1.
o que sai dela
é poesia
mesmo que brava
mesmo que treva
mesmo que lava
mesmo que eva
mesmo que um dia.
2.
e quando o teu olhar me percorreu
na linha breve que contém o corpo
eu te entreguei o pouco que é meu.
3.
os menestréis do mundo são bem poucos:
uns arrebentam amores enlutados
outros se encantam nas paixões, já loucos.
romério rômulo
Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.
Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.
😉
(…..)
Felizmente existe alcool na vida
E nos três dias de carnaval éter de lança-perfume
Quem me dera ser como o rapaz desvairado!
O ano passado ele parava diante das mulheres bonitas
E gritava pedindo o esguicho de cloretilo:
– Na boca! Na boca!
Umas davam-lhes as cotas com repugnância
Outras porém faziam-lhe a vontade.
Ainda existem mulheres bastante puras para fazer vontade aos viciados.
(…..)
Manuel Bandeira
Deixei de escrever poesias
E já falei isso aqui. E nao sei bem por qual razão, acho que juntei razões demais e terminei dando às razoes a oportunidade de decidirem sobre esta escrita. Nao escrevo poesias. Mas, às vezes, gosto de lembrá-las, ainda; mas talvez em algum tempo posso ter-lhes pavor. Esta poesia sobre a pena que nao tenho do mundo, eu gosto dela. E deixo aqui estes versos, antes de mudar de ideia.
A Pena do Mundo
Prefiro morar em meus versos.
Não posso ver: é tudo tão penoso?
Porque não tenho pena.
E se a pena em mim não vaga,
Como viver em um mundo de dar tanta pena? Vou correr atrás dos versos.
Nas palavras vejo o teto.
Dos contos saem meus protestos.
Depois da vírgula é o meu depois.
Antes do ponto o suplício eterno. Não tenho pena do mundo penoso.
Tenho a escrita e sou reerguida.
A juventude foi-me extinta.
E se nem de mim vou eu ter pena.
Que coma o mundo as suas penas!
E as aclamadas mundanas glórias,
Quando virão em nossa terra?
Se sentimos pena, não nos acerca.
Não tenham pena e seremos glória.
Viveremos entre penas e glórias?
Conhecemos penas, e não glórias.
Falemos então de penas e de temores.
Ambos nascem e nos destroem.
Porque do medo vem a pena.
A pena de um dia ver:
somos parte disso que nos dá tanta pena.