Meu último artigo sobre política econômica até o grande desastre, por José Carlos de Assis

Por J. Carlos de Assis

Estou comunicando ao Nassif, através deste artigo, que não mais escreverei sobre política econômica neste blog até o cumprimento definitivo do grande desastre. O grande desastre a que me refiro é o resultado da política econômica de Joaquim Levy, a sanha persecutória de empresas dos promotores da Lava Jato e o carry over sobre 2015 da estagnação econômica do ano passado. Ao todo, uma contração de no mínimo 5% do PIB, elevando a taxa de desemprego a algo como 15 a 20%.

Nada que eu viesse a escrever alteraria esse quadro. Nada que qualquer dos meus colegas economistas progressistas vierem a dizer muda o nosso destino. A única mudança possível seria uma virada de orientação de Joaquim Levy, ou uma decisão da Presidenta de removê-lo da Fazenda ou, ainda, uma diretiva do PT para que ela respeite os compromissos históricos do partido com o crescimento econômico. Claro que nada disso vai acontecer. Portanto o grande desastre é inevitável. Passaremos, todos, pelo inferno, menos os bancos.

Economista tem uma profissão ingrata. Um bom economista que tem credibilidade necessariamente é levado a sério, e portanto erra as projeções econômicas pessimistas que faz porque os formuladores de política seguirão seus conselhos e evitarão o desastre anunciado. Um economista sem credibilidade é irrelevante, independentemente do que anuncia. Um economista de credibilidade que emite previsões erradas não é um bom economista. Decidi não me encaixar em nenhuma dessas categorias. Virei assistente do desastre.

O Brasil e poucos países do mundo assistiram a uma contração de 5% do PIB com aumento do desemprego, em algumas regiões, para até 20%. Pois bem, vai assistir agora. Teria sido muito fácil evitar o grande desastre: o Senado na última terça feira poderia ter impedido o ajuste de Levy e o induzido a demitir-se. A Presidenta, premida pelas circunstâncias, poderia nomear em seu lugar um progressista e reconstituir a política econômica no sentido da retomada. Mas o Senado acovardou-se e eliminou a oportunidade de evitar o grande desastre.

Dado que tudo o que escrevo de política econômica é inútil vou-me dedicar a outros afazeres, inclusive a alguns grandes projetos, como o Transul, que poderá ser preparado para entrar em operação depois do grande desastre. Afastado da análise de política econômica, não terei que suportar os dirigentes de oposição falarem em crescimento e em defesa dos trabalhadores e do povo, quando foram, historicamente, os grades espoliadores das classes baixas, inaugurando as políticas neoliberais que agora cinicamente criticam sem lhes dizerem o nome.

Esse Governo pode fazer muita coisa, pode enrolar, pode trair, pode manipular. Uma coisa ele não poderá fazer: me obrigar a criticá-lo. Vai em frente, vou assistir a seu/nosso grande desastre, levando para o fundo do poço o PT seus aliados de suposta esquerda e seus poucos intelectuais orgânicos que ainda suportam as suas contradições. Aqui, no meu canto, não vou rir, mas não vou chorar. Estou convencido que o desastre será tão grande que, depois dele, poderemos acertar as contas conjuntas com os neoliberais e seus êmulos no PT.

*Jornalista, economista, professor, doutor pela Coppe-UFRJ, autor de mais de 20 livros sobre economia política.

Redação

30 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Que sua profecia não seja

    Que sua profecia não seja cumprinda, amém !

    Pelo quedro que você pintou da politica economica do governo, só orando.

  2. Segundo artigo que fala sobre
    Segundo artigo que fala sobre contração de 5% do PIB e taxa de desemprego de 20%.
    Afinal de contas estas certezas vem de onde?

    Nassif???

  3. Vai piorar muito antes de melhorar

    Quanto antes vier o desastre melhor, JC Assis.

    Vamos ter que assistir ao desastre econômico e a volta da direita (e consequente aprofundamento do desastre e dilapidação do patrimônio nacional) antes de ver nosso povo se mobilizando por uma alternativa de poder que nos livre da escravidão financeira.

    Agora eu duvido que antes disso não verermos um novo artigo seu… Amanhã vc já sai com outro artigo

  4. Bem a situação chegou aonde

    Bem a situação chegou aonde chegou conduzida pelo PT não é?

    Não dá para querer só jogar no colo dos outros as culpas pelos males da nação.

