Na Flip, debatedores dizem que governo e mídia dos EUA são coniventes com crimes

Enviado por Assis Ribeiro

Da Agência Brasil

Governo e mídia dos EUA são coniventes com crimes, dizem debatedores na Flip

Impunidade, poder e imprensa foram os motes da primeira mesa que abriu o quarto dia da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) neste sábado (2). Os crimes financeiros, de tortura, de espionagem e de fraude cometidos nos Estados Unidos e pelo governo norte-americano são praticados com a conivência do Estado e da grande imprensa declararam os norte-americanos Charles Ferguson e Glenn Greenwald, convidados na mesa “Liberdade, liberdade”, primeira conversa do dia.

Ferguson fez o documentário Trabalho Interno sobre crise financeira de 2008, ganhador do Oscar de Melhor Documentário em 2011. Ele também escreveu um livro sobre o mesmo tema. O jornalista Greenwald ficou famoso mundialmente após revelar as denúncias feitas pelo ex-consultor da CIA Edward Snowden sobre a espionagem de cidadãos e países feitas pelos Estados Unidos por meio da internet.

Ferguson chamou a imprensa norte-americana de complacente e que contribui para as violações de direitos humanos pois está mais preocupada com dinheiro do que com a ética jornalística.

Greenwald defendeu que a declaração feita pelo presidente Barack Obama ontem (1º) de que algumas pessoas foram torturadas pelo governo evidencia a posição imperialista norte-americana de controlar nações e cidadãos a qualquer custo.

“A maneira tão casual da declaração parecia que essas pessoas que torturam são legais, mas estavam sob muita pressão e portanto não devem ser julgadas”, declarou. “Nenhum torturador foi processado, centenas de milhares de vítimas não têm a quem recorrer por esses crimes. Os Estados Unidos têm 5% da população mundial, porém 25% de todos os detentos do mundo estão nos Estados Unidos”.

Outro exemplo de abuso e impunidade foi citado pelo documentarista ao falar da crise financeira mundial, que para ele não foi um erro, mas um crime do mercado financeiro que secretamente apostou no próprio fracasso com fins de lucro e planejou esse fracasso. “Zero é o número dos processos criminais desses crimes. E o presidente Obama afirma que não houve crime e que não há nada a fazer. Mas ele estudou direito em Harvard e não é nenhum tolinho,” disse. “Em uma década, as pessoas vão esquecer e talvez enfrentaremos uma nova crise no futuro”.

O jornalismo que está sendo feito nos EUA, segundo Greenwald, em vez de denunciar as injustiças, endossa as violações cometidas pelas autoridades e pelo setor privado, o que ajuda a mascarar e ocultar ilegalidades que ocorrem no país. Para ele, a imprensa adotou uma falsa neutralidade que, na verdade, é uma forma de ativismo, de respaldar as ações do Estado.

“Quando há técnicas de investigação por meio de tortura, a mídia americana usa a palavra tortura apenas quando é feita por outros países. Quando é feita pelos Estados Unidos chamam de técnicas de investigação rigorosas,” avaliou. “Os que mataram civis inocentes palestinos são chamados pela imprensa de democracia lutando contra o terrorismo e os que mataram soldados israelenses são terroristas”.

Para o jornalista, atitudes mais radicais de denúncia como a de Edward Snowden são resultado de um sistema fundamentalmente corrupto, pois as instituições que existem para combatê-lo, como o Congresso, a Justiça e a mídia, são controladas por atores envolvidos nesse sistema.

Redação

12 Comentários

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  1. “Quando há técnicas de

    “Quando há técnicas de investigação por meio de tortura, a mídia americana usa a palavra tortura apenas quando é feita por outros países. Quando é feita pelos Estados Unidos chamam de técnicas de investigação rigorosas…”  O uso de eufemismos é a primeira prova do colapso da moralidade e da legalidade. 

    1. Dos relativismos…

      É bem verdade, caro Fábio, a maior forma de autoritarismo, a mais violenta forma de arbítrio é o relativismo absoluto…

      Ou seja: Cada ato, cada violência sempre poderá ser justificada (ou não), dependendo da posição (e do interesse) do interlocutor…

      1. A barbárie não é do interesse

        A barbárie não é do interesse de ninguém, pois em algum momento a banalidade do mal se volta contra quem a fomentou. Os alemães confinaram os judeus nos campos de concentração para incinerá-los aos milhões. Pouco tempo depois, a RAF e a USAF transformaram as cidades alemãs em campos de concentração e incineraram milhões de civis, inclusive mulheres, idosos e crianças. 

