Minha absolvição, por Breno Altman

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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lavajato

do Opera Mundi

Minha absolvição

por Breno Altman

O juiz Sérgio Moro, nessa última quinta-feira, finalmente exarou a sentença relativa ao processo no qual eu era réu, oriundo do 27º episódio da Operação Lava Jato, denominado “Operação Carbono 14”.

Diz a decisão, a meu respeito:

“Breno Altman é apontado por três pessoas como envolvido no crime, Marcos Valério de Souza, Alberto Youssef e Ronan Maria Pinto. Mas são todos depoimentos problemáticos, provenientes de pessoas envolvidas em crimes. Diferentemente dos demais, não há nos documentos qualquer elemento que o relacione às operações, nem os valores passaram por sua empresa, nem há uma vinculação necessária entre ele e a gestão financeira do Partido dos Trabalhadores. Por falta suficiente de prova, deve ser absolvido.”

Após quase um ano sob investigação e processo, o magistrado responsável pela 13a Vara Federal do Paraná reconhece minha inocência.

No mar de irregularidades e abusos que inunda a vida político-judiciária do país, minha absolvição é uma pequena e modesta vitória daqueles que têm compromisso com a Constituição, a democracia e o Estado de Direito.

Mas esse momento de alegria não anula a gravidade dos fatos que o antecederam e a preservação do ambiente de perseguição política que dita a conduta de muitos atores do sistema judicial.

Lembremos que esse processo foi iniciado com o Ministério Público Federal anunciando que o objetivo central das investigações era comprovar o vínculo entre atos de corrupção e o assassinato do ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel.

Durante dias, promotores e veículos de informação expuseram os réus à execração pública, vinculando-os a uma sórdida hipótese que mesclava sangue e lama.

Com a decretação de prisões preventivas e conduções coercitivas, alimentou-se um espetáculo midiático cujo único propósito era celebrar mais uma bala de prata contra o Partido dos Trabalhadores.

Após um ano, a denúncia do MPF simplesmente desapareceu com qualquer referência ao homicídio do ex-prefeito e à extorsão que estaria sendo praticada contra dirigentes petistas para esconder sua alegada relação com o delito de morte.

A peça acusatória final se resumiu a 36 páginas, das quais apenas seis linhas dedicadas a mim, pedindo a condenação dos réus por lavagem de dinheiro, sem qualquer preocupação em apresentar provas de dolo ou ir além de testemunhas com duvidosa credibilidade, como reconhece o próprio juiz.

Caso não prevalecesse o aparelhamento da Justiça como trincheira ideológica, caberia honradamente ao próprio MPF tomar as devidas cautelas antes de lançar cidadãos ao Coliseu da opinião pública, agindo com menos açodamento e mais zelo pelos direitos constitucionais.

Mesmo declarado inocente, paguei uma pena severa e irreparável por crime jamais cometido. O espetáculo processual atingiu frontalmente minha imagem e levou à ruptura dos contratos publicitários do site que dirijo, eliminando postos de trabalho e golpeando um dos veículos de maior prestigio da imprensa independente.

Como jornalista, tampouco posso ficar indiferente às injustiças que se mantêm, como a condenação sem provas contra Delúbio Soares, reforçando suspeitas de quem acusa a Operação Lava Jato por ser centralmente orientada para abalar e destruir o principal partido da esquerda brasileira.

Por fim, agradeço o incrível trabalho de meus advogados, bem como a solidariedade inquebrantável de meus familiares, amigos e companheiros.

Espero que minha absolvição sirva, de alguma maneira, como motivo de ânimo aos que lutam, nas ruas e nas instituições, contra a escalada antidemocrática que machuca nosso país.

Breno Altman é diretor editorial do site Opera Mundi.

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

7 Comentários

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  1. Montesquieu…

    ….”  A injustiça que se faz a um é a ameaça que se faz a todos ” …

    Breno Altmann é um dos imprescindíveis na luta contra o Estado de Exceção que vigora em nosso país !!

    Solidariedade e boa luta !

  2. Tem que ver se o MP não vai

    Tem que ver se o MP não vai recorrer. Pelo que eu percebi, colocar essas pessoas na cadeia não é uma questão de provar ou não, é uma questão de fé mesmo, e o MP tem uma fé inabalável.

  3. Brenno Altman faz por

    Brenno Altman faz por merecer, além do título de Jornalista, o reconhecimento pela nobreza de caráter.

    Apesar de não ter tanto dinheiro quanto firmas como “Globo”, “OESP”, “Abril”, “Band”, “Folha”… a turma assumida ou enrustidamente alinhada no Instituto Millenium, e justamente por não ter o rabo preso com corruptos, Brenno Altman faz parte do grande e cada vez maior time que se pode chamar de Imprensa brasileira, uma imprensa plural, arejada e combativa. Positiva e propositiva.

  4. Por Lula da Silva

    Minha condenação

    por Lula da Silva

    O juiz Sérgio Moro Júnior, nessa última sexta-feira, 13 de julho de 2037, finalmente exarou a sentença relativa ao processo no qual eu era réu, oriundo do enésimo episódio da Operação Lava Jato, denominado “Operação do Xadrez do Triplex, do Sítio e dos Pedalinhos”

    Diz a decisão a meu respeito:

    “Luís Ignácio da Silva, cognome Lula, foi apontado por dezenas de milhares de pessoas como envolvido nos crimes de ser nordestino, especificamente de ter nascido em Pernambuco, terra dos perigosos subversivos Gregório Bezerra e Miguel Arraes; de ser torneiro mecânico e de ser um subversivo sindicalista, tendo liderado as subversivas greves da região  do ABC paulista, o que deu início ao término da nossa querida e saudosa ditadura civil-militar de 1964; de ter sido eleito 2 vezes Presidente da República em eleições livres e diretas pela maioria do subversivo povo brasileiro; de ter desviado recursos do orçamento da União para programas ditos sociais, como o subversivo programa Bolsa Família, inspirado em outro perigoso subversivo, cognome Betinho, para, “onde já se viu”, matar a fome de milhares de perigosos subversivos brasileiros que teimam em comer 3 refeições por dia, além de tudo preguiçosos; de ter desviado recursos oriundos da exploração do  petróleo do pre-sal, descoberto pela Petrobrás, “imagina só”, supostamente no seu governo, para destiná-los a financiar a educação  e a saúde de milhares de subversivos brasileiros; de ter desviado recursos do orçamento da União para a criação de diversas novas Universidades e Escolas Técnicas Públicas e para expansão dos campi  das Universidades já existentes pelo interior  do país, numa clara demonstração de subversiva intenção de ampliar a educação das classes subversivas trabalhadoras que teimam em querer se igualar aos riquinhos filhinhos do meu querido patronato; de ter, “vejam só, passem-me os meus sais”, empoderado o perigoso e subversivo trabalhador brasileiro com a mais subversiva medida de aumentar o salário mínimo acima da taxa de inflação e promover a empregabilidade com carteira assinada, a tal ponto do trabalhador brasileiro não se sujeitar mais aos ditames do meu querido patronato, devido a taxa de desemprego alcançar o perigoso e subversivo nível de 4,8%(  pleno emprego !, assim não dá, até o subversivo Adam Smith, o elemento lança mão para subverter a ordem da nossa gloriosa bandeira) ; de ter implementado um programa de desenvolvimento econômico que fez o país voltar a crescer (o elemento é obsessivo por crescimento) e, somente no ano  de 2010, alcançar a irritante taxa de crescimento de 7,50%, permitindo que o elemento deixasse o governo com a mais alta e subversiva popularidade jamais alcançada por um Presidente da República em curso e fim de mandato e, entre outros programas e medidas que eu não vou descrever, pois não sou marqueteiro do elemento, de ter promovido  a subversiva igualdade entre brasileiros e  aumentado o consumo de bens e serviços pelo populacho; e, finalmente, (foi aqui que eu peguei definitivamente o meliante)  de ter desviado criminosa e subversivamente as águas doces do Rio São Francisco para o Nordeste, acabando com a indústria da seca, deixando os nossos velhos e queridos coronéis oligarcas nordestinos chupando o dedo”

    “Assim sendo e com o apoio incondicional do STF e da PGR e do regime de exceção implantado em 2016 , hoje comandado pelo herdeiro político de Mishell, o glorioso Mishellzinho, condeno o meliante, baseado nas minhas fortíssimas convicções e provas contundentes, a passar da prisão provisória para a prisão preventiva com a indulgente dosimetria da pena não podendo passar de perpétua.”

    “Para aqueles que nasceram depois de 2016, informo que recebi de herança do meu heroico pai (agraciado com a honrosa medalha do governo norte-americano pelos valiosos serviços prestados à nossa gloriosa pátria protetora) a Operação Lava Jato, que tem sido prolongada diligentemente pela incansável Procuradoria Geral da República com o intuito de, um dia, abrir uma investigação contra um tucano, em especial o condestável Aécio Neves, já aposentado, infelizmente, devido a uma grave inflamação nas hemorroidas ”

    “Tenho dito e ai daquele que tentar recorrer”

  5. Enquanto a Globo fala de liberdade de Imprensa.

    Enquanto a Globo fala de liberdade de Imprensa, não fala  nos vários presos políticos que temos no cárcere. A sentença de Moro é extremamente política. Fala de forma explícita que Delúbio deve ser condenado porque era tesoureiro do Pt e foi evasivo com relação as perguntas do juiz. ( O evasivo ou anti colaborativo é não ter delatado ninguém).  Mais explícita do que esta sentença foi o circo criado em cima do caso Daniel. Um circo claramente midiático.

    No continuo atentado contra a reputação de Lula e Marisa Letícia, Moro continua criando um circo em torno de um triplex sem dono, e um acervo presidencial.  Como ele mesmo diz, condenar Lula, é um transtorno pois pode gerar manifestações, e muitas outra implicações inclusive internacionais, e talvez por isto  ele não o faça. Porém vai continuar manivelando acusações  para o desgaste político de Lula e se manter em evidência. Desconfio que ele é o candidato da direita em 2018, e se o for seria interessante ver se não está usando o cargo publico indevidamente para fins eleitorais. Afinal isto é propaganda contra Lula além de se colocar em evidência, marcando posição não como juiz, mas como partidário. Quando enuncia sentenças como esta última , el e quer sem dúvida agradar partidários. Ao mesmo tempo Moro não se incomoda de gastar o dinheiro publico em julgamentos ou casos como este. Quanto foi gasto em horas , e viagens e translados apenas com Marcos Valério  para absolvê-lo e  no processo utilizar uma frase dando crédito a Marcos Valério que é um homem visivelmente desesperado pela sua condição. Tudo isto poderia ter  se restringido ao envio de alguém para inquirir Marcos Valério antes do processo. Isto evitaria o gasto de dinheiro publico com um processo  onde se diz claramente que não se produziu nenhuma prova e que as palavras de Valério  ficaram apenas nas palavras. Oh! CNJ onde estás que não te vejo?

    Moro também parece gostar muito de atingir profissional e moralmente seus desafetos. Definitivamente me recordo quando Altman, começou a ficar na mira de Moro. Me lembro quando o prenderam e em que circunstâncias, quando seu site fazia uma cobertura das manifestações contra o impeachment em Brasília.  Isto se enquadra perfeitamente  num atentado a liberdade de imprensa, Porém nem Abert, nem Bonner classificaram a prisão de Altman como um atentado a liberdade de imprensa.

    Me recordo de um artigo de Fausto Macedo no Estadão onde faz insinuações das mais grosseiras com relação ao atentado ao Instituto Lula e desta reportagem cria o pano de fundo para este julgamento . ( 25/janeiro/2016- Estadão). Das paginas do jornal para um tribunal . E Fausto Macedo faz questão de reafirmar a ação política, fazendo insinuações sobre uma mensagem no celular de Dirceu. ( Ninguém investigou ou processou Fausto Macedo por invasão de privacidade nem quis saber como ele poderia ter tido acesso a mensagens no celular de Dirceu.) E depois Fausto, justifica suas acusações com a frase

    “O interlocutor de Dirceu era o jornalista Breno Altman, amigo do ex-ministro e um dos principais pensadores do PT.”

    Onde se conclui que parte da imprensa, detesta liberdade de imprensa.  E Fausto deve ter se encontrado com Mefistofeles…

  6. Minha absolvição, por Breno Altman

    Todos estes abusos não caberia uma ação de indenização?

     

    Imagine… se todos fizerem isto na Lava Jato… Nunca vi tantas coisas erradas… E como pode ainda ter alguem tão idiota, apioando toda estas barbáreis deste Juiz (a classe nao merce uma pessao desta) Sergio Moro?

     

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