O álbum da família Richa, por Celso Nascimento

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Jornal GGN – Luiz Abi era primo de Beto Richa, governador do Paraná, até o dia em que foi preso sob suspeita de fraudar licitação. O governo do PSDB paranaense não se deu por vencido e afirmou que o cidadão era primo distante do governador, nada que pudesse macular a imagem do tucano. Mas não pegou bem e, é claro, várias fotos e fatos da estreita ligação dos dois vieram a público. E nem se está falando de fatos novos, mas sim velhas fotos da estreita ligação dos dois ao longo dos anos e dos governos. E se é verdade que a relação de parentesco é tênue, a amizade e as relações de negócios assumem outra proporção. Leia a coluna de Celso Nascimento, da Gazeta do Povo, de Curitiba.

Acima, Luiz Abi (terno cinza) se destaca ao lado de Said Hariri, ex-primeiro-ministro do Líbano, em ato oficial a que também Richa estava presente. Abaixo, comitiva paranaense (Abi é o de camisa vermelha) e anfitriões em torno de uma mesa no convés do iate.

da Gazeta do Povo

Álbum de família, por Celso Nascimento

Quando Luiz Abi foi preso pelo Gaeco sob suspeita de fraudar licitação do governo, foi aquela correria no Palácio Iguaçu. “Ele é apenas um primo distante”, dizia o governador Beto Richa, visivelmente incomodado com o infausto acontecimento que afetava a família. Depois, ainda que todos concordassem sobre a distância do parentesco que os tornava primos em 4.º ou 5.º grau (parece que eram irmãs as bisavós de ambos), veio outra versão: que Luiz Abi não passava de alguém com quem o governador manteria apenas “relações sociais”.

Ambas as explicações são verdadeiras, embora a intenção seja a de tentar esconder uma proximidade que, aos olhos palacianos, beirava comprometimentos não-republicanos. De fato, vêm de longe as “relações sociais” de Beto Richa com o “primo distante”, como documentam atos oficiais como a nomeação de Abi para o gabinete do então deputado Beto Richa e, também, o álbum de fotografias que passou a ser alimentado por registros na internet e por arquivos esquecidos em computadores de terceiros.

Desses velhos arquivos digitais fazem parte as fotos publicadas ao lado. Elas datam de 2009, quando Richa era ainda prefeito de Curitiba. Supostamente convidado para proferir uma palestra em Jerusalém, aproveitou a ocasião para levar com ele numerosa comitiva, da qual faziam parte, entre outros, a primeira-dama, Fernanda Richa; o então procurador-geral do município e atual presidente do Tribunal de Contas, Ivan Bonilha; o prefeito de Cornélio Procópio e ex-secretário do Trabalho, Amin Hannouche; e, claro, o indefectível Luiz Abi. A viagem não terminou em Israel. Como estavam mesmo ali pertinho, Richa e comitiva seguiram para o Líbano, terra dos ancestrais dele e do suposto primo. Foram recebidos com honras de estado, com grande protagonismo de Luiz Abi, que de longa data cultiva amizades importantes naquele país, a ponto de facilitar passeios em iates de luxo (o que lhes serviu foi o Lady Y, de 62 pés, seis suítes, avaliado em US$ 30 milhões).

Abi foi também o agente que pôs Beto Richa em contato com Said Hariri, filho de Rafic Hariri, o primeiro-ministro morto em atentado quatro anos antes. Said, conhecido magnata, sucedeu o pai como primeiro-ministro do Líbano, um país paradisíaco (salvo pelas cicatrizes de guerra) e discretíssimo importador de quantidades significativas de massari “made in Brazil” excedente.

São apenas recordações afetivas – cada vez, porém, mais distantes à medida em que o Gaeco caminha no sentido contrário, mostrando a proximidade de alguns com fraudes licitatórias e fiscais em Londrina e adjacências.

 

 

 

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

10 Comentários

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  1. Fraude e licitação? Pelo que

    Fraude e licitação? Pelo que li por ai tem coisa mais pesada contra ele, alias, que diz muito por que querem o povo de joelhos.

  2. O suposto brimo foi passear supostamente

    num suposto pais chamado Líbano (supostamente), com as despesas supostamente pagas pelo erário supostamente rico do suposto estado do Parana.

    Cansei de escrever tudo isto. Supostamente

  3. Haja Photoshop para editar

    Haja Photoshop para editar todas as fotos da internet onde aparece o “suposto primo” junto com o governador. E a cada dia aparecem mais…

  4. Claro que o que interessa não

    Claro que o que interessa não é se o sujeito é primo em primeiro ou quinto grau. Mas sim que grau de importância tem como auxiliar do governador. Acho normal o governo paranaense passar a tratá-lo como “primo distante”. Essa reação é praxis de todos pegos em situação embaraçosa.

    O ridículo é a Folha que inventou uma categora nova de parentesco, “suposto primo”. O que no fundo é coerente com o suposto jornalismo praticado pela imprensa brasileira. Essa vai para a galeria do boimate, Nassif. 

  5. O fato de serem parentes nem

    O fato de serem parentes nem teria importância, o que importa são as relações pessoais incontestáveis entre Richa e Abi, mas na cultura e tradições libanesas os 2 são sim considerados parentes próximos, o que por si só não quer dizer muito, mas quando se associa as relações pessoais próximas e a cultura e tradições familiares, se tornam negócios da familia.

  6. O primo-socio indesejavel. No Parana também é assim

    A foto do iate é ilustrativa da velha politica. Ou eles pensam que ao serem recebidos nesses paises, não são vistos com desprezo pela vulgaridade ostentada ?

  7. Pelo suposto …

    Nassif. Seus comentaristas são insubstituíveis. É sempre bom dar boas risadas quando os espertinhos  do PSDB não conseguem mais esconder sua esperteza. Pelo suposto …

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