culpa da erotização de crianças era dos próprios pais.  Citava ele um caso de uma afilhada sua cujos pais a colocavam para dançar a boquinha da garrafa vestida com short do tchan, de salto alto e com baton nos lábios.  

    Até uma certa época quase não havia no Brasil lojas de roupas infantis que vendiam roupas para crianças, e sim roupas de adultos em miniaturas infantis.  Houve uma gritaria geral e felizmente os empresários de setor de vestimenta infantil resolveram investir nesse segmento fabricando e vendendo roupas sóbrias e com motivos infantis para essa faixa etária.  Penso que ainda custa muito caro e não visa a atingir o segmento mais pobre da sociedade.  Em junho fui a uma loja de roupas infantis comprar um vestido para uma criança de um ano que fazia aniversário e o vestido mais barato custava cinqüenta e cinco reais.  Nos ambientes que freqüento, é comum os pais vestirem as meninas com roupas que não lembrem dançarinas de cabarés.  Quanto ao lixo de revista, bastaria as pessoas que tivessem crianças nessa faixa etária fazerem um boicote a tal revista não comprando-a e ainda fazendo propaganda negativa da mesma com o objetivo de levar a dita publicação a falência.  Essas fotos são um escárnio, estão fazendo apologia a pedofilia de forma escancarada fingindo ser velada.  Vá a uma loja de roupas infantis séria e verás se encontrará lá esse tipo de vestimenta ultrajante tida como infantil.  Pobre sociedade, onde a depauperação começa pelas crianças.

    1. Meu Garoto!

       

      A ARMAÇÃO ILIMITADA

      “Essa nova classe de consumidores, interfere nas decisões de compras da família em até 80%.”

      “O processo de ‘adultização’ é consequência de uma nova dinâmica familiar e ao acesso precoce à tecnologia: a convivência com os pais é reduzida e em contrapartida a criança passa a maior tempo conectada às tevês e computadores.”

        <= revólveres

       

      PUBLICIDADE INFANTIL ABUSIVA OU CENSURA DESMEDIDA?

      Por RAISSA NIQUITA

      “Compre batom, seu filho merece batom!” Se fosse nos dias de hoje, provavelmente você nunca teria ouvido essa frase. Saiba o porquê e veja essa e outras propagandas famosas que foram (ou seriam!) censuradas no Brasil.
       

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      “Compre batom, seu filho merece batom” a hipnótica frase que virou bordão nos anos 90 provavelmente seria censurada nos dias de hoje. Pois no ultimo dia 4 o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), publicou no Diário Oficial da União a Resolução 163/2014, que classifica como abusiva toda forma de publicidade ou comunicação mercadológica dirigida à criança com intenção de persuadi-la para o consumo de qualquer produto ou serviço.

      Para o Idec, tendo como base o artigo 37 do Código de Defesa do Consumidor, a publicidade direcionada ao público infantil é abusiva, pois se aproveita da deficiência de julgamento da criança. Entretanto, essa nova classe de consumidores, interfere nas decisões de compras da família em até 80%, segundo aponta estudo da InterScience divulgado em 2003. Devido a essa vulnerabilidade e ao mesmo tempo, a grande influência que os pequenos tem sobre os adultos, se tornam alvos fáceis e sem critério, aumentando ainda mais o assédio do mercado. As crianças com menos de 12 anos não tem senso crítico desenvolvido e deixam-se levar pela fantasia criada pelo comercial de tevê e por embalagens divertidas. Entre produtos e serviços, estima-se que o mercado infantil movimenta R$ 50 bilhões anualmente.

      O fato é que nos últimos anos, as crianças estão passando por um processo de “adultização”. Consequência de uma nova dinâmica familiar e ao acesso precoce à tecnologia. Tendo a convivência com os pais reduzida e em contrapartida passam maior tempo conectados às tevês e computadores. De modo que, os filhos adotam novos comportamentos estimulados pela mídia, uma vez que são incapazes de discernir entre o que é apelo comercial e o que é conteúdo. Sendo induzidos, muitas vezes, à pratica do bullyng, erotização precoce, obesidade, comportamento agressivo, consumo desenfreado entre outros problemas derivados da exposição excessiva à mensagens mercadológicas.

      Do outro lado, representantes dos anunciantes e publicitários, alegam se tratar de cerceamento de liberdade de expressão. Instalando assim a pugna. O cartunista Mauricio de Souza foi um dos que se pronunciaram dizendo não acreditar que a proibição seja o caminho e lançou polêmica e revolta na internet ao divulgar a seguinte imagem.

      bbb.jpg

      Segundo a resolução, com validade a partir de sua publicação, são consideradas abusivas as campanhas que utilizem: linguagem infantil, efeitos especiais e excesso de cores, trilhas sonoras de músicas infantis ou cantadas por vozes de criança, representação de criança, pessoas ou celebridades com apelo ao público infantil, personagens ou apresentadores infantis, desenho animado ou de animação, bonecos ou similares, promoção com distribuição de prêmios ou de brindes colecionáveis ou com apelos ao público infantil, e promoção com competições ou jogos com apelo ao público infantil.

      No Brasil, a legislação e o controle das propagandas direcionadas ao público infantil é um dos mais restritivos do mundo, estando no nível do Reino Unido e bem acima dos Estados Unidos que praticam mecanismos de autorregulamentação considerados brandos.

      Para exemplificar, algumas propagandas que foram (ou seriam) restringidas, segundo a normatização atual. Controle social ou censura? Comentem.

      Thumbnail image for lilica ripilica.JPG

      Propaganda da marca Lilica Ripilica recebeu denúncia por ser considerada abusiva pela imagem erotizada da criança.

      vogue.jpg

      O ensaio faz parte da edição especial da Vogue Paris editada pelo estilista Tom Ford. Foi considerado polêmico pelo teor erótico utilizando da imagem de crianças.

      courofino.jpg

      Campanha publicitária da marca Couro Fino causou polêmica nas redes sociais pela eErotização e ridicularização da imagem da criança.

      Chocolate_proibido_Nerd.jpg

      Ovos de páscoa Bis Xtra + Chocolate, da Lacta, traz na embalagem a frase: “personalize a embalagem com adesivos e sacaneie seu amigo”. Resultado: Chocolates retirados das prateleiras por incitar a prática do bullyng.

      playstation2.jpg
       

      Playstation tem uma série de propagandas polêmicas que passam por constantes cortes.

      chocolate whisky.jpg

      Lunivers de chocolate. Bombons recheados de wisky e bebês supostamente alcoolizados.

      Love Cosmetics – Because Innocence is Sexier Than You Think.jpg

      “Porque inocência é mais sexy do que você pensa”. Dispensa comentários

      espingardas daisy.jpg

      Presentes natalinos para toda família: espingardas Daisy , 1972

      VÍDEOS PUBLICITÁRIOS DIRECIONADOS ÀS CRIANÇAS

      A tesoura Mondial discrimina não consumidores do produto incentivando a prática do bullyng , 1992

      [video:http://youtu.be/zMFqTzH_dn0%5D

      A autorregulamentação proíbe o uso do apelo imperativo “compre” na publicidade infantil.

      [video:http://youtu.be/aMYiF-GRoM0%5D

      Publicidades icônicas para demonstrar o forte apelo sexual infantil na Mídia

      [video:http://youtu.be/u9cqRq50ugE%5D

      [video:http://youtu.be/wpqqZ7w8egc%5D

      Fonte: http://lounge.obviousmag.org/so_para_loucos/2014/04/compre-batom-seu-filho-merece.html

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