Modelo do Belas Artes pode render frutos culturais para a cidade de São Paulo

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Jornal GGN – Hoje, dia 19, acontece a tão aguardada reabertura do Cinema Belas Artes, chamado agora de Cine Caixa Belas Artes. O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, anunciou a reabertura junto com um edital de R$ 1 milhão para ajudar na distribuição de filmes independentes que tenham sido rodados na capital paulista ou então com cineastas paulistanos. De acordo com Haddad, a ideia é que ao menos dez filmes já prontos recebam ajuda municipal para entrarem em cartaz e possam ser vistos pelo público.

Segundo o prefeito Haddad, muitos filmes já foram produzidos por cineastas de São Paulo mas que não tiveram oportunidade de entrar no mercado em “virtude da grande concorrência, especialmente com os filmes estrangeiros e das grandes produtoras nacionais”. O edital, afirmou ele, é um “reforço e incentivo para esses profissionais, a fim de viabilizar e tornar São Paulo cada vez mais uma cidade audiovisual, como o Rio de Janeiro”.

As produções selecionadas no edital serão exibidas na sala que a Agência Paulista de Cinema (SPCine) tem no novo Belas Artes, especialmente separada para produções nacionais e criada em contrapartida nas negociações feitas pelo cineasta André Sturm, proprietário do espaço, com a prefeitura de São Paulo, para reabertura do local, o mais tradicional e antigo cinema da capital.

Fechado há um ano e meio, o Belas Artes se tornou prioridade na agenda de políticas culturais da prefeitura, apoiado por um movimento de artistas, produtores e frequentadores do cinema como forma de resgatar o espaço.

Nos últimos meses, o grupo trabalhou muito para conseguir seu intento. Foram passeatas, debates e até mesmo a sugestão de uma CPI na Câmara Municipal de São Paulo para tentar retomar o espaço, como descreveu o jornalista Beto Gonçalves, coordenador do Movimento em Defesa do Cine Belas Artes, ao Terra Magazine.

Segundo Beto, mais de 120 mil pessoas assinaram um documento pedindo a reabertura do Belas Artes, não apenas a volta de um cinema privado, mas também a apropriação de um bem da cidade, como tantos outros, “inviabilizado pela especulação imobiliária”. De acordo com ele a mobilização é um “sinal claro” de que parcela dos paulistanos não “querem assistir ao desmoronamento dos espaços imateriais pela urbanização desenfreada e pela especulação das empreiteiras”.

O modelo elaborado pela Secretaria Municipal de Cultura, Caixa Econômica e Prefeitura dão ao banco, em contrapartida pelo incentivo de R$ 1,8 milhão por ano, o direito de usar o naming rights (é o direito sobre a propriedade de nomes) do cinema. Por seu turno, a administradora deverá se comprometer a converter a ajuda em ingressos em média 20% mais baratos que outros cinemas, bem como facultar pagamento de meia entrada a trabalhadores com carteira assinada em dias determinados na semana.

Ainda pelo acordo, a meia entrada deverá ser facultada a todos os clientes da Caixa, todos os idas, além de estudantes com carteirinha e idosos acima de 65 anos. Além disso, o Belas Artes irá receber outros eventos e mostras de cinema promovidos pela Caixa, que aconteciam normalmente no Espaço Caixa Cultural, na Praça da Sé.

De acordo com Juca Ferreira, secretário de Cultura da cidade, o modelo adotado valoriza “um bem imaterial da cidade, resgata o valor simbólico e cultural que o cinema tem para a cidade e atende uma demanda de uma parcela significativa da população, sem custo para a Prefeitura e preservando o empreendimento privado do espaço”.

Segundo Juca, a Prefeitura está buscando parceiros para aplicar o mesmo modelo de gestão no resgate de mais três cinemas paulistanos abandonados, como o antigo Cine Marrocos, o Cine Ipiranga e o Cine Art-Palácio. “É um modelo de parceria público-privada que pode resolver o déficit de equipamentos culturais que a cidade tem no médio e curto prazos”, disse Juca, afirmando ainda que é parte das reivindicações da população a retomada de bens imateriais da cidade que estão há anos abandonados. “É uma tentativa de devolver o direito de acesso à Cultura aos paulistanos sem a mercantilização e a pressão imobiliária”, explicou ele ao Terra Magazine.

Outros espaços estão na mira da prefeitura. Doze teatros na cidade estão sendo alvo de especulação e com risco de fechamento ou demolição. Juca inclui nesta lista o Teatro Brincante, na Vila Madalena, que funciona como centro de educação musical e de cultura popular há mais de 21 anos, e que agora pode ser fechado com a venda do imóvel pelo proprietário.

