O Choro, seus Chorões e a celebração do dia

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Jornal GGN – No Dia Nacional do Choro nada melhor que conversar com quem entende do riscado. No Bar do Alemão, reduto famoso pelas rodas de choro, Jornal GGN conversou com tantos músicos que abraçaram o chorinho, e que dele fizeram seu gosto e gesto em direção ao que de melhor temos em nossa música.

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O Choro, ou Chorinho, nasceu no seio das classes populares, e recebeu este nome pelo lamento que carrega, mesmo caracterizado pela musicalidade e euforia. Chorões, seus executores, marcam-se pela habilidade excepcional como instrumentistas na execução destas pérolas, bem como pelo poder de improvisação. O Chorinho resiste, e na voz de músicos que o perseguem como sonho, existe um mundo rico em sons, mas carente de espaços onde possam se expressar.

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Aclamado, aplaudido, perseguido, chorado, um lamento…

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“Eu acho que eu cheguei no Choro e o Choro chegou em mim”, diz Dudah Lopes, que foi em busca de algum som que fugisse do Jazz, fosse bem brasileiro e também um desafio. E o Chorinho aconteceu. “O Choro é o maior desafio em matéria de música que eu já vi na minha vida”, diz ela, “enquanto ritmo, é o maior desafio que eu conheço”. Mas o Choro teve outra vertente, segundo Dudah, ele é essencialmente masculino, e ela entrou com a cara e a coragem neste mundo, desbravando.

O Chorinho, segundo Dudah, está nas paradas, tem muitos lugares, em São Paulo, mas ainda são insuficientes, “o que é uma pena”, diz ela, pois o ritmo é a expressão do povo brasileiro. Para ela, um dos responsáveis pelo ressurgimento do Chorinho é obra de Seu Isaias. O resgate em escolas de música, ainda não representa uma mudança, é pouco ainda.

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Barão do Pandeiro começou a tocar com 5 anos, ao descobrir o pandeiro e o Chorinho, ao mesmo tempo. A música nunca mais o deixou e nem ele deixou a música. Para ele, tem-se, hoje, vários talentos e vários músicos se revelando, e com a internet se toma conhecimento mais fácil do que antes. Mas público ele acha que é o que sempre teve, às vezes um evento leva maior número, “mas na verdade o público para o instrumental não é grande em lugar nenhum do mundo”, diz, “o público é o que temos para hoje ao qual procuramos atender da melhor maneira possível”, brinca.

Música tem, Chorões também, mas falta ainda a percepção dos donos de espaço quanto à música, ao que ela pode atrair. Para Barão, com mais de 40 anos de noite, “mudou, a partir dos anos 90, o universo da noite mudou”, entende ele, e o dono do bar deixou de contratar o músico para entregar para ele a noite, para que encha a casa.

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Valdo Gonzaga tem, em sua vida, o Choro desde criança, com o pai violonista ele cresceu com o violão nas mãos e a música, em sua plenitude, ao seu redor. O Choro desde a década de 1970, tem seu resgate, e de “lá pra cá vem sempre crescendo”, diz ele, “e faz parte de qualquer evento”. Para ele o Chorinho é uma escola, pois se o músico tem o Choro consegue ir para qualquer outro gênero, pois ele é ótima base, é ponto de partida para tudo, “é a escola ideal par ao músico”. Professor de música, Valdo vê o Choro caminhar forte pelas mãos de novos músicos.

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Roberta Cunha Valente achou o Chorinho ao começar a freqüentar o Bar Bom Motivo. Antes de abraçar profissionalmente a música, tentou abrir frentes para tantos músicos que conheceu na noite, fazendo um panfleto divulgando os shows e bares que traziam boa música. Daí para escrever em um site de Samba e Choro foi um passo, e um abraçar constante, da divulgação da música brasileira. Hoje, as redes sociais, principalmente o Facebook, têm facilitado a comunicação entre os amantes da boa música e os tantos profissionais por estas terras.

“Eu acho que a gente não tem ainda um público grande de Choro”, entende Roberta, e isso por culpa, exclusivamente, da mídia, que “não tem interesse nenhum em divulgar o Choro”. Agora com a internet, com sites como o Catraca Livre, que divulgam, por pouco que seja, eventos conseguem um público novo. Mas mesmo com a internet ainda é pequeno o espaço para a divulgação do Choro, é preciso mais divulgação para que o ritmo se alastre, se consolide novamente.

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Já Alessandro Penezzi, de Piracicaba, teve contato com Choro em sua terra natal. A seresta e o Choro sempre caminharam lado a lado, com grupos que executavam um e outro gênero, e o levavam pela região. Foi lá que aprendeu tudo sobre a música, tudo sobre o Choro. Hoje em dia, entende Penezzi, em sua cidade, existe pelo menos um grupo tocando Choro em cada bairro, diferente de seu tempo de infância.

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Marco Ruviaro, que levou o chorinho para além-mar, mora em Turim, na Espanha. Ele afirma que a aceitação do ritmo é muito rápida na Europa, já que ele não nasceu no Brasil, mas sim foi fruto de uma nova leitura. “A música é muito próxima à européia”, diz ele, “apesar de que, na versão que a gente faz, que é o choro tocado à moda brasileira, é uma coisa que eles não conhecem”.  A reclamação de Marco, e que é voz corrente entre os músicos, é que as pessoas estão se acostumando mal, achando que música é só o que sai de um aparelhinho, “não se vai assistir músico que produz música, a música como expressão artística que é feita ali, na hora”. O mundo moderno se apóia muito em DVD, televisão, canais que são muito úteis para divulgação, mas não são a essência do músico, de sua interpretação. Na outra ponta, lembra que a internet é ótima, é livre, mas que se não for usada com “a cabeça” perde-se a ligação entre a produção artística e o público a que se destina.

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E a noite não termina enquanto o Chorinho não se cala.

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Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

1 Comentário

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  1. CHORINHO

    Fantástica a internet! Estava procurando por outras coisas e dei de cara com um vídeo seu com a especial participação do meu sobrinho Ivan Melillo (flautista).

    Beijo grande! 

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