O cenário político para 2014 com Marina e Serra

Por Sergio Saraiva

Comentário ao post “O jogo de xadrez de Marina e Eduardo Campos

PSB – Partido da Sustentabilidade Brasileiro e Serra para presidente.

Em 2014, Marina Silva (PSB) e José Serra (PSDB) disputam o 1º turno das eleições para decidir quem enfrenta Dilma (PT) no 2º turno.

O cenário acima pode parecer ser insólito mas é plausível, se dois pontos que têm me feito pensar acontecerem.

Tudo vai depender dos resultados das próximas pesquisas.

PSB – Partido da Sustentabilidade Brasileiro.

Marina era cultuada pela grande imprensa como a garantia de um segundo turno. Era o sonho de repetir em 2014 o mesmo papel que Marina representou em 2010. Em 2010, Marina substituiu a “bala de prata” que a grande imprensa disparou contra as candidaturas do PT em todas as eleições anteriores – de Mirian Cordeiro a Escândalo dos Aloprados.

A decisão do TSE negando registro ao Rede foi um momentâneo banho de água fria nessa pretensão. Mas a inda de Marina ao PSB a ressuscitou.

Bastava inverter a cabeça de chapa pessebista trocando os 5% de Eduardo Campos pelos 16% de Marina. Mas isso é como preparar uma sopa de tigre. É fácil, depois de matar o tigre. E o tigre são as aspirações presidenciais de Eduardo Campos, o dono do partido.

Para conseguir tal feito será necessário emparedar Eduardo Campos. Quando lembramos o nível de pressão a que foi submetido o ministro Celso de Mello no caso dos embargos infringentes e a que foi submetido o próprio TSE para dar um “jeitinho” no registro da Rede, sabemos que a grande imprensa tem as ferramentas necessárias para a obra e não tem escrúpulos em usá-las.

As próximas pesquisas dirão se Eduardo Campos cria corvos ou não.

A próxima pesquisa é sintomática. Não só pelos seus resultados, mas também pelo seu método.

Pelo lado dos resultados, os que podem interessar e mudar o rumo das articulações seriam um súbito e forte crescimento de Eduardo Campos ou o despencar de Marina. Mostrariam a assimilação, no primeiro caso, ou rejeição, no segundo, da manobra de Marina por seus eleitores e já definiriam o quadro em que se dariam as eleições, salvo chuvas e trovoadas.

Fora isso, se os resultados mostrarem a continuidade do que vimos acompanhando, ou seja, a recuperação paulatina de Dilma e o emparelhamento dos outros candidatos, teríamos de esperar mais pesquisas, pajelanças e danças da chuva para ter um quadro mais definido.

O método das pesquisas pode, no entanto, ser mais revelador. Em princípio, Marina não deveria aparecer nas pesquisas. Não é mais candidata. Se, no entanto, forem realizadas pesquisas alternando o candidato do PSB entre Eduardo Campos e Marina Silva, então, começou o emparedamento.

Resultados que mostrem Marina Silva consistentemente em segundo lugar e Eduardo atrás de Aécio tornariam a pressão beirando a inconvivência de ambos, Eduardo e Marina, no mesmo partido, ainda que Marina fizesse o que melhor sabe fazer em momentos de confronto, se fingir de morta enquanto o pau come solto. Eduardo teria, nesse caso, forças políticas para enquadrar Marina como enquadrou Ciro Gomes?

Aguardemos.

Serra para presidente.

Há um outro aspecto que tem sido pouco explorado nas análises das eleições de 2014 – as eleições estaduais.

As últimas eleições municipais mostraram um quadro interessante dos partidos brasileiros.

Existem dois partidos nacionais, PT e PMDB. Existem dois partidos regionais com inserção nacionais – PSDB baseado no sudeste mas com ramificações nacionais e o PSB com base no nordeste e com as mesmas ramificações nacionais. Os outros partidos se pulverizam pelo território nacional.

Pois bem, de uns tempos para cá, chamou-me atenção a não renovação de quadros no PSDB. Um erro estratégico que Lula não deixou ocorrer no PT, mas que devido ao personalismo dos líderes tucanos acabou por ocorrer no PSDB.

Com mensalão e tudo, hoje, o PSDB é um partido mais envelhecido que o PT. Envelhecido ao ponto de não possuir quadros para disputar com chances de vencer ao mesmo tempo as eleições federais e estaduais.

A base do PSDB e o que tem permitido que ele se mantenha ativo mesmo com 10 anos fora do poder central são os governos de São Paulo, Minas e Paraná. O núcleo duro do PSDB.