    O PT no governo lula não aproveitou a conjuntura favoravel e nem ele o seu capital politico para tomar decisoes que tinham como objetivo garantir a sustentabilidade do crescimento economico.

    Ele e o PT prefiriu surfar no populismo, hoje estamos nessa situação.

    De fato como ja foi dito aqui inumeras vezes pelo Nassif o Levy se preocupa com numeros né?

    E como o FHC que para manter o real ficou detonando o povo.

    Esqueceu que economia é um meio não um fim em sí mesma.

    Porem quem criou a criança que a segure e pague o preço, é justo.

    O injusto é todo o povo sofrer pela INCOMPETENCIA gerencial  movida a populismo que como todo projeto desse tipo nao tem compromisso com o futuro somente com o presente…

    1. Eu respeito muito o Assis,

      Eu respeito muito o Assis, mas a voce não, me perdoe, voce escreve em sua postagem a frase: “…O PT no governo lula não aproveitou a conjuntura favoravel…”, o que demostra uma ignorancia historia ou uma má fé, em nenhum caso dá para levar a serio suas colocações… voce ignora, ou finge ignorar, a crise de 2008 que até hoje não passou, voce esquece que ela foi a pior depois da de 29… qualquer coisa que voce deduza depois disso é irrelevante  …

      1. Meu amigo, estamos em 2015.

        Meu amigo, estamos em 2015. Até quando vc vai botar a culpa na crise de 2008? Caso vc não tenha notado, já se passaram 7 anos.

      2. Olha se voce respeita o Assis

        Olha se voce respeita o Assis isso é com vc e ele nao me diz respeito.rs

        Sobre o papel do PT eu mantenho cada palavra se vc na condiçao de fã gosta disso ou não é outro assunto… 

  5. E pode ter certeza que na próxima

    reunião do BC vem aumento de juros de novo. O que os grandes empresários perderem pela recessão no setor produtivo , eles vão querer recuperar se protegendo no rentismo.

  6. Continue nos orientando

    Discordo professor dessa sua retirada estratégica. Tem, claro, todo o direito de o fazer, mas… Mas precisamos de pessoas como o senhor, com capacidade de analisar o momento e dar diretivas. A coisa pode ficar muito ruim sim, oa juste ecônomico de Joaquim Levy vai cobrar um alto preço dos trabalhdores e aposentador e o Congresso aprovou uma barbaridade de leis que nos jogam de volta à Idade Média. E é por tudo isso, que o senhor deve continuar esse combate. Acho que a presidente Dilma se arrepende desses ajustes, mas e agora? Como sair dessa sinuca? Se ela demite Levy (ja houve na semana passada esse boato), a imprensa direitona vair cair em cima e, convenhamos, Dilma Rousseff ainda não se reergueu totalmente para enfrentar a oposição odiosa do Congresso e da midia. 

  7. Por um punhado de pequenos números

    Aqui, no meu canto, não vou rir, mas não vou chorar

    Mas milhares, senão  milhões irão sentir na pele, ter suas familias desestruturadas, seus empregos virarão pó, seus sonhos serão consumidos, suas esperanças desvanecidas, pior seu futuro será inevitavelmente mudado , e para pior. Em 1980 era o petróleo, a dívida externa e a estagnação. É dos 80 que vem a raiz da nossa anemia industrial. Esta acontecendo de novo, a olhos vistos.

    Assis, a paz dos cemitérios (a que vem depois da grande destruição) é amarga.

  8. Influência

    Quem influencia a Presidenta?

    Infelizmente ela, apesar da boa intenção, acredita no PIG (proba imprensa gloryosa) e se cercou de “mauricinhos”, que NÃO tem compromisso com o povão. As classes médias tangidas pelo PIG defendem os muito privilegiados pensando que exercem patriotismo e que em breve se tornarão ricos como eles.

    Ai o “astral” baixa quem poderia e deveria não investe e ai o Brasil desaba. Vira galinha morta para os grandes grupos internacionais.

    E o povo letrado e consciente continua……………..batendo panela. Isso cansa. 

  9. Economia é apenas um assunto

    Economia é apenas um assunto do Estado, um aspecto da Política. Se bem que em relação a outros assuntos também não estamos bem. De que adianta uma pessoa progressista na presidência do Executivo se o Legislativo e o Judiciário estão francamente recrudescendo em seus conservadorismos?

