O sentimento nazista por trás do impeachment, por Laura Capriglione

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Enviado por MiriamL

Quem são os bandidos que batem em jornalistas e pedem o impeachment de Dilma

Por Laura Capriglione, no Yahoo

Acostumados a se esgueirar pela noite, sempre em bandos, em busca de homossexuais e negros andando desacompanhados (para cobrir de porradas, quem sabe matar), predadores neonazistas agora deram para exibir sua truculência à luz do dia.

Como participantes das manifestações que a direita paulistana vem promovendo para disseminar seus ideais golpistas, esses órfãos de Hitler parecem ter encontrado uma turma disposta a acolhê-los e legitimá-los, como se fossem apenas mais alguns entre os opositores do governo da presidente Dilma Rousseff, do PT, recém-eleita.

Seria apenas uma moçada jovem, careca e muitas vezes musculosa exercendo o sagrado direito democrático de manifestação e expressão.

Só que não.

Nas redes sociais, essa gente reúne-se em comunidades com nomes carregados de simbolismos de violência explícita, como Carecas do ABC, CCC (uma homenagem ao velho Comando de Caça aos Comunistas, organização paramilitar de direita que teve seu apogeu nos anos 1970), Frente Integralista Brasileira (uma contrafação de organização nazista), Confronto 72 (anti-semita e skinhead), além do Combate RAC (Rock Contra o Comunismo) e do Front 88 (a oitava letra do alfabeto é o H; HH dá “Heil, Hitler”, a saudação dos nazistas).

Trata-se de grupos que cultivam o ódio como definição existencial, como se viu no ato público realizado no sábado (15/11) pelo impeachment de Dilma.

Pois bastou a tais lobos encontrarem a repórter-fotográfica Marlene Bergamo, da “Folha de S.Paulo”, que registrava a manifestação tendo ao lado Marcelo Zelic, vice-presidente do grupo Tortura Nunca Mais-SP, para começarem a salivar.

Armados de socos ingleses, muitos carecas, vestidos com camisetas ilustradas com a bandeira de São Paulo, ou com os dizeres “Fora Dilma”, ou “Hate” (Ódio), ou “Proud” (Orgulho), acharam-se no direito de urrar nos ouvidos de quem desconfiavam ser “petralha”: “Comunistaaaaa!”, “Vai pra Cubaaaaaa!”

Como hienas excitadas, e sempre em bando, prometiam “limpar a rua desses malditos”. Logo um deles desferiu cusparada no rosto de Zelic. Outro estapeou Marlene quando viu que ela filmava a agressão.

Covardes.

É claro que a direita “fina” quer parecer distante dessa turma. Não pega bem aparecer ao lado de facínoras tatuados com o número 88, ou exibindo a Cruz de Ferro com a suástica, com que se condecoravam os militares alemães, durante o Terceiro Reich.

O candidato a vice-presidente na chapa de Aécio Neves, o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), totalmente sem eixo, perspectiva e nem noção, achou de comparecer ao ato, mas sem subir nos carros de som.

Sua adesão, entretanto, foi comemorada pela malta. Que o tucano, agora, não alegue desconhecimento sobre quem seriam seus companheiros de passeata.

A última que essa gente patrocinou,no dia 1º de novembro, acabou nas portas do Comando Militar do Sudeste, o antigo Segundo Exército, no bairro do Paraíso, em São Paulo, implorando pela “Intervenção Militar Já”.

Foi, aliás, nas tristes instalações do Segundo Exército, em seu anexo mais soturno, o DOI-Codi, que o jornalista Vladimir Herzog foi assassinado em 1975, por bandidos anti-comunistas como esses que cuspiram no rosto do ativista e bateram na fotógrafa.

E o que dizer da paralisia da Polícia Militar diante das ameaças dos fascistas? Estaria inebriada com os gritos de “Viva a PM!”, entoados pela turba?

Todos se lembram quando, nas manifestações contra a Copa, a PM revistava mochilas e confiscava qualquer apetrecho “suspeito”, levando preso o seu proprietário.

Foi assim que um frasco contendo líquido amarronzado e cheirando chocolate, que depois a perícia provou ser Toddynho mesmo, custou quase dois meses de prisão a um manifestante.

No ato pelo impeachment da presidente Dilma, contudo, a polícia fez-se se de morta, enquanto rapazes com socos ingleses, canivetes e nunchakus (arma usada por praticantes de artes marciais) desfilavam impunemente, arrostando sua violência e arreganhando os dentes.

Na hora em que essa gente matar alguém, que pelo menos o senador Aloysio e o comando da PM não digam que foram pegos de surpresa. Seu silêncio e inação são cúmplices.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

9 Comentários

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  1. Esses nazistas só assemelham

    Esses nazistas só assemelham aos comunistas que estavam na marcha contra a direita e foram acolhidos pela maioria, como diria a Laura.

  2. neonazismo é renegado em toda

    neonazismo é renegado em toda comunidade intenacionbal, inclusive juríica..

    não seria aqui que deveria ser  admitido impunemente.

  3. O impeachmente é algo

    O impeachmente é algo ridiculo mas dai usar o temro Nazista vai muita dramatização né?

    Que coisa…rs

    Nota: A histeria sobre golpe ja passou dos limites , nao ha razao alguma para golpe nenhum.

    E nao é porque o povo iria para as ruas e sim porque apesar de tudo nossas instituiçoes sao fortes o suficiente para barrar aventuras desse tipo… 

    1. Olha, não me parece que o

      Olha, não me parece que o artigo esteja dizendo que todos os participantes desse ato público sejam nazistas. O que se diz é que havia nazistas lá, e que a direita bem-pensante, que quando fora desse contexto faz questão de se desassociar dessa canalha, viu e ficou quieta, sem questionar a malta.

  4. ESQUECEU DOS BLACK BLOCS?

    Por que Por Laura Capriglione não aproveita o artigo e fala sobre os Black Blocs, grupo terrorista comandado pela esquerda?

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