O xadrez da economia para 2014

O xadrez da economia global traz mudanças complexas e interessantes.

De um lado, há a recuperação da economia dos Estados Unidos e da União Europeia e dúvidas ainda em relação à China. Significa uma boa perspectiva de recuperação do comércio mundial e, com ele, das exportações brasileiras de manufaturados, manutenção das cotações de commodities e algum alívio na balança comercial.

Por outro lado, há um realinhamento global das moedas, em vista das expectativas em relação ao fim dos estímulos monetários do FED (Federal Reserve, o Banco Central dos EUA).

Esse ajuste provoca ampla volatilidade no mercado de câmbio e de taxas, típica de períodos de transição. Nesses períodos, há um efeito manada não homogêneo afetando as economias emergentes. Não há clareza nem sobre o tamanho da fuga nem sobre as necessidades de financiamento dos países. Essas duas informações são essenciais para se prever 1) o novo nível de câmbio das moedas nacionais; 2) o nível interno de taxa de juros dos países afetados.

Sem esses parâmetros, o mercado internacional ensaia uma caça à raposa.

***

No caso brasileiro, o jogo fica um tanto mais complexo.

O país necessita, de fato, de um realinhamento do real para estancar o aumento do déficit externo e garantir um mínimo de vitalidade para a indústria nacional.

Mas esse realinhamento traz impactos inflacionários. Para combater esses efeitos, o Banco Central mantém a velha política de aumento da taxa Selic. O mecanismo de transmissão da Selic sobre os preços é o câmbio: aumentando os juros, teoricamente atraem-se mais dólares, o real se valoriza e, com o dólar mais fraco, há menor pressão sobre os preços.

***

Os problemas brasileiros advém desse acúmulo de prioridades conflitantes.

Aumentando a taxa Selic, há três movimentos na economia:

1.    O real se desvaloriza menos, reduzindo a pressão sobre os preços.

2.    A economia cresce menos do que cresceria com um real mais desvalorizado, em função dos efeitos sobre as exportações e importações (real mais forte significa mais importações e menos exportações).

3.    Aumenta a necessidade de superávit primário (receita menos despesas operacionais) pa       ra pagar o aumento de juros. Para este ano, a meta do governo é um superávit de 1,9% do PIB. As agências de risco estimam a necessidade de um superávit superior a 3% para manter a mesma relação dívida bruta/PIB.

***

Caso a dinâmica da dívida pública não seja contida, há o risco concreto de rebaixamento do país no rating das agências de risco. O resultado será uma saída mais brusca de dólares, com a consequente desvalorização do real – e seus impactos sobre a inflação.

***

Trata-se de um xadrez que exige monitoramento fino das condições do paciente. Mas nada que sugira o cataclismo prenunciado por algumas manchetes terroristas.

Há um bom estoque de reservas cambiais, um nível moderado de endividamento na economia, empresas brasileiras se preparando para eventuais mudanças cambiais.

A incógnita é o fator eleições e até que ponto haverá terrorismo econômico com propósitos eleitorais. Aí se entrará em um campo difícil de avaliar: o estado de espírito dos agentes econômicos.

Luis Nassif

60 Comentários

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  1. o curioso é que…

    as tais “agencias de risco” ainda detenham algum poder de interferir na Economia Mundial.

    Ainda mais depois do vergonhoso (CRIMINOSO?) papel desempenhado por elas pré-Crise de 2007-8.

    Como dizia Lula, se o Mundo fosse sério, estas “agencias” estariam FECHADAS e seus mantenedores na CADEIA.

    Mas…

     

    ://

    1. Concordo plenamente. Eu acho

      Concordo plenamente. Eu acho que o Estado deve romper com o mercado especulativo e particar policas te Estado.

      Ex: Falei em fechar as fronteiras, não,  sai nada daqui sem o nosso consentimento. Assim negociaremos os produtos que interessam ao nosso mercado e que traga vantagens e não destrua nossas empresas.

      Pode parecer radical, mas, se não fizermos isto logo perderemos a oportunidade do Estado que representa o cidadão e tem compromisso para com eles, seja impresáriado, rentista, trabalhador ou quaquer cidadão dentro das nossas fronteiras, perderemos a capacidade de indutor, e ficaremos reféns do mercado de capitais sendo extorquidos pela politica terrorista que praticam.

      Eles destroem economia, cultura a sanidade das pessoas atrás só de lucros fáceis.

      Para isto eu zeraria a taxa de juros praticadas pelo BNDS. Fomentária pequenas empresas que assumissem um pacto social. Determinaria taxa Zero de Selic, faria uma revisão extratégica, das ferramentas que medem a volatividade dos preços.  

      Ainda bem que o Lula salvou os Bancos Estatais. Garantir contas de correntistas só dos bancos estatais, assim como a poupança.

      Eles querem usar o Dolar como moeda mundial, tudo bem, fixar cambio um para um, não interessa. se nosso produto ficara caro para exportar, como também não interessa trazer produtos de fora que nosso parque industrial não consegue competir de igual para igual.

      Precisamos de muita pouca coisa do que vem de fora, a meu ver só vem bugingangas, Que podemos produzir aqui, dando folego a nossos empresários e podendo fazer uma politica de comercio exterior mais voltadas a suprir necessidades bilaterias.

      Aplicar mesma tabela de ajuste interesse comercias a qualquer compra feita no exterior, seja via internet, seja no turismo.

      Aumentar efetivo para impedir o contrabando, que tenderá a ser elevado, aplicar penas de confisco, de cargas e destruição, como também punir quem vender produtos contabandeados com o confisco.

      O excesso de mercadoria no mercado interno promoverá é uma defração, para isso, é necessário uma politica de preço minimo. Que é o mesmo critério usado para a importação, o produto entra pela sua qualidade, não por ser mais barato.

      DEIXAR OS EXPECULADORES SE COMER, QUEM NÃO QUIZER CORRER RISCO QUE APLIQUEM EM LETRAS DO GOVERNO COM CORREÇÃO ZERO.

      O banco central não deve fazer intervenções para salvar bancos, caso de bancos privados venham a ser atacados por comcorrentes, criando uma situação de instabilidade, para não prejudicar seus funcionários e seus correntistas, depois de uma autidoria sobre sua saúde financeira, o estado poderá assumir o controle do banco e executar bens e propridades para cobrir o rombo. Caso o Estado da instituição, estiver com dividas acima de sua capacidade patrimonial, responasábilizar criminalmente, todos os administradores.

      Mudar nossa carga tributária que é perversa, tributar mais renda que consumo.

      Retirar todos as indexidores economicos no mercado, honrar com todos os contratos existentes de parcerias publicos e privadas. Após terminos de contratos, o Estado poderá licitar para a iniciativa privada novamente com lucro já previsto no periodo de contrado com valor máximo. Quem der melhor lance fica com o empreendimento, se não houver lance o Estado assume a responsábilidade. E de tempos e tempos de form aestratégica oferece novamente.

      É radical, mas, tem que ser assim.

  2. Como pode durar um tipo de economia que de ECO nada tem?

    Saiu que em um ano o Grupo Pão de Açúcar (que vende entre outras coisas alimentos, bens duráveis) faturou R$ 1,5 bilhão.

    E na extorquidora telefonia brasileira (foi o PSDB que fez…) apenas a mais reclamada e menos presatativa TIM faturou no período R$ 1,4 bilhão.

    Pode Arnaldo? 

  3.   Nassif, parece que se

      Nassif, parece que se tornou palavrão voltar a falar nas tais medidas macroprudenciais, tais como aumento do compulsório, limitação do número de parcelas na compra de bens de consumo, etc.

      A SELIC arrebenta o orçamento federal e inibe projetos produtivos, isso eu mesmo já cansei de entender, apenas postergando o ‘problema’ do aquecimento econômico, já que não se consegue mais mas também não se amplia a capacidade produtiva para o futuro.

      Esse foco na SELIC também não esconde (MAIS) uma tentativa de apaziguamento por parte do governo em relação ao ‘mercado’?

    1. Aumento de juros para segurar os dólares

      André, Índia, Turquia e outros países aumentaram suas taxas de juros para reter no país a fuga de capitais externos devido à redução dos incentivos do Fed. O Banco Central do Brasil está fazendo o mesmo. O Tombini admitiu, indiretamente, que o longo ciclo de aumento da Selic serve para segurar os dólares no País, ao afirmar que o Brasil se antecipou no aumento dos juros em relação a outros países. Medidas macroprudenciais não aumentam os lucros dos mercados financeiros, portanto não seguram os dólares no País.

      1.   E será necessário? Faço

          E será necessário? Faço minhas as palavras do Roberto São Paulo, logo acima. Temos um colchão enorme, não vejo o porquê da exclusividade de um único remédio – os juros – que ainda por cima eternizam essa dependência de capital especulativo, além de tenderem a valorizar o câmbio.

          A mim parece que as reservas seriam suficientes para segurar os juros em um ajuste (aumento) mais suave, ao mesmo tempo em que uma pequena desvalorização cambial teria um efeito benéfico sobre a balança.

      2. Ferruccio não devemos nos

        Ferruccio não devemos nos preocupar com especuladores, eles apostam em falencias, inventam empresas sem lastro, ganho só com expeculação, exemplo bit.com, a maluquice de alugueis de ações onde o cara aposta se a empresa vai falir ou se vai dar lucro. Estes investimento não interessam e é prejudicial a sociedade.

  4. O patamar da Reserva Cambial permite uma resposta não classica

    O Brasil tem US$ 376 bilhões de Reservas Cambiais, quase o dobro do que tinha em 2008.

    Creio que a resposta clássica que está sendo dada pelo Banco Central, seria até a mais adequada se as Reservas Cambiais estivessem em uma patamar bem mais baixo, o que não é o caso

    O mais adequado no momento seria interromper o atual processo de aumento dos juros da Selic, e iniciar uma venda gradual das Reservas Cambiais, estabelecendo um preço mínimo que seria algo como R$ 2,45 a R$ 2,60, que permitiria uma correção da taxa de câmbio de até 10% nominais em 2014, e manter a inflação dentro da meta estabelecida pelo CMN – Conselho Monetário Nacional.

    As vendas de parte das Reservas Cambiais além de contribuir para o controle da taxa de câmbio e da inflação, também reduziria a dívida pública, o que praticamente obrigaria as agências de risco,  a elevar a nota do Brasil.

     A venda de US$ 100 bilhões das Reservas Cambiais nos próximos dois anos, a um preço médio de R$ 2,60, permitiria resgatar R$ 260 bilhões em títulos da dívida pública, reduzindo em quase 10% a dívida pública  bruta.

    Creio que agora é momento adequado para utilizar as Reservas Cambiais que foram acumuladas desde de 2006, principalmente considerando que a maior parte foi comprada com o dólar entre R$ 1,50 a R$ 2,00.

    1. Vender reservas?

      Roberto,

      Tenho acompanhado seus comentários com interesse, principalmente pela objetividade.

      Tenho dúvidas sobre a conveniência de vender parte das reservas em dólares, no momento.

      Me parece que o principal problema do momento é evitar a saída de dólares do País, por causa do déficit nas contas externas, além de evitar uma piora no já elevado pessimismo dos investidores estrangeiros em relação ao País. A forma adotada pelo Brasil, e outros emergentes, é aumentando os juros, o que aumenta os rendimentos dos aplicadores externos, incentivando-os a manter os dólares no País.

      Essa política representa um alto custo para o Brasil, que, só em juros,  gastou R$ 35 bilhões a mais em 2013, comparado com 2012. Mas, qual seria a alternativa?

      Um elevado nível de reservas em dólares fornece certa garantia para o capital externo. Na medida em que as reservas diminuem, o resultado pode ser uma desvalorização do câmbio maior do que a desejada, com fuga de capitais e efeitos negativos na inflação e no financiamento do déficit externo.

      A ideia de fazer caixa vendendo reservas é boa, mas a contrapartida, a redução da dívida pública é duvidosa, enquanto que a dívida líquida sobe.  

      1. O todos os países

        O todos os países desenvolvidos estão totalmente individados, sem capacidade de se financiarem. A maioria deles esta com taxa zero de juros em sua divida publica, impagaveis, numa proporção com o inividamento americano teriamos uns 9 trilhoes de dolares para injetar dentro da nossa economia para equilibrar as desigualdades entre nação.

        Com 9 trilhões de dolares da para desenvolver muita tecnolgia utíl, sanar muitos problemas de infraestrutura basica do pais, corrigir erros de planejamentos urbanos e tudo mais.

        Não há pressa!

      2. O momento é agora ou nunca mais

        Reservas Cambiais são acumuladas em momentos de grande entrada de dólares, provenientes dos saldo na Balança Comercial, aumento do carry trady pelos investidores estrangeiros, albicações em ações pelo investidores estrangeiros, aumento dos investimentos estrangeiros diretos na produção de bens e serviços, e investidores nacionais trazendo dólares de volta.

        O momento de vender é quando corre uma falta de liquidez no mercado internacional em função das expectativas dos agentes econômicos, como agora.

        O que provoca a alta da taxa de câmbio em momentos de fuga de capitais, é que este movimento provoca uma demanda maior que a oferta no mercado de câmbio, principalmente pelo exportadores reterem o maior tempo possível os dólares buscando uma taxa maior, e os importadores anteciparem ao máximo a compra de dólares para o pagamento das exportações.

        A venda de Parte das Reservas Cambiais impediria o desequilíbrio entre a oferta e a procura no mercado de câmbio, mesmo em uma situação de fuga de capitais,

        Hoje já ofertados U$ 200 milhões de contratos de swaps cambiais por dia, se fosse acrescentado mais US$ 200 milhões de dólares no mercado, daria um total de R$ 400 milhões por dia, e seria necessários mais de 2 anos para vender cerca de US$ 100 bilhões das Reservas Cambiais, e mesmo assim sobrariam US$ 276 bilhões, 40% a mais do que havia em 2008.

        O importante é estabelecer um preço mínimo para impedir uma queda da taxa de cãmbio.

      3. O aumento da produção de petróleo e derivados

        Outra coisa que precisamos lembrar é que a partir de 2017 haverá um aumento expressivo da produção de petróleo e derivados no Brasil, que proporcionará um excedente exportável.

        Ou seja além eliminar o atual déficit comercial na conta petróleo, proporcionará um superávit comercial, com grande impacto na balança comercial.

        Temos até 2017 para vender as Reservas Cambiais, já depois de 2017, muito provavelmente teremos que aumentar as Reservas Cambiais para impedir uma queda da taxa de câmbio.

  5. A nova Carta ao Povo Brasileiro

    Em 2002, o então candidato Lula teve que se comprometer com os mercados financeiros de que não quebraria contratos. A carta era dirigida ao povo brasileiro mas, na verdade, não foi para o povo, e sim para os investidores/especuladores estrangeiros, garantindo que o novo governo do PT não iria prejudicar seus interesses no Brasil.

    Doze anos depois, o governo do PT está preste a emitir uma nova Carta ao Povo Brasileiro.

    Dentro de alguns dias o governo irá se comprometer publicamente a atingir um determinado superávit primário (em volta de 2% do Pib). Os técnicos do Orçamento estão trabalhando, dia e noite, para determinar onde serão feitos os cortes que, provavelmente, serão nos investimentos do governo.

    O baixo crescimento do País é atribuído ao baixo investimento, especialmente investimento do governo em infraestrutura. Apesar disso, o governo será obrigado a cortar esses investimentos para satisfazer os mercados financeiros e as agências de classificação de risco.

    O compromisso não será tão formal como uma Carta ao Povo Brasileiro, mas as consequências não serão menos importantes.

    O Delfim Neto foi um dos primeiros a defender publicamente a necessidade da presidente Dilma se comprometer com um superávit de 2% (o compromisso tinha que ser da presidente).

    Perguntado pela entrevistadora como o governo iria conseguir esse superávit, o que implicaria dizer quais as áreas que seriam prejudicadas, o Delfim não respondeu diretamente. Disse que o importante era a presidente se comprometer, e cumprir o prometido.

    A situação fiscal do País não é crítica. Muitos analistas reconhecem que o pessimismo em relação à economia é excessivo. O próprio Delfim reconhece. O ministro da Fazenda afirmou que o Brasil é o país, entre os emergentes, que mais faz superávit primário.

