Justiceiros-Gerais da República. Um sonho de palanque, por Brenno Tardelli

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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do Justificando

Justiceiros-Gerais da República. Um sonho de palanque

por Brenno Tardelli

Ao passo que a pauta de combate à corrupção ganhava adeptos em massa, pessoas com o perfil rigoroso e “acima de qualquer suspeita”, passaram a ganhar enorme destaque midiático. No campo do direito, juízes que bradaram contra os “corruptos” e se colocaram pela “limpeza do Judiciário”, ganharam notoriedade além dos tribunais, com destino direto para o palanque.

Joaquim Barbosa

Joaquim Barbosa foi, sem dúvida, a pessoa mais controversa do Direito dos últimos tempos. Dividiu sentimentos entre amor e repulsa, com a postura “linha-dura” contra tudo e todos. Não ganhou desafetos só entre políticos, como também não fez nenhuma questão de boa relação com a Advocacia e Magistratura.

Os advogados não se conformam até hoje quando o ministro desdenhou a classe dizendo que acordavam só às 11 da manhã. Já os juízes, ainda se lembram do dia que Barbosa chamou os presidentes de associações de magistrados para, em frente de toda a mídia, expô-los e criticá-los pela aprovação da PEC de novos Tribunais Regionais Federais.

No entanto, seu perfil ganhou enorme simpatia popular, principalmente dentre às pessoas opositoras ao governo federal. Nas redes sociais, foi chamado de Batman e a página “Joaquim Barbosa – Presidente” conta com 99 mil seguidores. Sua candidatura, inclusive, foi sondada por diversos partidos, principalmente por ser visto como um fiel da balança.

Segundo pesquisa do Datafolha, em junho, 26% dos entrevistados se sentiriam seguros em votar em alguém indicado pelo ex-ministro. No entanto, contrariando diversos analistas políticos, Joaquim não se candidatou, alimentando especulações sobre seu futuro.

Há quem aposte que é figura certa no Ministério da Justiça em eventual governo de Aécio Neves. No entanto, sua ausência nos palanques tucanos contradiz a especulação. Outro indicativo que Joaquim procurará voos solos ocorreu em recente palestra, quando disse que não se encaixava em nenhum dos partidos existentes.

Eliana Calmon

Eliana Calmon, uma das figuras do Judiciário carimbada na mídia nos últimos anos, até o momento não conseguiu reverter os holofotes em voto para a campanha ao Senado na Bahia, alcançando o terceiro lugar, com 4% das intenções de voto, conforme recente pesquisa eleitoral.

A ex-ministra do Superior Tribunal de Justiça também se destacou com a posição de “combate à corrupção”, conhecida, em especial, por dizer que “há bandidos de toga”, o que lhe trouxe inúmeras inimizades nos tribunais.

Ainda que não alcance o Congresso, o destino político de Eliana poderá ser outro na Praça dos Três Poderes. Segundo o site jurídico Jota, a ex-ministra se prepara para montar o Ministério da Justiça em eventual governo de Marina Silva. Em entrevista recente, a candidata à Presidência disse que Eliana “é o orgulho de todos os brasileiros pelo que ela representa em ética”.

Futuro candidato a Justiceiro-Geral da República

Com a saída de Barbosa e Calmon, a lacuna do Juiz que se comporta como justiceiro, sob as luzes e lentes da mídia, ainda não foi preenchida à altura.

No que se refere à sucessão desse espaço, há cargos com maior visibilidade para o juiz justiceiro obter o holofote com a bandeira do rigor. Um dos cargos mais visado é na corregedoria geral da Justiça Federal. Essa semana, Humberto Martins, atual ocupante do cargo disparou: “é a vez da ficha limpa no Judiciário”.

Caso prossiga na escalada de “limpeza” do Poder Judiciário, o ministro – que já pertenceu a Ministério Público, Advocacia e Magistratura – preencherá o espaço midiático deixado por Calmon e Barbosa. A conferir nos próximos episódios.

Os paladinos da justiça que encantam com sua tolerância zero

A semelhança entre Barbosa e Calmon está no imaginário geral sobre suas atuações. Ambos ostentam a reputação de serem linhas duras, absolutamente intolerantes com qualquer desvio moral e profissional, em especial, a corrupção.

No caso, o mantra da impunidade move milhões de votos e é objeto de engrandecimento de imagem de ambos ex-juízes.