    Bem… pelo menos estamos vendo a cara do poder de facto do nosso país, sem máscara nenhuma. E é interessante notar que nem sempre conservador é sinônimo de acomodado. Estamos assim por acomodamento dos progressistas e por proatividade dos conservadores. Paradoxos… quem mandou o PT alçar os pobres à classe média? Classe média não vota no PT, classe média é conservadora.

  10. exagero infundado

    Nem com as politicas ostensivas neoliberais de fhc o Brasil atingiu 20% de desemprego e 5% de retração no PIB. O professor se assemelha mais à hiena Hardy (oh dia, oh azar) do que um economista sério. É claro, se acertar será alçado ao posto de guru.   

  11. Se Dilma quer ser lembrada

    Se Dilma quer ser lembrada pelos que ajudaram a reelegê-la, uma das primeiras medidas é abortar esse arrocho fiscal e demitir os ministros da área econômica. Cada 0,5pp de aumento na SELIC eleva a dívida interna em mais de R$30bilhões: façamos os cálculos: já que a taxa básica subiu cerca de 3pp neste ano, a dívida pública foi aumentada em aproximadamente R$90bilhões, que é 30% superior ao arrocho fiscal conseguido à base de corte de investimentos em setores essenciais (como saúde e educação) e direitos dos trabalhadores e cidadãos. Para piorar, o aumento dos juros encarece o crédito para investimentos produtivos, retrai o consumo e com isso leva as empresas a demitirem. Coclusão: pacote de arrocho fiscal do Levy e edo Barbosa são estradas largas e pavimentadas para a RECESSÃO. A receita para chegara à recesão é fácil, mas para sair dela, não.

  12. Se a crise servir para fechar

    Se a crise servir para fechar as portas da veja, época, isto é e estadão. E reduzir a quase pó a globo, a folha e uma meia dúzia de montadoras já me darei por satisfeito. E que venham novos tempos, na política, na imprensa e na economia.

  13. Lula construiu as bases para

    Lula construiu as bases para o crescimento ecnômico, baseado nas opções nacioanis, apesar da monumental crise de 2008. Infelizmente o governo que saiu recentemente das urnas, talvez porque a Dilma tenha sonhado em deixar sua marca na História, despegando-se do Lula e cedendo ao “aecismo”. O desastre inevitável virá. Pode ser que depois de anos de destruição das conquistas do nosso povo, os olhos se abram para o que representam hoje o Cunha e Calheiros, o Moro, coxinhismo e o ódio. Pode ser que depois disso tenhamos condições de começar de novo a construção de uma nova nova sociedade, nova economia e nova política. Pode ser…

  14. Economistas progressistas são parte do problema!

    A política neo-varguista que se tentou atabalhoadamente implementar, utilizando um keynesianismo tosco, é a raiz dos problemas que agora Levy tenta consertar.

    O remédio não funcionou e seu diagnóstico é dobrar a dose!

  15. O Assis está pessimista antes da hora

    Se tudo der errado, não adianta ficar se lamentando antes da hora.

    Na verdade, quando perdemos tempo choramingando, deixamos de ver as oportunidades, como a valorização do petróleo que tirou a Petrobrás da lama e o aumento em 11% do preço do minério de ferro, que deu um novo alento à Vale e a balança comercial brasileira, bem como a excelente safra agrícola que estamos colhendo.

    Na verdade, a conjuntura ficou tão boa para o Brasil, que as forças contrárias, que operam no quanto pior – melhor, já partiram para o desespero, com tentativas de movimentações sociais capengas e barragem midiática de crise, que por enquanto só existe na TV.

    Na economia existe um fenômeno interessante, que é típico de competições, não temos que ser excelente, só melhor do que os outros para atrair capitais de investimento, talentos e empresas. Fácil na atual conjuntura favorável para um país do futuro, com dimensões continentais, terras facilmente agriculturáveis e projetos de infraestrutura em fase final de execução.

    O Assis não percebeu que a queda de 5% já deveria ter OCORRIDO, não aconteceu e não irá acontecer.

    O resto do planeta está nos extertores finais, vide Grécia, Europa , USA tendo que pedalar como nunca para apresentar estatísticas fajutas e a China, que vêm botando a manga de fora na marra.

    Por aqui temos TEMPO, deixemos a situação amadurecer, deem corda para o Cunha ficar enrolando lá no Congresso sem decidir nada, o Tempo é o sr. da razão, com o amadurecimento das situações de conflito, novas e melhores soluções a favor da sociedade brasileira irão aparecendo.

