O abalo da democracia brasileira e a noção de tolerar, por Mario Sergio Cortella

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – O Diário do Centro do Mundo e a TVT entrevistaram o filósofo Mario Sergio Cortella, para falar sobre a intolerância, a falta de diálogo na sociedade, a democracia brasileira, a Operação Lava Jato e perspectivas para o futuro do país.
 
“A palavra intolerância, do latim, significa suportar, por isso tolerar é segurar. Há muitas formas de intolerância, por exemplo, na religião, posso chamar aquele que não tem a mesma religião de infiel. Há intolerância no campo do futebol, da política partidária, da convivência em relação à orientação sexual, isto é, a intolerância é a recusa a outros modos de ser”, introduziu Cortella.
 
Para ele, as manifestações decorrem da urbanização acelerada e formação de grandes centros urbanos no Brasil no último meio século, que estimulou a produção do anonimato e da “não hegemonia de um único grupo”. 
 
A consequência disso é que a “sociedade que se tornou muito mais aberta admitiu que viessem à tona coisas que, antes, não tinham o seu lugar”. Mas, “só é possível a relação de intolerância se houver a diversidade”, completou.
 
“A ideia de que você possa ter o gay, o refugiado, o indígena, o sem terra, o sem teto, dá uma diminuição de estatuto relacionado à pessoalidade que aquele ser carrega. Quando você diz ‘ser humano’, você dá uma identidade imediata. A esse esvaziamento conceitual a intolerância carrega, quando ela tenta fazer com que aquele que não é ‘ser humano’ seja entendido como menos”, analisou.
 
Sobre a Operação Lava Jato, o filósofo destacou que “nós estamos apurando só o recurso público que é furtado no caixa”. “Falta a segunda operação: que é aquele que impede que ele chegue ao caixa, a sonegação”. 
 
Em relação a esperanças e previsões para os próximos anos e o que se seguirá com a possibilidade de continuidade de um governo Temer, Cortella disse não ser possível fazer um prognóstico.
 
“Eu não tenho uma visão catastrofista em relação ao que virá, acho que temos instituições um pouco mais sólidas, de convivência. Mas também não tenho uma visão triunfalista, de achar que vamos reerguer. Nossa democracia está em um momento especial, mas está abalada, acho que ainda temos uma boa década de processamento de circunstâncias”, finalizou.
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

1 Comentário

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  1. Poxa Cortella!
    Poxa Cortella! Vc é uma cara admirável, mas precisa escolher melhor os sites que frequenta!
    Mesmo com tuas respostas imparciais, estes caras de pau tentaram por vários modos distorcer através de imagens e citações duvidosas tuas análises para beneficiar seus interesses!!!
    Caberia até um processo… depois reclamam da Globo. Sem moral…

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