O imaginário não precisa corresponder à realidade e pode ser extremamente incongruente entre o que se propõe ser (paladino da justiça) e a realidade. Um exemplo disso é a nebulosa compra de um apartamento em Miami, feita por Joaquim Barbosa, só que em nome de empresa de fachada, para reduzir impostos.

A incongruência entre imaginário (tolerância zero) e realidade também pode ocorrer, como no caso de Eliana Calmon, quando disse genericamente que havia “bandidos de toga”, sem especificar quem – quando sua função era de corregedora.

Ambos deixam um rico legado de como lidar com imagem, manipulando-a conforme os votos peçam por rigor.

Brenno Tardelli é redator do Justificando, advogado na banca Tardelli, Zanardo e Leone. Membro do grupo de direitos humanos Advogados Ativistas.

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

5 Comentários

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  1. chega de justiceiros.
    o  que 

    chega de justiceiros.

    o  que  é preciso mesmo é equolíbrio

    e visão do que seja bem público, sem 

    mistificações.

  2. Querer comparar EC com
    Querer comparar EC com Barbosa é sacanagem.
    Um entrou na política após se queimar por “serviços prestados”.
    A outra porque se aposentou POR IDADE e uma das únicas pessoas do Judiciário que luta contra o corporativismo e a malandragem(da OAB, vide filha de FUX) nas indicações às cortes superiores.

    EC não é paladina de justiça. Ela luta é contra o corporativismo.
    E . precisou jogar no ventilador porque lutar contra isso SOZINHA NO MEIO DELES não é mole não.

    É a acusação é. .. ser considerada para o Ministério da Justiça. Ela deveria ser a da Dilma. Acorda!

    Comparação absolutamente indevida.

    Tão perdido que não sabe que Humberto Martins não possui qualquer conhecimento jurídico. Chega a ser constrangedor. Incapaz de argumentar até com os novatos de.sua turma, Herman Benjamin e Mauro Campbell Marques.
    Caro autor, entendeu porque Humberto Martins,a besta quadrada, está lá? Esta lá porque não querem outra Eliana.
    É o corporativismo estúpido!

    Além do que desconfio, má fé.
    Se é advogado sabe muito bem quem é quem.

    1. Ministra da Dilma? Deus nos

      Ministra da Dilma? Deus nos livre e guarde. Seria um salceiro tremendo. Um vai não vai completo. Melhor ter um ministro da justiça sonso. KkkKkk

  3. Joaquim Barbosa pelo conjunto

    Joaquim Barbosa pelo conjunto da obra dispensa comentários.  Eliana Calmon não teve de pronto a minha irrestrita admiração. Depois, em entrevista, ela confessou o que eu já suspeitava: usou a mídia pra se promover. E ainda demonstrou um desconhecimento inaceitável para uma ministra do STJ, qdo declarou na mesma entrevista que ficara abismada com o mensalão ao ver o vídeo do funcionário dos correios recebendo propina. Aquele vídeo nada tinha a ver com o dito mensaĺão. Um magistrado não pode se confundir a esse ponto. Se não conhece os fatos, silencie.

  4. Joaquim Barbosa não possuia o

    Joaquim Barbosa não possuia o temperamento certo para o STF, e isso não têm a ver com muita baboseira dita, inclusive aqui, ele era da “escola” do MP, muito atrelada a “acusação”.

    Quanto a Eliana é como muitos da area jurídica uma boa tecnologa, que entende muito do seu oficio, e pouco de outras coisa.

    Aqui na Bahia ela têm que enfrentar duas raposas felpudas.

    Geddel, ex-ministro de Lula, e atual desafeto de Wagner e do PT, levou um pau bem dado na eleição de 2010, que se bandeou para o colo dos carlistas, ele era antes inimigo fidagal do finado ACM, e agora tá love com o Neto do cruz-credo.

    E Otto Alencar, cria das hostes carlistas, um fanfarão, com a esperteza de um Talleyrand, que após a morte de ACM caiu nas graças de Wagner e Lula, e concorre ao senado na chapa petista, muitos outros nem esperaram a morte do Malvadeza para se bandearem para base PTista, fruto da postura conciadora (ou indulgente!) de Wagnar em constraste a virulencia do finado.

    Nesse cenário espremida entre dois realizadores, apesar das carretas de defeitos que cada um possue, ela têm como bandeira um messeanismo anticorrupção similar ao hasteado por Marina.      

     

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