    Mas, na minha visão, o importante não são os 2%. O importante é a presidente se comprometer publicamente. O importante para os mercados é ter o governo como refém. Se a presidente não cumprir o prometido, como é provável, estará sujeita à condenação pública, por não ter cumprido o prometido. É com os governos vulneráveis que os mercados lucram.

    E assim, de compromisso em compromisso com os mercados financeiros, os objetivos de crescimento do País ficam postergados. Não é difícil entender porque é tão difícil para o Brasil ter um plano estratégico de desenvolvimento de longo prazo, como muitos querem, e como a China tem.

    A independência do País para desenvolver planos estratégicos de longo prazo depende do País  reduzir a dependência do capital externo. Enquanto isso não for possível, o mais sábio é ceder à chantagem do capital especulativo externo, como o Delfim recomenda. 

    1. Não concordo nem com o Delfin

      Não concordo nem com o Delfin nem com vc. Ele é economista, tudo bem, Nos temos que pensar é no cidadão e em nossas empresas. Temos que impedir a concentração e monopolização do mercado, pois ai seremos escravos to ttrabalho e não teremos mais direito nenhum.

      1. Não concordar é bom

        André,

        Você não concordar comigo é bom, assim podemos discutir mais o assunto.

        Quanto a você não concordar com o Delfim, bom,  o meu bom senso me diz que, antes de discordar do Delfim, é preciso ter uma boa bagagem de conhecimentos de Economia, que eu estou longe de ter.

        Por outro lado, eu concordo com você quando diz que devemos pensar no cidadão e nas empresas. A questão é qual é a melhor política econômica para atingir esses objetivos. 

        1. Ele pensa como capitalista,

          Ele pensa como capitalista, objetivo de capitalista é lucro, especulação, concentração de capital, todos que sonham ficar bilionários pensam assim. Eu não tenho nada contra se ganhar dinheiro e acumular, mas, sou contra estorquir para conseguir ganhar.

           

  6. Same shit

    Como sempre, se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Cachorro correndo atrás do rabo. Sem proposta ou condição de ruptura. E com 40 milhões de pessoas ainda abaixo da linha de pobreza e os grandes bancos brasileiros registrando lucros recordes. Parabéns Federação de Coporações Brasil!

    1. Rui os Bancos já são sócios

      Rui os Bancos já são sócios de diversas empresas. Estão promovendo uma carterização generalizada no Brasil, se não botarmos o pé no freio, eles é que governarão o país e o mundo. Quando a especulação deles da errado, transfere o prejuizo para a sociedade atraves de socorro do Banco Central. Meu é Só o Banco Central não dar mais socorro, se quebrarem, quebrou, ponha seus administradores que o faliram na cadeia inclusive seus donos. Rastreie as cotas societarias e confisque para cobrir o rombo e não prejudicar seus funcionários que é para quem o Governo deve satisfação.

      O restante correntista, poupador, investidor, eles é que escolheram colocar seu dinheiro em instituições que apostam no risco.

  7. A falácia da previsão da inflação

    Como o horizonte trabalhável para a previsão da inflação é de 30 dias, segundo a matemática das matrizes vetoriais aleatórias, temos que, pautar a política econômica em uma variável tão volátil e imprevisível leva o governo a desenvolver um leque de políticas públicas imediatistas e precárias, sem organicidade ou projeções de maior alcance.

    Não serve para o Brasil.

    A discussão sobre o que deve ser feito e o que pode ser feito precisa ser clara e transparente.

    Um provérbio Árabe me vêm a mente aqui:

     

    Não diga tudo o que sabes

    Não faças tudo o que podes

    Não acredite em tudo que ouves

    Não gaste tudo o que tens

     

    Porque:

     

    Quem diz tudo o que sabe,

    Quem faz tudo o que pode,

    Quem acredita em tudo o que ouve,

    Quem gasta tudo o que tem;

     

    Muitas vezes diz o que não convém,

    Faz o que não deve,

    Julga o que não vê,

    Gasta o que não pode.

     

    O Nassif recomendou:

    “Trata-se de um xadrez que exige monitoramento fino das condições do paciente. Mas nada que sugira o cataclismo prenunciado por algumas manchetes terroristas.

    Há um bom estoque de reservas cambiais, um nível moderado de endividamento na economia, empresas brasileiras se preparando para eventuais mudanças cambiais.

    A incógnita é o fator eleições e até que ponto haverá terrorismo econômico com propósitos eleitorais. Aí se entrará em um campo difícil de avaliar: o estado de espírito dos agentes econômicos.”

    Assim, vê se que é hora de se pensar as jogadas, estamos no meio de jogo, nem abertura, nem final, hora de se gastar tempo com planejamento e avaliação das opções de jogadas, qual a melhor tática e estratégia para beneficiar o povo e a nação.

    A eleição é importante, mas não é o foco principal, que é a boa governança.

    O Roberto vêm insistindo em queimar reservas, venho concordano com ele, se a venda for na casa dos 2,40 estaremos repatriando riquezas para a nação e abrindo um crédito enorme para que investimentos do governo possam atingir a sua conclusão e passem a capitalizar o Estado, abrindo novos créditos e criando um círculo virtuoso para as contas públicas.

     

    1. Escancarando

      Estaremos abrindo as portas para um ataque especulativo.

      Ficamos sem divisas e sem capitalização e o único circulo que vai aparecer e do zero na conta das reservas.

      1. Cara voce ainda pensa como

        Cara voce ainda pensa como capitalista, capitalista quer lucro, nos queremos sustentabilidade. Um desenvolvimento sustentavel não se baseia em lucro, ele se baseia em necessidades, a matéira prima é escassa, tem que ser usada de forma sustentavél e duradoura.

        Nós não temos a pretenção de ser o país mais rico do mundo, nós somos o pais mais risco do mundo, só temos a pior cultura e estamos pondo em risco nossa riqueza que tem que ser administrada com sabedoria.

        1. Tributação

          Será que uma tributação progressiva, beneficiando capitais que permaneçam mais tempo no país não ajudaria a evitar a especulação do curto prazo?

          1. Eu não acho que se deva

            Eu não acho que se deva tributar investimento, não considero justo! Mas defendo que este investimento tem que ser de longo prazo.

            Para capital de giro, o BNDS, pode abrir uma linha de credito de curto pazo, com juros zerado, priveligiando pequenas, médias e grande. Já os oligopolios que se virem no mercado!

    2. Metas de Inflação, Reservas e Competência é só para quem tem

       

      Alexandre Weber – Santos – SP (sexta-feira, 14/02/2014 às 10:41),

      Não sei se vai alterar alguma coisa no imbróglio, ainda mais que se trata de leigo, mas em minha opinião trata-se de um xadrez muito complicado. Seja como primeira questão de solução desconhecida, a alternativa do Regime de Metas de Inflação. Quais são os dois grandes países (População e PIB) que adotam o regime de metas de inflação? Inglaterra e Brasil. E por que dois países com PIB superior a 2 trilhões de dólares adotam um mecanismo de controle de inflação que estabelece uma inflação para um futuro em que, dentro do conhecimento científico atual, não é possível estabelecer a inflação? Penso que é exatamente por isso que o Regime de Metas funciona.

      O Regime de Metas é, sob o aspecto de modernidade, um modelo de suporte teórico mais moderno ou, talvez se devesse dizer, mais recente. Não é, entretanto, na sua modernidade ou na sua fundamentação teórica que o Regime de Metas de Inflação encontrou base para a sua adoção. A razão da adoção do regime de Metas de Inflação é a particularidade de com ele se poder obter uma receita de juro superior à corrosão da moeda provocada pelo processo inflacionário. Com o Regime de Metas de Inflação, o aplicador se garante de que independente do que acontecer o governo assegura que ele pagará uma taxa de juro superior à taxa de inflação que ocorrerá no período.

      Para o aplicador, o Regime de Metas de Inflação é de longe o que oferece o melhor retorno. A este respeito transcrevo o comentário que enviei domingo, 10/11/2013 às 16:30, tendo como destinatário o comentarista “O” Anonimo e relativamente ao comentário que ele enviara quinta-feira, 20/09/2012 às 19:58 junto ao post “Tem, mas acabou” de quarta-feira, 19/09/2012 lá no blog A Mão Visivel de Alexandre Schwartsman. O endereço do post “Tem, mas acabou” é:

      http://maovisivel.blogspot.com.br/2012/09/tem-mas-acabou.html

      E em meu comentário, eu disse o seguinte:

      —————————————————————

      “O” Anonimo (quinta-feira, 20/09/2012 às 19:58),

      Minha justificativa para imaginar que o Regime de Metas de Inflação fora adotado para garantir ao investidor um juro maior do que a inflação e que coloquei em meu comentário enviado quinta-feira, 20/09/2012 às 21:25, para você, tinha como referência algum artigo que eu havia lido dizendo que o retorno da taxa de juros na Inglaterra (Eu imaginava que a taxa mencionada fosse a Libor) havia sido menor do que a taxa de inflação dentro de determinado período.

      Na época do meu comentário de quinta-feira, 20/09/2012 às 21:25, eu não tinha a menor idéia de onde lera a notícia sobre o ganho da inflação sobre o retorno dos títulos públicos na Inglaterra (ou da Libor) e não perdi tempo em pesquisar. Recentemente eu li no blog de Nicholas Gregory Mankiw uma referência a um erro da revista The Economist. A informação estava no post “Fact checking The Economist” de domingo, 27/10/2013 que pode ser visto no seguinte endereço:

      http://gregmankiw.blogspot.com.br/2013/10/fact-checking-economist.html

      E no texto, Nicholas Gregory Mankiw se referia ao artigo “Buttonwood – Where there’s money, there’s risk” de terça-feira, 19/10/2013, e que pode ser visto no seguinte endereço:

      http://www.economist.com/news/finance-and-economics/21588124-events-america-show-no-asset-copper-bottomed-where-theres-money-theres/

      No post “Fact checking The Economist”, Nicholas Gregory Mankiw corrige os cálculos da revista The Economist que constatara uma perda de 2% ao ano que um investidor tivera se aplicara em títulos do governo no período de 1946 a 1980. Segundo Nicholas Gregory Mankiw, uma perda de 2% ao ano durante 35 anos não corresponderia a 91% como calculara a revista The Economist no artigo “Buttonwood – Where there’s money, there’s risk”, mas a 49%.

      A revista The Economist têm feito artigos não muito acertados sobre o Brasil há um bom tempo e recentemente no post “Os frutos do descaso” de quarta-feira, 09/10/ 2013, e que fora publicado no jornal Folha de S. Paulo em 02/10/2013, Alexandre Schwartsman aproveitara para comentar a reação do governo brasileiro à reportagem intitulada “Brazil’s future – Has Brazil blown it?” de sábado, 28/09/2013, e que pode ser vista no seguinte endereço:

      http://www.economist.com/news/leaders/21586833-stagnant-economy-bloated-state-and-mass-protests-mean-dilma-rousseff-must-change-course-has

      O título e o subtítulo da reportagem da revista The Economist “A stagnant economy, a bloated state and mass protests mean Dilma Rousseff must change course” e a fotomontagem apresentada no início da reportagem e que contrastava com outra reportagem da revista The Economist “Brazil takes off” de 12/11/2009 (O endereço é: http://www.economist.com/node/14845197), onde se via em fotomontagem o Cristo Redentor decolando e dando a entender que a economia brasileira ia crescer, mostram avaliações desencontradas sobre o futuro do Brasil em um curto espaço de tempo e dão bem idéia de como é comum os erros na revista, e que não se deve tomar ao pé da letra o que ela diz.

      No caso da reportagem “Buttonwood – Where there’s money, there’s risk” já com a correção do Nicholas Gregory Mankiw, os dados da revista The Economist, em meu entendimento, corroboram a minha justificativa para que se possa mais bem entender a razão para a introdução do Regime de Metas da Inflação na Inglaterra.

      ———————————————

      Da primeira vez que eu fui ao post “Tem, mas acabou”, fora um ano antes e ainda me lembrava de reportagem que falara sobre o fato de os títulos do tesouro inglês remunerar menos do que a inflação. Ao ler o blog de Nicholas Gregory Mankiw, eu voltei ao post “Tem, mas acabou” para deixar o registro da reportagem da revista The Economist. E transcrevi aqui o comentário pela importância que tem a informação do link da revista The Economist.

      Creio que já indiquei este link para você em algum post aqui no blog de Luis Nassif, mas insisto nele porque ele fundamenta a razão que eu considero como a mais plausível para a Inglaterra adotar o Regime de Metas de Inflação. Pelo que eu disse até aqui fica parecendo que eu considero que a Inglaterra adotou o Regime de Metas de Inflação para remunerar o aplicador a uma taxa de juro acima da perda decorrente da inflação. A questão que surge, é o que levaria o Tesouro inglês a remunerar os títulos do Tesouro a uma taxa superior àquela que durante tanto tempo o Tesouro inglês remunerava o aplicador descontada a inflação? Uma resposta simplista seria acusar o Tesouro inglês de ter sido tomado para o mercado. Não é o que eu penso.

      Em comentário que eu enviei quinta-feira, 20/09/2012 às 21:25 , ou seja, um ano antes, para “O” Anonimo, tendo em vista o comentário dele de quinta-feira, 20/09/2012 às 19:58, no post “Tem, mas acabou”, eu disse o seguinte no final do comentário:

      “Eu não tenho dúvidas de que o Regime de Metas é uma boa forma de se ter a taxa de juro maior do que a inflação. Como a Inglaterra ia partir para uma situação bastante difícil de concorrência com o dólar de um lado e o euro que ia nascer de outro e tinha vindo de uma série crise no câmbio, eu imaginei que o regime de metas fora uma forma de ela assegurar um lucro um pouco acima do que a Europa e os Estados Unidos iriam oferecer”.

      Então, a razão para o juro mais alto é a necessidade de a Inglaterra precisar manter Londres como um grande centro financeiro. E no momento em que a Libra não se destaca como uma moeda muito forte, a única maneira de segurar o capital especulativo capaz de dar pujança para o mercado londrino é oferecer uma taxa de remuneração mais alta. É isto que o Regime de Metas de Inflação assegura.

      E no caso do Brasil, que razão levaria o Brasil a remunerar o aplicador a uma taxa superior à perda decorrente da inflação, adotando o Regime de Metas de Inflação, visto que o Brasil não pretende concorrer com europeus e com americanos e o Brasil não precisa concorrer com os mercados da América do Sul e da África? Será que aqui é válida a tese de que o Banco Central foi tomado pelo mercado? De certo modo, não se pode esquecer que o sistema capitalista é um sistema de dominação e o Estado é instrumento da dominação capitalista. No entanto, creio esta dominação não precisa ser feita diretamente. Basta criar as condições para que esta dominação se faça diretamente.

      Tanto insistiu o mercado de que a inflação é o mais injusto dos tributos que se houve por bem acabar com a inflação de uma vez. Lá atrás, ao se adotar este modelo de acabar com a inflação de uma vez, o investidor preferiu fazer aplicações de curto prazo, pois temia que mais à frente a inflação votasse a subir e assim ele precisaria mudar sua aplicação para ganhar mais com um juro mais alto. A mudança só era possível sem perda se a aplicação fosse de curto prazo.

      Se o modelo fosse acabar com a inflação vagarosamente, a percepção do investidor seria o contrário, ou seja, o juro atual remuneraria mais do que lá na frente e, portanto, mais bem faria o investidor em aplicar no longo prazo. O Regime de Metas de Inflação é então uma solução que se ajusta a realidade de um país com uma dívida de curto prazo muito elevada. Nestas circunstâncias, o aplicador sabendo que ele vai ganhar mais do que a inflação, não se preocupa em tornar líquido o seu investimento. De certo modo, o Regime de Metas de Inflação é a menor remuneração bruta que se tem para se ter uma inflação baixa e que assegura a maior remuneração real (líquida) ao aplicador.

      Faria mais bem ao Tesouro Nacional uma inflação maior, corroendo uma remuneração bruta maior, mas com uma remuneração líquida menor (ou mesmo negativa, como ela foi na Inglaterra durante quarenta anos). Só que politicamente é preferível que a remuneração líquida embora maior assegurasse uma inflação menor.

