Michel Temer tem moral para enquadrar o general Mourão?, por Felipe Pena

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Michel Temer tem moral para enquadrar o general Mourão?

por Felipe Pena

A história começa assim:

Um general que se chama Mourão afirma que seus companheiros do Alto Comando do Exército admitem a possibilidade de uma intervenção militar no país. Ele está na ativa, define-se como eterno integrante da inteligência e, repito, se chama Mourão.

Não, amigos, o ano não é 1964.

Não há tropas descendo a serra em direção ao Rio de Janeiro, não há marchas da família com Deus pela propriedade e ninguém mais acredita no perigo daquela gente que come criancinha.

Espere.

Vamos recapitular.
Um general que se chama Mourão acha que a intervenção militar é constitucional e poderá ocorrer caso o problema político não seja resolvido pelo judiciário.

Mas não estamos em 1964.

Não há defensores da luta armada, não há marchas da classe média vestida de amarelo atrás de um pato e todo mundo está feliz com o governo.

Pausa.

Um general que se chama Mourão diz que o exército tem planejamentos bem feitos para uma intervenção militar e que ela poderá ocorrer após “aproximações sucessivas”.

Não perguntem o que são aproximações sucessivas.

Não estamos em 1964.

Um general que se chama Mourão falou para a maçonaria e recebeu aplausos. Não foi o Olímpio Mourão, foi o Antonio Mourão. Não está em Minas, está em Brasília. Não é comandante da tropa, é secretário de finanças, um cargo meramente administrativo. Mas, ainda assim, deveria ser advertido.

E é aí que está o problema.

Um general que se chama Mourão tem um comandante-em-chefe. Mas o comandante-em-chefe do general que se chama Mourão se chama Michel Temer. E o Michel, vocês sabem, né?

Quem chega ao poder através de um golpe não tem moral para admoestar o subordinado que fala em golpe. Quem se reúne com ministro do STF na calada da noite para manter um golpe não pode reclamar de outro golpe. Quem compra deputados para não ser julgado por seus crimes não pode denunciar uma conspiração maçônica para dar um golpe.

Entenderam a porteira que foi aberta com a quebra constitucional do impeachment? Entenderam o legado das marchas? Entenderam o pato amarelo?

Quem rasga constituições, queima instituições. E, agora, todos nós estamos na fogueira.

O problema não é o general que se chama Mourão.

O problema não é a maçonaria.

O problema não é o exército.

Não estamos em 1964.

Quem conhece o perfil contemporâneo da tropa sabe que os militares atuam com profissionalismo e respeito à legalidade. Já estive lá dentro, vivenciei a rotina dos quartéis, conheci seus oficiais. Fui treinado para atuar como jornalista em áreas de conflito por coronéis, majores, capitães e tenentes responsáveis, comprometidos com a estabilidade do país. São pessoas sérias, forjadas na dificuldade e com experiências internacionais de êxito, como é o caso do Haiti.

O golpe já aconteceu e não veio da caserna.

O general que se chama Mourão foi claramente insubordinado, mas não está conspirando para golpear as instituições.

Não se golpeia o que não existe mais.

Felipe Pena é jornalista, escritor e professor universitário. Gosta de pão, mortadela e cerveja gelada. Hoje, dia 18 de setembro de 2017, dará uma aula para oficiais dentro de um quartel do exército. Uma viatura militar virá buscá-lo em casa. Não estamos em 1964.

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

15 Comentários

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  1. Não sejamos ingênuos

    Não sejamos ingênuos a ponto de acreditar que esse golpe do legislativo não teve as bênçãos dos miltares que nunca suportaram a chegada de um líder popular ao poder e ainda mais ligado às esquerdas. Os tempos mudaram mas o anticomunismo dos militares nunca mudou e eles sempre se sentiram ressentidos quando eram lembrados pelo passado de tortura dentro dos quartéis e dos órgãos de inteligência. Só não contavam que esse golpe veio revelar a verdadeira face do mal que assola esse país e a tomada do poder por quem deveria estar atrás das grades. 

  2. EU TAMBÉM JÁ ESTIVE LÁ DENTRO

    EU TAMBÉM JÁ ESTIVE LÁ DENTRO E NÃO GOSTEI.ESSA FARDA FEDE SANGUE,URINA E FEZES UMA COMBINAÇÃO INESQUECÍVEL.O TRISTE É VER QUE TEM GENTE QUE NÃO ACREDITA NO APOIO DA CASERNA AO GOLPE.O TRISTE É PERCEBER QUE AINDA CREEM NO PATRIOTISMO E NACIONALISMO DESSA TROPA DE JEGUES ESCOICEADORES PRONTOS A SE ALIAREM AOS U S A CONTRA A VENEZUELA QUE ASSISTEM AO DESMONTE DE UM PAÍS QUE RUMAVA A QUINTA ECONOMIA COM PLENO EMPREGO,A DESTRUIÇÃO INCLUSIVE DE SUAS CONQUISTAS.O EXÉRCITO BRASILEIRO É HISTÓRICAMENTE GOLPISTA E OPTOU POR SER UM BATALHÃO DE QUINTA CATEGORIA DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA.OS VERDES OLIVAS,OS AZUIS CELESTES E OS BRANCOS OMOS ENVERGONHAM AS FORÇAS ARMADAS MUNDO AFORA POR LHES FALTAR A CORAGEM DE DEFENDER A SOBERANIA DE SEU PAÍS SIMPLESMENTE DIZENDO NÃO AOS BANDIDOS QUE ASSALTAM A NAÇÃO.

  3. Máfia fhc! Esgoto a céu aberto desde 2002…antes era na moita!

    TÁ TUDO NA INTERNET!!!!   É SÓ DÁ UM CTRL-C E UM CTRL-V QUE APARECE TODA A MÁFIA DE GOLPISTAS DITADORES!!!!

     

    O show dos amorais não tem fim. Estão fazendo revezamento de psicopatas debilóides prá fazerem pano de fundo nessa ditadura de criminosos fascínoras que os mesmo implantaram.

     

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  4. Preliminares para o contexto

    Bom, o que pode significar essa celeuma em cima desse general?

    Como as FFAA brasileiras quase sempre são uma caixa-preta institucional (e fazem questão de se manterem assim, porque é constitutivo da própria identidade corporativa não admitirem ser jamais questionadas pelos “paisanos” em nome de alguma veleidade democrática que atenda pelo nome de “transparência”), então o máximo a que se pode chegar são algumas especulações.

    Em primeiro lugar, o general Mourão é um quatro estrelas promovido em dezembro de 2014 (fica na ativa até dezembro de 2018).

    Não se pode dizer que é um burocrata. Ele foi tornado burocrata desde que andou falando besteira sobre política em 2015, quando recém assumira um dos comandos regionais mais importantes e de maior contingente no Brasil, o Comando Militar do Sul. Ideologicamente conservador? Sem nenhuma dúvida. Isso é requisito para ser general. Impulsivo? Talvez. Mas, antes de mais nada, alguém que não hesita em marcar posição.

    E por que ele faria isso? Bom, Temer não mexeu nos comandos de Força quando assumiu. Só guindou o Etchegoyen, de uma larga família de reconhecidos repressores, mas habilidoso nas relações públicas, para a “casa”, ou seja, o GSI (Gabinete de Segurança Institucional). Etchegoyen era o mais cotado para eventualmente substituir o general Eduardo Villas Bôas (atual comandante). O segundo mais cotado era exatamente… o general Mourão.

    Se Temer tivesse alçado Mourão ao comando do Exército, isso seria reconhecido imediatamente como arrivismo baixo (promover o general que criticou Dilma).

    Com o comandante do Exército, general Vilas Bôas, padecendo de uma doença degenerativa. Abrem-se de novo as apostas sucessórias.

    Para Mourão: 1. ou ele vai para casa logo depois das eleições; 2. ou abre espaço político para ganhar o posto de Villas Bôas; ou 3. ele faz o mesmo que no caso anterior, só que pensando no futuro, em um novo governo.

    No segundo caso, ele não se meteria a imprudências se não vislumbrasse a possibilidade de um afastamento de Temer, para a qual ele parece querer, com essas declarações, se capitalizar.

    Note-se: a proximidade de Mourão com a maçonaria é a mesma de Villas Bôas. Maçonaria não é um lugar para se falar publicamente. Se há uma fala pública aí, é porque ela é toda revestida de segundas e terceiras intenções.

    Em todas as três forças, o generalato é sempre composto por algumas linhagens que se reproduzem e que, em geral, buscam manter o equilíbrio entre umas e outras, salvo nesses momentos em que os postos estão por se decidir.

    Então o contexto que deve ser considerado para essa fala intempestiva desse 4 estrelas problemático é o da luta pela conquista de poder corporativo. Resta saber se os cálculos desse 4 estrelas (provavelmente bastante bem informado pelos setores de inteligência), estaria considerando um iminente afastamento de Temer e a aventual ascenção de um Rodrigo Maia (do DEM), com quem ele, seguramente, tem muita afinidade ideológica.

