Na Câmara, jornalistas afirmam que país precisa democratizar verbas publicitárias

jornalistas_cdhm_lucio_bernardo_jr._-_camara_dos_deputados.jpg

Foto: Lucio Bernardo Jr./Câmara dos Deputados

Da Rede Brasil Atual
 
Para jornalistas, mídia é mentirosa e país precisa democratizar verbas publicitárias
 
Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara promoveu audiência pública para debater panorama da comunicação no Brasil, concentração, censura judicial e perseguição a jornalistas

A Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados promoveu na tarde desta quarta-feira (12) audiência sobre o exercício do jornalismo e as perspectivas do direito à livre comunicação e expressão no país. Entre outros, participaram Bia Barbosa, como representante do coletivo Intervozes; Maria José Braga, presidente da Federação Nacional dos Jornalistas; Tereza Cruvinel, jornalista do site Brasil247; o jornalista Luis Nassif; e o editor-chefe da RBA, Paulo Donizetti de Souza.

Em sua fala, Nassif defendeu a restauração do direito de resposta “como contrapartida mais legítima do poder da mídia”, hoje, no país. “(O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal) Ayres Brito revogou o direito de resposta. Brito foi relator das ações que declararam a inconstitucionalidade da chamada Lei de Imprensa”, disse.

“A partir de certo momento, a mídia brasileira importou o padrão Murdoch para inventar notícias. Desde o mensalão, ela vem fazendo matérias mais do que mentirosas, inverossímeis”, afirmou Nassif, em alusão a Rupert Murdoch, controlador da News Corp., conglomerado gigante de mídia que envolve os canais Fox, operadoras de TVs por assinatura, jornais, revistas e estúdios de cinema multinacionais.

Nassif disse que outro grande problema do setor no Brasil é o pacto entre imprensa e Ministério Público, que “permitiu ficar por anos martelando informações mentirosas”, a partir do mensalão.

Paulo Donizetti de Souza chamou a atenção para a necessidade de democratização das verbas de publicidade oficiais.  Para ele, além da censura propriamente dita, de que foi vítima a Revista do Brasil em ações da coligação DEM-PSDB, “os veículos (de mídia independente) sofrem a censura da indústria da publicidade, que também tem interesses políticos”.

“Além da democratização dos meios de comunicação, é importante discutir a democratização das verbas de publicidade. Ou o dinheiro público gasto com publicidade é democratizado ou não vai para ninguém.”

Segundo Donizetti, a luta pela democratização da informação depende de um Congresso Nacional mais progressista. A atual composição, disse, “já mostrou que não tem condição”. No entanto, o debate sobre o tema deve ser pelo menos iniciado. “O argumento de que regular a mídia é censura ou é contra a liberdade de imprensa é uma das grandes mentiras da imprensa comercial brasileira”, afirmou.

Nassif ironizou o caso da jornalista Miriam Leitão, das Organizações Globo, que alegou ter sido hostilizada num avião e recebeu “manifestações de solidariedade por todo lado”, inclusive de lideranças petistas. O mesmo não aconteceu com ele próprio, disse, após ser chamado de “achacador” por jornalistas do Grupo Abril. “Não recebi manifestação de solidariedade.” No entanto, ele é objeto de inúmeras ações da revista Veja, de Ali Kamel, diretor de jornalismo da Globo; do ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes; do ex-deputado Eduardo Cunha e de delegados da Operação Lava Jato.

Ele lembrou que uma das primeiras medidas do governo Michel Temer foi proibir  qualquer forma de patrocínio a blogs contrários ao governo. “É censura ideológica.” Mas previu que “o golpe aprofunda de tal maneira esse modelo da mídia que vai se desfazer por si só.”

Nassif citou a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pelo juiz Sérgio Moro, e disse que “a imprensa está percebendo que exagerou no gás que deu à Lava Jato”. Para ele, o ato de Moro “foi o ultimo vagido (choro de criança recém-nascida) da Lava Jato.”  Na opinião do jornalista, com a condenação de Lula, o país deve começar a voltar lentamente à legalidade. “Teremos uma volta à normalidade lenta, como a reconstrução democrática nos anos 80. O pais é maior do que essa gangue que tomou o poder.”

Assine

Redação

5 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. maior – de certo.
    muito

    maior – de certo.

    muito maior.

     

    por isso eles já tremem, correm e se escondem.

     

    babou o golpe. o poder é do povo.

    vamo tomar de volta oq é nosso.

     

    DILMA VOLTA.

    sem crime, sem impeachment.

  2. pagaram leve ao dizer que é

    pagaram leve ao dizer que é mentirosa,

     

    também e quadrilheira, corrupta ao extremo e golpista, não é opinião, são fatos históricos, incluindo os dias atuais. 

  3. O abismo totalitário aberto

    O abismo totalitário aberto pelo golpe, que cresce desde 2003, não me permite compartilhar do otimismo do Nassif. Mas sem o Nassif e demais jornalistas independentes, não haveria nenhuma esperança. 

  4. O critério baseado apenas em

    O critério baseado apenas em “audiência”, usado pelos governos petistas é a coisa mais estúpida que existe.

    Vamos imaginar uma empresa de mídia paga, como um jornal, revista ou TV por assinatura. Digamos que esse veículo atinja 1 milhão de pessoas, mas tenha um público majoritariamente de direita, ou seja, antipetista. De que adianta colocar uma propaganda ali, do Bolsa Família, por exemplo, se na página seguinte tem uma matéria ou uma coluna de opinião dizendo que o programa sustenta vagabundos e que é preciso “ensinar a pescar” em vez de “dar o peixe”? Em quem esse público, já absolutamente tendencioso vai acreditar? Na propaganda do governo ou na matéria/opinião da revista?

    Veículos de direita com audiência paga não deveriam receber um centavo. É dinheiro jogado no lixo. Não vai convencer ninguém. Na verdade, o efeito é exatamente o contrário.

    Já para veículos com audiência gratuíta (TV aberta e sites), o critério da audiência pode ter um peso maior, mas sem deixar de levar em conta o tipo do público e também o horário. Não adianta colocar comercial junto ao Jornal Nacional, se o programa dedica 99% do seu tempo a apresentar “reportagens” que desmentem aquele comercial.

  5. Voltando aos governos

    Voltando aos governos petistas, não adianta chorar o leite derramado, mas é impossível esquecer o quão inéptos foram Lula e Dilma não promovendo reuniões como essa, entre jornalista, que tem tantos argumentos para mostrar como pode a imprensa ser mais plural, menos invasiva e manipuladora no que se refere a questão que a ela diz respeito por ofício: de servir à população divulgando os fatos, sem partidarismos ou paixões.

    Na verdade, tanto Lula como Dilma, além de nada terem feito pra regulamentar a mídia tadicional, sobretudo esta, ainda se deixaram humilhar e subornar aos apresentadores do JN por diversas vezes. 

    Ah!, como torço pra ver Lula voltando a sentar-se naquela cadeira que dele foi um dia! 

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador