Maria Clara: o amor supera a intolerância, por Durval Ângelo

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Maria Clara: o amor supera a intolerância

por Durval Ângelo

 “O segredo do amor é maior do que o segredo da morte”, disse Oscar Wilde. A pequena Maria Clara Gomes Cota vivenciou o segredo do amor. Até os 11 anos, viveu-o intensamente, com seu pai, Thiago, sua mãe, Ana Paula, seus irmãos e amigos. E viveu a maravilha desse segredo com muitos outros, até desconhecidos, quando, já acometida por leucemia, corajosamente, decidiu compartilhar suas experiências. Criou o Canal da Mary, no YouTube. Contou de sua vida, seus gostos, restrições alimentares e de como seguia em frente, mesmo internada em um hospital. Foram duas postagens, mas suficientes para que partilhasse sua alegria de viver.

“Nessa fase que estou passando, eu aprendi uma coisa. Quando você está com uma doença parecida com a minha, você tem que ser feliz e lutar contra isso. E fazer o máximo possível para você estar bem e se sentir bem. Então, pessoal, o objetivo maior do meu canal é fazer as pessoas felizes”, explicou. No outro vídeo, deu uma lição de resiliência: “Vocês devem estar se perguntando: como uma menina de 11 anos, que está passando por tudo isso, consegue ficar feliz ao mesmo tempo? Então, o vídeo de hoje será sobre isso. Sobre coisas que me deixam feliz”.

Sou colega na Assembleia Legislativa do pai dessa guerreira, o deputado Thiago Cota. Parlamentar comprometido, está sempre preocupado com o povo. Foi assim quando do rompimento da barragem da Samarco, em Mariana, sua cidade natal. Desde o primeiro momento, presenciei seu empenho para minorar a dor das pessoas. Conheci também a mãe, Ana Paula, que sempre demonstrou o bom ânimo e a esperança que, com certeza, transmitiu à filha.

Maria Clara partiu no último domingo (21). Onde quer que esteja segue iluminada por sua fé e pela grandeza de seus sentimentos, os quais, acredito, possibilitaram-lhe desvendar com leveza os segredos da morte. Deixa-nos como exemplo a vivência do segredo do amor.

Segredo que alguns estão longe de conhecer. Não sabem vivenciar o amor tampouco respeitar a dor. Carregam ódio no coração. Foram pessoas desse feitio que se postaram em frente ao prédio de Thiago Cota, poucas horas após a morte de sua filha. Eram dos movimentos fascistas Vem pra Rua e Patriotas. Sabiam do ocorrido e, mesmo assim, usando um carro de som, atacaram Thiago com toda sorte de impropérios, por sua posição contrária à abertura de processo contra Fernando Pimentel. Constrangimentos que vêm impondo a vários outros parlamentares.

Situação parecida foi vivida no ano passado, em Belo Horizonte, por familiares e amigos do ex-presidente nacional do Partido dos Trabalhadores José Eduardo Dutra. Esses mesmos grupos estiveram na porta do seu velório empunhando cartazes e espalhando panfletos como se armas fossem. Armas que, sem dúvida, feriram fundo os sentimentos dos que amavam José Eduardo, com frases absurdas como “petista bom é petista morto”. O episódio, inclusive, está sendo investigado pela Polícia Civil de Minas Gerais.

De forma alguma, pretendo discutir aqui questões políticas, pois, diferentemente dos reacionários de plantão, respeito a dor alheia. Só quero alertar para o absurdo a que chegaram esses movimentos. O mais grave é que são financiados por setores empresariais, e há quem suspeite que contam até com o incentivo de certos parlamentares da oposição. Isso tem que acabar!

Presto, aqui, minha solidariedade a Thiago e a toda a família. Sei que comungamos da certeza de que, se queremos um Brasil melhor, precisamos vivenciar mais o segredo do amor, assim como o fez Maria Clara.

Durval Ângelo é deputado estadual

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

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