Manifestantes no Paraguai temem golpe com reeleição presidencial

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Manifestações no dia 29 de março no Paraguai contra a reeleição de Cartes – Foto: Nuevos Papeles

Do Boletim de Conjuntura Internacional da FPA

Por Luana Forlini

Na sexta-feira (31/3), centenas de pessoas protestaram em frente ao Congresso paraguaio contra a proposta de Emenda Constitucional (EC) sobre a reeleição do presidente da República. Houve invasão e focos de incêndio dentro do prédio, reprimidos fortemente pela polícia. Um jovem manifestante morreu e cerca de 200 pessoas foram presas.

A EC que gerou o protesto pretende dar a possibilidade de reeleição para a presidência no país, sendo, portanto, de interesse do atual dirigente Horacio Cartes e do ex-presidente Fernando Lugo, destituído em 2012 por meio de um golpe parlamentar. Devido ao passado – no qual, durante a ditadura, o general Alfredo Stroessner governou por 35 anos, sendo reeleito por sete vezes – o Paraguai introduziu, na sua Constituição, o Artigo 229, explicitando que nenhum governante pode ser eleito mais de uma vez em qualquer situação.

Já houve tentativas anteriores para modificar o artigo supracitado. Porém, na semana passada, formou-se uma aliança entre o Partido Colorado cartista, a Frente Guasú de Lugo e uma minoria do Partido Liberal Radical Autêntico, que foi chamado de “Senado paralelo”, abarcando 25 senadores do total de 45. Depois de mudarem o regimento, aprovaram a EC e ela foi encaminhada para a Câmara de Deputados, onde Cartes tem maioria e, se ratificada, irá para referendo popular.

O clima continua tenso no país. Os protestos envolvem pessoas de todas orientações políticas, as quais denunciam um golpe e falam, até mesmo, da possibilidade de retorno da ditadura. A Câmara adiou a votação e, até o momento, não houve avanços na discussão.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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