Ocorre que Alckmin se desgastou muito em São Paulo. Embora, após os protestos de junho, Alckmin tenha sido posto sob o manto da invisibilidade da grande mídia, embora São Paulo, cidade e Estado, continuem muito conservadoras, beirando o reacionário, há um mal estar com a administração tucana pairando nos ares paulista e paulistano. Alckmin, tem um enorme passivo de massacres nos seu currículo. Do da Castelinho ao do Pinheirinho, passando pela matança de Maio de 2006, que pode até sobrar para Cláudio Lembo mas que é de Alckmin, e pelo histórico de repressão violenta, seja na USP e USP Leste seja nas balas de borracha dos protestos de junho de 2013. Só isso já bastaria para tornar sua campanha como vulnerável.

Agora, some-se a isso as poderosas denúncias em relação ao propinoduto Siemens-Alston, o nada para mostrar em termos de desenvolvimento estadual e o desgaste natural após 20 anos do mesmo partido no poder e não seria de estranhar uma derrota para o candidato do PT, um Padilha que já não é mais tão poste após o Mais Médicos.

O Paraná, e aqui Paraná é sudeste tanto quanto o Espírito Santo é nordeste, o Paraná deve ser mantido pelo PSDB em 2014. Mas depois de uma luta dura contra Gleisi Hoffmann e sem um 2018 em segurança. Isso a depender da decisão de concorrer ou não de Requião. Com Richa, Gleisi e Requião no mesmo páreo, nem o Paraná está seguro em 2014. Mas aqui, eu conheço pouco da política paranaense.

Agora chegamos a Minas.

Para Aécio o melhor dos mundos seria a candidatura à presidência em 2014. Não tem o que perder e tem muito a ganhar. Seu mandato de senador vai até 2018, não seria afetado por uma derrota em 2014. Além disso, a campanha de 2014, com um possível segundo turno, daria a ele o recall necessário para se apresentar como o candidato natural do PSDB em 2018. Aí sim, concorrer com chances reais de levar.

Ocorre que não há sucessor para Anastasia. Minas é um caso onde a vitória do PT está muito bem encaminhada com Pimentel.

Perder Minas, São Paulo e com o Paraná sem garantia de vitória em 2014 e com sério risco de perdido em 2018, combinado com o governo federal nas mãos do PT significaria o fim do PSDB como grande partido.

Esse é o dilema aparentemente não discutido até aqui. As eleições de 2014 podem representar o fim do PSDB como partido viável por muito tempo e mesmo como partido, no caso de uma debandada motivada pelo seu rebaixamento de representatividade eleitoral. E sem partido não há candidatura em 2018.

Se as próximas pesquisas demonstrarem um Aécio persistentemente no 3º posto da corrida eleitoral para presidente, atrás de Marina “Campos” Silva, talvez seja melhor garantir o governo de Minas.

Com Aécio lutando por Minas e Alckmin defendendo a cidadela paulista, restaria ao PSDB sair com Serra, o mais preparado, para presidente.

Aguardemos.

Luis Nassif

7 Comentários

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  1. “A decisão do TSE negando

    “A decisão do TSE negando registro ao Rede foi um momentâneo banho de água fria nessa pretensão. Mas a inda de Marina ao PSB a ressuscitou”:

    Nope, Sergio.  A decisao a afunda, como ja comecou a acontecer desde o primeiro dia com as declaracoes de “chavismo petista”.  Ou ela se degrada  para ter cobertura mediatica ou se anula aa sombra de Campos, que EH candidato forte e EH dono de partido.

    Em ambos os casos…  ela se acaba.

  2. o osso

    Lembro que, em 2010, muito se especulou sobre Serra concorrer ao governo do estado de sp …

    Nem Aécio nem Campos largarão o osso. Os dois miram em 2018, em que o PT, tirando Haddad e uma eventual volta de Lula, está sem quadros. Pra isso precisam de recall em 2014.

     

    1. Sem quadros?
      A chance de

      Sem quadros?

      A chance de sucesso de Aécio e Campos são as mesmas de Padilha aqui em SP, e Lindenberg no Rio. Somando-se a Haddad o PT  vem com uma renovação inédita na história política brasileira, e mais, Luzianne no Ceará.

      1. quadros

        Padilha e Lindenberg só viram quadros de renome nacional se ganharem as eleições. Padilha, talvez até sem ganhar, por conta do mais médicos. Mas até então Dilma, por conta de seu próprio estilo, não deixa nenhum ministro assumir protagonismo.

        Luzianne é quadro regional.

  3. Caramba, é caolho ou

    Caramba, é caolho ou autista?

    Bancoop, mensalão, dossiês (que não são bala de prata, são “artefatos” que o PT de mão beijada entrega prá imprensa noticiar), e depois disso, a execução do PAC, o pedófilo da casa civil, o corrupto do ministério do trabalho, a economia…. nada disso pesa no PT?

    Sua análise é anti-narcisista, só mostra o que não é espelho….

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