    1. Prezado senhor Ricardo

      Prezado senhor Ricardo Cavalcanti-Schiel

       

      Para usar das metonímias do senhor Junior 50, sou um cisne emplumado, e digo, não houve amparo ou repercusão em apoio ao assunto, se houve, houve constrangimentos.

      Em 2015, não houve alaridos com a troca de cadeiras, considere a possibilidade do orador seguir os passos de um certo capitão falastrão…

      Palanque? Biografia? Ego? Eleição ou candidaturas?

    2. Um S2 nunca vira um S8, Mas……

         Caiu para “cima”, afinal uma combinação de intel/infor ( C2 + F : Comando & Controle + Destinação de verbas ) gera um poder até maior do que comandar a 3aDE ( CMS ), e ainda mais: é muito, bastante, próximo ao Planalto (GSI ).

          Estou longe, bem longe, e por varias vezes comentei que o capitão-deputado trata-se de um “coelho”, em uma oportunidade comentei sobre novembro/2017 , talvez o impetuoso S8 tenha se  antecipado, ou melhor escrevendo, descordenado.

           Não falou “sozinho”, jogou.

           Quem entendeu, entendeu

      1. Prezado senhor Aurelio
        Prezado senhor Aurelio Júnior,

        Novamente o senhor vê penumbras sobre nuances de tabuleiro. Bem observada a força da inteligência sobre o D.O.
        A movimentação obscura é a quase total indiferença funcional ao movimento do enxadrista. O que repercute é a assunção de posição sobre o coelho, o que se diz é sobre as escolhas e possibilidades no tabuleiro eleitoral.
        Curioso, não há ou houve apoio ou solidariedade funcional a exposição… Parece que meus pares estão no lojinha, entretanto, no armário. Talvez efeito jornal das dez, da Globo News. Até aqui, muito poucos, pouquíssimos saíram de suas varandas…
        A pergunta é… Será o lançamento do real representante da direita em 2018? O coelho correu MUITO de sábado último para cá.

  5. Um ladrão tem autoridade moral para roubar outro ladrão

    Além de roubar malas de dinheiro, o Temer também roubou o poder popular. Portanto, ele tem moral para enquadrar o General Mourão.

    1. ATE QUE ENFIM O LEÃO ESTA ACORDANDO

      Parabéns pra esse general Mourão. Estava achando que o Brasil não possuia mais homens honestos e de fibra. Estamos precisando de pessoas assim. Sou a favor de uma intervenção militar neste país. Não é um golpe de estado e sim revolucionar o contexto social que o Brasil esta atravessando. Chega de roubalheira, bandidagem, corupção, falta de cumprimento das leis. Temos que apoiar este general. Ele esta corretíssimo nas suas palavras. Do jeito que esta não tem mais jeito. Esta uma vergonha. E as forças armadas serve pra isto, pra manter a ordem e a segurança do país. Porque se alguem me falar que estamos seguros e que o Brasil esta em ordem deve ser louco ou cego e mudo. O Brasil precisa ser passado a limpo, renovado. E um país que tudo nele dá, tem riquesas diversas, um povo acolhedor. E quem é Temer pra julgar ou punir este general, não em cacife pra isto. Quem for contra que jogue a primeira pedra.

    2. Nem Temer nem ninguém dos 3 Poderes tem moral para tanto.

      Excelentíssimo General Mourão, Sobre o.
      A pergunta é: Alguém tem moral para contrapor a realidade dos fatos que que o Gen. Mourão citou e que colocaram o nosso país a beira da falência? …É essa questão sim, e não de disciplina militar. A disciplina tem sido cumprida sim, mas o Dever das Forças Armadas NÃO! Soberania destruída, Segurança Nacional r o m p i d a! Estado de Direito aviltado por bandidos com a constante fraudação das urnas eleitorais! Ora, e os integrantes dos 3 Poderes deram desfalque trilhionário nos cofres públicos. Criaram uma Ditadura da bandidagem e governam por decretos. É dever Constitucional das Forças Armadas Intervirem!
      (O repórter aqui não citou os governos de FHC, Lula e Dilma&Temer porque?) 19/09/2017

  6. Mourão e golpes militares

    Mourão é esteio, estaca forte de amarrar gado ou estender arames de cerca.

    Um nome providencial.

    Já que o  Mourão não se contenta em ser esteio,  o momento para o golpe é bem propício. Temer enfraquecido, ausente do país, congresso confuso e sem lideranças…

    Amarrado o gado já está, só falta aumentar o cercadinho.

    Sei não…

     

  7. Quem daria suporte a esse General Cagão?

    Até parece que os Militares não são os cães de guarda dos poderosos, mas que os poderosos são os cães de guarda dos militares.

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