    Assis, seu pessimismo me parece um pouco fora de hora e é pouco produtivo para um cara que gosta do Brasil e tem muito a colaborar.

  16. O nome Democracia Direta revela uma falácia

     

    Democracia Direta (sexta-feira, 29/05/2015 às 16:02),

    Mais cedo eu vi a chamada deste post “Meu último artigo sobre política econômica até o grande desastre, por José Carlos de Assis” de sexta-feira, 29/05/2015 às 11:41, e voltei agora a noite para fazer uma leve contraposição ao que disse José Carlos de Assis. Agora ao voltar dei uma olhada nos comentários e vi o seu comentário. Interessei-me pelo artigo pelo nome que você se dá.

    Não li o seu comentário porque pretendo ler ainda outro post que saiu hoje no blog de Luis Nassif “O engenheiro economista e o economista político” de sexta-feira, 29/05/2015 às 10:41, com texto de Andre Araujo, e, se possível fazer lá um comentário e assim não tenho muito tempo disponível para um texto tão longo como o do seu comentário. De todo modo sou refratário a leitura de artigos longos assinados por coletivos, pois uma parte essencial do entendimento de um texto é o conhecimento da ideologia do seu autor. Além disso sou refratário ideologicamente aos defensores da democracia direta.

    Pelo nome que você se dá, você não é de direita, pois a direita é contrária à concessão de poderes amplos para os populares. E é isso que democracia direta aparentemente significa. Então provavelmente você é de esquerda. Só que a idéia de democracia direta tem embutido uma concepção atrasada da política que a esquerda como representante os interesses das camadas mais excluídas da sociedade não poderia abraçar.

    O que a democracia representativa possui de moderno é a possibilidade dos interesses conflitantes se acordarem. A democracia direta é pontual. Qualquer animal ou ave com um pouco mais de habilidade pode desempenhar o papel pontual de ser contra ou a favor, de dizer sim ou não com a cabeça, ou de apertar um botão verde ou um vermelho. O processo na democracia representativa só pode ser desempenhado por humanos. É um processo intelectivo de comunicação entre seres humanos. É no processo de composição de interesses conflitantes através do que se chama de fisiologismo, isto é, do toma-lá-dá-cá, que minorias se defendem de modo que o consenso que se alcança proteja o interesse das minorias.

    Enquanto a esquerda não perceber o avanço refletido na democracia representativa, pela proteção que se dá aos interesses minoritários, ela continuará atirando no próprio pé ao defender modelos que aparentam ser benéficos para o interesse da esquerda, mas no seu cerne e que se evidencia no longo prazo é prejudicial à esquerda. Não é por outra que a esquerda defende o modelo de eleição distrital com voto majoritário esquecendo que o voto proporcional é exatamente uma das conquistas modernas de se conferir representação a interesses minoritários.

    Imagine que os mais pobres sejam só trinta por cento da sociedade e sessenta por cento seja de pessoas bem abonados e os dez por cento restantes seriam os nababos mais ricos. Como os trinta por cento mais pobres iriam defender os interesses deles em uma democracia direta?

    Eu tenho insistido que uma das grandes tarefas da esquerda consiste em esclarecer a sociedade do funcionamento das várias instituições que formam a sociedade. A sociedade teria que conhecer o funcionamento e o papel do Estado, os procedimentos que norteiam o processo orçamentário, o funcionamento do sistema capitalista, o funcionamento da democracia representativa. No entanto, o esclarecimento só será possível se a própria esquerda se se mostrar esclarecida. A utilização desse nome democracia direta é uma demonstração de obscurantismo. O Brasil de todos os brasileiros é o Brasil da democracia representativa. Na democracia direta, o Brasil é da maioria dos brasileiros.

    Clever Mendes de Oliveira

    BH, 29/05/2015

  17. Prezado
    Em resposta  ao seu

    Prezado

    Em resposta  ao seu artigo discorrendo  sobre a maneira usada  pelo ministro Levy  para consertar  o estrago feito pela prática  econômica  do PT  questiono  se já concebeu o insight   de que talvez essa prática  esteja furada ??

    Levy está corrigindo o curso  para uma área  de sobrevivência  impossível caso fosse mantido àqueles postulados. 

  18. Evite fazer hoje as críticas à política econômica feitas em 1985

     

    J. Carlos de Assis,

    Devo ter livros seus de mais de 30 anos. E tenho acompanhado seus escritos na maioria das vezes concordando com você.

