O papel de bancos públicos no desenvolvimento de MG

Presidente do BDMG concede entrevista exclusiva para Luis Nassif e aborda equilibro da atuação estatal   
 
 
Jornal GGN – Não é possível falar da história do desenvolvimento de Minas Gerais sem falar do Banco de Desenvolvimento do Estado, o BDMG. Criado no governo de José Magalhães Pinto (1961-1966), a instituição colaborou com a criação do Instituto de Desenvolvimento Integrado de Minas Gerais (INDI) e da Fundação João Pinheiro, além de ajudar no fomento da indústria e agricultura local.
 
O BDMG foi responsável também pela criação do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar), localizado dentro da Universidade Federal de Minas Gerais. Segundo o diretor-presidente da instituição, Marco Crocco, o BDMG foi fundamental na configuração de um pensamento político onde o planejamento estatal é considerado parte importante na gestão pública.  
 
O banco público estadual é um dos últimos, com características exclusivas de desenvolvimento, em atuação do Brasil, além dele só existem outras duas instituições, o BRDE (Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul) e o BANDES (Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo). Durante entrevista que você acompanha hoje na íntegra dentro da nova edição do programa Na Sala de Visitas com Luis Nassif, Crocco explica que a extinção dos bancos de desenvolvimento local ocorreu em massa, na década de 90, por conta da concepção liberal que acreditava que o intervencionismo atrapalhava o crescimento econômico.
 
“Os bancos que restaram foram aqueles que tinham uma história muito importante pro passado de seus respectivos estados como, por exemplo, o BNDES”, destaca, ressaltando em seguida que ainda persiste uma grande confusão sobre o papel do Estado no desenvolvimento.
 
Há ainda outros bancos estaduais em atuação no país, mas que dividem a carteira de desenvolvimento com uma carteira comercial, como o Banco do Nordeste e o BADESUL, mas que não podem acessar financiamento de agências multilaterais no exterior, só do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
 
Marco analisa que o fechamento dessas instituições esteve ligada à má impressão do período de forte intervenção estatal dos anos 1970 e 1980 que, em alguma medida, travaram o crescimento de muitas áreas. Por isso na década seguinte a concepção de mercado passou a prevalecer e, com isso, o enxugamento do Estado. 
 
Mas a proposta de um estado minimalista também não foi eficiente para induzir o crescimento local. O executivo lembra, por exemplo, que anos mais tarde, percebendo o vácuo que essas instituições deixaram, vários estados começaram a criar agências nesse âmbito. A Desenvolve São Paulo, é um dos exemplos lembrados por Crocco, uma instituição hoje bastante avançada, comparada as agências criadas em estados do Nordeste, que ainda estão começando a operar. 
 
O bancário aponta ainda que, no fim da década de 1980 os gestores públicos procuraram levar desenvolvimento local aplicando altos recursos na instalação de empresas em centros de baixo desenvolvimento econômico, mas sem antes realizar estudos de infraestrutura e capacidade de atendimento de mão de obra, por isso o intervencionismo naquele momento foi infeliz em boa parte dos casos. Hoje, Crocco garante que os estudos são mais equilibrados.
 
Assista entrevista completa aqui, no programa Na Sala de Visitas com Luis Nassif.
 
 
Redação

7 Comentários

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  1. Que “desenvolvimento” em

    Que “desenvolvimento” em Minas eh esse que eu nao vi?  Eu sai de BH em 75…  A ultima industria da qual eu soube em BH que nao tinha a ver com mineracao foi a de roupas -BH era uma boutique fabulosa nos anos 90.  O governo destruiu a industria inteira.

    O que sobrou que nao tem a ver com mineracao???  E olhe que eu sou de Congonhas e JA VI com os proprios olhos quanto dinheiro de mineracao corre em Minas:  nenhum.  A mineracao paga salarios dos “mineiros” e…  e eh so.  Minas nao tem UMA ponte de ferro ou aco pra mostrar pro mundo, entre outras coisas -a excessao, que eu ja notei aqui antes, era uma ponte com DUAS pilastras de aco em (ou a caminho de) Barao de Cocais.  A unica coisa que passa em cima dela eh o trem de minerio bruto a caminho do Rio ou Sao Paulo, e nada mais.

    Entao, tendo visto isso tudo, eu ja posso dizer de cara que Minas, em termos estritamente desenvolvimentistas, nao qualifica pra country bumpkin.

    Ou seja, ta atraz de “jeca”.

    1. Quanto às pontes de ferro/aço
      Há um probleminha sério: sairá mais barato encomendar as peças da China. E digo isto porque conheço quem projeta estruturas metálicas e já me informou sobre diferença de preços

  2. Gostaria muito de ver ou ler a entrevista
    E gostarei mais ainda se os dados de quantos (podem ser dados atuais) ingressaram por concurso e quantos por qi, forem, apresentados. Sim, já vi concursos para o BDMG, raros, mas Fundação João Pinheiro nunca.

  3. Minas
    Parou com os golpes de Estado no Brasil.

    O Povo mineiro é burro E ainda não percebeu que não se constrói nada naquele estado há 30 Anos.

    Quem aceita ser capacho, capacho é.

  4. A oligarquia de Minas Gerais

    A oligarquia de Minas Gerais é pior do que a do Maranhão.

    A oligarquia do Maranhão sabe que lá é ruim, não faz nada melhorar o Estado e não tem vergonha de agir assim.

    Já a oligarquia de Minas Gerais age de forma dissimulada. Vende para os outros que que MG é uma beleza, finge que faz algo para melhorar o Estado, mas no fundo, só que continuar à frente da administração do Estado para sugar, de todas as formas possíveis, o dinheiro que ainda resta no caixa. Vide cassada ao governo Pimentel…ou ele mantem o status quo local ou perde o cargo.

     

     

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