O valor simbólico da ciclovia da Avenida Paulista

Enviado por Fernando J.

Da Revista Fórum

Chico Macena: O primeiro passo para abrir a Avenida Paulista

A entrega para a cidade da ciclovia da Avenida Paulista possui um valor simbólico e importante. É uma cidade que está sendo aberta para o convívio de todos. Uma vitória histórica para São Paulo e o primeiro passo para a conquista definitiva da Paulista e da cidade pelas pessoas 

Por Chico Macena*

A Prefeitura de São Paulo estuda abrir a Avenida Paulista para as pessoas aos domingos. Sim, abrir a Paulista e não fechar. Diariamente, passam pela via 1,5 milhão de pedestres e 90 mil veículos, segundo dados da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET).

Durante a inauguração da ciclovia da Avenida Paulista, no último domingo (28), a via virou um grande parque. Foi ocupada por dezenas de milhares de pessoas que caminhavam, pedalavam e celebravam a possibilidade de vivenciar essa experiência marcante. Idosos andavam de mãos dadas, cadeirantes circulavam sem pressa, crianças brincavam com os pais. Foi uma verdadeira festa a céu aberto. Isso demonstra que é hora de dialogar sobre a possibilidade de abrir para as pessoas a via mais emblemática da capital, palco de manifestações democráticas e de grandes festas.

A entrega desta ciclovia para os cidadãos irá beneficiar a todos e não apenas aos ciclistas. A atual gestão da Prefeitura de São Paulo teve a coragem de tirar do papel um projeto importante que certamente contribuirá para a redução de acidentes, inclusive os fatais.

A ciclovia da Paulista tem 2,7 km de extensão e em breve permitirá a ligação com a ciclovia da Avenida Bernardino de Campos, que terá 800 metros de extensão e está em fase final de obras. É importante ressaltar que estas duas vias também sofreram adequações no viário, aterramento de fios para passagem de fibra ótica e nova sinalização. As ações para a construção deste trecho do complexo cicloviário ainda preveem a instalação de 102 paraciclos (estacionamentos para bicicleta), a serem implantados em toda a extensão da Avenida Paulista.

Apesar das diversas tentativas de paralisar a obra ou mesmo impedir o seu início, conseguimos quebrar esse paradigma e agora o canteiro central já está ocupado por pessoas que transitam de bicicleta, patins ou skate, com segurança para suas casas ou trabalho, ou apenas para passear ou fazer uma prática esportiva. E isso tudo foi feito em seis meses, sob orientação de um plano cicloviário cujos estudos começaram na década de 1980, respeitando e preservando o patrimônio histórico local e amplamente debatido com a sociedade.

Além disso, a implantação da ciclovia da Avenida Paulista é importante para fazer a ligação entre os bairros do Jabaquara, Saúde, Bela Vista, Sé, Vila Mariana, Perdizes, República e Jardins, que em breve poderão ser percorridos exclusivamente por rotas cicláveis, que já somam mais de 300 km. O ciclista poderá ir com mais segurança da zona sul até a zona oeste, passando pelo centro e ligando com a região do Parque do Ibirapuera.

Ainda que pareça, esta não é uma ideia recente: há pouco mais de dez anos, acontecia o projeto “Domingo na Paulista”, promovido pela Prefeitura São Paulo, em que alguns quarteirões da avenida eram interditados para a circulação de carros e diversas ações de entretenimento eram ofertadas às pessoas.

A retomada dos espaços públicos é importante para humanizar a cidade, ainda mais na região da Avenida Paulista, que aos finais de semana se transforma em um local efervescente e cosmopolita e possui uma grande oferta de atividades culturais e de serviços com diversos polos de atração, como a Praça do Ciclista, o Parque Trianon, o MASP, a Casa das Rosas, e a proximidade com a Rua Augusta e com muitos outros estabelecimentos comerciais.

Por isso, a entrega para a cidade da ciclovia da Avenida Paulista possui um valor tão simbólico e importante. É uma cidade que está sendo aberta para o convívio de todos. Uma vitória histórica para São Paulo e o primeiro passo para a conquista definitiva da Paulista e da cidade pelas pessoas. 

(*) Chico Macena, 52 anos, é administrador, Secretário do Governo do Município de São Paulo e autor da Lei 14.266, que criou o Sistema Cicloviário do Município.

Redação

5 Comentários

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  1. Sempre fui frequentadora da Paulista, desde 1972 quando fui

    morar em SP. Gostava dos casarões ali ainda existentes e presenciei suas modificações e contemporaneidades.

    Em princípio, reclamei, como não paulistana que sou, de sua descaracterização, de suas modernidades todas., do sumiço do Gazeta, Gazetinha e Gazetão. Depois da apropriação indébita dos bancos da vida das pessoas ali. Para pagar sua cota de “humanização”, estes bancos criaram espaços culturais e mostras nos fins de semana frequentados por uma parcela da população.

    Sempre reclamei também de que tudo tinha que ser cobrado- e bem cobrado- teatro, museu etc. etc. o que inviabilizava , quase sempre, a ida de meus meninos de escolas públicas a se apropriarem junto com suas famílias da avenida- quando eu lhes recomendava as visitas etc.

    O teatro SESI ainda era uma opção gratuita.

    As manifestações políticas, as paralisações , greves, as comemorações de títulos dos campeonatos de futebol… a Paulista sempre foi da população. de bem. do bem.

    De uns anos para cá, agressões a gays, assassinatos, terrorismo político e outras máscaras foram sendo colocadas na Paulista.

    Apropriação de espaços públicos por todos para atividades saudáveis e democraticamente constituídas deve ser uma meta.

    Aliás só se defende aquilo que se conhece, aquilo do qual se gosta.

    AS VERSÕES:

     

    AVENIDA PAULISTA

     

    Bem que eu gostaria de estar
    Na beira da praia admirando o mar
    Bem que eu gostaria
    Mas a vida é correria

    Bem que eu queria estar 
    No alto da montanha admirando o luar
    Do lado de quem me ama
    Mas a vida não engana

    Meu horizonte é reto
    Fios e postes de concreto
    Num coração deserto 
    Correndo atrás do que é incerto

    O sol está a se perder de vista
    Na Avenida Paulista
    Os arranha-céus decoram a retina
    Mesmo que eu tente enxergar as nuvens estão cinzas
     

     

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=8dvRdNolMrQ%5D

     

    PAULISTA

     

     

    Na Paulista os faróis já vão abrir…
    E um milhão de estrelas
    prontas pra invadir, os jardins
    onde a gente aqueceu uma paixão…
    Manhãs frias de abril.

    Se a avenida exilou seus casarões,
    quem reconstruiria nossas ilusões?
    Me lembrei de contar prá você, nessa canção,
    que o amor conseguiu…

    Você sabe quantas noites eu te procurei,
    nessas ruas onde andei?
    Conta onde passeia hoje esse seu olhar…
    Quantas fronteiras ele já cruzou, 
    no mundo inteiro de uma só cidade?

    Se os seus sonhos imigraram sem deixar
    nem pedra sobre pedra prá poder lembrar…
    Dou razão, é difícil hospedar no coração
    sentimentos assim.

     

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=XDDWxdnkD1k%5D

     

  2. O Ciclope que comanda a Folha

    O Ciclope que comanda a Folha de São Paulo não conseguiu impedir a Ciclovia do Haddad.

    Em terra de barão da mídia caolho um político jovem que tem os dois olhos no futuro sempre será rei. 

  3. Povinho

    Tem gente que odeia a ciclovia porque é vermelha.

    Tem gente que odeia a ciclovia porque a cidade “não é plana”.

    Tem gente que odeia a ciclovia, e jogou ovo podre e tinta azul das janelas no domingo, por causa do “petrolão”.

    É compreensível que a imprensa lixo não tenha podido retratar o “fracasso” da ciclovia na Paulista. Porque para onde se olhasse, no domingo, era poesia, era gente, era liberdade, era sol, era inclusão, era confraternização.

    http://www.buzzfeed.com/manuelabarem/imagens-adoraveis-da-inauguracao-da-ciclovia-na-avenida-pa#.iwObz5mqd

    Tinha uma Circucicleta de Livros. Tinha uma senhora distribuindo suspiros grátis. Tinha gente vestido de ciclovia. E de ponta a ponta tinha músicos com violões e acordeões embalando ao vivo as gentes que iam e vinham. Tinha skate, patinete, Lego e Playmobil. Tinha um monte de cachorros, cadeirantes, drag queens. Para onde se olhasse tinha gente de mãos dadas, abraçados, com crianças de colo.

    Tem a São Paulo das panelas cheias de ódio. E tem a beleza de se “abrir a Paulista aos domingos” para as gentes desfrutarem da cidade com amor e poesia. Fernando Haddad não é só uma cabeçorra política genial: é um visionário décadas à frente de seu tempo. Vida longa, Haddad. Quando vc for presidente do Brasil poderemos enfim deixar de ser o “país do futuro” e seremos o “país do agora, hoje, JÁ!”

    Compreensível o ódio de alguns. Porque o ódio vem do despeito, de se remoer de inveja nos cantos, de não conseguir nem respirar de tanta raiva porque é um PETISTA que está fazendo essa REVOLUÇÃO em São Paulo.

    Ah!! Queria aproveitar a oportunidade e mandar um grande abraço pra Erundina e pro Movimento Passe Livre. Neste domingo, graças a Deus, vocês não fizeram NENHUMA FALTA. Sem mais.

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