      O ruim é saber que nem sempre o que é bom para o país é bom politicamente. Observe que para se ter uma inflação menor, o Regime de Metas de Inflação parece ser o que há de melhor, mas é fácil constatar que uma inflação maior corrói a dívida pública e uma inflação menor aumenta a dívida pública.

      Um outro ponto de que eu gostaria de falar seria sobre o que fazer com as reservas. Lembro aqui que há poucos dias eu elogiei o Roberto São Paulo – SP, por ele ter realçado que foi o real forte que permitiu o Brasil comprar muita reserva. Não sei, entretanto, se a idéia de vender as reservas é a melhor. Vou usar outro comentário para falar sobre a questão das reservas. Deixo aqui apenas uma frase sem base científica, mas que eu gosto muito de dizer e que parodiava aquela frase do PSDB cunhada para apoiar o parlamentarismo e depois para defender a Emenda da Reeleição e depois para defender a reeleição de FHC. Segundo o PSDB, “governo bom fica, governo ruim sai”. Na minha paródia, ainda que seriamente, eu dizia:

      “Governo bom forma reserva; governo ruim as destrói”.

      E um terceiro ponto de que eu gostaria de comentar diz respeito à competência do governo. Competência que eu tinha realçado quando a inflação em 2011 atingiu exatamente o teto da meta. E competência que eu duvidei quando a inflação de 2013 ficou maior do que a inflação de 2012. E ficou maior por culpa e obra do governo que deu o aumento dos combustíveis em momento inoportuno. Falo, entretanto, sobre isso depois.

      Clever Mendes de Oliveira

      BH, 15/02/2014

      1. As reservas, Henrique Meirelles, os ingleses e os bons governos

         

        Alexandre Weber – Santos – SP (sexta-feira, 14/02/2014 às 10:41),

        Queria comentar um pouco sobre a frase “Governo bom forma reserva; governo ruim as destrói”. Passei a usar esta frase quando se discutia se formar reservas seria algo vantajoso. Esta frase eu, a utilizava como paródia a frase do PSDB de que “Governo bom a gente põe governo ruim a gente tira”. Só que eu acrescentava mais algumas palavras na frase e assim, ela ficava como transcrevo a seguir:

        “Governo bom forma reserva; governo ruim as destrói e, no entanto, as reservas são só para inglês vê”.

        Como já disse, trata-se de frase de leigo que não tem nenhum apoio científico. Só que se a primeira parte for correta, a parte final surge como uma consequência lógica. E eu a acrescentei à frase no original para coincidir com a crítica que eu fazia àqueles que diziam que quem mandava no Banco Central era Henrique Meirelles. Eu retrucava dizendo que Henrique Meirelles era presidente do Banco Central para inglês ver. Eu justificava minha afirmação dizendo que o Banco Central havia reduzido o juro de modo temerário no segundo semestre de 2003, para que os partidários de Lula pudessem se sair bem na eleição para as prefeituras da capital em 2004, e depois, o Banco Central subiu o juro para que a inflação fosse reduzida e assim Lula pudesse contar com a queda da inflação como grande trunfo na tentativa da reeleição em 2006. Enfim, o Banco Central agia de acordo com os interesses de Lula. Enfim, Henrique Meirelles estava lá apenas para inglês ver.

        E eu considerava que as reservas brasileiras e em geral todas as reservas são para inglês ver, no sentido de que as reservas não podem ser usadas. O Paul Krugman tem uma interpretação semelhante a minha, e como eu sou um leitor assíduo dele alguém poderia dizer que eu estou apenas imitando Paul Krugman. Não é verdade. A minha frase é anterior a grande crise. Paul Krugman sempre foi céptico em relação à formação de reservas e dizia que as reservas normalmente decorrente de saldos comerciais elevados mostrava mais a fraca capacidade de consumo do país. De todo modo, lembro de uma crítica mais direta ao uso de formação de reservas feita por Paul Krugman, expondo ponto de vista um pouco semelhante ao meu no post “China’s Water Pistol” de segunda-feira, 15/03/2010 às 09:00 AM e que pode ser visto no seguinte endereço:

        http://krugman.blogs.nytimes.com/2010/03/15/chinas-water-pistol/?_php=true&_type=blogs&_r=0

        É verdade que o texto de Paul Krugman tem duas partes. Na primeira parte, Paul Krugman critica a idéia de que, numa situação de armadilha de liquidez, o papel desempenhado pela China de poupador externo seja benéfico para a economia americana. E na segunda parte, utilizando a expressão de Dean Baker que chamava o risco de a China vender os dólares como sendo uma arma de água, Paul Krugman considerava que a venda de dólares pela China representa para os Estados Unidos apenas uma política expansionista. E dependendo da situação a política expansionista seria benéfica.

        Aliás, a formação de reservas em dólares, quando os Estados Unidos possuem uma política monetária expansionista, representa uma política anti-inflacionária custeada pelos países pobres. Então a formação de reservas com dólares pelo Brasil significou que nós os brasileiros estávamos combatendo a inflação nos Estados Unidos. O mesmo se deu com a China. O que talvez nos devesse levar a questionar a frase que diz que “governo bom forma reserva”. Não parece muito lógico formar reservas combatendo a inflação nos Estados Unidos.

        A outra parte do trecho inicial da frase também parece ser estranha. Não faz sentido, considerar ruim um governo que vende as suas reservas, pois não as vender significa considerar que as reservas são só para inglês ver. Talvez a única forma de se considerar correta a formação de reservas é considerar que somos todos ingleses ou nos tomamos como tal.

        Enfim, não me parece fácil decidir sobre a questão das reservas, mas permaneço com o meu entendimento de que “Governo bom forma reservas, governo ruim as destrói e as reservas são só para inglês ver”.

        E deixo para um próximo comentário para falar sobre a questão de como avaliar a competência do governo em relação à inflação, e de certo modo, sobre a taxa de juros, o câmbio e a formação de reservas.

        Clever Mendes de Oliveira

        BH, 15/02/2014 (Esqueci de dizer no comentário anterior que aquele meu comentário, como este, estariam sendo enviados de Pedra Azul/MG)

        1. Governo bom acerta inflação, taxa de câmbio e juro e reservas

           

          Alexandre Weber – Santos – SP (sexta-feira, 14/02/2014 às 10:41),

          Administrar um país não é fácil. Além da questão pertinente à priorização de recursos, você tem que saber qual é a taxa de inflação ideal, qual a taxa de juro ideal, qual a taxa de câmbio ideal, qual o tamanho ideal das reservas etc. e pode ser que o ideal para o país não seja percebido como ideal pela população. E às vezes é preciso agradar a população e não o país.

          Seja a inflação, por exemplo. Qual seria a melhor inflação para a população e qual seria a melhor inflação para o país. Eu particularmente penso que o ideal para um país em desenvolvimento seria ter uma inflação caindo de um patamar de 50% ao ano até depois de queda durante dez anos chegar a 10% ao ano e então depois de 10 anos chegar a 5% e então se avaliar qual deveria ser a inflação mais adequada para o país nos próximos dez anos e procurar manter a inflação dentro do patamar do ideal. Em meu primeiro comentário eu falei sobre a relação entre a inflação e a dívida pública.

          É claro que para a população uma inflação que cai de 50% a 10% em dez anos não é ideal. A população pouco importa com o tamanho da dívida pública, o tamanho da taxa de juro (A importância da taxa de juro só alcança aqueles que têm dívida no cheque especial, mas mesmos esses demoram a observar a correlação da taxa de juro do Banco Central com a taxa do cheque especial), nem com a taxa de câmbio (A exceção dos mais afeiçoados aos produtos importados e às viagens ao exterior).

          Então o ideal para um governo é fazer a inflação ir caindo ao longo do ano de eleição. Neste sentido o governo acertou em colocar a inflação no topo no primeiro ano de governo. Acertou duas vezes. Acertou em colocar a inflação no primeiro ano no topo e não no piso da meta. E acertou por chegar exatamente no limite. A taxa de inflação em 2011, com os limites superiores e inferiores da meta de inflação até o ano de 2013, pode ser visto no link da Agência Brasil com a reportagem “Inflação oficial registra em 2011 maior taxa desde 2004” de sexta-feira, 06/01/2012 às 09p4 de autoria de Thais Leitão e que pode ser vista no link a seguir:

          http://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/noticia/2012-01-06/inflacao-oficial-registra-em-2011-maior-taxa-desde-2004

          Eu já comentei provavelmente para você sobre o que me pareceu uma demonstração de competência superior por parte do Banco Central conseguido fazer a inflação atingir com exatidão o teto da meta. A minha percepção de uma suposta competênciao do governo se arrefeceu quando a inflação em 2013 apareceu superior a inflação de 2012. O link a seguir retirado da matéria no Estadão intitulada “IPCA de 2013 maior que o de 2012 contraria Fazenda e BC” de sexta-feira, 10/01/2014 mostra bem como o governo não foi competente:

          http://economia.estadao.com.br/noticias/economia-geral,ipca-de-2013-maior-que-o-de-2012-contraria-fazenda-e-bc,174935,0.htm

          O subtítulo da matéria “IPCA de 2013 maior que o de 2012 contraria Fazenda e BC” deixa bem claro quem é o governo que cometeu o erro. Diz o subtítulo: “Guido Mantega e Alexandre Tombini haviam declarado que a inflação de 2013 seria menor que a de 2012”. Então eles dizem uma coisa e sai outra totalmente diferente. Um erro muito grande que tirou toda a minha crença na competência do governo. E o pior que a inflação mais alta em 2013 foi decorrente de decisão do governo ao escalonar em um curto período dois aumentos de preço de gasolina. Uma incompetência que um nível mínimo de informações e de capacidade de previsão permitira administrar para se obter em 2013 uma inflação inferior a inflação de 2012.

          Com o aumento da inflação não foi surpresa para mim que logo depois da informação sobre a taxa de inflação em 2013, ocorrendo a 180ª reunião do Banco Central houvesse um aumento da taxa de juro em 0,5% quando o esperado era um aumento de 0,25%, até antes de ser divulgado a inflação em 2013 (5,91%), resultando em uma inflação superior a inflação de 2012 (5,84%).

          Bem, um pouco depois houve ataque especulativo contra todas as moedas emergentes em que todos os Bancos Centrais tiveram que aumentar o juro. Um dos poucos que não precisou acompanhar o mercado foi o Banco Central do Brasil, pois havia antecipado com o aumento de 0,5% um movimento especulativo do mercado.

          O mais interessante foi uma reportagem que saiu no blog Beyond Brics. Com o título “EM central bankers: guiders, reactors and Mavericks” a matéria de Jonathan Wheatley, publicada na terça-feira, 03/02/2014 às 03:49 pm faz uma classificação dos presidentes dos Bancos Centrais nos principais Bancos Centrais dos países emergentes do mundo. A matéria “EM central bankers: guiders, reactors and Mavericks” pode ser visto no seguinte endereço:

          http://blogs.ft.com/beyond-brics/2014/02/03/em-central-bankers-guiders-reactors-and-mavericks/

          E na reportagem o presidente do Banco Central do Brasil Alexandre Tombini é classificado como presidente guia que antecipou a subida do juro. É de se observar que o blog Beyond Brics se encontra no site do Financial Times um jornal que junto com a revista The Economist têm sido bastantes críticos ao Brasil.

          A pergunta é até que ponto o governo foi competente ao permitir que a inflação em 2013 fosse maior do que a inflação em 2012. O governo permitiu ou ocasionou?

          Creio que os dados são suficientes para que se conclua que o momento é muito complexo e fica muito difícil de avaliar a competência ou incompetência do governo e, deixando de lado a nossa retórica, as duas opções são possíveis.

          Sobre a nossa retórica, eu deixo aqui explícito minha admiração pelo ministro Guido Mantega. E faço menção ao post “As discussões sobre a taxa Selic” de quinta-feira, 05/12/2013 às 07:00, da lavra de Luis Nassif em que ele consolida as razões para ele questionar os efeitos da taxa Selic na inflação. Eu pretendo fazer vários comentários junto ao post “As discussões sobre a taxa Selic” e em um deles a minha intenção é justificar a defesa que eu faço do ministro Guido Mantega. Defesa muito presente aqui no blog de Luis Nassif porque Luis Nassif é crítico de Guido Mantega. Bem, fica desde já o endereço do post “As discussões sobre a taxa Selic”:

          https://jornalggn.com.br/noticia/as-discussoes-sobre-a-taxa-selic

          E como eu ainda não enviei meu comentário com elogio a Guido Mantega para o post “As discussões sobre a taxa Selic”, eu deixo aqui um dos links que eu pretendo deixar lá. Trata-se de um comentário enviado quinta-feira, 18/07/2013 às 23:54, para o post “O fracasso órfão” de segunda-feira, 15/07/2013. Lá eu não sabia do grande baque que a economia sofrera no mês de julho em decorrência das manifestações de junho de 2013. O endereço do post “O fracasso órfão” é:

          http://maovisivel.blogspot.com.br/2013/07/o-fracasso-orfao.html

          O meu comentário se prendia ao fato de que eu estava acompanhando a economia há bastante tempo e constatava uma recuperação lenta da economia. Só que a recuperação lenta é a melhor recuperação para fazer a economia crescer mais à frente com índices elevados de investimentos. As manifestações que não tiveram nenhum efeito direto na economia uma vez ser feita por pessoas que não trabalhavam, teve reflexo indireto na economia ao criar uma expectativa ruim assim percebida pelos investidores e que assim reduziram os investimentos na economia.

          Então é isso: minha análise é retórica e com um viés favorável ao ministro Guido Mantega, mas se outros não fazem análise semelhante isto se deve um pouco a não se levar em conta alguns pontos na maioria das análises. E há muita informação que está sendo escondida da população. A referência que eu fiz sobre a matéria no Beyond Brics tratando o presidente do Banco Central como exemplo de presidente guia que se adianta aos outros, teve um breve referência no Valor Econômico e assim mesmo eu tive que ficar um dia olhando em números antigos do Valor Econômico para saber quando a matéria foi publicada. E mesmo depois que achei a matéria e fiz o levantamento no Google não foi possível encontrar a matéria no Valor Econômico. Com os termos: beyondbrics guiders, reactors e Mavericks, eu consegui achar o link para o Blog Beyond Brics, e me parece que aqui no Brasil eu encontrei apenas uma referência à matéria no Twitter de Cristiano Romero.

          Bom, não saberia dizer qual é a taxa de inflação ótima, nem qual é a melhor taxa de juro, nem em quanto deve ficar a dívida pública ou o déficit público, nem qual é o valor exato das reservas que mais bem atenda as necessidades do país. O que eu sei é que o mal da inflação é mais político do que econômico e, desde 1983, eu tenho manifestado em favor de um câmbio mais favorável às exportações. Um câmbio que assegure um saldo mensal em torno de 1 bilhão de dólares, salvo nos meses de janeiro e fevereiro quando o saldo sempre girou em torno de metade dos outros meses. Os déficits semanais de janeiro e fevereiro de 2014 parecem-me bastantes desapontadores.

          Sobre o câmbio vale a pena mencionar o artigo “Câmbio e crescimento, as evidências em ordem” de José Luis Oreiro, Flavio Basilio e Gustavo Souza e publicado no Valor Econômico de segunda-feira, 10/02/2014 e que pode ser visto no blog de José Luis Oreiro no seguinte endereço:

          http://jlcoreiro.wordpress.com/2014/02/10/cambio-e-crescimento-as-evidencias-em-ordem-valor-economico-10022014/

          O que eu como leigo concluíra em 1983 (Na verdade eu passei a defender a desvalorização da moeda quando a economia brasileira iniciou a recuperação em 1984 e observando os dados que foram fornecidos a partir do segundo semestre de 1984), os três economistas, José Luis Oreiro, Flavio Basilio e Gustavo Souza, mostram que a política de desvalorização da moeda para países pobres é a conclusão da academia nos últimos vinte anos.

