Os avanços nas formas de ensinar

Apesar das manchetes, do tema único da Lava Jato e da estratégia diuturna de jogar o amor-próprio para baixo, o país avança em muitas frentes.

Uma delas são os novos rumos da Educação. Aos poucos vai-se saindo do modelo tradicional, de encapsular o mesmo conteúdo em 50 minutos de aula e aplicá-lo em todo o país, como se fosse uma linha de montagem.

Nos cursos básicos, a discussão sobre a nova grade curricular abre espaço para currículos mais flexíveis.

Há uma revolução maior no ensino superior. A Universidade Federal do ABC foi montada fugindo do padrão tradicional de departamentos e ingressando no mundo da interdisciplinaridade.

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Uma das tendências modernizantes consiste em amarrar o curso a projetos, com começo, meio e fim, definição de etapas, métricas de avaliação.

O grande desafio da pedagogia é o envolvimento do estudante. Engajado, passa a valorizar cada acréscimo de conhecimento. Só que para engajar, tem que encontrar sentido naquilo que está fazendo. O ensino tradicional empurra um conjunto de conhecimentos sem que o aluno tenha noção sobre como, quando e onde irá utilizá-lo.

Em um dos eventos do Brasilianas, juntamos algumas universidades corporativas – como a da Embraer e da Petrobras – e o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) visando entender melhor a metodologia.

Na Universidade da Embraer, por exemplo, os alunos – engenheiros formados – são desafiados a montar projetos aeronáuticos integrais, definindo tamanho do avião, custo, design, análise de mercado, ganhando uma visão de conjunto.

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Outra experiência bem-sucedida é a Uniamérica, de Foz do Iguaçu. Criada há 10 anos, a Uniamérica tem 1.600 alunos distribuídos em 18 cursos, que vão da Pedagogia e Saúde à Engenharia.

Trata-se de uma instituição superior privada, transformada há três anos em instituição comunitária sem fins lucrativos, que se tornou um laboratório da Hoper, uma consultoria especializada em educação.

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O modelo é multidisciplinar. Do primeiro ao último dia de aula, os alunos trabalham sempre em projetos reais. Toda a aprendizagem ocorre para solução desses projetos. Cada projeto tem metas e prazo – em geral, semestral – e estão amarrados a necessidades específicas da região.

Um dos projetos, por exemplo foi de um scanner na área de radiologia a ser aplicada na segurança na Ponte da Amizade. O projeto juntou de engenharia e serviços sociais, discutindo a parte técnica e os impactos sobre a população.

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Para integrar todas as matérias em um projeto, a Universidade foi organizada em unidades de aprendizagem que definem previamente tudo o que o aluno precisa aprender. A diferença é que esses itens não são apresentados de forma fragmentada.

Há uma metodologia de funcionamento adaptada a cada projeto.

Primeiro, um diagnóstico do que se pretende trabalhar. Depois, a proposta de solução e a apresentação do projeto.

Finalmente, definem-se os cursos que contribuirão para o projeto e a maneira de inserir os cursos obrigatórios no projeto, as chamadas competências cognitivas, avaliadas pelo ENAD.

Ao lado, desenvolvem-se as chamadas competências não-cognitivas, habilidades sócio emocionais, colaboração, liderança, altruísmo, criatividade, tomada de decisão, ética.

Não se restringe apenas ao que fazer, mas ao como fazer.

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Um dado relevante levantado por essas experiências é que a legislação acadêmica brasileira é bastante aberta à inovação. Em lugar de colocar obstáculos burocráticos os avaliadores do MEC elogiaram o método empregado.

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A Uniamérica tem recebido de 3 a 5 visitas de universidades privadas por mês.

Há certa dificuldade para as universidades privadas aderirem ao projeto. A educação privada é um negócio que precisa ser sustentável. Mas o avanço das formas de avaliação e uma maior sofisticação da opinião pública, sobre o que aprender em um curso superior, em breve metodologias desse tipo serão dominantes.

