O que seria do processo de cassação de Dilma-Temer sem a Lava Jato?

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Foto: EBC

Jornal GGN – O relatório do vice-procurador geral eleitoral, Nicolao Dino, sobre o montante que a chapa eleita em 2014 teria aplicado indevidamente na campanha para vencer Aécio Neves (PSDB), mostra que a ação de cassação no Tribunal Superior Eleitoral usou como base para quase tudo a delação da Odebrecht, a última conquista da Lava Jato, e processos nas mãos do juiz Sergio Moro.

Em seu relatório, Dino apontou que Dilma e Temer merecem ser cassados (no caso, Temer deve perder o mandato e Dilma ficar inelegível) porque praticaram abuso de poder econômico na eleição passada, empregando R$ 112 milhões em recursos irregulares.

O montante se divide dessa maneira:

– R$ 45 milhões provenientes de caixa 2, sendo R$ 20 milhões pagos por fora ao marqueteiro João Santana [réu nas mãos de Moro], e mais R$ 25 milhões distribuidos a quatro partidos da coligação que ajudou o PT a reeleger Dilma. Em troca de apoio das legendas, como manda a lei eleitoral, o programa do PT somaria mais tempo de TV.

– R$ 17 milhões via caixa 3, ou seja, doados pelo grupo Petrópolis a mando da Odebrecht. A cervejaria teria recebido o reembolso em uma conta no exterior.

– R$ 50 milhões em propina paga a partir de um “acerto” entre o governo e a Odebrecht, em 2009, referente à Medida Provisória 470, chamada de Refis da Crise. Marcelo Odebrecht teria dito que o dinheiro foi repassado à campanha de 2010, mas que acabou virando crédito para 2014.

A reportagem da Folha sobre os números levantados pelo vice-procurador geral eleitoral levanta a pergunta: o que seria do TSE sem as descobertas da Lava Jato e o sucesso das investigações julgadas por Sergio Moro?

Todos os recursos apontados sairam do bolso da Odebrecht, a última empreiteira que aceitou firmar um acordo de delação premiada com a Lava Jato.

A defesa de Dilma mostrou que durante o processo no TSE, mais de 18 horas de testemunhas (delatores) foram ouvidas para levantar as acusações, enquanto a ex-presidente teve menos de 1h30 para apresentar contrapontos.

Um dos elementos contraditórios diz respeito exatamente à doação de R$ 50 milhões que virou crédito em 2014. O PT disse que saiu da campanha de 2010 no vermelho, ou seja, não havia “crédito” nenhum a ser empregado quatro anos depois.

A defesa de Temer, por sua vez, alegou que não ocorreu abuso de poder, e apontou que, para afirmar isso, o TSE deveria analisar, do ponto de vista quantitativo, as denúncias contra o PSDB. Isso porque há delatores da Lava Jato que disseram ter doado, via caixa 2, a Aécio e aliados, também. O TSE tem dado sinais (com tarja preta) de que não é o caso.

A expectativa é de que o julgamento da ação de cassação comece na próxima terça (4).

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

5 Comentários

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  1. Será que ainda não caiu a ficha.

    Será que a Dilma não se dá conta que na seara jurídica ela irá perder sempre.

    Sua defesa está nas ruas, junto ao povo brasileiro.

    As instituições estão aí para contrariar os interesses do povo, delas, os defensores desses nunca sairão impunes.

  2. Sabe-se, desde já, que

    Sabe-se, desde já, que amanhã, o TSE será palco de um espetáculo. A sessão ocorrerá com muita polícia do lado de fora, corpo de bombeiro, e até ambulância, (porque pode alguém ter chilique), e não faltarão telões de tv para que o povo assista, no exterior do prédio, já que os assentos “foram todos vendidos”. 

    Sabe-se também que dois dos ministros já tem data marcada para serem substituídos: um vai sair nos próximos dias, e o outro, em maio. Aí, enquanto rola a sentença de Dilma – mais uma -, o Bonito, esposa da Recatada, dá mais uma tacada de mestre, como fez há pouco no STF, indicando seu amigo do peito, o truculento Moraes.

    FHC já diz que, do que ficou sabendo, essa ação não envolvia MT, mas apenas Dilma.

    Na verdade, o ódio que a irmã do Mieneirin diz não entender, por ser contra ela, é infinitamente menor que o que existe no coração do seu mano, destilidado diuturnamente contra Dilma. Aécio, ao que temos visto, parece não ser muito contra Lula, mas aquela de Dilma passar à frente dele em 2014 é coisa que levará para o túmbalo. Mas, como quem diz que Dilma ainda tá levando vantagem, quer agora que o impeachement incompleto, seja agora solucionado de vez, tornano-a inelegível, e, quem sabe, que a enquadrem nas masmorra de Moro.

    Aliás, precisamos saber quem tem mais ódio de Dilma: Aécio Neves ou Michel Temer? Eu acho que a parada é dura.

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