“Vamos fazer de tudo para recuperar esses espaços de referência para as comunidades da cidade”, disse Juca Ferreira, desejando que a experiência do Belas Artes seja bem sucedida e estimule outras empresas a “entrem nesse processo conosco”.

O secretário da Cultura afirmou que a prefeitura já conversa com algumas empresas para conseguir reabrir alguns cinemas abandonados da antiga Cinelândia. Mas Juca não revelou os nomes para não estragar as negociações. Ele lembra ainda que o dinheiro aplicado pela Caixa não é de renúncia fiscal, mas sim recursos que o próprio banco disponibiliza para incentivo á Cultura em todas as regiões do país. Além disso, o contrato firmado entre Caixa e Belas Artes é de um ano, mas poderá ser renovado por mais quatro, segundo informou Sônia Silva, gerente de marketing cultural do Espaço Caixa Cultural em São Paulo.

O Cine Caixa Belas Artes abre suas portas hoje, sábado, dia 19 de julho, às 16 horas. Fica na Rua da Consolação, esquina com a Avenida Paulista. A cerimônia de reabertura contará com a presença de artistas da área audiovisual, além de shows de música e uma mostra especial de produções brasileiras. Neste final de semana os ingressos serão vendidos a R$ 5,00 para todos os moradores da cidade, como parte da comemoração de reabertura.

Com informações do Terra Magazine e por sugestão de Assis Ribeiro

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

7 Comentários

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  1. Tá vendo Dilma, o que você perdeu demitindo o Juca Ferreira…

    Reativar os cinemas de rua, esse é o caminho.

    Infelizmente muitos desses cinemas dependem da vontade política de governos, eles devem buscar fontes de financiamento alternativas:

    – Exibir filmes comerciais também (os bons claros) para arrecadar mais e atrair o público mais jovem;

    – O preço dos ingressos tem que reduzir mais;

    – Buscar mais patrocínio das multinacionais e governos europeu, asiáticos, latino-americanos. Já que seria um canal de exibição alternativo aos filmes dessas nações no grande mercado brasileiro, esses países também sofrem com a dominação hollywwodiana na distribuição.

    1. Meus Deuses!

      Hoje já é a segunda vez que tenho que elogiar HADDAD.  Dessa vez ia escrever: Como dira Analu, mais um ponto para HADDAD. Mas você chegou antes. Que orgulho nos dá ver os feitos desse prefeito! VIVA HADDAD!!!!!

  2. Sessão de cinema das cinco, pra beijar a menina…
    …e deixar a camisa toda suja de baton. O Belas Artes reabre hoje. Beleza!  Mais tarde dou uma passada por lá. Haddad revela intenção de reabrir mais cinemas de rua. Cinema de shopping é osso, Don! Vai se mantendo a tradição de grandes prefeitos petistas na Paulicéia Desvairada. Já é alguma coisa, vai.     

  3. Falta comunicação !
    Prefeito,

    Falta comunicação !

    Prefeito, precisamos de um canal de comunicação !!!!

    Esqueça os jornalões e as revistinhas, monte um blog eficiente de comunicação com o cidadão.

    #precisamosdecomunicacaodiretacomaprefeitura

    já !!!

    Não espere as eleições, será tarde demais. Olhe para o exemplo da Copa.

  4. Excelente inaciativa do

    Excelente inaciativa do Prefeito Haddad, São Paulo tem ampliado seu circuito cultural porque há um publico avido de

    iniciativas e eventos de arte e cultura. Exposições de pintores e escultores em São Paulo tem tido filas enormes, as operas no Teatro Municipal tem ingressos esgotados muito antes da apresentação, há simultaneamente dezenas de peças de teatro,  há publico para praticamente tudo , museus, shows musicais, filmes de arte, São Paulo é a capital do pensamento, da arte, do teatro e da produção cinematografica nacional. Mas e o Rio? O Rio maravilhoso tem musica e cultura para dar e vender mas São Paulo tem mais gente, mais publico, a classe média intelectualizada de São Paulo é muitas vezes maior que a do Rio, alem de muitos visitantes do interior do Estado, que é grande e de alto poder aquisitvo.

    Vir a São Paulo no fim de semana tornou-se um programa para os paulistas do interior, existem agencias especializadas para esses tours rápidos que somam compras, gastronomia e teatro ou shows, São Paulo tem capitais regionais geradoreas de turismo de alto poder aquisitio como São José do Rio Preto, Ribeirão Preto, Araçatuba, Presidente prudente sem falar de Campinas e Santos, SP e hoje uma das capiaIS culturais do planeta, o Belas Artes se insre nesse contexto.

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