          Enfim, as dúvidas são muitas, e em matéria de inflação, dívida pública, taxa de juro e taxa de câmbio, reservas e déficit público nós ainda estamos em um quarto escuro em que a competência do governo só é possível medir a posteriori. E o posteriori é na verdade depois da saída do governo. E, mesmo assim, o nosso julgamento dependerá de nossa ideologia.

          Clever Mendes de Oliveira

          BH, 10/11/2013 (Em Pedra Azul/MG)

          1. Dica de post e de entrevista interessantes e pertinentes aqui

             

            Alexandre Weber – Santos – SP (sexta-feira, 14/02/2014 às 10:41),

            Salvo um erro aqui e outro ali, mas sem muita importância como o de utilizar a data de 10/11/2013 no final do meu terceiro comentário há pouca coisa para ser acrescentado. Aproveito e faço duas referências a assunto que penso que aqui seja pertinente. A primeira referência é ao post “A situação das contas externas brasileiras” de domingo, 16/02/2014 às 05:00, de autoria de Luis Nassif. O endereço do post “A situação das contas externas brasileiras” é:

            https://jornalggn.com.br/noticia/a-situacao-das-contas-externas-brasileiras

            E a segunda referência é apenas para salientar a coincidência de que enquanto eu fazia o terceiro comentário para você, eu assistia na televisão no canal TerraViva uma retransmissão de uma entrevista de Luiz Gonzaga Belluzzo no Canal Livre que fora produzido na segunda-feira, 03/02/2014. Aproveito então e deixo o link para a parte 3 da entrevista na qual Luiz Gonzaga Belluzzo fala sobre a indústria brasileira e seu papel na atividade econômica do país. O endereço é o que se segue:

            http://noticias.band.uol.com.br/canallivre/entrevista.asp?idS=26679&id=14848140&t=canal-livre-discute-o-rumo-da-economia—parte-3

            Talvez para se chegar as outras partes basta alterar o número 3 no link. O trecho que assisti na televisão era, em meu entendimento, todo importante e valia a pena ser visto e de certo modo fazia uma boa análise da economia brasileira.

            Clever Mendes de Oliveira

            BH, 16/02/2014 (Em Pedra Azul/MG)

          2. Mais links interessantes sobre as contas externas brasileiras

             

            Alexandre Weber – Santos – SP (sexta-feira, 14/02/2014 às 10:41),

            Vou encaminhar uma resposta para você junto ao seu comentário de terça-feira, 18/02/2014 às 21:28, onde direi um pouco mais sobre corrupção e sobre o consenso na democracia.

            Neste comentário aqui junto a um anterior meu, eu aproveito para indicar alguns links para posts que tratam da questão das contas externas. Além do post “A situação das contas externas brasileiras” que indiquei anteriormente há posts mais recentes aqui no blog de Luis Nassif e que tiveram como origem a discussão das contas externas principalmente após a divulgação do relatório do FED que indicava o Brasil como o segundo país com maior risco de vulnerabilidade.

            Começo indicando o post “A vulnerabilidade do Brasil segundo o relatório do Fed, por Delfim Netto” de terça-feira, 18/02/2014 às 08:47, com a transcrição do artigo “Vulnerabilidade? Est modus in rebus…” de Antonio Delfim Netto e que fora publicado no Valor Econômico de terça-feira, 18/02/2014. O artigo de Antonio Delfim Netto foi justamente para avaliar a análise do FED sobre a vulnerabilidade das contas externas brasileira. O endereço do post “A vulnerabilidade do Brasil segundo o relatório do Fed, por Delfim Netto” é:

            https://jornalggn.com.br/noticia/a-vulnerabilidade-do-brasil-segundo-o-relatorio-do-fed-por-delfim-netto

            Enviei ontem, terça-feira, 18/02/2014 às 19:25, um comentário para o post “A vulnerabilidade do Brasil segundo o relatório do Fed, por Delfim Netto” em que faço a indicação de dois outros posts que saíram também na terça-feira, 18/02/2014, abordando aspectos da vulnerabilidade brasileira.

            A primeira indicação foi para o post “O relatório do FED sobre a economia brasileira” de segunda-feira, 17/02/2014 às 12:34, aqui no blog de Luis Nassif em que ele disponibiliza o link para o relatório do FED. O post “O relatório do FED sobre a economia brasileira” pode ser visto no seguinte endereço:

            https://jornalggn.com.br/noticia/o-relatorio-do-fed-sobre-a-economia-brasileira

            A segunda indicação é para o post “EUA também estariam entre os ‘5 frágeis’ de acordo com os critérios do Fed” de terça-feira, 18/02/2014 às 07:22, também publicado aqui no blog de Luis Nassif e em que se tem a transcrição da reportagem “EUA estariam entre os ‘5 frágeis’” publicada segunda-feira, 17/02/2014, no Valor Econômico em sugestão de Pedro Penido dos Anjos. O endereço do post “EUA também estariam entre os ‘5 frágeis’ de acordo com os critérios do Fed” é:

            https://jornalggn.com.br/noticia/eua-tambem-estariam-entre-os-5-frageis-de-acordo-com-os-criterios-do-fed

            Na segunda-feira, 17/02/2014, houve três bons posts aqui no blog de Luis Nassif sobre as contas externas. Além do post a “A situação das contas externas brasileiras” indicado em comentário anterior e do post “O relatório do FED sobre a economia brasileira” indicado neste comentário houve o post “Os riscos com o aprofundamento do déficit externo” de segunda-feira, 17/02/2014 às 10:07, e que seria de autoria de Igor Cornelsen e de Daniel Winocur, no sentido de que o post “Os riscos com o aprofundamento do déficit externo” é formado por dois comentários, um de Igor Cornelsen e outro de Daniel Winocur, e nos quais ambos fazem crítica à situação das contas externas brasileiras. O endereço do post “Os riscos com o aprofundamento do déficit externo” é:

            https://jornalggn.com.br/noticia/os-riscos-com-o-aprofundamento-do-deficit-externo

            E curiosamente, antes do post com o relatório do Fed, houve o post “Governo contesta estudo do Fed sobre vulnerabilidade da economia” de segunda-feira, 17/02/2014 às 08:18, com a transcrição da matéria “Governo contesta estudo do Fed” de autoria de Alex Ribeiro e publicada no Valor Econômico, nas páginas C1 e C2, na segunda-feira, 17/02/2014. Lembrando que a matéria tem chamada na primeira página com o título “Critérios do Fed põem EUA entre os ‘vulneráveis’”, e que deu origem ao post “EUA também estariam entre os ‘5 frágeis’ de acordo com os critérios do Fed”, já indicado acima deixo o link para o post “Governo contesta estudo do Fed sobre vulnerabilidade da economia”:

            https://jornalggn.com.br/noticia/governo-contesta-estudo-do-fed-sobre-vulnerabilidade-da-economia

            Infelizmente a discussão sobre as contas externas brasileira vai e vem como onda. É preciso que primeiro haja um borbulhar lá fora para que só então a campainha possa tilintar aqui. E logo depois não se escuta mais nada.

            Clever Mendes de Oliveira

            BH, 19/02/2014

          3. Cléver escreveu:”Enfim, as

            Cléver escreveu:

            “Enfim, as dúvidas são muitas, e em matéria de inflação, dívida pública, taxa de juro e taxa de câmbio, reservas e déficit público nós ainda estamos em um quarto escuro em que a competência do governo só é possível medir a posteriori. E o posteriori é na verdade depois da saída do governo. E, mesmo assim, o nosso julgamento dependerá de nossa ideologia.”

            Giordano Bruno e a arte do consenso nas políticas públicas:

            “And in politics it is the Eros – and not reason as Aristotle would have it – that is the essence of the connective tissue that ties together all of the parts of the whole, meaning society.

            Seen from this angle, the point of encounter between those who wield power and those who yield it finds a place of compensation and equilibrium – the so-called consensus.

            A politician does not base his decisions so much on force and violence as on the art of consensus.”

            Logo a decisão certa para o Brasil, ou pelo menos a melhor de todas entre as possíveis existe e pode ser identificada, depende de governantes com capacidade para isto e que dominem a técnica e a arte necessárias.

            Por mim, privilegiava o Eros, como o Giordano.

            http://en.wikipedia.org/wiki/Eros_(concept)

            Eros (concept)

            From Wikipedia, the free encyclopedia  

            Eros (/ˈɪrɒs/ or /ˈɛrɒs/Ancient Greek: ἔρως érōs) is one of the four words in Ancient Greek which can be rendered into English as “love”. The other three are storgephilia and agape. Eros refers to “intimate love” or romantic love; storge to familial love; philia to friendship as a kind of love; and agape refers to “selfless love”, or “charity” as it is translated in the Christian scriptures (from the Latincaritas, dearness).[1]

            The term erotic is derived from eros. Eros has also been used in philosophy and psychology in a much wider sense, almost as an equivalent to “life energy”.

             

          4. Como obter consenso se não se sabe o que é o certo

             

            Alexandre Weber – Santos – SP (segunda-feira, 17/02/2014 às 00:03),

            Não sou contrário ao Giordano Bruno e não desmereço a arte para se alcançar o consenso. Só que no mundo real é preciso verificar até que ponto o consenso é algo atingível e se for atingido se a arte empregada foi de boa qualidade e se após passar pelos dois crivos anteriores é preciso saber se o resultado alcançado foi o desejado e, mesmo não sendo desejado é preciso ver se se trata de um resultado benéfico e por fim sendo o resultado benéfico, independentemente se ele foi desejado ou alcançado por acaso, há que se verificar se o resultado alcançado via consenso perdura.

            Como eu disse, eu não sou a priori contra o consenso. O problema é que a democracia não é propriamente o palco para a realização do consenso. Consistindo basicamente da composição de interesses conflitantes dos representados realizada pelos representantes, a democracia envolve partes diversas que reivindicam os interesse que essas partes representam e o resultado da composição dificilmente é fruto do consenso.

            No último quartel do Sec. XX dois líderes bastantes destacados foram Ronald Reagan e Margaret Thatcher. Luis Nassif vez em quando louva os dois. Chamo atenção para estes dois líderes porque eles não eram favoráveis ao consenso. Eles vieram para impor a vontade deles. Ao contrário de Luis Nassif, eu não louvo os dois. Aliás, vejo o louvor de Luis Nassif a estes dois líderes como um indicativo de Luis Nassif, como a totalidade de nós míseros mortais, possuir contradições na análise política dele, uma vez que Luis Nassif, como você, é a favor do consenso.

            Luis Nassif sempre foi defensor dos pactos nacionais. Um pacto nacional famoso é o do Pacto de Mancloa. Outro pacto nacional que não teve repercussão, mas que foi a base de quase todos os pactos nacionais realizados por partidos de esquerda, foi o pacto social feito na Áustria pelo Chanceler Bruno Kreisky. Ele fez os pactos na década de 70 e após ter alcançado maioria. A matéria no Wikipédia sobre Bruno Kreisky não é completa, mas ajuda a entender a atuação dele na década de 70 e pode ser visto no seguinte endereço:

            http://en.wikipedia.org/wiki/Bruno_Kreisky

            Como se pode ver, Bruno Kreisky praticou mais uma política de concessão de benefícios para a classe trabalhadora do que propriamente um plano consensual com a nação austríaca. E em troca dos benefícios, a classe trabalhadora arrefecia as suas reivindicações salariais.

            O pacto de Mancloa, que se iniciou no governo de Adolfo Suárez, de direita, tinha o consenso gerado pela preocupação de perda do regime democrático, no fim do governo Franco. O link na Wikipedia da matéria sobre o Pacto de Mancloa é apresentado a seguir:

            http://es.wikipedia.org/wiki/Pactos_de_la_Moncloa

            Havia uma situação particular que deu condições para a implementação do Pacto de Mancloa. É bom lembrar que a década de 70 ficou marcada pela Crise do Petróleo e um aumento de inflação em determinados países e não se procurava resolver este problema via aumento de juro como passou a ser a prática após Paul Volcker assumir a presidência do Federal Reserve Bank dos Estados Unidos em agosto de 1979.

            Outro exemplo de pacto nacional onde aparecia esta idéia do consenso foi o pacto intentado por Leonard James Callaghan no final do seu último ano como primeiro ministro do Reino Unido, cargo que assumiu em 05/04/1976 e saiu em 04/05/1979, substituído por Margaret Thatcher. O interessante que a inflação que chegar a 28% desceu até cerca de 9%, mas o acordo fora feito com o objetivo de assegurar uma inflação de 5%, um ano depois. No entanto, como Leonard James Callaghan perdeu a maioria no parlamento pela ausência de um voto de um deputado que estava doente, Margareth Thatcher se elegeu para fazer exatamente o contrário que até então era perseguido e o pacto não foi mantido.

            O grande problema do consenso é que ele precisa de um inimigo externo ou interno. O inimigo externo só aparece de modo muito claro nas Guerras e o inimigo interno é muitas vezes criado para se implantar uma estratégia de dominação. O consenso então surge na maioria das vezes como uma prática de regimes autoritários. Ou então, o meio de se fazer o consenso é muitas vezes a contrafação, a burla, o engodo. Eu particularmente associo o consenso a uma prática fascista em que se põe acima de tudo o interesse do Estado. Sou defensor do Estado, mas penso que o Estado deve ser controlado pela democracia.

            O argumento de sustentação do consenso que se fazia muito em nome do Estado perdeu este suporte à medida que o Estado é criticado tanto à direita como à esquerda. Vem então o argumento mais forte para se defender o consenso e que é o interesse maior do país. Trata-se de um argumento genérico em que não se estabelece previamente o que é o interesse maior do país. O problema é é que, salvo em uma guerra, ninguém sabe exatamente qual é o interesse maior do país. Pode até ser que cada um individualmente saiba, mas o estabelecimento do consenso a partir do que deseja cada um é impossível, a menos que seja pela força ou pela burla. Na democracia a composição dos interesses conflitantes dificilmente é alcançada por consenso, mas sim por maioria.

            Então na política, o consenso, salvo situações pontuais de consenso, não existe. Aliás, nas situações extremas onde há consenso não há política. Onde há consenso, não há política porque a política é exatamente a luta pela aceitação do interesse que o representante possui e havendo o consenso não há a luta. E a idéia de que há políticos com uma capacidade superior de desvendar o consenso e chegar a ele e o implementar parece-me longe da realidade mundial. Um ser humano assim seria percebido com facilidade. E talvez um ser humano assim só servisse para acabar com a democracia.

            Clever Mendes de Oliveira

            BH, 17/02/2014

          5. Defesa da democracia brilhante

            Excelente defesa da democracia, brilhante mesmo Clever, sinto não ter o tempo e dedicação necessária para responder aos seus instigantes comentários, me falta estudos anteriores para argumentar sobre fatos históricos que à época não foram significativos para mim.

            Sobre democracia, sempre lembro o pragmatismo do meu pai : “Democracia é igual a corrupção.”

            No Brasil devem existir uns R$ 300.000.000.000,00 (trezentos bilhões) de motivos para não se gostar da corrupção.

            Por outro lado, a idéia de consenso é conseguida um a um, não no atacado, como você parece acreditar. A população vê o anuncio e compra a idéia, um cidadão de cada vez, movimento pessoal, único, não um acordo feito por interposta pessoa.

            Corações e mentes são conquistados para a idéia um de cada vez, a velocidade pode ser altíssima, dependendo da divulgação obtida pela idéia, mas a conversão é individual, pelo menos é o que o Bruno diz e eu acredito.

            O consenso na Macroeconomia, para mim que também não sou economista, seria um alcançado pelos que , detentores do poder real concordariam nas medidas necessárias para resguardar seus interesses, não muitas pessoas, mas também não um círculo muito restrito.

            Por exemplo, na China se concordou em usar uma moeda, o Yuan, ou Remimbi para o Delfim, contra o Dólar, mas que protegesse os interesses do povo e da nação chinesa, os responsáveis por inserir uma moeda em curso na China entraram neste consenso e a moeda passou a circular.

            O Bitcoin também é uma moeda criptográfica de consenso, onde se desloca a moeda nacional de ficção, depende da adesão individual para sua aceitação.

            O consenso pode ser usado de formas diversas no interesse do povo e da nação e o Estado pode se beneficiar dele e não somente um grupo restrito de privilegiados.