Luis Nassif

29 Comentários

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  1. Quando acharam que o Brasil

    Quando acharam que o Brasil era uma ilha, no seu descobrimento , não foi um erro, mas um diagnóstico certeiro do que viria a ser o Brasil. Aqui é um país com ilhas, ilhotas de excelência – mas que nunca teve uma elite que soubesse unir essas ilhas e formar um belo continente. É um país que é modelo pro mundo para o combate ao HIV e um sistema de vacinação, principalmene para crianças, invejável, e ao mesmo tempo não consegue universalizar o saneamento básico – que é a raíz dessa proliferação exponencial do aedes; um país que formou uma elite de engenheiros que construiu o ITA e a PEtrobras(agora lutando contra o câncer da politicalha e populismo que a levou a chegar nesse estado triste ) mas não consegue nem formar a quantidade de professores de matemática que deveria para dar conta de ensinar nas escolas. Enfim, temos os ingredientes;  o que falta é uma elite que ponha a mão na massa é que queira fazer daqui um grande país. 

     

  2. Na maioria das escolas , os

    Na maioria das escolas , os alunos ficam plantados na mesma sala e os professores circulam entre as classes O retorno das salas temáticas para cada disciplina poderia enriquecer o conteúdo e gerar mais interesse dos alunos e professores.

  3. O maior obstaculo sao as mentalidades

    Participei da reformulacao curricular de meu curso de Design na UFPE. As propostas foram embasadas em uma serie de diagnosticos e da entao recem aprovada lei de Darcy Ribeiro. Ao longo dos ultimos 15 anos, o maior obstaculo ao sucesso da proposta tem sido a mentalidade dos diversos atores do processo. A comecar pela burocracia de minha universidade cujas instancias superiores nao conseguiam enxergar os principios pedagogicos envolvidos e so a muito custo comecaram a perceber a inovacao, a ponto de virar referencia a outras reformas. Mas tb e principalmente da mentalidade de docentes, discentes e pais e responsaveis. O Mec nesse ponto está a anos luz a frente.

  4. Formando super técnicos

    Ok, mas esse tipo de formação forma super técnicos, especializados em resolver problemas específicos. Você não forma pesquisadores em ciência básica desse jeito. E sem ciência básica, não tem ciência autônoma, somos compradores de saber e nos tornamos aplicadores desse conhecimento importado. Viramos maquiladoras mexicanas do saber. Não é possível montar um sistema de conhecimento com esse modelo. Ele é apenas a ponta (técnica) de um sistema de ensino.

    Há muita ingenuidade em defender esse modelo como um modelo “mais avançado” de ensino.

  5. Pensar sozinho

    Hoje, todo conhecimento está on line – mas existe a diferença entre conhecimento e sabedoria.

    É necessário que o professor seja apenas um orientador, onde o aluno busque o conhecimento sozinho, pois é isso que ocorrerá no mercado de trabalho.

    E essas metodologias apresentadas acertam no alvo ao simular a situação real, a atividade profissional, longe das caixas herméticas e independentes das disciplinas.

    1. Desculpe, mas escola não é

      Desculpe, mas escola não é mercado de trabalho. Além disso, um profissional especializado não busca o conhecimento sozinho. Isso é pra coisas superficiais, não que não sejam válidas.

    2. Desculpe, mas escola não é

      Desculpe, mas escola não é mercado de trabalho. Além disso, um profissional especializado não busca o conhecimento sozinho. Isso é pra coisas superficiais, não que não sejam válidas.

  6. Educação

    Nassif, você está muito colodo à ideia de educação e tecnologia. A educação básica do cidadão e da criança é que é o grande problema, com grades curriculares e ideia de “disciplina”. A educaçãõ básica e problemática ainda está, na maioria do país, presa a moldes ditatoriais. Entendo que vc está falando na educação de ponta, mas dê uma atenção à educação da criançada e vc verá o tamanho do atraso. Grande abraço.

  7. Qualquer inovação é bem vinda …

    O modelo atual de aulas expositivas seguidas de avaliações da aprendizagem estão completamente falidos em todos os niveis de ensino. Até nas universidades,  onde leciono,  é uma maratona manter  o jovem atento e interessado. Temos que fazer verdadeiros malabarismos. Nos cursos noturnos, a situação é mais trágica. Muito do que se “ensina”, não tem sentido algum para o aluno. É um grande desperdício de recursos e energia. No ponto em que estamos, qualquer inovação é melhor do que a mesmice de sempre.   

  8. Eles sabem apenas ver que a

    Eles sabem apenas ver que a realidade do país é subdesenvolvida.

    Amarrar o curso a projetos os trás ao dever de assumir responsabilidades.

    Levem os economistas para reciclagem da mentalidade.

  9. UNILA – Universidade Federal-integração e multidisciplinaridade

    Caro Nassif,

      não conheço maiores detalhes da “Uniamérica” (uma avaliação mais detalhada academicamente seria interessante) além da sua associação a uma empresa de consultoria privada.

    Entretanto, a UNILA

    https://www.unila.edu.br/

    na mesma cidade (Foz) é a Universidade Federal pensada e desenvolvida para atingir excelência utilizando a visão multidisciplinar associada à integração regional e à diversidade. Isto não apenas no curto e médio prazo.

    Vale a pena olhar com atenção para verificar as vocações de cada uma, evitando o risco de privilegiar apenas um dos protagonistas (e suas visões).

     Ainda, em relação a visões de educação não está demais refletir realidades (pricipalmente em épocas de crise/oportunidade mundial), como por exemplo as relatadas no  livro

    -Who’s Afraid of the Big Bad Dragon?: Why China Has the Best (and Worst) Education System in the World.
    Autor: Yong Zhao

     

  10. JORNALISMO DO BEM,É SÓ AQUI

    JORNALISMO DO BEM,É SÓ AQUI MESMO NESTE BLOG

    ACREDITO Q O DEBATE DA NAÇÃO SEJA EM ASSUNTOS ASSIM MESMO

    MAS GLOBO E CIA…SÓ QUER O POVO RECLAMANDO E COM BAIXA ESTIMA

    ELES MUDAM O FOCO DOS DEBATES DA NAÇÃO DE PROPÓSITO ,AÍ O POVO

    FICA PREOCUPADO COM O “TRÍPLEX” DO LULA (QUANTA PICUINHA)!!!!

    VAAALEU NASSIF!

  11. Alunos como protagonistas no processo de mudança.

    Caro Nassif, precisamos (urgente) criar uma ambiente para mudanças curriculares, em um projeto nacional.

    A Escola de Engenharia da UFMG vem desenvolvendo o Programa ENG200, que já esteve também no Brasilianas. Neste programa temos como premissa formar não somente profissionais técnicos, mas também gestores e, sobretudo, grandes pessoas. Foi pensando nisso, que a Escola de Engenharia da UFMG elaborou o ENG200, programa que teve início em 2012 com o intuito de rever a formação do engenheiro da UFMG e propor o melhor ensino e preparação possível para que esse aluno tenha, de fato, condições de impactar o meio em que vive. Assim, o ENG200 realiza diversas ações que buscam avanços curriculares, estruturais e também sociais, para fazer da formação em engenharia uma experiência cada vez mais prazerosa e sintonizada com o cotidiano.

    Um detalhe: o Programa ENG200 é gerenciado pelos próprios alunos, os quais de fato sentem “na pele” a necessidade de mudanças nos processos de ensino e aprendizagem.

    Estamos no princípio, mas já pode-se detectar melhorias em inovação e empreendedorismo na formação dos alunos em uma escola centenária!

      1. Prezada Anarquista
        Apesar

        Prezada Anarquista

        Apesar dessas matérias serem do período  militar,  a substituição delas é responsavel pela falta de conhecimento de politica das novas gerações. Nada contra filosofia e sociologia. 

        Abração

          1. Cara Ana

            Que me desculpe, até parece que desconhece o que ocorre. Salvo engano, o projeto político pedagógico (eita nome bonito)  da escola é analisado e discutido por quem? Se o professor resolver fazer qualquer apologia- estou até exagerando- de qualquer doutrina política, te garanto que os alunos vão estudar para passar na prova. O nome da disciplina nada indica e os conteúdos, ao final, quem determina é o professor, bom até quando segue ou há livro texto.

          2. Biografia dos generais

             Tinha que ler de todos. 

            Tive um livro “didático ” com fotos do Amaral Neto “o repórter ” como ilustrações da Transa Amazônia  rsrsrs

             

             

             

    1. Currículo escolar

      Caro, Marco Antonio,

      Você está na direção certa, porém eu susbstituiria estas duas disciplinas por ” Ética e Cidadania” para enfrentar a nossa total falta de compromisso com a nossa gente, história e a pátria como um todo.

      1. Educação moral e

        Educação moral e cívica

        Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.  

        Moral

         Decoração com um exemplar daEnciclopédia Nacional de Educação Moral e Cívica

        Educação moral e cívica foi uma matéria de ensino obrigatória no Brasil criada durante o governo de Getúlio Vargas e que visava ensinar aos alunos valores morais e cívicos.[1]

         

        Índice

          [esconder1História2Ver também3Referências4Ligações externas5Referências

         

        História[editar | editar código-fonte]

        O ensino de Educação Moral, Cívica e am alguns casos, física já vinha sendo praticado no Brasil, mas a critério dos estabelecimentos, tanto que, em 1936, a editora civilização Brasileira[2] lançou a tradução brasileira da obra de C. Wagner: Para pequenos e grandes – educação moral.[3] O Ensino da EMC é inveridicamente posta, por algumas fontes, como sendo uma disciplina curricular criada pelo governo da Ditadura Militar, mas aquele governo apenas moldou, à sua tipagem ideológica, como o fez, também, com as demais disciplinas.[4] [5] . A adoção da disciplina na curricularidade escolar nacional ganhou efetividade com o Decreto-lei nº 2.072, de 8 de março de 1940, de Getúlio Vargas e do ministro Gustavo Capanema, que estabeleceu a obrigatoriedade da Educação Cívica, Moral e Físicada infância e da juventude.[6]

        Em 2013, o deputado Valtenir Pereira apresentou um projeto de lei para reinstituir o ensino de EMC e OSPB[7] .

        Ver também[editar | editar código-fonte]

        Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo

        Referências

        Ir para cima↑ Mundo jovem. Disponível em http://www.mundojovem.com.br/artigos/educacao-moral-e-civica-no-curriculo-escolar. Acesso em 25 de dezembro de 2014.Ir para cima↑ HALLEWELL, Laurence. O livro no Brasil: sua história. São Paulo: EdUSP, 2005.Ir para cima↑ WAGNER, C. Para grandes e pequenos – educação moral. [Tradução Othoniel Motta]. São Paulo; editora Civilização Brasileira, 1936.Ir para cima↑ Brasil, Decreto -Lei nº 869/1969.Ir para cima↑ Enciclopédia Nacional de Educação Moral e Cívica. vol I, Editora Formar dinamismo a serviço da cultura. São Paulo, s/d.Ir para cima↑ DECRETO-LEI N. 2.072, DE 8 DE MARÇO DE 1940Senado Federal do Brasil. Acesso em 15 de outubro de 2015.Ir para cima↑ Deputado propõe reinclusão das escolares obrigatórias de OSPB e Moral Cívica. Jornal da Notícia, 19 de julho de 2013

        Ligações externas[editar | editar código-fonte]

        {{|http://www.educabrasil.com.br/eb/dic/dicionario.asp?id=364 = }}http://www.educabrasil.com.br/eb/dic/dicionario.asp?id=364 Portal da educação 

         

    2. Filosofia

      foi retirada por um tempão, parece que voltou recentemente mas OSPB e Moral naqueles moldes dos militares Deus nos Livre disso. 

      Tem um negócio de patriotada que não me agrada; prefiro mais humanismo no sistema educacional.

       

       

  12. seu nassif deveria aconselhar

    seu nassif deveria aconselhar companheiro haddad para implantar na educação infantil municipal turmas-salas com crianças tudo junto e misturado de 2 anos a 6, 7, 8 anos de idade… desde que com número máximo de 23 alunos por sala ou turma….

    é impressionante como criança otimiza aprendizagem com criança e, principalmente, as crianças mais novas aprendem com as crianças de mais idade no modo par proximal mais apto…

  13. E qual o papel do professor nessas mudanças?

    Deixar  o pedestal de quem detém o saber, pois basta a qualquer aluno acessar as redes e sites de pesquisa para obter informações que estão sendo a ele repassadas.

    Paulo Freire, visionário, já chamava isso de educação bancaria: acúmulos e mais acúmulos de informações, como nosso extrato de conta corrente atual pela internet. Você lê o que lhe interessa e joga fora depois.

    Pois bem, há um certo consenso atualmente que a educação no ensino básico (EFI. EFII e EM), deve servir a propósitos maiores.

    O ENEM servindo como porta para o SISU e adotado Brasil afora, menos em São Paulo (questão de tempo político), deu contribuição fundamental para que deixássemos de pensar o EM como etapa para os vestibulares no estilo fuvestiano…Mas há caminhar ainda nesta questão.

    Isso vem colocando para o EM como etapa do ensino básico, questões fundamentais.

    Há uma linha de pensamento para o EM, como etapa do ensino básico, em que tratar questões como a cidadania, a ética, o fazer como processo de ampliação das capacidades cognitivas se tornam cada vez mais fortes. 

    Há uma demanda da juventude por participação política enorme que a escola precisa canalizar em processos que levem à ampliação do conhecimento, e mais que isso, à produção do saber pelos próprios alunos.

    Alunos produzindo novo saber no EM e compartilhando isso com seus pares e comunidade escolar e isso tanto nas ciências naturais quanto nas ciências humanas.

     

    Enfim…o movimento está posto.

     

    Impossível a sua reversão tendo como protagonista o aluno.

     

     

     

     

     

     

  14. Nassif e colegas, este mesmo

    Nassif e colegas, este mesmo processo de revisão do ensino/aprendizagem vem ocorrendo no Ensino Médio de muitas escolas do Brasil todo.

    Há muita gente escrevendo sobre isso e muitos educadores engajados em transformar suas experiências concretas em reflexões e contribuições acadêmicas consistentes. Muita coisa está sendo produzida hoje na educação.

    Já há hoje um diagnóstico bastante forte que perpassa instituições privadas e públicas, de que é necessário abandonar o velho modelo fordista na educação. Ele acabou e não há mais como reavivá-lo.

    Alunos sentados como receptáculos do saber absoluto dos seus professores acabou. 

    A juventude nas escolas tem impulsionado essas mudanças, apresentando demandas, desejos e necessidades que já não mais cabem no velho modelo escolar. Isso tem acontecido tanto nas escolas para a elite e classe média, quanto no ensino público.

    As escolas privadas têm avançado muito mais na proposição de novos modelos que as públicas, em função do absoluto descaso com que é tratada a educação pública em São Paulo. Aqui prevalece o autoritarismo mais escancarado, tentanto refrear esta revolução do ensino/aprendizagem que é mais do que necessária. É premente. 

    A escola de projetos, do fazer, do pensar livremente e construir alternativas a problemas reais na cidade, no país e no mundo é a que está sendo construída. Este movimento na educação avança pelo país inteiro. Realmente é algo que poucos se dão conta, mas que está acontecendo sim.

    Os projetos nas escolas do ensino básico (EF e EM) já tem sido a tônica do pensar as atividades das diferentes disciplinas. As caixinhas disciplinares estão sendo abandonadas para a reflexão sobre problemas concretos propostos aos alunos a partir das áreas do conhecimento.

    Gostaria de deixar a minha contribuição aqui para esta discussão, se for possível,  colocando à disposição dos interessados por esta revolução o exemplo de dois projetos que desenvolvemos na instituição onde eu trabalho pensando o ensino de forma multimensional, multidisciplinar e provocadora de novas vocações e saberes. Nas duas os estudantes se colocam como protagonistas do conhecimento.

     

    https://www.youtube.com/watch?v=p5nDAiZN7lQ (Projeto Amazônia-equipe de produção e documentação do Estudo do Meio com alunos interessados em mídias digitais);

     

    https://www.youtube.com/watch?v=JKDw2H2zvig (projeto de intervenção urbanística em São Paulo, a partir de diagnósticos fundamentados em pesquisas e em prospecções reais);

     

     

     

     

  15. Mas há os exageros (acredito)

    Escolas de MS vão testar ensino sem provas e aulas

     

    Marcelle Souza
    Do UOL, em São Paulo

     

     

    As aulas em duas escolas públicas de Mato Grosso do Sul não serão divididas por disciplinas. Os alunos também não terão provas e os professores serão orientadores de estudo. Saem as lições expositivas e entra o método de pesquisa, onde cada aluno avança de acordo com a sua velocidade de aprendizado.

    “Os dados apresentados nas avaliações de larga escala, como o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), demonstram que o sistema de ensino não dá mais conta das necessidades de nossos estudantes e também da sociedade contemporânea”, diz a secretária de Estado de Educação, Maria Cecilia Amendola da Motta.

    “Não teremos aulas e sim tempos de estudos, onde os estudantes serão orientados pelos professores das diversas áreas de conhecimento para o desenvolvimento de suas pesquisas e aprendizagens. A organização dos tempos de estudos será flexível, porém com o tempo delimitado de 8 horas diárias”, disse a secretária.

    Segundo a pasta, os alunos vão partir de problemas para buscar soluções nos livros didáticos e demais materiais de estudo. Cada escola também vai desenvolver práticas e orientações de estudo de acordo com a demanda e as necessidades locais.
    Quanto a forma de avaliação, a secretaria disse que “se dará sobre a produção diária do estudante, será contínua, diagnóstica, formativa e preventiva”.

    Para testar o modelo, a Secretaria de Educação afirma que fez um levantamento prévio da estrutura física e dos recursos humanos (gestores e professores) das escolas de ensino médio da rede. Algumas escolas foram visitadas e duas foram selecionadas para a implantação da educação integral: a Waldemir Barros da Silva, no bairro das Moreninhas, e a Manoel Bonifácio Nunes da Cunha, no Jardim Tarumã.

    O objetivo, diz a secretária, é que o modelo seja implantado em outras unidades que queiram fazer a mudança. “Essa implantação será um processo gradativo, pois, necessitamos proporcionar formação para toda a comunidade escolar”, afirma.

    Críticas ao projeto

    O modelo é inspirado na Escola da Ponte, do professor português José Pacheco, mas há quem critique a sua forma de implantação na rede estadual de MS. Seria necessário mais treinamento de professores, diretores e funcionários, e a adaptação de alunos que já vieram do ensino tradicional e deficiente pode ser complicada. É o que acredita a professora Angela Costa, da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul).

    “A proposta da Escola da Ponte é espetacular, eles estudam sozinhos, as crianças trabalham juntas, mas para implantar isso é um processo”, diz a professora. “Eu não acredito nessa proposta. Primeiro, o professor José Pacheco tinha que estar aqui, ele é o autor da metodologia. Ele vai orientar a implantação do projeto? Se não for, eu não acredito”, disse Costa.

    Em MS, o projeto tem a supervisão do professor Pedro Demo, aposentado da UnB (Universidade de Brasília).

    “Essa proposta exige muito estudo por parte do aluno, mas se o professor não tiver a formação adequada, não adianta”, afirma Costa. A secretaria diz que os professores das escolas selecionadas participam, desde outubro do ano passado, de capacitações virtuais e presenciais.

    Outro ponto importante para a implantação da proposta, diz Costa, é que os alunos vêm de um ensino deficitário. “A criança vem de um ensino péssimo e, se vem mal do fundamental, a proposta não vai dar conta de resolver todos os problemas”. As duas escolas selecionadas para participar do projeto não alcançaram as notas médias em nenhuma das habilidades do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2015.

  16. Valores
    Em quase todas as manifestações por aqui é possível encontrar contribuições valiosas. A meu ver, no entanto, tem que haver uma discussão que é anterior a esta: que tipo de sociedade queremos ser, para então definirmos um modelo, um traçado (trilha, não trilho) e as metodologias aplicáveis e exequíveis à nossa realidade.
    Alguém mencionou aqui a precariedade dos níveis primeiros e que portanto a discussão sobre graduação e pós graduação não seriam desta forma prioritárias. No entanto, a precariedade dos níveis iniciais reside numa notória deficiência de formação dos professores. Quem forma – ou deveria formar – estes professores? Graduados, mestres e doutores. As “Escolas Normais”, formadoras destes professores necessitam, também elas, de bons professores e orientadores. Logo, a atenção ao “Ensino Superior” não é de todo descabida frente à precariedade da formação básica.
    Há também a questão da formação: humanista, integral vs. “para o mercado”. Acho que apostar na exclusão mútua neste caso é um erro. Há espaço e demanda para os dois objetivos. Temos um país para construir. Se vamos preparar parte da população economicamente ativa para uma atuação mais voltada a projetos, nada impede a transversalidade de disciplinas de vies formador, humanista nas grades curriculares. Na verdade creio ser vital está preocupação para proporcionar sustentabilidade à formação. Da mesma forma, creio ser no mínimo um caso a se pensar a inclusão de disciplinas de gestão e projetos nos cursos de formação de vies humanista, formação dos profissionais liberais e dos educadores. A vida costuma ser um projeto constituído de fases, etapas e ciclos . Aí incluídos os aspectos profissionais e pessoais. Há uma infinidade de possibilidades.
    A primeira medida é definir, responder aquela mesma pergunta que numa entrevista de emprego o contratante te faz: onde você quer estar daqui a 03 anos?
    O que o Brasil quer ser quando deixar a adolescência? Essa é a pergunta. O país está às portas de realizar o ENEM. Precisamos antes de tudo definir – À VERA – o que queremos ser. Para então definir como chegaremos lá com os recursos de que dispomos.

    Esta é sempre uma importante e imprescindível discussão.

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