Romério Rômulo
Romério Rômulo (poeta prosador) nasceu em Felixlândia, Minas Gerais, e mora em Ouro Preto, onde é professor de Economia Política da UFOP e um dos fundadores do Instituto Cultural Carlos Scliar - Rio de Janeiro RJ.
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“o resto não pode ser o silêncio”, por romério rômulo

“o resto não pode ser o silêncio”

por romério rômulo

 

quando o mundo acabar

vou mutilar meus braços

meu hálito, meu desacerto

 

quando o mundo acabar

vou desatar a glória

dos deuses correntes

 

deixarei nos cantos

todos os diabos

das vias destratadas

 

os sóis serão banidos

e o começo de tudo estará pronto,

cozido, costurado, morto.

 

no adro do tempo

nem meu coração tremido

vai bater.

 

quando todos partirem

eu vou ficar sem muros

e o silêncio dos cachorros

vai desabar sobre mim.

 

romério rômulo

 

Romério Rômulo

Romério Rômulo (poeta prosador) nasceu em Felixlândia, Minas Gerais, e mora em Ouro Preto, onde é professor de Economia Política da UFOP e um dos fundadores do Instituto Cultural Carlos Scliar - Rio de Janeiro RJ.

3 Comentários

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  1. O meu consolo:

    quando o mundo acabar, não estarei mais aqui.

    Mas, se o mundo acabar enquando habito esta rocha, quero ser um verso escrito na efemeridade dos meus sonhos.

  2. como nosso amigo, não falo coisa com coisa, sou discípulo…

    Minhas mulheres:

     

    Não tive mulheres

    Só a de papel passado e escriturado:  poderia se chamar Amélia.

     

    As outras foram cachaças nas madrugadas

    Umas trouxeram ressacas amargas:

    Dores de cabeça  [muitas]

     

    Outras desvarios

    Sexuais

    Oníricos

    e alguma

    Saudade

     

    Algumas

    Uns dois ou três enfeites

    No alto da cúpula

    Onde é o lugar ideal

    Para tal ornamento

    Usado por quem merece.

     

    Ps.: Uma ou duas disse que me amava

    Os.:  Eu também amei, mas tenho vergonha de falar

     

    2016

     

    Tôca

  3. os idos de março viraram carniça

    Os idos e vindos de março, onde estão os brutus? – José Eduardo de Oliveira  

     

    Ah!  Se os augures e a desgraça vaticinassem e conspirassem, pelo menos uma vez contra os políticos corruptos brasileiros e eles fossem lançados inclementemente nas profundezas mais profundas das regiões mais fétidas e fervilhantes do reino de Belzebu, já seria uma recompensa para esse País onde tantos idiotas e incautos perecem sob a graça de Deus à espera de um milagre onde os safados se redimissem ou pelo menos cumprissem um dia de pena na cadeia, tipo masmorra e não apart-hotel…

    Novamente os emblemáticos “os idos de março”. E o eterno retorno da ilusão que a “casa irá cair”, como Cesar mortalmente em 15 de março de 44 a.C.

    Primeiro, provavelmente, com Plutarco (em Vidas comparadas): “Diversas pessoas contam, ainda hoje, que um adivinho aconselhou a César que ficasse em guarda contra um grande perigo pelo qual estava ameaçado para o dia que os Romanos chamam de Idos de Março (15 março); e que naquele dia, César, indo ao Senado, encontrou o adivinho, cumprimentou-o, e disse-lhe, zombando de sua predição: ´Pois hem, eis os Idos de Março chegados´. Ao que o adivinho respondeu baixinho: ´Sim, chegaram; mas ainda não passaram.`”

    Suetônio, na mesma época ou um pouco depois (em A vida dos Doze Césares), nos informa que “Enquanto César imolava uma vítima, advertiu-o o arúspice Spurina de que se cuidasse de um perigo que lhe não adviria senão depois dos idos de março. (…) [No dia 15] …após haver imolado várias vítimas, sem obter presságios favoráveis, entrou na Cúria, desdenhoso da religião, a zombar de Spurina e a tratá-lo de mentiroso, pois para ele os idos de março haviam chegado sem nenhum acidente. A isso, responderam-lhe ´que tinham chegado, mas não tinham passado ainda.` (…) Morreu aos cinquenta e seis anos de idade (…) Decidiu-se a seu respeito: amurar a Cúria onde fora assassinado; dar aos idos de março o nome de ´parricida` e jamais convocar-se o Senado para aquele dia.”

    Cerca de 1500 anos depois, o genial plagiador desta fatídica história contada por Plutarco e Suetônio, Shakespeare (em Júlio Cesar), provavelmente maquiando o texto do primeiro ou do segundo, nos ressuscitam os idos de março em quatro dos cinco atos de sua tragédia.

    Primeiro Ato: 

    “Adivinho – Tem cuidado com os idos de março!

    Bruto – Um indivíduo; manda acautelardes-vos com os idos de março (…).

    César – É um sonhador. Deixemo-lo. Sigamos!”

    Segundo Ato:

    “Bruto – Vai deitar-te novamente; ainda é noite”. (…) não são os idos, amanhã, de março? (…)”

    Terceiro Ato:

    “César – (ao adivinho) – Chegaram os idos de março.

    Advinho – É certo César; porém ainda não passaram.”

    Quarto Ato:

    “Bruto – Recordai-vos de março! O grande Júlio não sangrou com justiça?…”

    Oh! Neste momento, os cães farejadores de sangue e carne pútrida do planalto central salivam. Quanta ânsia que a tragédia que se abateu sobre César, nos idos de março romano desmorone também sobre a comédia de nossa história brasiliense.  Lula, Dilma, Temer, Delcidio, Eduardo et caterva, animais inferiores que sequer rastejaram e rastejarão na História pelo caminho trilhado por César. São césares ou brutus?

    Quanta ilusão! César será assassinado ainda milhares de vezes antes que esses ridículos bufões com ares “republicanos” nem sejam julgados quanto mais condenados. Republicanos?  Essa palavra virou osso em mandíbulas de chacais e hienas!

    Os augures, mostram os Brutus, os Pompeus e Crassos do Planalto Central, que se rejubilam, prontos para vitimizar um novo César e abocanhar o osso descarnado da Nação.

    Para eles, os idos de março ainda não chegaram, mas eles darão um jeito de pagarem uma propina para que o calendário seja adiantado.

    Ou chegaram? E foi numa sexta-feira, em que começaram a sorver o destilado amargo que fermentaram com as bactérias pegajosas e espúrias do poder?

    Vivesse César neste espaço e neste tempo, sobreviveria aos idos de março, não há aqui, ninguém nem para confessar seus crimes contra a Pátria ou cometer seus crimes para livrar a Pátria de tantos criminosos nefastos e vergonhosos.

    Março passou novamente e o simulacro do grande César, que está mais para Napoleão III, o pequeno, segue imponente e arrogante, como a única saída para esta mísera República, desprovida de povo e infectada de lobos sob peles de cordeiros.

    “O tempora! O mores”, também nunca tivemos um Cícero!  E nem um Brutus! (07.04.17)

    Tôca

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