Mais uma vez Temer mostra que não prioriza educação, por Janio de Freitas

Sobre como a decisão de tirar verbas do já combalido Ministério da Educação para emissão de passaportes representa a gestão Temer 
 
Michel Temer e Mendonça Filho
Foto: Lula Marques/Agência PT 
 
Jornal GGN – A proposta do governo Temer de tirar do Ministério da Educação as verbas extras para a emissão de passaportes, decisão revista após repercussão negativa, agora irá sair de convênios com organismos internacionais. A falta de tato da gestão peemedebista mostra a total falta de interesse de agir em favor de políticas progressistas, como Janio de Freitas chama atenção na sua coluna desde domingo, na Folha de S.Paulo.
 
O articulista avalia também a decisão do Supremo Tribunal Federal em negar a revisão dos “prêmios” concedidos aos delatores – “quem perdeu foi a respeitabilidade judicial” – e, ainda, a forma como o senador Aécio Neves vem se defendendo do “empréstimo” de R$ 2 milhões oferecidos por Joesley Batista, a falta de protagonismo da presidente da Rede, Marina Silva, e como as atuações de Gilmar Mendes no STF pontam para a nocividade da vitalidade no cargo público.
 
Folha de S.Paulo
 
Janio de Freitas 
 
Tirar da educação para produzir passaporte é a cara do governo Temer
 
A retirada de R$ 102,3 milhões da educação para a produção de passaportes tem a cara do governo Michel Temer e dos seus sustentadores, políticos ou não. O presidente da Comissão de Orçamento do Congresso achou mais prudente pedir ao governo a alteração do projeto, deixando de mutilar as já sacrificadas verbas da alfabetização de adultos e da graduação, entre outras, e dirigindo sua mão leve para as dotações destinadas aos convênios internacionais.
 
Nem por isso ficou menos brutal o paroxismo do descaso histórico pela educação, cujo valor -em todos os sentidos- foi considerado inferior a uns quantos lotes de passaportes. Mesmo o ministro da Educação, deputado Mendonça Filho, considerou dispensável uma palavra em defesa da educação. Vê-se onde, mais do que em qualquer outra parte, a educação falta.
 
 
A tão elogiada decisão do Supremo de negar revisão de “prêmios” dados a delatores, exceto se não entregue o prometido, leva à mais brasileira das perguntas: quem ganhou com isso? Os delatores, em especial Joesley Batista, e os procuradores que passam a ditar sentenças irretocáveis, poder que nem os juízes têm.
 
Quem perdeu foi a respeitabilidade judicial. Não há argumento capaz de conceder decência, sequer em dose mínima, à impunidade dada a um corruptor de políticos e de decisões governamentais e parlamentares, como Joesley Batista. A indignação com esse “prêmio” faz a impensável comunhão, em alguma coisa, de todos os lados do desentendimento nacional.
 
 
Aécio Neves e sua defesa referem-se ao “empréstimo de R$ 2 milhões oferecido por Joesley Batista” ao senador. “Oferecido” é tentativa de ludibriar.
 
O dinheiro para Aécio foi pedido por sua irmã Andrea, que não por outro motivo carrega uma tornozeleira eletrônica, depois de um mês na cadeia. Lançar Andrea na frente e só aparecer, quando apareceu, na situação decisiva, é uma conduta de Aécio encontrada várias vezes no material que recheia os seus nove inquéritos.
 
 
A Rede, de Marina Silva, está muito presente na ebulição política por meio de dois congressistas competentes, sérios e ativos: o deputado Alexandre Molon e o senador Randolfe Rodrigues.
 
Mas a chefe do partido mantém-se invisível e inaudível. Para quem é candidata potencial à Presidência, o sumiço é atitude, no mínimo, polêmica. Se resguarda, também pode sugerir uma perplexidade paralisadora. Até onde as pesquisas resistem às duas hipóteses, não se sabe. Marina também não.
 
 
Em sua diatribe da semana, Gilmar Mendes disse algumas verdades importantes, em meio à torrente de quase duas horas. Mas a falta de efeito do melhor e do pior foi a mesma, no Supremo e fora. Nem sempre era assim.
 
As liberdades que Gilmar Mendes se dá não lhe trazem consequências funcionais. Por isso, tanto se permite atividade política, quanto a torna cada vez mais ostensiva. Inclusive nos dois tribunais em que seria apenas juiz. A ponto de parecer que, hoje, a política das meias sombras é seu principal interesse. As consequências ficam para o Supremo Tribunal Federal e para o Tribunal Superior Eleitoral (este, deixado pelo julgamento da chapa Dilma/Temer no ponto mais baixo da escala hipotética do prestígio).
 
Gilmar Mendes, sozinho, é uma justificativa para o sugerido fim da vitaliciedade no Supremo.
 
 
Redação

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