    Considero, entretanto, que você, um economista, comete em relação ao ministro Joaquim Levy, e das políticas de ajuste fiscal que o governo vem adotando o mesmo erro de avaliação que comete o advogado e pós graduado em Administração Pública Andre Araujo como se pode ver junto ao post que saiu ontem no blog de Luis Nassif “O engenheiro economista e o economista político” de sexta-feira, 29/05/2015 às 10:41, com texto dele. O endereço do post “O engenheiro economista e o economista político” e:

    https://jornalggn.com.br/noticia/o-engenheiro-economista-e-o-economista-politico

    Em minha avaliação vocês querem que diante de situações bem diferentes se adote o mesmo tipo de política econômica. Se não há déficit em transações correntes ou se há, não importa, nas duas situações tudo que se deve fazer é incentivar o consumo.

    A presença do Joaquim Levy tem uma lógica simples demais para não ser entendida por um economista, tão simples que eu que não sou economista já há compreendi há mais de trinta anos. Quando o país tem déficit em transações correntes se está diante de uma situação de moeda valorizada. A correção dessa situação pode ser feita de forma paulatina ou de uma vez. Se feita paulatinamente e não trouxer resultado e, pior, com o déficit em transações correntes aumentando, o governo deve estar preparado para adotar soluções de efeito imediato.

    A principal ação de efeito imediato é a desvalorização forte da moeda. Só que sem controle da moeda, o governo tem que torcer para que a desvalorização ocorra. A desvalorização que ocorreu agora em 2015 é uma desvalorização anunciada.

    Tão anunciada que me permitiu enviar quarta-feira, 24/02/2011, às 14:29:00, o seguinte comentário para Alon Feuerverker junto ao post “Um problema de lógica (20/02)” de domingo, 20/02/2011, no blog dele e que pode ser visto no seguinte endereço:

    http://www.blogdoalon.com.br/2011/02/um-problema-logico-2002.html

    Reproduzo a seguir o meu comentário:

    “Alon Feuerwerker,

    Dentre os vários fatores que podem interferir para dar condições ao governante para em um ano seguinte mesmo com um crescimento menor se tenham melhores condições de gastos públicos do que no ano em curso, eu mencionei uma provável desvalorização do real que contrabalancearia a perda da competitividade internacional que o aumento do salário mínimo provoca. É só a possibilidade. Se tudo repetir a crise de 1988, quando os Estados Unidos tiveram que conviver por um longo período com juros de quase zero, só a partir de 2012 (A torcer que Barack Obama tenha melhor sorte que George Herbert Walker Bush, o pai, que perdeu a eleição para Bill Clinton não só porque o crescimento econômico só deslanchou em 1992, ano da reeleição, como também teve a concorrência de Ross Perot) haverá retomada do crescimento americano e em 2014 haverá o aumento do juro nos Estados Unidos que produzirá a fuga de dólares das economias em desenvolvimento, provocando crises semelhantes ao do México no início de 1995, a dos Tigres Asiáticos em 1997, a russa em 1998, a do Brasil nas crises anteriores e em 1999 e depois na crise da Argentina em final de 2000 (Eis uma crise interessante essa que ocorreu na Argentina governada por Fernando de la Rua e porque não questionar se o levante no mundo árabe não é, mais do que um levante por democracia, um levante contra a crise econômica, afinal, os árabes estão muito próximos da Europa com a qual mantêm forte relação mercantil e a Europa está em forte crise econômica) depois na crise do Brasil da eleição de 2002 (Brasil que também sofrera na crise da Argentina em 2000 e voltara a sofrer no ano seguinte com a crise do racionamento de energia também chamada de crise do apagão e que alguns confundem ou querem confundir com as atuais deficiências brasileiras no setor energético).

    É esperar para ver, até porque se poderá verificar também se a repetição virá como uma farsa”.

    Sem ser economista, no início de 2011, eu já previa a desvalorização do real. Só errei a data que eu imaginava se daria em 2014. Já sabendo que haveria desvalorização do real, a presidenta Dilma Rousseff tratou de colocar no Ministério da Fazenda alguém de confiança dela que servira ao presidente Lula e que conhecia a base peemedebista do Rio de Janeiro que chegaria fortalecida na Câmara dos Deputados.

    Por ser alguém que servira a Lula, Lula não poderia ficar contra o ministro da Fazenda. Por ser alguém que teve convivência com o PMDB do Rio de Janeiro teria mais facilidade de fazer composição com líderes do PMDB fortemente estruturado no Rio de Janeiro. E mais importante tendo em vista que a política econômica com a moeda desvalorizada seria diferente da política que fora até então adotada, a presidenta Dilma Rousseff escolheu alguém que fosse o oposto do ministro da Fazenda anterior e que não tivesse dificuldade em adotar medidas contrárias aquelas que o ministro anterior adotou. Além disso não seria contraditado no Congresso Nacional por estar adotando políticas diferentes pois ele não representava a mesma ideologia do ministro da Fazenda anterior

    E é preciso entender porque a política econômica é diferente. Com o real desvalorizado, o que era preenchido com as importações deixa de ser. No médio e longo prazo este pedaço seria apropriado pelo produtor interno, mas de imediato tal não acontece. Se se permanece a mesma demanda, a inflação tende a crescer. De outro lado, o setor exportador, mesmo não aumentando a exportação em volume receberá mais recursos do exterior. O que pode ensejar no primeiro momento aumento de demanda. Há então uma pressão inflacionista inicial que deve ser contrabalanceada com redução dos gastos públicos e aumento do juros.

    A recuperação econômico ocorre a medida que, ao ganhar mais nas exportações, esse setor aumenta a demanda via investimentos e o setor de produção interna aumenta paulatinamente o uso da sua capacidade instalada para suprir a demanda que antes era atendida pela importação e começa ter aumento de lucros que vai na sequência ser direcionado para investimentos, ou seja, para o aumento da demanda.

    Existe a possibilidade desta corrente ser quebrada. Não creio que tal ocorrerá porque a presidenta Dilma Rousseff talvez seja uma das poucas presidentes que tem visão de esquerda e ao mesmo tempo sabe da importância da desvalorização da moeda para alavancar o crescimento em países em desenvolvimento. Além disso, ela não estará pressionada pela eleição municipal de 2016, como esteve Lula na eleição de 2004. Pela necessidade de que o PT fizesse bonito na eleição de 2004, para ter cacife nas articulações no Congresso Nacional, Lula forçou o Banco Central a reduzir bastante o juro no segundo trimestre de 2003.

    Agora está tudo preparado para o Brasil crescer menos em 2016 do que cresceu em 2004 e ao mesmo tempo possibilitar que o país cresça mais em 2017 e 2018, ano da eleição que realmente conta.

    O único senão que você pode apresentar é dizer que uma inflação maior não faz mal para a economia. Eu concordo com você, o problema é que vivemos em uma democracia em que os indivíduos primam pelo individualismo e não pela solidariedade e entre apoiar um governo que permite inflação maior (que atinge todo mundo) com menor desemprego (que só atinge aos desempregados) e apoiar um governo que favorece uma inflação menor (deixando muita gente contente) com maior desemprego (em que só os desempregados reclamam), eles se inclinam pela última alternativa. E o governo precisa desse apoio para poder respirar.

    Não tome o Joaquim Levy nem como um grande economista nem como um economista sem serventia. Ele é apenas o economista ideal para as nossas circunstâncias. Esta falta de compreensão da realidade econômica restringida pelas circunstância é que permitiu que muitos economistas embarcassem no Plano Cruzado para tirar o Brasil do atoleiro quando na verdade o Brasil havia saído do atoleiro em 1983, com a maxidesvalorização. Em 1985, foi o ano que o país mais cresceu desde então. E lembrando do Plano Cruzado em 1986 fico a imaginar que se tudo repetir este meu comentário encontrará apenas ouvidos moucos e até em 2018 ainda se ouvirá a mesma crítica à política econômica da equipe de Joaquim Levy.

    Clever Mendes de Oliveira

    BH, 29/05/2015

  19. Interessante.
    O Congresso se
    Interessante.
    O Congresso se rebela de vez; o governo cai; chantagistas e golpistas assumem; promovem um “ajuste” muito, mas muitíssimo mais brutal sob o pertexto de que precisam arrumar a bagunça causada pelo PT, PT, PT…
    O verdadeiro desastre anunciado eh ved um por um caminhando para a celebração do sacrifício do bode expiatório”. So que junto estão indo a liberdade do trbalhador (terceirização), soberania, (presal e Petrobras) e que resta de democracia, com uma imprensa, judiciario, policia e mp com gosto de sangue na boca querendo mais emais. Um verdadeiro Estado policial, tudo que projetavam no PT.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador