Ministério da Defesa suspende veto à visita de Erundina ao DOI-Codi

Do O Globo

Defesa suspende veto do Exército à visita de Erundina ao DOI-Codi
 
Deputada tinha sido barrada em comitiva. Após aval do ministro Celso Amorim ao nome de Erundina, grupo agendou visita para segunda-feira
 
EVANDRO ÉBOLI
 
BRASÍLIA– Em reunião na tarde desta quarta-feira entre o Ministro da Defesa, Celso Amorim, e os senadores integrantes da Subcomissão de Memória, Verdade e Justiça do Senado, ficou decidido que uma comitiva mais ampla irá visitar as instalações do antigo DOI-Codi no Rio, e nessa relação está o nome da deputada Luiza Erundina (PSB-SP), que havia sido vetada pelo comando do Exército ontem.
 
O ministro Celso Amorim disse aos senadores João Capiberibe (PSB-AP) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) que não há restrições a qualquer nome. Os senadores decidiram então que a visita ocorrerá na próxima segunda-feira e farão parte dessa comitiva, além de Capiberibe, Randolfe e Erundina: a senadora Ana Rita (PT-ES); deputado Chico Alencar (PSOL-RJ); o procurador da República antônio Cabral, que é do Rio e teve sua entrada no DOI-Codi vetada há algumas semanas, além de dois integrantes da Comissão Nacional da Verdade e dois da comissão da verdade do Rio.
 
Ontem, após o veto do nome de Erundina na visita, os senadores da subcomissão suspenderam a visita, que estava prevista para a próxima sexta-feira. Os senadores afirmavam que diversas barreiras vinham sendo colocadas à visita, e a mais recente era o veto à deputada Luiza Erundina.

 
Desde que foi combinada a diligência, no início de setembro, os assessores parlamentares do Exército vêm negociando com os senadores como vai se dar a visita. Presidente da subcomissão da Memória, Capiberibe afirmou que foram colocadas muitas objeções por parte dos militares. Um dos assessores parlamentares do Exército comunicou ao gabinete de Capiberibe que estava vetada a ida de Erundina ao DOI-Codi. Ela é presidente da mesma subcomissão na Câmara e autora de um projeto que prevê a revisão da Lei da Anistia para que agentes do Estado que cometeram violações como torturas, mortes e desaparecimentos sejam julgados e punidos.
 
Luiza Erundina considerou o veto a seu nome inaceitável e um desrespeito ao seu mandato e ao voto popular. A deputada atribui o impedimento de integrar a comitiva ao Comando do Exército. Erundina associa a resistência a seu nome ao fato de ser autora de um projeto que prevê punição para agentes do Estado do período da ditadura.

 

Redação

4 Comentários

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  1. “Desde que foi combinada a

    “Desde que foi combinada a diligência, …”

    Diligência? Vão investigar a cena do crime? Será que vão encontrar,  décadas após, algum vestígio ? Vão jogar luminol no local, vão coletar objetos, vão vasculhar os arquivos, vão…                              

    Quando foi instituida a Comissão da Verdade, a esperança de que fosse feita uma devassa nos crimes da ditadura era total. Infelizmente, pelo menos até agora, a decepção é grande. Primeiro as brigas na comissão nacional e segundo esse tipo de ação com o único intuito de provaocar manchetes nos jornais e conseguir dividendos eleitorais.

    A matéria diz que o procurador foi barrado no quartel. Aí fica a pergunta, ele tinha agendado a visita? Tinha um mandato judicial? A comissão de senadores e deputados não deveria se reportar ao ministro ao invés do comandante do Exército? Certamente, se o fizessem teriam todo o tipo de facilidades, mas parece que a intenção é fazer escândalo. Enquanto fazem ações pirotécnicas, a verdade fica cada vez mais longe.

  2. Objeções

    Com estas objeções a quaisquer nomes por parte do Comando do Exercito, fica apenas mais lúcido e claro que existe muita coisa escondida e que há a necessidade sim de revirar todos os arquivos existentes daquela fatídica época. Ainda existem muita coisa muito mal contada e este posicionamento envergonha ainda mais esta instituição. Com reações como estas da Alta Cúpula do Exercito vai ficar dificil o restante dos brasileiros que ainda se lembram daquele período sombrio ficarem a seu favor.

  3. segredos da caserna

    Mais um absurdo que certamente passará impune. Se o veto partiu do Comando do Exército, seria o caso de demitir o próprio general Enzo Martins Peri.

    Será que Dilma encararia essa parada do mesmo modo que agiu em relação a Patriota?

    En passant: Como ficou aquela denúncia de corrupção, publicada há alguns anos na Carta Capital, envolvendo oficiais do EB – entre os quais o próprio Peri – e o Dnit?

  4. caso de demissão sumária

    quem proibiu? com que direito? vai ficar “barato”?

    -a ditadura ainda está entranhada nas forças armadas!

    apesar da presidenta ser a comandante em chefe das forças armadas,

    quem proibiu a visita de um representante do povo, se acha dono do brasil.

    a partir desse episódio se imagina, entre outras, a pressão, da aeronautica pela compra dos caças…………

     

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