O papel da China na integração sul-americana

Por Daytona

Comentário ao post “As possibilidades abertas pela China

 

Um aspecto não citado na análise histórica do Nassif foram os processos de integração levados adiante nos períodos citados. Na fase de industrialização inciiada pela Revolução de 30, o projeto industrializante teve como componente político a unificação do Brasil por meio da articulação da economia nacional em torno do núcleo industrial construído em São Paulo.

Antes de 30, o Brasil era economicamente fragmentado, as economias regionais pouco interagiam, a a infraestrutura, baseada no modelo de bacia de exportação, se direcionavam das diferentes regiões para o exterior, sem comunicação entre elas.

O reflexo político disso era um país politicamente arregimentado em uma frágil coalizão estadual(a Política dos Governadores, de Campos Salles), sem substância, aberta a movimentos separatistas(vide o putsch paulista de 32).

A industrialização permitiu a construção de um mercado nacional, articulado em torno do pólo industrial paulista, base da consolidação política nacional. Note a criação, pela primeira vez, de partidos políticos nacionais, representativos não de regiões, como eram os partidos da República Velha, mas de grupos de interesses. A própria estrutura partidária brasileira tinha como núcleo o projeto industrializante, com o PTB baseado na organização sindical baseada na indústria, e o PDS baseado na burocracia estatal, baseada no fortalecimento do Executivo Nacional com o fim da política fragmentária da República Velha. A oposição era formada pelas forças alijadas do poder pela revolução dde 30(a UDN), que continua viva em partidos como o PSDB. Antes desse processo, o único partido não regional era o PCB.

A Era da China

A ascensão da China ocorre no momento em que se busca outro projeto de unificação, maior e mais ambicioso que o anterior: a unificação econômica e política da América do Sul.

Nesse contexto, o projeto da ferrovia transoceânica permitirá a criação de núcleos de desenvolvimento integrando as regiões localizadas em seu trajeto, Os estudos que antecedem os investimentos chineses foram desenvolvidos no âmbito da IIRSA, que acabou assimulada pela Unasul. A ferrovia transoceânica e o fluxo de comércio desenvolvido em seu trajeto possibilitará a expansão transandina  do pólo industrial brasileiro para regiões outrora distantes.

Basta notar como todos os elementos já estão presentes: os estudos vem sendo realizados há décadas, o dinheiro será disponibilizado pela China, o núcleo de coordenação política já está consolidado.

Por fim, o enfraquecimento da influência dos EUA representa mais um fator favorável para a integração sul-americana, tendo em vista a atuação fragmentária que esse país sempre exerceu sobre o resto do continente, como forma de perpetuar sua hegemonia inconteste. A presença chinesa e seus investimentos é a pá de cal definitiva no projeto de anexação econômica da América Latina pelos EUA, presentes na ALCA. Nesse sentido, importante notar que, caso tivesse tido êxito, a ALCA seria hoje um obstáculo para a entrada dos investimentos chineses na América do Sul, tendo em vista o conflito com interesses norte-americanos, em prejuízo dos sul-americanos.

A ferrovia transoceânia, junto com a construção do Canal da Nicaraguá, são dois projetos chineses que enfraquecerão a influência dos EUA no continente.

Redação

3 Comentários

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  1. E…………………..

    Daytona, mostra com razoável equilbrio o que podrá ser no futuro as relações do Brasil e paises sul-americanos com o resto do mundo, principalmente com a Ásia, sem a tutela tão nociva dos EUA.

    DEvemos sim, como dizem tb alguns comentáristas equilibrados, manter nossos acordos com qualquer país, sem ignorar os EUA, pois são tb fortes importadores de nossos produtos manufaturados. Mas….., sem a tutela de antes, sem as barreiras protencionistas de antes, e principamente sem o alinhamento politico que sempre fazeram questão de impor!

    Por tudo isto, acredito que nosso aplauso a estes acordos, devem ser unânimes, excetol para os que sempre torceram contra nosso País, e viveram às custas dos agrados de estrangeiros sugadores !!!!!!

    Relações Sul/Sul, de igual parceria e com, o que é mais importante, reciprocidade !!!!!!!!!!!!!! 

  2. entrevista bacha

    Nassif,

     

    Acho que vale um comentario seu sobre a entrevista do Bacha……  Acho tb que vc seria a pessoa pefeita para lembrar a hsitoria da aposentadoria dele na UFRJ  …..

     

    Fez prova para professor titular   não deu 1 mísero semestre de aula e se aposenteu com salário integral …..  è esse o arauto do moralismo fiscal 

  3. Fico me perguntando o que a

    Fico me perguntando o que a China poderia comprar do Brasil fora commodities.  Para mim a transoceânica tem um único objetivo, levar a nossa matéria prima para processa-la e em seguida nos vender por 10x seu valor de compra.  Eles já quebraram nossa indústria de manufaturados com seus preços subsidiados, já somos dependentes tecnológico e nunca mais os alcançaremos tamanha é a distância que ficamos para trás. Para mim estamos sendo engolidos pelos Chineses.

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