O ministro arcaico tem que ser demitido, por Alex Solnik

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Por Alex Solnik

Sugerido por Andre R St

Freire, o ministro arcaico, tem que ser demitido

Do 247

Ser ou não ser investigado na Lava Jato, ser réu ou não no STF, não pode ser o único critério para um ministro ser demitido.

A cena lamentável e vexatória protagonizada hoje, em São Paulo, pelo ministro da Cultura, Roberto Freire tinha que merecer demissão por justa causa.

Ministro da Cultura não pode agredir publicamente o maior escritor brasileiro vivo tratando-o por “adversário” e não pelo epíteto adequado a um agraciado com o maior galardão da Literatura luso-brasileira, justamente na cerimônia de entrega do Prêmio Camões, com a presença de escritores, poetas e filósofos e do embaixador de Portugal.

Ministro da Cultura que ofende uma das maiores expressões da Cultura brasileira não pode continuar ministro.

O dia era de Raduan Nassar, gênio da raça que com apenas dois títulos – “Lavoura arcaica” e “Um copo de cólera” – graças a um estilo inventado por ele e uma escrita que explora as profundezas da alma humana ocupa um lugar equivalente aos maiores escritores de todos os tempos, não só do Brasil ou de Portugal, mas do mundo.

Em vez de exaltar a qualidade da obra e do autor, Freire ocupou-se em rebater o discurso de Raduan, de conteúdo eminentemente político, mas que em momento algum o agrediu.

“É um adversário recebendo um prêmio de um governo que ele considera ilegítimo” disse Freire, omitindo que o governo brasileiro que o premiou foi o da presidente Dilma, em 2016 e exalando rancor, como a sugerir que ele deveria devolver os 100 mil euros, 50% dos quais bancados pelo governo português e 50% pelo brasileiro.

“Permitimos que o agraciado dissesse o que quisesse e imaginasse” insistiu o ministro na grosseria, sem se dar conta que o verbo “permitir” não se coaduna com o regime democrático, no qual ninguém precisa “permitir” que alguém opine sobre alguma coisa.

Às suas palavras – um explícito atentado à cultura e à civilidade – a plateia respondeu com sonoras vaias, gritos de “Fora Temer” e observações de que o ministro não estava à altura do evento, do poeta Augusto Massi, a quem Freire qualificou de “idiota”, outra palavra frequente em seu limitado vocabulário.

Não é a primeira vez em que Roberto Freire dá mostras de descontrole e truculência, como testemunham seus ex-companheiros do PCB, partido que presidiu e depois destruiu, erguendo em seu lugar uma coisa indefinida e amorfa chamada PPS (Partido Popular Socialista), que não é popular e muito menos socialista.

Não é também a primeira vez em que revela seu desconhecimento do que é democracia, como demonstrou com seu comportamento durante o processo de impeachment, aderindo ao grupo golpista liderado por Eduardo Cunha, Michel Temer, Romero Jucá, Aécio Neves, Jair Bolsonaro e outros representantes do obscurantismo.

Ele foi o responsável pelo vexame internacional, totalmente premeditado por ele. Tanto é que inverteu a ordem natural dos discursos, cometendo a descortesia de impedir o premiado de ser o último a falar, como é a praxe em eventos desse tipo.

Elefante em loja de louças, ao se empenhar em desmentir que faça parte de um governo golpista deu um tiro no pé, confirmando a natureza ilegítima de um governo no qual, por consequência, todos os ministros, como ele, também o são.

Demiti-lo é um favor que Temer faria à Cultura, ao seu governo e a todos os brasileiros, já que está decidido a produzir uma agenda positiva.

Livrar-se de um ministro arrogante, inculto e sem noção de decoro seria uma atitude de respeito para com o governo português e para com o poeta Luis Vaz de Camões.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

22 Comentários

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  1. Com saudades do stanilismo,

    Com saudades do stanilismo, onde foi gerado, o ministro da cultura golpista protagoniza mais uma baixaria em nível internacional, constrangedo os presentes a uma solenidade tradicional que une a cultura portuguesa à brasileira.

    Só mesmo quem carece de um mínimo de educação e civilidade poderia dar tal vexame. Mesmo não concordando com o discurso de Radaun Nassar, qualquer cidadão minimanete civilizado teria outra atitude.

    E o malandro ainda deu um jeitinho de flar por último numa solenidade em que, pelo que demonstra ser, era apenas um penetra.

    1. Inacreditável mesmo. Qual o

      Inacreditável mesmo. Qual o tamanho de uma figura que consegue fazer com que um ministro da cultura passe por penetra inconveniente? 

      São tantas baixarias desse governo que fico pensando se a imagem internacional do Brasil ainda é recuperável? 

  2. Ministro jeca dá vexame

    Os vídeos estão aí. Foi uma cerimônia lamentável. Acho que a politização feita por Raduan Nassar foi inapropriada. Não era hora. Era uma festa que homenageava a literatura brasileira. A intervenção/resposta de Roberto Freire foi desastrosa. Uma vergonha. Coisa de caipira que ignorava datas, papel do Ministerio, criação e concepção do Premio Camões. 

    1. Não era hora para politização? Então, quando?

      “Acho que a politização feita por Raduan Nassar foi inapropriada. Não era hora”

      … digamos que não era uma hora mais… republicana, cumprindo a boa etiqueta dos ritos civilizados da política democrática, pois não.

      É por isso que enquanto o governo Temer paga youtubers para defender suas reformas e o Doria cada semana se fantasia de alguma coisa para as câmeras, acusamos tudo isso como propaganda, marketing e falta de “replublicanismo”. Eles estão certos em explorar mídias e propaganda que o republicano governo do PT evitou, preferindo a republicana “mídia técnica”.

      O resultado de tanto republicanismo foi esse governo está aí e temos que ver as grosserias de gente como Roberto Freire. Se não esperassemos tanto por “momentos apropriados” não teria sido necessário Raduan Nassar ter feito um discurso tão “politizado”.

  3. “Vivemos tempos sombrios”

    Esse Roberto Freire é invejoso, mau caráter; oportunista, pois viveu à custa do governo tucano paulista por muito tempo!

    Ele sabe que jamais um dos seus receberá tamanha homenagem como essa.

  4. Em rede nacional, a MENTIRA

    Em rede nacional, a MENTIRA de Roberto Freire: “concedemos um prêmio a um adversário”. O PRÊMIO foi concedido no GOV. DILMA, com o Gov. de Portugal. 

  5. Uma vez Robertão, sempre Robertão.

    Esperar o que de um ministro da Cultura que é chamado de Robertão?! E ao senhor Izaías Almada, a grosseria dele não tem nada a ver com o Stalin nem com o stalinismo. Tem a ver com o fato de ele ser Serra-dependente (PHA)!

  6. Isso é uma ignominia, pois não tem nem uma boquinha na Sabesp

    “Isso é uma ignomínia (desonra)! Dilma pede e B.C. coloca em circulação notas com a frase “Lula seja Louvado”

    Roberto Freire, cometendo gafe

  7. Fotografia acabada do governo

    Fotografia acabada do governo que temos: ditatorial, imbecil,  antinacional e mentiroso.

    Este ex comunista chupa pau de tucano é mais uma vergonha internacional que este governo de ladrões faz o brasil passar.

  8. Condutas inapropriadas

    Sintetizando: Raduan fez protesto político em um evento cultural. Recebeu e aceitou um prêmio no valor de 100 mil euros (metade vem do Ministério da Cultura que organizou a cerimônia, foi anfitriã do evento)de um governo que considera goilpista. É um direito dele. Mas foi, no mínimo, mal educado quando fez um longo discurso contra esse mesmo governo, dizendo com clareza que não tem legitimidade. Concordo, mas se embolso  uma quantia que vem desse governo (pelo menos metade), mantenho a boa educação e digo só obrigado. O discurso contra o fisiológico ALexandre de Moraes deveria ser feito na porta do STF e/ou do Congresso que vai votar a sua indicação. Não naquela festa das letras, da cultura. E o ministro, o também fisiológico Freire fez a sua orbigação: tentouj rebater os ataques  de Raduan ao governo que ele representava naquela ocasião. Mas os convivas (ou boa parfe deles) partiram para as vaias, esse recurso que atentam contra a liberdade de expressão. Assim como os panelaços, impede que alguém ouça com clareza o que está sendo dito. Uma conduta mal educada, grosseira  que levou Freire a ser mais rude do que costuma ser.  Enfim, um festival de condutas inapropriadas, mas que comprometeu a imagem da oposição ao governo Temer. AO público, ficou a imrpessdão de que o escreitor foi demagógico e oportunista, principalmente ao aceitar a grana e não explicar porque aceitou a parte do governo brasileiro.i

     

    1. Mais um analfabeto funcional na praça…

      …Qual parte do, “prêmio concedido na gestão Dilma Roussef ”  você não leu??  Ou não entendeu ??  

      Aff !!  Me faça uma garapas Fritz !!

       

    2. “Mas foi, no mínimo, mal

      “Mas foi, no mínimo, mal educado quando fez um longo discurso contra esse mesmo governo”

      Pois é, Rimbaud dizia: par delicatesse j’ai perdue ma vie”. O Raduan pelo visto não está a fim de cometer o mesmo erro.

      —————-

      … et nous, par excessive republicanisme, nous avons perdue notre pays.

      Talvez esteja na hora de sermos mesmo maleducados; afinal a “revolução amarela” provou que é possível derrubar um governo legítimo gritos de VTNC.

    3. O prêmio não é uma esmola,

      O prêmio não é uma esmola, não é “caridade”, é a manifestação material do reconhecimento da qualidade da produção intelectual do escritor, não se trata de uma benemerência do governo golpista. A concessão do prémio foi decidida por comissão formada pelo Brasil,  Portugal e todos os países de língua portuguesa,  em 2016, um premio internacional.  Raduan tem todo direito a recebé-lo, lhe pertence.A entrga do prêmio durante o “governo” golpista ê uma infeliz coincidência.  Vamos deixar a mesquinharia na conta do “ministro”.

    4. Querem comprar o silêncio do Raduan com um prêmio

      Discordo. O Cara foi premiado por mérito, não por bajulação, e não deve se calar. Se ele se calar, até as pedras falarão.

  9. Temer é monarquista

    É rei no reino da mediocridade. Ministros mediocres. Ia ser uma premiação com certa notificação na imprensa, mas a mediocridade do Freire tornou o evento mais um foco para que todos vejamos: O REINO DA MEDIOCRIDADE

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