            Você escreveu:

            “Então na política, o consenso, salvo situações pontuais de consenso, não existe. Aliás, nas situações extremas onde há consenso não há política. Onde há consenso, não há política porque a política é exatamente a luta pela aceitação do interesse que o representante possui e havendo o consenso não há a luta. E a idéia de que há políticos com uma capacidade superior de desvendar o consenso e chegar a ele e o implementar parece-me longe da realidade mundial. Um ser humano assim seria percebido com facilidade. E talvez um ser humano assim só servisse para acabar com a democracia.”

            O consenso, segundo o Bruno, emana do Eros, que é o oposto da luta e da destruição, é a compassividade criativa e não necessáriamente está ligado ao autoritarismo ou a democracia, nem ao Capitalismo ou ao Socialismo, nem ao Liberalismo ou ao Mercantilismo, é livre para ser usado em benefício de todos os seres humanos, independete de ideologias ou crenças.

            Uma democracia onde a posse das informações e do conhecimento é assimétrica entre as pessoas, não pode ser um sistema que gere automaticamente o bem para o povo e a nação.

          6. Chegamos ao consenso de que consenso não é luta

             

            Alexandre Weber – Santos – SP (segunda-feira, 17/02/2014 às 23:23),

            Concordo um pouco com o pragmatismo do seu pai em relação a democracia. Trata-se, entretanto, de um assunto em que eu sou leigo. E leigo é a maioria dos que falam sobre a democracia e principalmente sobre a corrupção. E enquanto a ciência não der seus postulados definitivos sobre a corrupção, eu penso que há espaço para eu externar o meu entendimento. E disse que concordo um pouco com seu pai porque para mim a corrução, considerando-a que ela é um percentual dos gastos públicos, é da ordem de grandeza dez vezes menor do que imagina um leigo que tenha pelo menos conhecimento sobre a ordem de grandeza dos gastos públicos.

            Além disso, não só a corrupção é menor do que é pintada, como ela não é causa de tanto males como a ela é atribuída. Aliás talvez a corrupção tenha mais feito bem a sociedade do que trazido malefícios.

            Um exemplo que eu acho interessante para ilustrar esta minha última afirmação sobre a corrupção é imaginar que lá no final da década de 50 um grupo de engenheiros larápios americanos tenham arquitetado um plano para roubar do tesouro americano, corrompendo o Congresso de tal modo que o Congresso entregasse a esse grupo de larápios uma grande quantidade de recursos financeiros que eles – os engenheiros larápios – iriam utilizar para buscar petróleo na Lua (Que existiria em grande quantidade no lado escuro da Lua).

            Agora mais de cinquenta anos depois já se sabe que tudo era uma grande mentira. A idéia visava apenas dar uma boa grana por tanto tempo a um bando de engenheiros larápios. Só que o empreendimento montado em uma grande contrafação teria resultado em um infindável desenvolvimento tecnológico para os americanos.

            Eu falei em buscar petróleo na Lua porque este objetivo parece realmente um engodo. Só que o objetivo real foi a conquista do espaço. Objetivo que se bem analisado também parece ter sido proposto por um bando de engenheiros larápios.

            De todo modo não é para falar sobre a corrupção no que eu concordo só um pouco com seu pai que eu fiz esse comentário. O que eu pretendo aqui é dizer que eu concordo integralmente com você quando você diz:

            “O consenso, segundo o Bruno, emana do Eros, que é o oposto da luta e da destruição, é a compassividade criativa e não necessariamente está ligado ao autoritarismo ou a democracia, nem ao Capitalismo ou ao Socialismo, nem ao Liberalismo ou ao Mercantilismo, é livre para ser usado em benefício de todos os seres humanos, independente de ideologias ou crenças”.

            E foi exatamente isto o que eu tentei dizer em meu comentário anterior sobre o consenso. Assim, eu posso dizer que no ponto acima nós chegamos a um consenso. Tudo que eu disse foi que a política no sentido restrito de democracia deixa de existe onde existe consenso. Como você diz com base em Giordano Bruno, o consenso é o oposto da luta. E a democracia é exatamente uma luta. E mais importante, a democracia não é direta, que é impossível de se realizar e mesmo que fosse possível com um número muito pequeno de pessoas, por ser pontual, em cada manifestação, poder-se-ia chegar a um consenso em que todos ficassem satisfeitos ou se excluiria a minoria, a menos que as pessoas renunciassem aos seus direitos. A democracia é feita por representantes e como tal ao contrário da democracia direta não abre espaço para a renúncia (A ética não é a renúncia, mas ela mais se aproxima da renúncia do que da luta e, portanto, a ética pode existir na democracia direta, mas não pode existir na democracia representativa). Como a democracia representativa não é pontual, mas um processo ela abre espaço para que se faça a composição de interesses mediante acordos, conchavos, barganhas, o toma-lá-dá-cá, o “é-dando-que-se-recebe” e muita luta.

            Quando se tem um consenso, por exemplo, assegurar 30% das verbas para a educação, já não há mais necessidade da política. Não mais se discute e não mais se compõe.

            Clever Mendes de Oliveira

            BH, 18/02/2014

          7. Trezentos Bilhões não foi chute

            O número é de uma organização profissional que investiga a corrupção e o seu custo. Só atualizei  e arredondei um pouquinho porque o dado que vi era de 2012 ou 2011, não me lembro bem agora.

            Mas lá falava do que poderia ser feito com este dinheiro que vai para o ralo, 6.000.000 de moradias, 50 hospitais, coisa de mudar uma região brasileira inteira em um ano, se bem aplicada as verbas. O seja, dano a população e a Nação no atacado, que não pode ser relevado de maneira ligeira.

            Por outro lado quanto à arte política, a luta é necessária, mas não no estilo do Maquiavel, e sim no do Bruno, onde a persuasão é instaurada de forma erótica, que é como o dinheiro que circula funciona, ou seja pela economicização da sexualidade, como se trata de objetos com a mesma base não existe diferenciação entre eles e a atividade é sutil sem perder a eficiência.

            Perceba que falo sobre assuntos que não podem ser misturados, pois quando falo de matar alguem para convencer outros não é o mesmo tipo de argumento do convencimento que busca o consenso, que induz a idéia na outra pessoa de aceitar e fazer o que falo. O resultado final pode ser o mesmo, mas as consequências são bem distintas.

            Por este motivo o Bruno escreve de Vinculus e Oxford adota como texto base onde fala que o objetivo da política hoje é na busca de consensos  e não na base da força bruta.

            O assunto é um pouco árido e sem as referências originais fica difícil a compreensão, mas os efeitos estão ai, um Brasil de quatro, prostado de forma vil a um bando de sanguessugas, obrigado a fazer remessas de dinheiro e riquezas sem contrapartidas para credores que desejam um sociedade de fracassados que não oponham resistência à sua dominação.

             

             

             

          8. Mesmo pouca, deve-se combater a corrupção e consenso é difícil

             

            Alexandre Weber – Santos – SP (terça-feira, 18/02/2014 às 21:28),

            Antes de fazer duas ou três considerações sobre o seu comentário lembro que embora tenha deixado alguns links em comentários anteriores, creio que vale à pena indicar outros links para posts mais recentes tratando da questão cambial que ganhou destaque com o relatório do Fed saído recentemente. Com esta intenção, eu enviei para você um comentário junto do comentário meu enviado domingo, 16/02/2014 às 16:33, aqui neste post “O xadrez da economia para 2014”, deixando o link de vários posts recentes tratando das contas externas.

            E deixo aqui um link para um post que também considero importante na nossa troca de correspondência no que diz respeito à corrupção. Trata-se do post “Os avanços no controle e no combate à corrupção” de hoje, quarta-feira, 19/02/2014 às 08:10, aqui no blog de Luis Nassif contendo a transcrição do artigo do Diap “Avanços: transparência, controle e combate à corrupção” em virtude de sugestão de Diogo Costa. O endereço do post “Os avanços no controle e no combate à corrupção” é:

            https://jornalggn.com.br/noticia/os-avancos-no-controle-e-no-combate-a-corrupcao

            Destaco o artigo do Diap porque ele bate na mesma tecla que eu tenho martelado há mais de trinta anos. No mundo inteiro, à medida que os Estados se fortalecem tendo mais recursos eles desenvolvem maior capacidade de combate a corrupção. É claro que à medida que se é mais rico, os valores envolvidos nos casos de corrupção são maiores.

            Eu chamo muito atenção para a análise que se faz sobre a corrupção porque na maioria das vezes as pessoas falam com absoluto desconhecimento de causa. E quando se tem algo de mais concreto, em que o que se lê ou ouve vem de um organismo estruturado para fazer análise sobre corrupção, não se sabe exatamente quem financia esses organismos.

            Você se refere a uma organização profissional que teria estabelecido o valor arredondado por você de trezentos bilhões de reais como sendo o total ou o custo da corrupção no Brasil em alguma data já na segunda década do século XXI. Bem, primeiro deve-se discutir esta questão de organização profissional. É profissional provavelmente porque é paga. A pergunta é, quem paga? Depois você fala que R$300.000.000.000 é o número estabelecido por quem investiga a “corrupção e o seu custo”. Ai entra a questão do custo da corrupção. Trata-se do valor envolvido na corrupção ou a somatória de todos os custos que, por exemplo, um hospital que não foi feito acarreta: caso em que a falta do hospital causa mortes de pessoas que não puderam ser atendidas ali? Se for assim, o custo vai ficar astronômico. No caso, entretanto, você também teria que seguir o curso do dinheiro – e para você, com seu dístico “follow the money, follow the power” eu imagino que não haverá dificuldade – originado da corrupção para saber todos os benefícios que aquele dinheiro causou.

            Aliás o termo organização profissional talvez se refira a capacidade dos técnicos que trabalham na organização. São pessoas com altos conhecimentos de economia, estatística, cálculos atuariais e que tais e que ficam nesses levantamentos sem nenhuma base na realidade.

            Além disso, quando se fala em corrupção deve-se delimitar previamente o campo de trabalho estabelecendo uma definição mais precisa sobre o termo que se está utilizando. Muitas vezes, as pessoas se dispõem a falar sobre corrupção como se se tratasse de corrupção da alma. Não que eu negue a alma ou a corrupção dela, mas penso que é difícil ou mesmo impossível falar nesse assunto em termos monetários.

            A minha birra contra as organizações que medem o nível de corrupção em países é antigo. Normalmente quando eles produzem uma lista com a colocação dos países, eu recomendo que se lê a lista de cabeça para baixo. Essas listas parecem não ter a menor preocupação com a realidade, imaginando que qualquer informação publicada será aceita como verdadeira e pronto. Veja o post “Os líderes políticos mais ricos do mundo” de segunda-feira, 03/02/2014 às 20:44, aqui no blog de Luis Nassif e contendo, por sugestão de Támara Baranov uma transcrição de matéria no Finanças Yahoo originada do site Huffington Post relacionando os 18 líderes mais ricos do mundo. O endereço do post “Os líderes políticos mais ricos do mundo” é:

            https://jornalggn.com.br/blog/tamara-baranov/os-lideres-politicos-mais-ricos-do-mundo

            Chamei a atenção deste post porque na primeira colocação está Vladimir Putin com uma fortuna estimada entre U$40 e U$ 70 bilhões de dólares. Ora, Vladimir Putin é um ex-agente da KGB que tem sido ao longo da vida apenas funcionário público. Se se imagina que nos últimos 20 anos, ele tem sido uma espécie de administrador da Rússia pode-se dizer que ou ele administra a Rússia ou ele junta este dinheiro, não havendo condições de se fazer as duas coisas ao mesmo tempo. O artigo muito provavelmente é uma contrafação.

            Falava-se muito na corrupção de Muammar al Gaddafi. Pois bem a Líbia tinha em reservas ou aplicações no exterior 150 bilhões de dólares. Esta deve ser a dívida pública dos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo juntos. Mencionei a Líbia pela facilidade de comparação com a dívida pública dos três estados e porque a referência aos investimentos líbios no exterior era normalmente feita em tom depreciativo.

            No seu significado mais restrito do Código Penal, e aqui não falo dentro deste novo entendimento do STF que incluiu como corrupção o caixa dois executado por pessoas com cargos relevantes na República, a corrupção tanto pode ocorrer na entrada de recursos nos cofres públicos, como na saída. Na entrada de recursos nos cofres públicos existe, mas é diminuta em percentual. Grande parte da receita que não entra é por que não há condições de fiscalização suficiente. A parte que não entra porque se conseguiu corromper um funcionário público é bem menor. Supondo que estas duas parcelas do que não entra nos cofres públicos por um designo divino passasse a entrar dificilmente o aumento da arrecadação seria superior a 5 pontos percentuais (E haveria muitos que reclamariam do aumento da carga tributária). E desses 5 pontos percentuais não chega a um ponto o que é fruto de corrupção de servidor público.

            Do lado dos gastos públicos, há um engessamento tal que a possibilidade de corrupção fica restrita a frações mínimas do orçamento. Há casos de servidores que ganham um salário maior porque apresentou um diploma falso e teve o seu cargo elevado para nível superior, por exemplo, mas esses são casos raros e dado aos constantes cruzamentos dentro dos vários órgãos dos estados, município e União ficam cada vez menos frequentes. Assim dos praticamente mais de 40% de gastos de todos os entes da federação com funcionário público, a fração que poderia ser considerada como decorrente de corrupção é ínfima. Não tenho olhado os gastos públicos há bom tempo, mas com certeza mais de 10% são gastos com aposentadoria, pensões etc. Neles também há casos de corrupção, mas representando percentual ínfimo. Gastos correntes com energia elétrica, combustíveis, telefones, aluguéis devem ser também em torno de 10%. São gastos com processo licitatório, que são auditados a todo momento, onde eventualmente ocorre um caso ou outro de corrupção que já no caso em si é pouco representativo. Há os gastos com a rolagem da dívida com os quais também não vejo como falar em corrupção.

            Enfim, somando tudo vão aparecer uns 5 pontos percentuais do total de gastos públicos onde possa haver corrupção. E creio que se se calcula que 20% desses gastos são com corrupção, o que daria algo em torno de 1% do PIB (60 bilhões de reais), a corrupção ficaria muito evidenciada de tal forma que dificilmente esses casos, em sua grande maioria, não fossem constatados.

            Lembro que quando houve a divulgação do escândalo do “sangue suga”, o jornal Folha de São Paulo publicou uma matéria mostrando que todo o faturamento da empresa durante uns cinco anos de atividade havia sido de 72 milhões. E a empresa produziu muitas ambulâncias, tinha muitos empregados. Talvez tenha tido corrupção ali, mas o mais provável que houve uma incapacidade de se prestar o serviço conforme o combinado.

            É o que eu sempre insisto, a incompetência causa muito mais dano a um país do que a corrupção. E é bom lembrar que se se diz muito que é a corrupção que atravanca o crescimento de um país. E ao mesmo tempo sempre que um país cresce se diz que a corrupção no país aumenta. Foi assim com o Japão e com a Itália na década de 60 e 70 (Na década de 70 houve o escândalo da Lockheed que foi descoberto primeiro no Congresso Americano falando do suborno de membros do governo japonês) tem sido assim com a China nas duas últimas décadas. E o pior que informações assim em si próprias contraditórias tem sido emitidas pelas mesmas pessoas ou organização.

            Então sobre corrupção continuo com a minha opinião de que ela é muito menor do que se imagina e os efeitos dela também são bem menores. Isso não significa que ela não seja combatida, significa apenas que quem traz o argumento da corrupção para análise de um país ou de um governo é normalmente um leigo que sabe muito menos do que ele imagina sobre o assunto que ele se dispôs a falar. Como leigo, esta minha última frase vale para mim também.

            Quanto à questão do consenso, eu concordo que as minhas idéias não ficaram muito precisas. Meu primeiro ponto é que o consenso tal qual propõe Giordano Bruno só é possível em um contingente pequeno de pessoas. Ele é possível na democracia direta, mas quase impossível na democracia representativa, embora reconheça que na democracia representativa o que se obtém como resultado da composição de interesses conflitantes é, de certo modo, uma espécie de consenso.

            O que eu distingo é que na composição de interesses há reivindicações que podem ser avaliadas ou sopesadas pela quantidade e tamanho dos interesses que há neles. É um processo contínuo e sem trégua. Falo em reivindicações, interesses conflitantes em ausência de trégua para deixar claro o espírito de luta que existe na democracia representativa. Não é uma luta armada, mas é uma luta em que os interesses são bem protegidos. É nesse sentido de luta que o resultado da composição de interesses conflitantes se difere do consenso em que não há luta.

            O consenso pela vontade da maioria, pela renúncia da minoria ou por concordância geral resulta dos três modelos de convencimento e que se caracteriza pela ausência de luta: o convencimento técnico, o religioso e o carismático. O que talvez você esteja sentindo falta é da liderança carismática capaz de convencer. Observe que, conforme eu disse, quando há consenso não há mais política, tomando o termo política como a composição de interesses conflitantes. Assim, se o consenso for alcançado seja pela via religiosa, seja pela via técnica, seja pela via da coordenação de uma liderança carismática, a arena política fica reduzida, pois não há luta. O consenso religioso se restringe a alguns países islâmicos e ao vaticano.

            O consenso técnico está em expansão. A Europa é cada vez mais dominada pelo consenso técnico. Na Europa, são exemplos de consensos técnicos restringindo a atuação da política as regras que estabelecem que o déficit público não pode ser superior a 3% do PIB, que a inflação não pode ser superior a 3% ao ano, que a dívida pública não pode ser superior a 100% do PIB. Nos Estados Unidos, há menos dessas regras. Mesmo assim no ano passado a regra que estabelecia um teto no endividamento público causou um grande furor. É em razão da existência de menos regras técnicas que restringem a atividade política que eu tenho dito aqui no blog de Luis Nassif que os Estados Unidos são mais democráticos do que a Europa. Uma regra que atinge o mundo todo é a do orçamento onde por sinal há também uma série de regras a principal delas sendo a igualdade entre receita e despesas.

            Normalmente quando eu comparo a democracia americana com a europeia e falo das regras técnicas restringindo a atividade política e por isso eu considero os Estados Unidos um país mais democrático do que a Europa, eu reconheço também que a sociedade europeia até em razão das regras técnicas tenha alcançado um maior grau de igualdade do que os Estados Unidos. E ai, o questionamento que você traz no final do seu comentário enviado segunda-feira, 17/02/2014 às 23:23, e que transcrevo a seguir, torna-se bastante pertinente. Diz você ai em cima:

            “Uma democracia onde a posse das informações e do conhecimento é assimétrica entre as pessoas, não pode ser um sistema que gere automaticamente o bem para o povo e a nação”.

            É verdade, sob o ponto de vista da igualdade, requisito essencial para o funcionamento da democracia, ainda que saibamos que a igualdade nunca será absoluta ou total, os Estados Unidos são menos democráticos do que a Europa.

            Bem, eu não me alonguei em esclarecer a ação do carisma na convencimento para se alcançar o consenso. O carisma é uma espécie de magia. Não é fácil analisá-lo. A existência de líderes carismáticos é uma evidência de que a igualdade nunca será alcançada na democracia, haja vista a superioridade eleitoral de um candidato com carisma em relação aos outros. E o carisma pode ser fruto do sorriso, do timbre de voz, do olhar, dos trejeitos etc. Algo que dificilmente operações plásticas e treinamentos possam oferecer.

            De todo modo, o carisma não é muito ajustado ao parlamento, essência da atividade política. Os líderes carismáticos aparecem na chefia de executivo. Eles são pouco comuns nos parlamentos. Quando vão para o parlamento não se sentem à vontade. Às vezes, com formação de advogados, fazem belos discursos ou fazem uma ou outra interferência denotando presença de espírito e mente afiada, mas sentem-se incomodados por ter pouco poder de atuação. Imagino que eles consideram que é difícil convencer pessoas que representam outros interesses, que não o dela, a se acordar. Essas pessoas poderiam aceitar a se acordar se o convencimento fosse técnico ou se tratasse de uma imposição religiosa.

            Então, eu disse que você sente falta do líder carismático. Um líder com capacidade de convencimento que atinja não só uma meia dúzia de pessoas mais um grupo muito maior para que assim seja mais rápido atingido o consenso. Bom, o líder assim não atua no parlamento. A capacidade de convencimento dele é mais para a população. E isto realmente está carente no Brasil. Eu até considero que se trata de uma falha da democracia brasileira. É uma falha que tem, dependendo como se considera, suas vantagens. O líder carismático convence mais fácil do que o não carismático. Pela facilidade de convencimento, ele se torna mais mentiroso do que o líder não carismático. Assim, muitas vezes sem estar amparado no conhecimento, ele convence e, podendo ainda estar mentindo, a sociedade pode ser liderada para o caminho errado. Trata-se, entretanto, de ossos do ofício que o sistema democrático tem que suportar.

            Do que eu disse acima dá para fazer um primeiro resumo. O parlamento não é lugar do consenso, mas sim da composição de interesses conflitantes. O líder carismático não se sente bem no parlamento e sua atuação é mais própria para o executivo, onde também ele causa seus percalços.

            E há evidência de se constatar a falta de liderança carismática no Brasil. A democracia brasileira funcionou nos últimos vinte anos de tal modo que o líder carismático fosse afastado da possibilidade de assunção do poder. A disputa entre o PSDB e o PT tem esta finalidade. Ao juntar nos dois partidos todos os grupos do país, ficou impossibilitado que um aventureiro carismático apossasse do cetro presidencial.

            Lula era um líder carismático pela facilidade de interlocução com as massas, mas pelo alto índice de rejeição que ele e o partido dele possuem na sociedade brasileira, o carisma dele ficou um tanto obnubilado. Talvez ele tenha feito mais uso da sua experiência como líder sindical onde apreendeu a arte da negociação. E o carisma dele era usado apenas esporadicamente em um palanque, como no discurso dele em que ele chama a inflação de uma desgraça. É um discurso de fácil interlocução com a população, mas muito provavelmente não verdadeiro.

            Nos Estados Unidos com o presidencialismo, com a eleição em um só turno, com a existência de cinquenta estados onde se formam líderes carismáticos e especialmente com a triagem feita via as eleições primárias, pode-se afirmar que há uma abundância de lideranças carismáticas. Os discursos de Barack Obama são uma obra de arte. Talvez por se ter tornado professor ele não tenha adquirido o hábito da mentira. Algo que não ocorreu com Bill Clinton extremamente sedutor e carismático e um grande mentiroso. É claro que um Barack Obama e um Bill Clinton são raridades que não podemos esperar que ocorram no Brasil com frequência. Os líderes carismáticos no Brasil são espécimes como Fernando Collor de Mello, Paulo Maluf e outros. Embora, eu seja um defensor do líder carismático, exatamente porque penso que ele tem este papel de conduzir a sociedade em momentos que esta condução é necessária, eu fico satisfeito com o modelo que o PT e o PSDB aplicaram no Brasil excluindo da disputa presidencial lideranças carismáticas. E por duas razões. Uma é que a disputa feita entre PT e PSDB pelo menos enquanto o PSDB não se tornar um partido de direita, é uma disputa de candidatos mais a esquerda que é a minha ideologia. E outra é pelo fato de que os líderes carismáticos são geralmente de direita. O líder carismático, sabendo que tem maior capacidade de convencimento, tende a mentir e usa a mentira na sua capacidade de convencimento. E enquanto ele não é pego na mentira maior é a capacidade de convencimento dele. Ocorre que a esquerda tem receio em enganar a população. Assim, mesmo quando a liderança de esquerda é carismática ele tende a evitar o uso da mentira. E o poder de convencimento desta liderança carismática de esquerda, embora mais sólido, é menor.

            E uma observação final. Em seu comentário de segunda-feira, 17/02/2014 às 23:23, aqui no post “O xadrez da economia para 2014”, em sua réplica em defesa do consenso você diz o que se segue:

            “Por exemplo, na China se concordou em usar uma moeda, o Yuan, ou Remimbi”.

            Bem, relembro algumas características sobre a China que mostram que a idéia do consenso deve ser analisada com maior singularidade e representando uma concepção de pouca aplicação prática ou quando aplicada é fruto do acaso. A fresta por onde Barack Obama passou requereu que ele fosse muito magro sendo quase intransponível a um feixe de luz. Primeiro a China não é uma democracia. Segundo, embora seja mais um argumento expresso por pessoas leigas sem conhecimento suficiente sobre o assunto, há muita corrupção na China, ou, talvez, eu devesse dizer que se fala que há muita corrupção na China. E terceiro a China não chegou onde chegou em um passe de mágica. Dos acordos de Pequim em 1983, quando a China obteve que os Estados Unidos aceitassem a República Popular da China como a representante do povo Chinês na ONU com a saída de Formosa até os dias de hoje houve um grande caminho. Até a metade da década de 80, eu pouco ouvia falar da China. A China ganhou muito destaque em 1989 quando houve o massacre da Praça da Paz Celestial. Desde então a China só fez aumentar a sua participação no PIB mundial e provavelmente deverá ter na terceira década do século XXI um PIB do tamanho dos Estados Unidos. Com um bilhão e meio de habitantes e com milhões deles fazendo curso superior provavelmente a China vai cumprir uma profecia que fiz se não me engano no final de 89 ou início de 90, época em que muito se discutia sobre a importância de se ter indústria de alto valor agregado. Naquela época eu dizia: “quando a China estiver levando toda a sua juventude para os cursos universitários, haverá tantos gênios lá que eles serão pagos a preço de banana e a história de valor agregado da produção talvez perca o superdimensionamento que possui agora”.

            E lembro aqui que a revolta do povo chinês que redundou no Massacre da Praça da Paz Celestial teve um fato motivador que ficou obscurecido. Na época se dizia que o povo Chinês reivindicava mais democracia e não se falou que naquele período a inflação na China chegou a alcançar 20%. Na época a economia crescia a taxas de 10 a 12% ao ano. Para resolver o problema o governo fez o crescimento cair para a faixa de 7% ao ano, acabou com a inflação e não houve mais revolta. E naquele período a China ainda estava muito atrasada. Lembro que por volta de 1991, Antonio Ermírio de Morais fez um artigo depois de uma visita aquele pais dizendo que na visita que ele fizera à China ele pode constatar que aquele país havia desenvolvido muito, mas ainda não era páreo para um Brasil. Enfim, a moeda Chinesa ainda está sendo forjada. O caminho até aqui foi muito árduo. E eles não têm pressa e assim parece-me que a moeda deles não vai, até porque eles não querem, substituir o dólar pelo menos nos próximos 20 anos.

            Clever Mendes de Oliveira

            BH, 19/02/2014

          9. Debates idiosincráticos

            Caro Clever, terei uma dívida eterna no uso do seu tempo e do seu conhecimento nestas nossa trocas de correspondências, não me sinto minimamente capaz de acompanha-lo em suas longas respostas às minhas intervenções, apesar de apreciar sobre maneira o cuidado e o deslevo que têm ao contraditá-las, dando uma consideração a elas e uma importância que eu pensava ser só minha, apesar de como você, entender que destas questões aparentemente banais e simples desdobram-se as inúmeras dificuldades que atazanam o povo e o Brasil.

            Apesar do seu esforço para a defesa dos seus pontos com relação à corrupção e a democracia e o longo arrazoado que defende suas idéias, tentarei ser sintético com relação as objeções que a elas tenho e o porque.

            Com relação à democracia, hoje aqui no blog existe um texto instigante de um filósofo grego, aqui:

            https://jornalggn.com.br/node/1323458#comment-227482

            Giorgio Agamben: Por uma teoria do poder destituinte

            Junto ao texto têm uma contribuição minha e uma resposta do site original onde o artigo foi publicado e que achei pertinente anexar, contra o argumento, discussão interessantíssima, que de certa forma dá suporte ao meu argumento nesta aqui, declarando que o que existe hoje no planeta é uma pseudo democracia baseada não na vontade soberana do povo, mas no comando autoritário de um lider facista camuflado por motivos de segurança nacional, muito como o Obama.

            Assim sem uma democracia para sustentar sua tese, voltamos ao consenso do Bruno, que se torna possível.

            Perceba que esta solução não é a minha para a política social, eu acredito em algo mais sofisticado, com elementos de primeiridade, secundidade e terceridade, dentro de um ambiênte tridimensional humano e natural.

            Já no caso da corrupção, como é ilícita é de se imaginar que só uma ínfima parte do que ocorre ganha notoriedade, mas mesmo este ínfimo é estarrecedor, veja o caso de um imposto com 6 fiscais em São Paulo, no caso do ISS da prefeitura, fala-se aí em R$150.000.000.000,00, e veja trabalham na prefeitura de SP milhares de pessoas e setores que arrecadam igual ou mais a este que foi descoberto, fora isto, temos as campanhas eleitorais  milionárias e os sinais de riquezas ostentados por estes funcionáios públicos. A coisa vai longe e acho de 300 Bilhões de Reais é uma estimatíva conservadora, apesar da quantia quase que astronômica e que com certeza traria um novo patamar de desenvolvimento para o Brasil.

            Quanto às contas externas, dois tostões, primeiro o âmbiente externo não apresenta sinais claros ainda de como irá se comportar, estão todos ainda (FED) na fase das bravatas. Segundo, a solução de vender reservas me parece muito boa, pela oportunidade e pelo valor.

            Sinto não ter tempo e conhecimento para juntar mais à nossa discussão, que no caso da corrupção teria um fim com os números e os efeitos, já na crença da democracia é mais complicado, mas estou aberto a novas e boas idéias.

          10. Discutimos apenas filigranas, no mais nos acordamos

             

            Alexandre Weber – Santos – SP (quarta-feira, 19/02/2014 às 23:33),

            O aprendizado é sempre mútuo.

            E de fato temos ido muito longe neste debate que se aproxima da exaustão, não porque os assuntos foram exauridos, mas pelo cansaço que nos acomete talvez até porque o debate vai além das nossas forças intelectuais.

            Quando você disse no comentário segunda-feira, 17/02/2014 às 23:23, que eu fizera uma defesa brilhante da democracia, eu pensei até em fazer algum rebate porque eu sou meio a meio em relação à Democracia.

            Considero que sob o aspecto de eficiência, a democracia é muito ruim. Se eu conduzisse uma empresa, eu não adotaria o modelo democrático na condução. Tenho em condomínio com um irmão uma fazenda com três agregados. Na parte que meu irmão é quem conhece mais, é ele quem toca. Na parte que eu considero que sei mais, a decisão que prevalece é a minha. Há mais de vinte anos quando fazia o curso de Administração Pública, eu tocava neste ponto da inadequação da democracia para a tomada de decisão. Aliás há comentários meus antigos em que eu levo esta discussão para o debate (Talvez se pesquisasse, eu encontraria alguma coisa no blog de Alon Feuerwerker que era mais propenso a discutir o valor da democracia).

            Sempre achei a China muito mais eficiente do que o Brasil, porque lá não há democracia. Um dos grandes fatores para o crescimento da Coreia Sul foi a ditadura de Park Chung-hee que só acabou quando ele foi assassinado em 1979. Sobre o general Park Chung-hee, há o post no blog de Luis Nassif “General Park, o pai da moderna Coreia do Sul” de segunda-feira, 17/09/2012 às 08:00, de autoria do próprio Luis Nassif e que pode ser visto no seguinte endereço:

            https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/general-park-o-pai-da-moderna-coreia-do-sul

            Por coincidência há um comentário meu enviado segunda-feira, 17/09/2012 às 00:22, para junto do comentário de Anarquista Sério de domingo, 16/09/2012 às 11:11, em que eu falo de um assunto que recentemente voltou a ser comentado que é a bolha de construção. Há um ano e meio eu dizia lá para o Anarquista Sério que o papo da bolha da construção civil estava defasado de cerca de um ano, isto é, os preços subiram muito até 2011, mas já estavam se encaminhando para o patamar da estabilidade. As pessoas hoje voltam a falar da bolha associada a questão da vulnerabilidade das contas externas, mas o que há são apenas respingos de um processo de valorização de imóveis. Se o processo de valorização tivesse permanecido com o ritmo anterior, a situação hoje seria realmente preocupante.

            Outro exemplo que eu menciono de superioridade da ditadura sob o aspecto da eficiência é o da Coreia do Sul. Só com a estrutura de uma ditadura se pode fazer um projeto tão igualitário como o de Park Chung-hee que transformou a educação de base na Coreia do Sul fazendo-a de qualidade e em quantidade.

            O Japão também fez uma democracia de meia boca. O exército americano ficou lá dentro. A monarquia permaneceu como fator de consenso. E praticamente tinha-se um só partido. E utilizei o termo consenso associado a monarquia japonesa para lembrar que o consenso bonito de Giordano Bruno é uma idealização, um desiderato que permanece apenas como uma utopia. Na vida real ele é imposto.

            Então meia parte minha não gosta da democracia. A outra metade considera que, apesar de ser absurdo dar a um alienado qualquer o mesmo valor que se dá a alguém que passou a vida toda estudando os problemas do Brasil, permitido que o voto de um tenha o mesmo valor do voto de outro, exatamente em decorrência desse absurdo, a democracia reverbera o valor de igualdade de modo incomensurável. Como eu sou a favor da igualdade, e vivendo dentro de uma zona de conforto, disponho-me a ficar do lado daqueles que querem o aperfeiçoamento da democracia e não a destruição dela.

            E o aperfeiçoamento da democracia só se faz com a compreensão correta de como ela funciona. Que na arena política do parlamento há luta e portanto é preciso estabelecer limites de atuação, mas limites que são normas legais e não normas éticas.

            É preciso ver as falhas que a democracia possui que não permitem que haja disputa em igualdade de condições. Aliás, cabe aqui reproduzir o repto da frase final do seu comentário de segunda-feira, 17/02/2014 às 23:23, aqui neste post “O xadrez da economia para 2014”:

            “Uma democracia onde a posse das informações e do conhecimento é assimétrica entre as pessoas, não pode ser um sistema que gere automaticamente o bem do povo e a nação”.

            É preciso compreender que o regime democrático precisa da figura do Estado que é um instrumento de dominação e que no mundo todo o regime democrático é exercido em um sistema capitalista que é por natureza não igualitário e concentrador de riqueza. São contradições que só podem ser superadas vagarosamente.

            O post “Giorgio Agamben: Por uma teoria do poder destituinte” de quarta-feira, 19/02/2014 às 08:58 aqui no blog de Luis Nassif e originado de sugestão de Nilva de Souza que transcreveu do site 5Dias.Net a palestra pública em Atenas em 16/11/2013, proferida por Giorgio Agamben, e que você mencionou, pareceu-me bem pertinente. Cheguei a ver este post, mas mais interessado em constituir um poder, achei que não valia à pena dedicar-me a entender a teoria do poder destituinte. Vejo agora que valia à pena ter lido a palestra e há também bons comentários que melhoram ainda mais o entendimento do post.

            Não li o texto com os olhos críticos do comentarista MAAR que, em comentário de quarta-feira, 19/02/2014 às 23:07, considera que Giorgio Agamben faz a apologia do caos. O que eu entendi foi que ele questiona o paradigma securitário que teria capturado o poder constituinte e então imagina que se deva pensar um poder destituinte para acabar com o paradigma securitário. Não se trata de se resolver tudo no momento presente. Primeiro há que se pensar no poder destituinte, o que, por si, segundo Giorgio Agamben, não é uma tarefa fácil. Assim, embora ele tenha pintado mais as cores da destruição como na frase que o comentarista MAAR transcreve (“Enquanto um poder constituinte destrói a lei apenas para a recrear [sic] sob uma nova forma, o poder destituinte, na medida em que depõe de uma vez por todas a lei, pode realmente abrir uma nova época histórica.”), ainda me pareceu uma idéia em busca do aperfeiçoamento da democracia.

            Antes de encerrar aproveito para trazer alguns links que servem a alguma parte do debate que fizemos aqui. Primeiro faço referência ao post “Nada será como antes” de terça-feira, 28/12/2010, no blog do Marco A. Nogueira intitulado Possibilidades. O endereço do post “Nada será como antes” é:

            http://marcoanogueira.blogspot.com.br/2010/12/nada-sera-como-antes.html

            Vou transcrever do post “Nada será como antes” dois parágrafos em que o autor, Marco A Nogueira, muito provavelmente um comunista que se opunha ao Partido dos Trabalhadores e ao Lula, faz uma previsão do que seria o governo Dilma Rousseff comparada com o de Lula. Diz então Marco A. Nogueira:

            “A presidência Lula se completou com a eleição de Dilma Rousseff, sua maior criação. O “animal político” nascido no ABC mostrou que tem corpo e vontade própria. Já não depende mais de um partido para se afirmar e pode almejar ser fiador do novo governo.

            Mas nada é tão simples como parece. Todo governante constrói sua biografia e a lógica da política o impele a buscar luz autônoma. Uma hipótese realista sugere que haverá um suave descolamento entre Lula e Dilma. Disso talvez nasça um governo mais ponderado e equilibrado, capaz de substituir a presença de um líder carismático e intuitivo pela determinação e pelo rigor técnico que são indispensáveis para que se possa construir uma sociedade mais igualitária”.

            O importante deste trecho é que ele serve para mostrar as expectativas que são criadas quando se está diante da possibilidade de alteração de um gerenciamento carismático para um gerenciamento racional. Houve e sempre há muita expectativa, mas as diferenças não são tantas. O que pode fazer muita diferença são mais as circunstâncias. De todo modo percebe-se que Marco A Nogueira acredita que um governante técnico é mais propício para se ter uma sociedade mais igualitária do que um governante carismático.

            E por fim aproveito para indicar dois posts aqui no blog de Luis Nassif. Um é do próprio Luis Nassif e intitula-se “O jogo político está zerado” de quinta-feira, 20/02/2014 às 06:00, podendo ser visto no seguinte endereço:

            https://jornalggn.com.br/noticia/o-jogo-politico-esta-zerado

            Chamo atenção para o post “O jogo político está zerado” porque nele Luis Nassif faz um jogo retórico interessante. Diz muitas coisas triviais de um modo razoavelmente solene, mas no fim fica um discurso que “mutandis mutatis” pode ser aplicado em qualquer pais democrático no mundo. Enfim, a compreensão de todo o processo não é bem feito porque há que ver as várias democracias no mundo e descobrir em que elas são diferentes para poder fazer um discurso que seja adequado para o país considerado. A democracia americana é praticamente única. A democracia europeia deve ser vista como uma só e bastante semelhante, apesar das diferenças que se percebem entre, por exemplo, a Itália e a Inglaterra. Penso que a democracia brasileira deve ser comparada com a democracia russa, embora os russos estejam em atraso. Propus esta comparação porque me parece que tanto no Brasil como na Rússia a democracia foi apropriada por um pequeno grupo. Na Rússia a democracia foi apropriada pelo grupo de Vladimir Putin. E no Brasil a democracia foi apropriada pelo PT e PSDB.

            E o segundo post diz respeito a questão das contas externas. Trata-se do post “Mantega diz que Brasil está preparado para enfrentar período pós-crise” de quinta-feira, 20/02/2014 às 12:33, contendo a transcrição do texto “Brasil está preparado para enfrentar período pós-crise” tirado do site do Ministério da Fazenda. O endereço do post “Mantega diz que Brasil está preparado para enfrentar período pós-crise” é:

            https://jornalggn.com.br/noticia/mantega-diz-que-brasil-esta-preparado-para-enfrentar-periodo-pos-crise

            Fiz menção com este post ao problema das contas externas para dizer que concordo com você de que este assunto é bastante nebuloso. E ninguém sabe em que direção tudo se encaminha. As pessoas não sabem nem mesmo para onde olhar. Aliás, na discussão sobre o relatório do Fed há um ponto que gerou controvérsia. Trata-se da utilização da relação Reservas Externas/PIB para indicar o grau de vulnerabilidade de um país. Aparentemente há razão em se fazer a crítica a esta relação, pois ela não parece revelar vulnerabilidade. Por outro lado, um país de PIB pequeno não tem o que temer de uma fuga de capital do país, pois não há capital suficiente para fugir do país. Já se o PIB for elevado e se tiver uma fuga de capital, as reservas necessárias têm de ser muito maior.

            Clever Mendes de Oliveira

            BH, 20/02/2014

          11. Lula e o poder

            O blog do Josías hoje fala que o Lula quer voltar a presidência e na democracia PTista é ele quem decide rsrs…

            Já o Mantega têm contas a acertar com São Tomé, pois se a vaca voar todo mundo acredita nele.

            Não estou cansado de debater estes assuntos não Clever, mas você já na outra mensagem apontou que antes de continuarmos a discussão, talves devessemos acertar a definação de algumas palavras, como democracia, poder, capitalismo, socialismo etc… 

            Como se trata de um blog informal, onde não existe, pelo menos da minha parte, um rigor científico de peer review nas manifestações, podemos ser generosos um com o outro e aceitarmos a definição do que entendemos o que o outro queira dizer, porém, não deixa de ser uma advinhação, sem rigor formal ou científico.

            A corrupção é um tema mais fácil, pois é mensurável em dinheiro, assim este dá a dimensão dos problemas que ela cria, já na discussão sobre o governo efetivo da nação, no meu entender ele se dá  com seis polos ativos concomitantes e que não podem ser considerados separadamente, assim, o melhor proxy que penso é que um centro de gravidade, um CG, como o que o Klusewitz propõe, é o que dá para se observar, este desloca-se para as oito direções e o lado preponderante no tempo da observação colore sua gestão.

            Assim, penso que o Lula e a Dilma foram mais democráticos em alguns momentos de seus governos e menos em outros, bem como o capitalismo teve momentos de supremacia e  em outros o socialismo prevaleceu, assim como nossas ações como nação foram mais liberais algumas vezes e em outras o mercantilismo mostrou ser o dono da bola.

            O que importa no governo é quem detém o  poder.

            No mais a discussão foi interessante  e serviu para mim para ordenar alguns argumentos que estavam deslocados ou esquecidos, bem como entender como um adverso com sua cultura e capacidade os rebate, ou os evita.

            É sempre um grande prazer responder às suas colocações Clever.

             

          12. Segue acertado o que eu dissera, que se encontra logo após.

             

            Alexandre Weber – Santos – SP (segunda-feira, 17/02/2014 às 23:23),

            Tive que finalizar meu comentário enviado terça-feira, 1/02/2014 às 14:27, a toque de caixa e ele, que provavelmente vai aparecer após este que envio agora, pareceu-me um tanto truncado.

            Alguns exemplos de sentenças que ficaram incompletas ou mal concluídas podem ser vista na ordem seguinte:

            “E enquanto a ciência não der seus postulados definitivos sobre a corrupção, eu penso que há espaço para eu externar o meu entendimento”.

            Na frase acima eu pretendia mais fazer uma adversativa e estender o direito à retórica para todos os leigos. Acertada a frase ficaria:

            “Mas enquanto a ciência não der seus postulados definitivos sobre a corrupção, considero que há espaço para nós os leigos manifestarmos à vontade”.

            Na frase seguinte, o erro foi só na forma do verbo. Assim a frase: “Tudo que eu disse foi que a política no sentido restrito de democracia deixa de existe onde existe consenso”, corrigida fica como se segue:

            “Tudo que eu disse foi que a política no sentido restrito de democracia deixa de existir onde existe consenso”

            E explico que disse “política no sentido restrito de democracia” porque não trato da política de modo geral que pode ser entendida como inerente a todo ato humano uma vez que todo ato humano é um ato político relacionado a existência do ser humano consigo mesmo e com os demais seres humanos. Trato de política apenas como aquela pertinente ao processo de composição de interesses conflitantes, sentido em que política e democracia se confundem.

            E então corrijo a parte que ficou mais destramelada, primeiro transcrevendo todo o trecho:

            “E a democracia é exatamente uma luta. E mais importante, a democracia não é direta, que é impossível de se realizar e mesmo que fosse possível com um número muito pequeno de pessoas, por ser pontual, em cada manifestação, poder-se-ia chegar a um consenso em que todos ficassem satisfeitos ou se excluiria a minoria, a menos que as pessoas renunciassem aos seus direitos. A democracia é feita por representantes e como tal ao contrário da democracia direta não abre espaço para a renúncia (A ética não é a renúncia, mas ela mais se aproxima da renúncia do que da luta e, portanto, a ética pode existir na democracia direta, mas não pode existir na democracia representativa)”.

            Sim, a democracia é um processo em que os representantes lutam para ver alcançados os interesses dos representados. E mais importante, a democracia em que há a luta não é a democracia direta. Na democracia direta com um número reduzido de pessoas é possível alcançar o consenso sem luta. É claro que sendo pontual o consenso poderia ser alcançado também fazendo prevalecer o interesse da maioria, acarretando a exclusão de uma minoria. E ainda haveria o consenso se alguns, por vontade própria, resolvessem renunciar aos interesses deles. A renúncia do seu próprio interesse é natural e possível. Não é possível, entretanto, renunciar aos interesses de outros que você apenas representa.

            Então todo o trecho que ficou bastante errático e inconsistente mais bem comunicaria o que eu pretendia dizer se fosse alterado como se segue:

            “E a democracia é exatamente um processo em que se luta por interesses de outrem. E mais importante, a democracia em que se tem a luta não é a democracia direta, que é impossível de se realizar. E mesmo que a democracia direta pudesse ser exercida, ela só seria exercida de modo pontual desde que contasse com um número muito pequeno de pessoas. E por ser pontual, em cada manifestação da democracia direta, o consenso seria alcançado basicamente de três formas. Primeiro com um consenso real em que todos ficassem satisfeitos. Algo possível pelo número pequeno de pessoas. Segundo via o consenso da maioria com a exclusão da minoria (Um número já pequeno de pessoas ficaria ainda menor com a exclusão da minoria e o consenso seria mais facilmente alcançado). E terceiro com a renúncia de alguns aos seus próprios interesses. A democracia em que se tem a luta é a democracia indireta, isto é, a democracia exercida por representantes e como tal, ao contrário da democracia direta, não abre espaço para a renúncia (A ética não é a renúncia, mas ela mais se aproxima da renúncia do que da luta e, portanto, a ética pode existir na democracia direta, mas não pode existir na democracia representativa)”.

            Na democracia indireta há então a composição e não o consenso. Composição que se faz ao longo de um processo em que se acorda aqui para não perder e se faz um ajuste ali à frente de modo a evitar ser excluído de tal modo que ao longo do processo se possa ter os interesses representados razoavelmente protegidos.

            Clever Mendes de Oliveira

            BH, 18/02/2014

  8. De volta ao futuro

    Recuperação da economia dos Estados Unidos

    Recuperação de qual economia, a real, aquela que atinge os pobres coitados normais ou a do 1% mais rico?

    Este é o grande dilema nos EUA. A concentração de renda é a pior em anos (cruzes parece um pais grande abaixo da linha do Equador , que felizmente vem revertendo esse processo).

    O maior problema conjuntural estadunidense permanece, o déficit gemeo. O cenário no campo dos carburantes é francamente favorável à economia de Norte-America, os efeitos de uma suave distenção com Irã sobre o preço do petróleo e aumento de fontes de suprimento “alternativas” como o vizinho Canadá dão um prognostico  de possibilidade de crescimento para uma economia atrelada fortemente ao combústível fóssil. O maior problema no horizonte são os falcões.

    Recuperação da economia da União Europeia

    Ainda débil a velha Europa patina na dúvida: ser escrava dos ventos que sopram de Berlin ou cuidar cada um de seu quintal?  Alquebrada desde 2008, fragilizada pelo déblâce da periferia do Euro (Grecia, Espanha, Portugal), uma nova crise bancária ainda ronda a Europa e assombra o Mundo. Os números britanicos e franceses não animam muito, Mas o motor alemão parece estar ainda roncando forte. Igualmente ajudado por uma certa estabilização no preço do óleo (no seu caso gás), o que ajuda e muito, a conversa com o fornecedor russo. Fica a duas perguntas: qual é o folego das políticas de Frau Merkel? A banca aguentara mais uma provação?

    China.

    Quem é a fábrica do mundo e possui 2/3 da população a serem inseridos em um “mercado de consumo”  tem alguns ases na manga. Trabalhou duro costurando na África e na Ámerica do Sul uma série de novos fornecedores que dão ao Império do Meio uma boa dose de autonomia. Possui ainda um belo instrumento de pressão com o Tio Sam, seu estoque da não pequena dívida estadunidense.  Vem aumentado o seu hard power, e a centralização da economia permite aos chineses respostas mais rápidas frente as flutuações internacionais.

    Lembrando Arrighi, parece que o longo século XX esta findando.

    O Brasil

    A taxa de juros  mata mais que estricnina (parodiando Adoniaran) . Dilma tentou, mas jogou a toalha e os rentistas não contentes pedem mais. O fluxo de moeda estrangeira vai continuar favorável graças  as commodities agrícolas . A discussão sobre o petróleo (e o principal operador no Brasil, a Petrobrás) é outra armadilha rentista. A anta é grande, mas quantos carrapatos aguenta antes de cair mortalmente doente?

    Precisamos olhar para o Oriente com mais carinho.

    No fim do século XIX, inicio do século XX , Rio Branco notou que o eixo mudou de posição e não mais Londres e sim Washington, D.C. seria o epicentro das mudanças no longo século XX (Arrighi , de novo).  O novo eixo se alinha no Pacífico. Vamos perder o bonde?

    1. A banca ameircana promeve

      A banca ameircana promeve terrorismo mundial com especulação de capitais, sua politica interna de juros é quase inexistente, sobrevive sobretaxando produtos importados, nas transferencias de rendimentos vindo dos outros paises, ou seja, é uma sangue suga.

      Aqui basta limitar saida de lucros a mesma taxa de juros interna anual. Se não quizer que leve suas empresas embora.

      Se quizer fazer investimento aqui, terá de ser direto e com periodo de tempo determinado com juros fixo, acordado. Sabendo quanto vai investir e sabe quanto vai lucrar.

      Este investimento ainda terá de passar por uma comissão extratégica, para analizar, se é de interesse nacional, se for, aprova, se não for, pode ficar com seu dinheiro.

      1. Muito controle para pouco efeito

        Mais fácil seria fazer um compromisso na seguinte hipotese:

        Querem vir para cá ? Ok, vão gerar X empregos a Y de renda per capita por trabalhador. E vão pagar imposto!

        Irriga a economia de forma direta e indireta.

        E acaba com aquele terrorismo recorrente: assim fica mais fácil levar o negócio para a Cadapó.

        Pode levar, mas será que a Cadapó tem mercado para consumir suas traquitanas?

        A banca, como a Troika (e a rapinagem de modo geral) não tem bandeira.

        Ela apenas se aproveita da oportunidade que governos oferecem, uns como os do EUA são mais permissivos (ou qual foi a causa de 2008? Resposta: falta de controle governamental).

        1. Paulo o problema das pessoas

          Paulo o problema das pessoas é que elas só pensam em crescimento. Eu quero investimento no social. Não importa se o produto interno bruto terá crescimento nulo.

          O que interessa é a dimiminuição das desigualdades sociais, proteger empresários que estão arriscando seu capital em industrias de produtos de bens duraveis, desenvolver nosso parque tecnológico, conter uma possível Tecnocracia que é prejudicial ao povo. Em termos de Governo é muito melhor uma Democracia que gere felicidade, do que, uma Replublica Corporativa com altos lucros e de baixo investimento social.

          O objetivo do Estado não é Lucrar, é fomentar, e pode fazer alianças estratégicas com outras nações para um suprir ao outro nas suas necessidades basicas.

          Quando falamos de mundo, há muito espaço para se negociar. As economias tem que ser sustentáveis, elas não podem depender de exportação e nem de importações. Neste critério comércios bilaterais podem ser tratados de forma justa.

          Até podemos fornecer aço e alimentos para trazer veículos, como auxilio as necessidades das partes envolvidas e nesta transação, não será o lucro que ditara a regra, mas as necessidades básicas das nações.

          A justiça social também tem que ser entre nações, um não pode explorar o outro e ambos tem que se ajudarem.

          Só assim nos livraremos dos especuladores que são nocivos a sociedade.

  9. “O país necessita, de fato,

    “O país necessita, de fato, de um realinhamento do real para estancar o aumento do déficit externo e garantir um mínimo de vitalidade para a indústria nacional.’

    Mas esse realinhamento traz impactos inflacionários. Para combater esses efeitos, o Banco Central mantém a velha política de aumento da taxa Selic. O mecanismo de transmissão da Selic sobre os preços é o câmbio: aumentando os juros, teoricamente atraem-se mais dólares, o real se valoriza e, com o dólar mais fraco, há menor pressão sobre os preços.”

    Vamos analisar a contradição que o Nassif disse:

    Se o realinhamento (valorização do real) para garantir um minimo de vitalidade para indústria nacional traz impactos inflacionários, porque o BACEN precisa, teoriocamente, aumentar a taxa de juros, que atrai doláres que desvalorizam o real de novo (se desfaz o realinhamento com a valorização)?  

    Logo, o aumento da taxa de juros se expressa como uma maracutaia do BACEN para o crescimento do déficit público, pelo próprio aumento da SELIC ajudar os rentístas, e que ainda desvaloriza o real com a entrada de dólares.

    Ou seja o país perde nas duas pontas: Se valorizar o dólar o governo paga mais caro a dívida extena (que produz em real e paga em dólar), se desvalorizar o dólar quebra a industria (que quer produzir em real e vender em dólar). 

    1. Para alguem que conhece pouco

      Para alguem que conhece pouco a linguagem econômica, traduzo para  a linguagem do nosso ex presidente “Estamos enxugando gelo ” , na verdade ?

  10. Mercado? o que é isto?

    Como disse o André SP aqui mesmo ” Eles destroem  a economia, a cultura e a sanidade das pessoas”. Concordo plenamente, pois desde que procurei entender um pouco s/ economia/mercado, ando c/ a cabeça fundida. Como imagino que existem muitos economistas aqui no Blog, peço encarecidamente, o socorro deles, pois me parece que a cada dia entendo menos do que sabia antes de me dedicar um pouco mais ao tema.

    1 – Como pode acontecer que os BRICS, de uma hora p/ outra passem de ” grande potência” a grandes “fraquinhos” ?

    2 – Como pode sermos, junto c/ Argentina e Venezuela, países de grande “efervescência” com   revoltados, Black  Books,  Anonymous  , rancorosos de todos os tipos e matizes, os contra-tudo que está aí , além dos “espumantes” comentaristas da mídia, se estamos ao lado de países “pacíficos” como o Paraguai, Colômbia, Chile (ainda). ?

    3 – Como pode, estarmos indo prô beleléu, se nosso PIB  teve  2.50 % de aumento, considerando que muitos estão sendo considerados maravilhosos por um aumento de 0,3 %. E um desemprego de fazer inveja ?

    4 – Como pode o nosso vizinho Paraguay ser praticamente considerado um “Tigre asiático”, junto c/ o Chile (ainda)?

    5 – Como pode a Petrobrás, com toda a sua riqueza em petróleo, ser tão mal vista por alguns erros ?

    6 – Como pode uma pessoa como o Eike Batista ser considerado bilionário (pq suas ações subiram demais) e imediatamente após, ter passado a um derrotado (e suas ações despencarem)? E pq o mesmo aconteceu c/ outras grandes empresas estimuladas pelo governo?

    7 – Como podem certos bancos sairem pelo mundo malhando o governo, se nunca enriqueceram tanto?

    É o que me recordo no momento. Se alguem quiser complementar e me ajudar a entender, agradeço penhoradamente.

     

    1. A questão do Eike é que

      A questão do Eike é que acreditou demais no país como Nacionalista diversificou seus investimentos em áreas no país, mas ficou dependente de mercado especulativo, ações em bolsa.

      Ai entra a especulação vc começa a divulgar que a empresa está atravessando problemas de caixa e que não conseguira honrar seus débitos, ao mesmo tempo aposta na bolsa, numa queda do valor no mercado futuro, fatura milhões nesta especulação. No caso do Eike foi mais um Golpe de tomada a força desvalorizaram a empresa dele demais num espaço de 30 dias, neste caso ou houve fraude de contabilidade na administração da empresa, ou ataque especulativo para tomada a força dos empreendimentos, que não deveria acontecer, mas, acontece. E é deste assunto é que estamos tratando, acabar com apostas especulativas. Investimento via ações será direto dentro do capital social da empresa se ela quebrar, o cara é corresponsável. Nada impedirá a empresa de pedir empréstimos para capital de giro, como para plano de ampliação de seu parque industrial, desde que possua garantia fisicas e seja de intesse estratégico do país.

       

      1. Sabe o que ando pensando

        Sabe o que ando pensando André? A questão toda se resume em “se enquadrar” .Caso contrário ,  fica de castigo ; e que os governantes  não governam mais nada. Na macroeconomia, se e não é o FMI, é o “mercado”. Mas aí me vem a dúvida: o que terá feito de errado o FHC, que se curvou a todas as medidas propostas por eles e  N A D A ?. O país não crescia, iniciando a indústria o “ladeira abaixo” e acontecendo a maior diáspora já vista de brasileiros rumo ao exterior .

    2. Bolsas

      Nunca apostei 1 centavo na bolsa pois a considero um grande cassino, sujeito a variações positivas ou negativas naturais ou manipuladas. Creio que os chamados “intelectuais” da economia dão excessivo valor às informações de agentes (empresas de rating, consultorias, FMI, etc.) muitas vezes não muito interessadas em divulgar a verdade.

      Uma coisa é certa. Os detentores do capital não querem de forma alguma perder sua influência e fazem de tudo para mantê-la. Corrompem, divulgam falsas informações, manipulam. Todos, com um mínimo de raciocínio, devem ficar atentos a qualquer informação divulgada pela imprensa, refletindo o que pode estar por trás dela.

  11. O erro do governo foi suas falhas macroeconômicas

    Deveria ter feito mais ações como a do resgate da indústria naval e menos como a de financiar as empresas do Eike Batista.

    Falta mais cabeças para pensar, como o Pochmann nesse governo. Já disse que o desenvolvimentismo do Mantega parece o do José Serra e Mendonça de Barros de 1992 (o PSDB não é mais assim), progressista mas crente na tese do “choque de capitalismo”.

    Na resposta a crise de 2008, o governo deveria ter investido em ônibus, metrô, bicicletas, pavimentação ou recuperação de ciclovias. Infelizmente era impossível, pois o transporte público no Brasil é descentralizado (diferente da China), não temos uma “Petrobrás” da mobilidade urbana. A solução foi chegar direto ao consumidor através da redução do IPI (que infelizmente engordou as multinacionais).

    Pra piorar, estados mais urbanizados estavam e ainda estão no comando da oposição (São Paulo e Minas com o PSDB e o Rio com o PMDB ex-tucano), mesma coisa as principais capitais…

  12. Todas essas medidas mais

    Todas essas medidas mais “radicais”, seriam ótimas se a autonomia dos países fosse pra valer. Infelizmente, quem domina as finanças a nível global (não mais que dez grupos), já anteviam as possíveis saídas e colocaram “armadilhas” em todas elas, se antecipando aos Estados Nações! Nem tudo, porém, está perdido. Um conjunto de nações (como os BRICs, por exemplo), poderiam impor uma espécie de taxa Tobin entre suas transações ou uma espécie de CPMF, para forçar o capital especulativo a sair do anonimato, sem ter que pedir licença a ninguém. Todo o desequilíbrio dos Estados deriva, em grande parte, de não se ter o controle sobre quem compra e vende o quê, como e quando, inclusive e, principalmente, moedas e papéis!

  13. Falhou?

    Economista é fogo. Não escapa nem o Nassif.

    Vejamos: depois de tirar 50.000.000 de brasileiros da fome e da miséria, de implantar o pleno emprego, dar escola superior aos milhões, antes impossibilitados por falta de tutu, resolver o problema do stima social da raça até então excluida, que deixava milhões de brasileiros fora das universidades, construir de 2 a 3 ( vai para 6?) milhões de casa para estes mesmos pobres, gastar 1 trilhão de reais em infra-estrutura que tinha sido abandonada ha séculos e impedia o país de ir a frente, ligar norte ao sul por ferrovia, levar o São Francisco ao nordeste, deixar o país abundante de energia elétrica e petróleo, grande reserva cambial, etc, etc, etc,  podemos concluir que nada disso vale nada porque as figurações, o ambiente MACROECONÔMICO não é favorável; os prdutores franceses de etanol estão reclamando; a bolsa não sobe.

    Tô morrendo de preocupação! 

  14. Como estará o estado de espírito, dos agentes economicos ?

    Independente da recuperação da economia norte-americana e da União europeia, e da “fome” da China, pelas commodities alimentares, que o Brasil tem como garantia para exportar seus excedentes agrícolas, não acredito, que as próximas eleições sejam um jôgo xadrez, que estaria sendo disputado pelos atuais aspirantes ao cargo de Presidente da República, que é quem na prática, determina os rumos da economia.

    Estamos suficientemente amadurecidos, para continuarmos crescendo com austeridade, sem medo de maiores sobresaltos, pois nesta coordenada, não há milagres e sim planos estratégicos e soluções de mercado, sem que isto exija qualquer radicalismo ou reversão dos atuais processos.

    Os agentes economicos, aos quais o Nassif pede atitudes, estão gradativamente entrando em acôrdo com a equipe economica do governo federal, pois sentem que da parte daqueles agentes públicos, há uma perceptível intenção de não deixar o “barco” à deriva. independente de estarmos num ano de eleições presidenciais, nos quais tradicionalmente as coisas ficam em stand by, à espera dos planos do novo comandante da nação.

  15. O momento é agora ou nunca mais

    Reservas Cambiais são acumuladas em momentos de grande entrada de dólares, provenientes dos saldo na Balança Comercial, aumento do carry trady pelos investidores estrangeiros, albicações em ações pelo investidores estrangeiros, aumento dos investimentos estrangeiros diretos na produção de bens e serviços, e investidores nacionais trazendo dólares de volta.

    O momento de vender é quando corre uma falta de liquidez no mercado internacional em função das expectativas dos agentes econômicos, como agora.

    O que provoca a alta da taxa de câmbio em momentos de fuga de capitais, é que este movimento provoca uma demanda maior que a oferta no mercado de câmbio, principalmente pelo exportadores reterem o maior tempo possível os dólares buscando uma taxa maior, e os importadores anteciparem ao máximo a compra de dólares para o pagamento das exportações.

    A venda de Parte das Reservas Cambiais impediria o desequilíbrio entre a oferta e a procura no mercado de câmbio, mesmo em uma situação de fuga de capitais,

    Hoje já ofertados U$ 200 milhões de contratos de swaps cambiais por dia, se fosse acrescentado mais US$ 200 milhões de dólares no mercado, daria um total de R$ 400 milhões por dia, e seria necessários mais de 2 anos para vender cerca de US$ 100 bilhões das Reservas Cambiais, e mesmo assim sobrariam US$ 276 bilhões, 40% a mais do que havia em 2008.

    O importante é estabelecer um preço mínimo para impedir uma queda da taxa de cãmbio.

    Outra coisa que precisamos lembrar é que a partir de 2017 haverá um aumento expressivo da produção de petróleo e derivados no Brasil, que proporcionará um excedente exportável.

    Ou seja além eliminar o atual déficit comercial na conta petróleo, proporcionará um superávit comercial, com grande impacto na balança comercial.

    Temos até 2017 para vender as Reservas Cambiais, já depois de 2017, muito provavelmente teremos que aumentar as Reservas Cambiais para impedir uma queda da taxa de câmbio.

  16. A economia e os museus.

    Em breve, os livros de economia poderão ser comparados aos museus, e isto se confere à obra dos economistas, visto que o que melhor pode sair de lá é o que tem de mais atrasado para os países.  

  17. Infelizmente  Nassif a

    Infelizmente  Nassif a primeira coisa que as agencias de risco farão será rebaixar o Brasil. os ataques do mercado financeiro ficarão mais fortes 2014 é a chance deles! eles vão fazer de tudo para que um governo de direita neoliberal assuma em 2015. Querem enquadrar o Brasil  a imprensa brasileira clama  por  recessão desde 2012! não conseguiram em 2012 nem 2013 vão tentar de tudo em 2014.

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