        Os gregos não adoravam Ares, pois ele era um deus instável e caprichoso que dormia numa cama feita com as peles dos soldados mortos em combate. Da mesma maneira que podia favorecer seus adoradores, Ares  poderia ajudar os inimigos deles. Eles procuravam aplacar a fúria do deus, mas nem sempre conseguiam. O deus dos exércitos dos judeus impediu que Jerusalém fosse invadida e submetida a saque pelos romanos em 70 dC? 

  2. Santa ingenuidade…

    Não se pode esperar muito de jornalistas…Nem dos que admiramos por portarem como anti-estabilshment, seja pelo tempo que durar esta postura…

    Os governos dos EUA, mídia, etc não são coniventes, eles são a razão de existir destes crimes, ora bolas…

    É a noção de um Estado subserviente aos interesses particularistas (ainda que alçados a dimensão mundial, coerente com o tamanho da potência que os move), associada a máquina de propaganda ideológica midiática, que engedra e executa tais crimes, diluindo a responsabilidade em cadeias de comando e cretinos sádicos que existem aos montes…

    Se é para dar destaque a uma tolice destas, eu digo, como raposa que adora uvas:

    Ainda bem que não fui na Flip, os preços de Paraty, nesta época, não são Paramim…

  3. Ninguém ganha, todos perdem

    “… O jornalismo que está sendo feito nos EUA, segundo Greenwald, em vez de denunciar as injustiças, endossa as violações cometidas pelas autoridades e pelo setor privado, o que ajuda a mascarar e ocultar ilegalidades que ocorrem no país…”

     

    Não se pode chamar isso de jornalismo, nem de imprensa. A generalização também é um equívoco porque encobre os responsáveis e ninguém é punido. É preciso individualizar e responsabilizar pelo menos moral e eticamente os donos da mídia.

    A Justiça e a imprensa sempre foram os últimos refúgios da cidadania. A lamentável constatação é a de que não se pode mais contar com a imprensa. E com a Justiça, dependendo do país também não.

     

     

  4. A mídia esta corrompida, esta

    A mídia esta corrompida, esta é a verdade. Dinheiro acima de tudo.

    Busca da verdade?

    Isto é utopia ………

    1. Video

      Excelente o video, vale a pena investir uma hora para ouvi-lo, sobre a tortura é outro muito bom. Pretendo ouvir os outros assim que sobrar um tempinho. Imagine como o Brasil e outros paises seriam com pelo menos 70% de jornalistas deste feitio…

  5. Ora, a mídia é um, negócio, e

    Ora, a mídia é um, negócio, e o que espera é que ela dê lucro, é o capitalismo, essa é sua lógica, ela existe para isso, essa é sua função, ela escrava do capital, assim como os seus barões, e vassalos iludidos com a aura de celebridade. Bem, diante, disso o que fazer?

    Assumindo, a natureza dessas organizações, a de servas do capital, em detrimento dos direitos e garantias individuais e da coletividade, caberia a essa coletividade, impor, uma forma de mediação, sim é questão de “força”, a força da coletividade versus a do capital, sem ignorar, que a relação não é assim tão dicotômica, embora a dialética seja inegável. Ou seja, a questão é a de regulamentação da mídia, de controle social sobre ela e suas atividades.

    Não é uma solução final, mais uma solução que funcionaria.    

  6. E o Brasil, servo fiel…

    dos Estados Unidos, copia, de modo grotesco o que a midia ianque tem de pior no jornalismo (?). É o pseudo jornalismo recontando a história que já chega cheia de mentiras. Obama é formado em harvard? Honestidade, bom carater e vergonha na cara não se aprende em universidade. Muito menos na casa branca.

  7. li ontem numa capa desses

    li ontem numa capa desses blogs do partido da imprensa golpista que esse encontro teve uma desmesurada atenção para assuntos jornalísticos.

    acho que esses ditos piguentos estão tão distantes do que seja jornalismo que qualquer coisa que se proxime disse afeta-lhes os neurônios nitidamente focados em seus interesses de ganhar dinheiro do sistema finaneiro e desse mesmo sistema internacionall denunciado pelo autor do documentário “trabalho interno”….

    promovem a a guerra e ainda preetendem destruir o estado.

    vão lamber sabão, pô.

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