Marqueteiro quita tentativa de separar Temer das acusações contra Dilma

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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João Santana falou ainda que era óbvio que as campanhas focam no presidenciável. E que no caso de Temer “além de não somar, estava tirando votos”
 

Foto: Reprodução
 
Jornal GGN – O publicitário das campanhas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da chapa Dilma Rousseff e Michel Temer à Presidência da República e vice, João Santana, afirmou que Temer se beneficiou de caixa dois em 2014. O marqueteiro disse, ainda, que o peemedebista “gerou prova” contra si por ter insistido em participar de propagandas políticas.
 
O depoimento de Santana foi prestado na última semana ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), onde tramita o processo de cassação que poderia encurtar o mandato de Michel Temer no Planalto. As informações sigilosas foram acessadas pelo jornal Folha de S. Paulo, que divulgou trechos em aspas em reportagem nesta quarta-feira (03).
 
Se uma das tentativas do peemedebista era dissociar seu nome do da ex-presidente Dilma nos processos, com o objetivo de responsabilizar somente a petista pelas irregularidades em campanhas, o marqueteiro João Santana quitou as possibilidades.
 
Confirmou que, historicamente, os candidatos a vices não atraem tantos votos, o que obviamente fazem os marketing políticos enfocarem sobretudo nos presidenciáveis, e não nos candidatos a vice. Entretanto, Santana afirmou que Temer “encheu o saco” e pediu “sistematicamente” para participar de gravações de propagandas políticas. E que, assim, acabou cedendo.
 
“Raramente um vice aporta votos. O presidente Temer, além de não somar, estava tirando votos”, disse, ainda, João Santana, ao narrar a estratégia de publicidade da campanha ao Planalto de 2014.
 
“No último momento a própria presidente é quem quase pressionou para colocá-lo porque ele estava enchendo o saco, perdoe a expressão”, contou Santana. “Por causa dessa pressão dele [de participar das gravações de TV], ele terminou gerando, digamos, uma prova contra ele, porque entrou duas ou três vezes em gravação de programas só porque insistiu”, acrescentou.
 
Nessa lógica, sem culpar diretamente a presidente Dilma Rousseff, mas confirmando que parte dos recursos que abasteceram as campanhas foram pagos com caixa dois, o marqueteiro afirmou ao ministro Herman Benjamin, relator da ação no TSE: “Se o dinheiro da campanha da presidente Dilma está contaminado, está, de fato, com isso, e o programa foi pago, em parte, com esse dinheiro, então, ele (Temer) participou desses programas também”.
 
A saída de Temer dos filmes de publicidade ocorreu devida à “relação ruim” entre Dilma e Temer, contou o publicitário. Pesquisas internas, ainda, mostravam que aparições de Temer eram negativas para a campanha da chapa de 2014 porque o peemedebista era “sistematicamente acusado, principalmente nos grupos de São Paulo, do Sudeste e do Sul, de satanismo”, publicou a Folha.
 
Michel Temer não quis se manifestar sobre as acusações.
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

2 Comentários

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  1. Boicote

    Considerando-se que já durante a campanha ele estava armando um golpe, só podemos concluir que a insistência em participar das gravações era para tirar votos mesmo. Esse verme não se elegeria para nada.

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