O desmonte sistemático da Fundação Padre Anchieta, por Luis Tadeu Santos

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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O desmonte sistemático da Fundação Padre Anchieta
 
Luis Tadeu Santos, Pelo Facebook

Amigos músicos, principalmente aqueles que conhecem, ouvem e já estiveram de alguma forma presentes na Rádio Cultura Brasil. Como vocês sabem, é uma emissora AM da Fundação Padre Anchieta, mas que podemos sintonizar na internet, com programação ao vivo e a participação constante dos ouvintes, através de um chat e acompanhamento online dos estúdios.

De uns tempos pra cá, sentimos um acúmulo de problemas técnicos na emissora, chegando ao cúmulo de sair do ar por várias horas. Mas nesta segunda, dia 2, uma surpresa a todos: a rádio entrou no automático de uma hora pra outra, numa falta de respeito absoluta pelos ouvintes. Soubemos da demissão de dois apresentadores, de um diretor de programa e de estagiários da produção.

Sabemos que os programas “Galeria”, de Alexandre Ingrevallo e o “RadarCultura”, de Teca Lima, ambos de entrevistas e que abriam espaço para a presença de profissionais da música, teatro, cinema e artes em geral deixarão de existir. O programa “Cultura Livre”, da Roberta Martinelli, que tem um braço na TV Cultura, deixará de ser transmitido diariamente ao vivo e terá uma única apresentação semanal, gravada. O mesmo ocorrerá com o Discoteca, uma seleção especial feita diariamente e ao vivo pela Teca Lima. O Bamba Jam, de Jai Mahal, e a Seleção do Ouvinte, com a Roberta Martinelli, parece que continuarão, porém gravados, não mais ao vivo. A interatividade com o ouvinte, grande diferencial da emissora, simplesmente é jogada no lixo.

Resumindo: a rádio será mantida no ar apenas para não gerar críticas da imprensa, mas agora praticamente toda a programação será gravada e produzida por uma equipe reduzida ao mínimo possível. Até se extinguir em definitivo. Tudo para acatar as ordens do governo estadual para um corte de 15% no orçamento do ano.

Temos um grupo que reúne quase 300 ouvintes da rádio, e estamos iniciando uma mobilização para mostrar a nossa repulsa e indignação ao Presidente da Fundação Padre Anchieta – Marcos Mendonça, a seu vice José Roberto Walker, que é quem está tomando as decisões, ignorando que a rádio tem ouvintes. Faremos uma petição de abaixo assinado pela rede social, que esperamos chegue ao Secretário Estadual da Cultura e Educação, além do Governador Geraldo Alckmin, que deveria prover recursos para investir na Fundação. ao invés de eliminá-los. Queremos chegar também à imprensa especializada.

Como ajudar? Músicos, fãs, ouvintes:por enquanto entre no sitehttp://culturabrasil.cmais.com.br/fale-conosco e envie o seu comentário da sua (espero) indignação com o que está acontecendo na Fundação Padre Anchieta. A Rádio Cultura Brasil, migrando para uma frequência FM, como estaria previsto, e com esses diferenciais de interatividade e MPB, tem tudo para ser a maior emissora de rádio do país. É nossa, e é um dos poucos espaços que temos para apresentar e divulgar a música brasileira.

Obrigado.
Tadeu

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

8 Comentários

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  1. Quanto custa?

    Sustentada pelo governo do estado mas aberta a publicidade (contrariando propósitos iniciais da Fundação Padre Anchieta quando surgiu nos anos de 1960), tanto a rádio como a TV Cultura tem gastos imensos e pouco contra partida. Na TV, existem programas mencionando e divulgando exposições de arte plástica no exterior e nenhuma ou pouca referência ao que acontee na área das artes e cultura no interior paulista. Tem filme dublado, o que encarece a exibição dos filmes. Alguns chatos, mas chamados de cult. Enfim, não existe transparência quanto ao seu custo para o governo do estado (nós, o povo), quanto fatura com a publicidade, quanto gasta em salários de apresentadores, diretores, etc. Em tempos passados, um conhecido jornalista ganhava 14 mil por mês e mais porcentagem sobre a publicidade obtida, para produzir e  apresentar na rádio um programa de meia ou uma hora com música clássica na base de CDs. Provavelmente, não recolhia direitos. 14 mil por mês há uns quatro ou cinco era (e ainda é) muito dinheiro saído do nosso bolso. Quanto custa a fundação Padre Anchieta? O povo agradece saber. sabemos i

  2. Além da RTC (rádio e

    Além da RTC (rádio e televisão Cultura) há um desmonte completo na área cultural do estado de SP.

    – A rádio cultura FM, especializada em música clássica, perdeu muito da sua qualidade e dinamismo que teve nas décadas de 80 e 90. Sobraram poucos programas que valem a pena

    – a TV cultura já era. O Roda (?) Viva virou uma veja na tv

    Na secretaria de ESTRAGO da Cultura, sim, ESTRAGO mesmo:

    – A ex-ULM, atual emesp, que é uma escola de música pública foi disfarçadamente privatizada na calada da noite pelo Cerra. Está cada vez menor. Ouvi de um amigo músico professor lá que a cada ano tem menos aluno e menos aulas, porém custa cada vez mais para o governo. Sabe como é, os novos “donos” do pedaço arrecadam mais e gastam menos …

    – A OSESP foi semi-privatizada e americanizada. Agora a tônica é tocar compositores estadunidenses. Nada contra eles, tem vários que são bons, mas e os brasileiros? Porque esse descaso com nossa própria produção? Quando se encomenda música de compositores brasileiros chamam compositores populares. nada contra, mas e os eruditos?

    – Todos os teatros estaduais estão nas mãos de ONGs dos amigos dos tucanos. O Andrea Matarazzo é dono de uma delas;

    – Todos os cursos e oficinas nas periferias nas mãos das mesmas ONGs;

    Enfim, toda a cultura paulista está sendo desmontada e privatizada.

    Nunca imaginei que sentiria saudades dos tempos do Quércia …

  3. Óbvio que não serve de

    Óbvio que não serve de consolo aos paulistas, mas o governo “petista” de Fernando Pimentel trilha caminhos idênticos nas alterosas. Ninguém consegue entender o que está acontecendo na Rede Minas de Televisão e, principalmente, na Radio Inconfidência, com as figuras que foram até agora nomeadas para os cargos mais importantes. Tudo leva a crer que o objetivo é o desmonte das emissoras. 

  4. O desmanche sistemático da Fundação Padre Anchieta

    Muito obrigado pela reprodução de meu texto, na íntegra. Sou um amante da música brasileira e ouvinte assíduo e participante da Rádio Cultura Brasil – um dos pouquíssimos espaços existentes para nosso artista independente ou não, novo ou não, mostrar o seu trabalho. Tudo ao vivo, com a participação e interatividade do ouvinte pela internet, de uma forma que não existe em nenhuma emissora. 

    Mas o desmanche se alastra: o programa Cultura Livre na TV, braço do programa nascido na rádio, criado e comandado pela excelente Roberta Martinelli, com pouquíssimo tempo no ar, foi indicado pela Associação Paulista de Críticos de Arte um dos 5 melhores programas de variedades de 2014. Dos cinco, 3 eram da TV fechada – O Infiltrado (History Channel); 100 Anos de Seleção Brasileira (Nat Geo) e Elas (TCM), e 2 da TV aberta: Cultura Livre e Agora é Tarde (Band). Ou seja, a APCA elegeu o Cultura Livre um dos dois melhores programas da TV brasileira em 2014. E não é que os caras pensam em acabar com ele? Não dá para entender o que estão fazendo e aonde querem chegar. 

     

     

  5. Radio Cultura

    Nao consigo comentar no site indicado aqui na nota por ser da Argentina. Mas o corpo da mensagem era:

    Sou um ouvinte de vários dos programas que oferece a rádio; todos eles de altissima qualidade. Desejo que todos eles sejam mantidos para continuar a oferecer uma programacao boa,  util e que faz com que a cultura do Brasil seja curtida além das fronteiras do Brasil.Desde Buenos Aires, Argentina: Abrazo grande a todo el equipo de Radio Cultura Brasil.

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