Marcas da cultura negra no Centro Histórico de SP, por Vera Lucia Dias

Marcas da cultura negra no Centro Histórico de São Paulo

Por Vera Lucia Dias

São Paulo, um dos maiores espaços urbanizados do mundo, apresentou crescimento lento durante os séculos XVII a meados de XIX.

A antiga Aldeia de Piratininga, lugar apenas de passagem, tornou-se cidade e recebeu um dos primeiros cursos jurídicos do país. Em solo paulista o café iniciou expansão. Era então a vez de se transformar e com arquitetura do barro ao tijolo chegou até a argamassa.

Quem trabalhou duro nessa obra? Muita gente vinda de outros países, os indígenas, os brasileiros de outras regiões e em boa parte, mão de obra escrava. Juntos moldaram o perfil do lugar.

Um exemplo, a arte do negro Tebas, chamado Joaquim Pinto de Oliveira, que era especialista em construção de chafarizes e torres de igrejas. Uma delas foi a velha Matriz da Sé e onde pediu para que seu casamento fosse realizado lá. Ele se casou em 1762 com Natália de Souza.

Festas aconteciam no Largo de São Gonçalo, hoje Praça João Mendes, e embalavam a comunidade negra. A Rua da Quitanda foi reduto dessa população que com seus tabuleiros vendia alimentos frescos e cozidos, dando nome ao lugar.

Tristes fatos cercavam o chamado Centro Histórico, havia leilões de escravos na região da Rua Boa Vista com a Ladeira Porto Geral.

O ponto onde hoje está a Bolsa de Mercadorias & Futuros abrigava a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, desde meados dos anos 1700. Durante algum tempo o lugar era chamado de Largo do Rosário. Hoje é a Praça Antônio Prado.

Muitos lutaram duramente para modificar essa história, sejam os estudantes que se formavam na academia de direito e libertavam seus escravos, ou como Luiz Gama na defesa de negros cativos, ou João Mendes na aprovação da lei do Ventre Livre e além dele José Bonifácio de Andrade e Silva que emitiu documentos a favor da extinção da escravatura.

E na Rua Direita cantarolando e dançando por muitos bailes, circularam muitos esforços e sonhos de uma integração maior à economia e cultura da cidade de São Paulo. Muita história ainda a contar.

 

CONSULTAS

ALMEIDA, Norlando Meirelles de. São Paulo de Castro Alves. Soge, 1997.

AMARAL, R. Joviano Amaral, Os Pretos do Rosário de São Paulo, João Scortecci Editora

BRUNO, Ernani Silva. História e Tradições da Cidade de São Paulo, Editora Hucitec

REVISTA LEITURAS DA HISTÓRIA, número 50, Editora Escala

 

SITES

www.dicionarioderuas.prefeitura.sp.gov.br

www.portalafro.com.br

Redação

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador