Meirelles continua a exibir otimismo contra dados da realidade

meirelles_jose_cruz_abr.jpg

Foto: José Cruz/Abr

Da Rede Brasil Atual

Meirelles continua a exibir otimismo midiático contra dados da realidade

Em evento de um ano de governo, ministro da Fazenda repete que país voltou a crescer e desemprego vai cair. Mas economistas apontam para o lado oposto: recessão se aprofunda e desemprego deve subir
 
Eduardo Maretti

O governo Michel Temer, por meio de seu ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, repetiu hoje (12), em Brasília, que o país retomou o crescimento e que, embora ainda “elevadíssimo”, o desemprego começará a cair no segundo semestre. “É um governo de profunda transformação. A recessão que encontramos foi maior que a depressão de 1930 e 31. O tempo do verbo é no passado”, disse Meirelles, em evento de balanço de um ano do governo. Segundo ele, “o Brasil já voltou a crescer, mas estamos ainda vivendo os efeitos da recessão”.

O ministro disse ainda: “O Brasil está mudando mais em um ano do que mudou em décadas”. O problema é que, de acordo com economistas, o governo continua fazendo uma avaliação que não tem base real. “O país mudou em direção a onde? Em relação a quê? De fato, o que verificamos é um salto para trás de muitas décadas. Isso se deve à politica de ajuste e recessiva, que é a maior da nossa história”, diz Jorge Mattoso, professor aposentado do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e ex-presidente da Caixa Econômica Federal.

Para Pedro Rossi, professor do Instituto de Economia da Unicamp, não há material concreto para embasar a análise de Meirelles. Os dados mostram que o país ainda está em profunda recessão. “Ainda não vimos o fundo do poço. Eles estão apostando o tempo todo num discurso otimista e alguma hora eles vão acertar”, afirma. Rossi explica o termo “acertar”: “Em algum momento o buraco vai ser tão fundo que vai ser difícil cavar mais”.

Segundo o IBGE, a taxa de desemprego bateu mais um recorde no primeiro trimestre de 2017, atingindo 13,7%, chegando a 14,2 milhões de pessoas. A taxa de juros real gira em torno de 6,5%, a maior do mundo.

Outro dado revelador do tamanho da crise vem do comércio, que é um termômetro da economia. Em março, as vendas no varejo recuaram 1,9% na comparação com fevereiro, a maior queda em 14 anos, mostrou a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada pelo IBGE. O setor de serviços, que com a desindustrialização ganhou destaque na atividade econômica, também está em queda.

Rossi e Mattoso veem as mesmas explicações para cenário tão sombrio, apesar das tentativas midiáticas do governo em acenar para uma realidade otimista, mas sem base concreta. A principal é que o governo tem descartado os instrumentos capazes de retomar o crescimento. “Ele está se desfazendo da política econômica de estimular o crescimento e, ao mesmo tempo, da política social, capaz de gerar bem estar e estimular esse crescimento”, diz Rossi. “O governo Temer representa o desmonte do Estado como promotor de políticas sociais, via cortes fiscais, reformas da Previdência e trabalhista, e desestímulo do crescimento pelo investimento público, com bancos públicos e política fiscal.”

Recuperação?

Rossi considera até a possibilidade de uma recuperação econômica, mas sob parâmetros muito limitados. “Uma recuperação significa o uso da capacidade já instalada para uma produção maior, ou seja, pode haver um leve crescimento baseado na utilização da capacidade instalada hoje muito ociosa. Mas recuperação não necessariamente significa uma ampliação dos negócios, como construção de novas fábricas, e retomada de investimento que gere emprego. Não há qualquer sinal de retomada nesse sentido.”

Mattoso observa que as políticas adotadas pelo governo Temer são claras em diferentes áreas: “nos bancos públicos, veja o que está sendo feito na Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil, e o que foi feito com muita intensidade na Petrobras”, diz. A ideia é enfraquecer as instituições e depois privatizá-las.

O fato é que o país está em recessão há dois anos, o que engloba o período do primeiro ano do segundo mandato de Dilma Rousseff. “A diferença é que agora, além das políticas de ajuste, recessivas, tivemos queda vertiginosa de arrecadação acompanhada por uma destruição das políticas sociais, que está levando a uma recessão com aumento a desigualdade”, observa Mattoso.

Segundo Henrique Meirelles, “o desemprego está elevadíssimo, deve crescer ainda um pouco, pois tem reação um pouco mais lenta a retomada, mas começa a cair no segundo semestre”.

“Quando as reformas e o desmonte do estado são feitos, isso gera mais recessão. O discurso do Meirelles não tem embasamento”, diz Rossi. É praticamente consensual entre economistas que o desemprego só é revertido com um crescimento de 2,5% a 3% do Produto Interno Bruto (PIB).

“Nenhuma das avaliações, do próprio governo, fala em crescimento maior do que 0,5%. Com 0,5% não há crescimento de emprego possível”, afirma Mattoso. “Eles dão uma dimensão midiática para tentar justificar as barbaridades cometidas ao longo do ano. Não é só no campo da economia. O que estão fazendo diz respeito também à destruição das políticas sociais.”

Assine

 

Redação

8 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. lobista

     Como se sabe, Meirelles não entende nada de economia, é um lobista do governo Temer, tem bom relacionamento politico e tenta passar mensagens otimistas para empresarios receosos,mas qual movimento fez para melhorar a crise, cito apenas 01 a liberação do FGTS, mas é paliativo, fez dezenas de cortes que só cria crise,passou a mensagem aos coxinhas que tirando a Dilma tudo ia melhorar, e não melhorou, agora tem que fazer a reforma da previdencia p melhorar, e não vai melhorar, ai tem que fazer a reforma trabalhista para melhorar, também não vai melhorar, ai tem que vender tudo pros EUA para melhorar, e por ai vai.

  2. Os óculos do ministro com

    Os óculos do ministro com certeza foram comprados na feira do Caruaru. Está enxergando tudo de forma distorcida. 

    Eis a estória:

    “O veínho buscava na feira comprar uns óculos dados que a visão estava péssima(nesse tempo no interior não tinha esse negócio de receita e de oftalmologista, não; era tudo na base do empirismo mesmo). Após perambular por um bom tempo, achou uma banca cujo vendedor ambulante ofertava um leque enorme de opções. 

    E tome o veínho a experimentar os óculos:

    -Experimenta este, pedia o camelô. O veínho experimentava e dizia “nada”; ou seja, não estava enxergando bem ainda.

     -E este? Aí passava um par com lentes de maior grau. O veínho experimentava e…..nada. Continua com a vista ruim.

    Já na sexta experimentação, o camelô putinho da vida pegou um par com lentes para lá de grossas, tipo fundo de garrafa, e mandou o veínho testar. Eram tão grossas que os olhos do veínho ficavam só uma bolinha.

    -Esse deu! Esse deu, exclamou o veínho sem esconder a alegria. 

    -Ufa, até que enfim! Suspirou o camelô. Deu o valor o veínho pagou e se mandou para fazer a feira.

    Logo na frente encontrou um caçoar(cesta de palha entrançada), olhou e perguntou ao feirante:

    -Meu fío, a quanto é esses cocos?

    O feirante surpreso:

    -Não é coco não, meu tio: é PITOMBA!

    Pois é: onde tem pitomba o ministro Meirelles está vendo coco. 

  3. Nesse dicursinho do

    Nesse dicursinho do Meirelles, nem ele bota fé.

    Mas uma coisa é certa: a efetiva missão dele É UM SUCESSO.

    O sistema finaceiro não tem do que reclamar. Ganha todas.

  4. O Americano ministro da fazenda

    como se sabe, não é nem brasileiro: é americano!

    Henrique Picareta Meirelles. 

    É um dos principais pivots do golpe.

    Tão malandro que esteve no governo Lula frente ao BC para conhecer melhor o SFN e ficar à disposição na implementação deste processo de destruição da economia.

    Quando for possível votar, se e quando, os brasileiros tem que destruir a direita nas urnas, completamente.

    E um novo governo, decente, de esquerda TEM que acabar o STF.

     

  5. Comentário.

    Não penso que, em nenhum momento, o Meirelles diga a verdade da economia para a população.

    A verdade ele guarda para os seus chefes.

  6. Uma das políticas sociais destruídas…

    “…tivemos queda vertiginosa de arrecadação acompanhada por uma destruição das políticas sociais,…”

    Em confirmação ao colocado acima, o atual governo acabou de dar um rude golpe em uma das políticas sociais mais exitosas do Governo Lula, o programa farmácia popular que somente as pessoas que precisam recorrer a elas sabem o quanto lhes servem no dia-a-dia: https://falandoverdades.com.br/2017/04/21/governo-temerpsdb-acaba-de-vez-com-o-farmacia-popular/

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador