O peso da economia nas costas das pequenas empresas

Jornal GGN – As micro e pequenas empresas têm papel fundamental no desenvolvimento nacional. De acordo com dados da Secretaria da Micro e Pequena Empresa (SMPE), elas representam 95% do universo empresarial brasileiro, respondem por 27% do Produto Interno Bruto (PIB), garantem 52% dos empregos e pagam 40% da massa salarial.

Sua importância é ainda maior nesse momento de crise econômica. De 2013 para 2014, as micro e pequenas empresas geraram mais de 3,5 milhões de empregos, enquanto que as médias e grandes extinguiram 263 mil postos de trabalho.

A comparação entre o primeiro semestre de 2014 e o mesmo período de 2015 é ainda mais grave. As micro e pequenas empresas geraram 116 mil empregos, enquanto as médias e grandes extinguiram 476 mil postos.

Portanto, para o Brasil, a saída da crise econômica passa, necessariamente, pelo fortalecimento das micro e pequenas empresas. Essa é a opinião unânime dos participantes do 62º Fórum de Debates Brasilianas.org, realizado no último dia 25 de agosto, em São Paulo.

Para o ministro Guilherme Afif Domingos é indiscutível o avanço dos últimos anos, principalmente da formalização desse tipo de negócio. De 2007 para 2015, o número de empresas cadastradas no Simples Nacional saltou de 2,83 milhões para 10,03 milhões. Dessas, 5,15 milhões são Microempreendedores Individuais (MEIs).

De 2013 para 2014, a arrecadação do Simples cresceu 14,03%, enquanto que a arrecadação total caiu 1,9%. Do primeiro semestre de 2014 para o mesmo período de 2015, a arrecadação do Simples cresceu 15,35% e a arrecadação total caiu 2,87%.

“Claro que se a crise persistir esse número não se mantém, mas o setor é o último a entrar em recessão”, afirmou Afif.

E pontuou alguns dos próximos desafios.

Primeiro, o programa Crescer Sem Medo, que quer dar previsibilidade para o crescimento dessas empresas e assim evitar que elas “andem de lado”. “A empresa que sai do Simples e vai para o lucro presumido tem 54,4% de aumento da tributação. Para não sofrer esse aumento, o sujeito abre empresa no nome da esposa, do filho, até da sogra”, disse o ministro.

Hoje, o aumento da tributação incide sobre todo o faturamento. A proposta é aumentar gradualmente a tributação e só no novo patamar.

Além disso, o governo quer expandir a experiência do Simples, com a criação do Bem Mais Simples. As premissas básicas do programa são: o resgate da fé na palavra do cidadão, a extinção de formalidades e burocracias inúteis e a unificação da relação do Estado com o cidadão.

Além do fim das certidões negativas – que criam para o cidadão o ônus de provar que é honesto e bem intencionado – o governo pretende viabilizar o Cadastro Único e simplificar as relações entre o cidadão e os diversos entes do Estado. “O cidadão é um só, o Estado precisa se unificar. Seus muitos órgãos precisam funcionar como um só”.

“Essa multiplicação de identidade leva à identificação isolada. Agora tem essa moda de biometria. No Detran é biometria, na Polícia  Federal é biometria, na Justiça Eleitoral é biometria. E o dedo do cidadão é um só”, disse.

Ele explicou que a Justiça Eleitoral deve ficar responsável por realizar esse cadastro e dividir com os demais órgãos. “A Justiça Eleitoral já está fazendo um cadastro. É um desperdício de recurso público fazer só para ela”.

Otimista, Afif acredita que o Cadastro Único do Cidadão será uma realidade até o fim da atual gestão.

“No Brasil o cidadão pode ter até 20 documentos e cadastros. São 12 procedimentos para abertura de empresas, a abertura demora 102 dias. Em Portugal, são três documentos e cadastros, três procedimentos para abertura de empresas e a abertura demora 2 dias. Somos mais do que complicados, beiramos o ridículo”.

Mesmo assim, ele comemorou os avanços que possibilitam, por exemplo, o fechamento mais ágil de empresas. “Eu provei que abrir empresa é difícil. Fechar é impossível. Era. Desde fevereiro deste ano o fechamento de empresa é feito na hora. Se tiver qualquer problema a pessoa física responde”.

Também presente no Fórum, o gerente da Unidade de Atendimento Individual do Sebrae Nacional, Enio Pinto, validou os números apresentados pelo ministro, e trouxe outra informação relevante: a mortalidade de empresas novas no Brasil, que já foi de 50% nos dois primeiros anos do negócio, hoje é de menos de 27%.

“Ter uma empresa é um dos principais sonhos dos brasileiros. Em primeiro lugar é comprar a casa própria, em segundo viajar pelo Brasil, em terceiro é ter o seu próprio negócio. Para efeito de comparação, fazer carreira numa grande empresa é apenas o oitavo lugar”, afirmou Enio.

O Sebrae está com uma campanha para criar o Dia Nacional da Micro e Pequena Empresa e incentivar o consumo no pequeno negócio. 

Redação

4 Comentários

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  1. A solução de qualquer nação

    Está na municipalização das decisões cotidianas e na micro-empresa. O resto do “peso Estatal” é apenas isso: Peso!

  2. Mercado interno

    Estamos numa estagnação secular há 30 anos, crescendo a taxas ridículas de 2% ao ano. A agricultura vai bem. O grande problema é a indústria.

    A indústria e toda a cadeia do mercado interno e so de pensar em conseguir dar sustentabilidade econômica para este mercado é de desanimar. Porque a agricultura é a única área no Brasil que esta dando certo?

    O que sustenta a indústria é um mercado interno forte, esperar uma indústria alavancada principalmente pelas exportações, não da certo nem é suficiente, para manter um crescimento sustentável de longa duração, como não deu certo planos econômicos que focam apenas parcelas do espectro da vida financeira da Nação.

     

    Cerca de quatro milhões de pequenas propriedades rurais empregam 80% da mão-de-obra do campo e produzem 60% dos alimentos consumidos pela população brasileira. No país dos latifúndios, a bem-sucedida produção da agricultura familiar disputa com o agronegócio exportador a atenção do poder público e o reconhecimento de sua participação no desenvolvimento. Aqui se lembra dos carteis dos oligopólios das fusões das mega-empresas com o aniquilamento das pequenas e das medias empresas, da terceirização, enfim do enfraquecimento do mercado interno.

    A alta produtividade das pequenas propriedades contrasta com as extensas áreas ocupadas por lavouras de monoculturas e pastagens de pecuária extensiva.

    É tão claro a solução que é difícil entender, como se discute tanto o porque do Brasil não dar certo, se a solução esta escancarada na cara de todo mundo. É imprescindível, dotar o mercado interno constituído de pequenas empresas, comercio e serviços, da capacidade de crescimento de que contou o setor agrícola. E ai tem-se que mexer numa legislação trabalhista arcaica e uma jurisprudência da justiça do trabalho que viveu as ultimas décadas extorquindo, para penalizar quem pretendeu empreender alguma coisa ou desenvolver qualquer projeto de prosperidade

    No inicio da era industrial o capitalismo se apresentava na sua forma mais original, a economia se portava baseada em premissas de simplicidade e o arcabouço financeiro, tanto local como internacional, cresciam apoiados em estruturas firmes e coerentes. A lei de mercado era simples.

    Produção e venda.

    A conhecida oferta e procura a inflação se portava exemplarmente condicionada a realidade econômica do momento. Com a magnitude do avanço do capitalismo no mundo os interesses do lucro criaram formas mais rápidas de acumulação da riqueza, evidentemente não se preocupando com qualquer ética social. O setor financeiro passa a incorporar gradativamente as inovações técnicas da produção industrial, fazendo emergir um incomensurável esqueleto automatizado no universo econômico que lhes possibilitou de alguma forma se desprender da velha lei da produção e do lucro tradicional. Na outra ponta a tecnologia igualmente possibilitou o inicio do desmonte da relação da força do trabalho com o patrão, resposta as exigências do corporativismo sindical, que vivia de ameaças aos donos do capital. Esse procedimento contínuo de substituição do trabalho vivo pelo trabalho objetivado na esfera financeira aponta para uma tendência de subsunção real do trabalho vivo ao capital rentista, sem que haja possibilidades de retorno. A mesma coisa aconteceu com a inserção da tecnologia na produção, fazendo com que a área do serviço ganhasse expressão a consequência disto foi a crescente substituição de trabalhadores especializados por precários.

    Qdo se diz que os economistas estão desprendidos do mundo real limitados pelas teorias lembra-se de que a realidade da vida aporta no cotidiano da sobrevivência do povo que espera resultados imediatos que influenciam suas necessidades diárias. Na maioria das vezes economistas aburguezados criados em redomas sociais não possuem a noção básica do complexismo da realidade das coletividades humanas e mesmo do complexismo da realidade da produção e dos fundamentos das economias, sentem-se muito confortáveis com as teorias mais popularizadas no mundo acadêmico e se satisfazem no já ultrapassado embate KeyneXHayknen. Imaginam-se generais sem exercito, estrategistas de vídeo-game.

    Assim o capitalismo foi invadido pela ganancia e pela irresponsabilidade e as bolhas inevitáveis são consequência de planejamentos macro, esquecendo que toda prosperidade deveria ser consequência do sucesso das camadas inferiores da pirâmide social, senão é como pretender construir a casa começando pelo telhado.

    O povo?

    -Oras… o povo. O que importa é a acumulação da riqueza a qualquer custo.

  3.  
    A preencher os dados

     

    A preencher os dados faltantes, teríamos a exata noção da PLUTOCRACIA que domina o Brasil, em consequência do financiamento de campanhas eleitorais por grandes empresas.

     

    Micro e Peq Empresas

    Grandes Empresas

    Setor Público

    Universo Empresarial

    95%

     

     

    Representatividade no PIB

    27%

     

     

    Geração de Empregos

    52%

     

     

    Massa Salarial

    40%

     

     

    Lucros Concentrados

     

     

     

    Impostos Pagos

     

     

     

     

  4. Está ai a saída para o

    Está ai a saída para o Brasil. Pontuando-se que e as políticas sociais incentivaram e criaram amplo apoio e sustentação principalmente ao pequeno negócio, a empresa e agricultura familiar, de visinhança. É só viajar o interiorzão do país e especial do nordeste.

    Só uma notícia concernente na Itália: o Carrefour e uma outra grande rede internacional de supermercados está deixando a Itália uma vez que hoje há nítida preferência pelos estabelecimento de visinhança.

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