País caminha rumo ao abismo econômico, por Karla Borges

 
O Brasil rumo ao abismo econômico
 
Por Karla Borges, no Política Livre
 
Não se necessita de bola de cristal para concluir que o país não conseguirá sair da recessão congelando gastos em saúde e educação por 20 anos, como propõe a PEC 55 que tramita no Senado Federal. A proposta de emenda constitucional caminha na contramão de medidas que deveriam ser adotadas para estimular a economia e promover o desenvolvimento, visando retomar o crescimento e não sepultá-lo de uma vez.
 
Quando e onde no mundo uma estratégia dessa natureza foi implementada? O governo pós-impeachment não hesitou em ampliar de imediato o déficit fiscal de R$ 70 milhões para R$ 172 bilhões, majorar desproporcionalmente os salários de algumas categorias de servidores públicos e estabelecer medidas meramente recessivas. A receita das empresas tem caído de forma vertiginosa e o número de desempregados no país é avassalador: mais de doze milhões.

 
Foram sancionados os reajustes do judiciário de até 41%, da Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal de 47,3%. Gerou-se um incremento de 1,4 mil de cargos comissionados em três meses. Os gastos com cartão corporativo em três meses e meio superaram o 1º semestre. O governo ainda trocará o software livre por R$ 500 mi em produtos Microsoft, depois de grandes dispêndios em instalação e treinamento. Ministros ignoram as determinações e promovem 238 viagens pela FAB sem prestar contas. Despesas desnecessárias em jantares são usuais e há uma expectativa de custos de R$ 283 mil para reforma no gabinete do líder do governo.
 
A aposentadoria parlamentar é 7,5 vezes maior do que a do INSS. Isso é reforma da previdência, quando se amplia de 30 para 35 anos o prazo para um cidadão comum se aposentar, enquanto um político aposenta-se com um mandato?  O maior rombo previdenciário é com as carreiras de estado, principalmente os militares, que permanecerão intocáveis. Houve incremento significativo nas despesas com publicidade e a TV pública voltará a comprar conteúdo da Rede Globo.
 
Quem se habilitará a investir no Brasil diante de tamanha insegurança jurídica? Boa parte das empresas nacionais foram criminalizadas e destruídas sob a justificativa do combate à corrupção. Os Estados estão passando por grandes dificuldades financeiras, inclusive para honrar o pagamento do funcionalismo público. A receita líquida das 278 empresas de capital aberto do país apresentou uma queda superior a 10%, na comparação com o mesmo período do ano passado.
 
Todas as nações que adotaram uma tática de cortes de gastos públicos voltada para as classes menos favorecidas estão enfrentando sérios problemas, como a Grécia e a Itália. No Brasil, privilegiam-se os mais ricos, aumentando a concentração de renda, que já provou ser incapaz de reativar a economia. Os subsídios da União destinados a empresas de 224 bilhões serão mantidos e não estão contemplados nos ajustes propostos, pois caberá aos trabalhadores comuns arcar com o ônus do pacote de maldades.
 
A distribuição de renda sempre será a melhor alternativa de fomentar a economia, jamais a sua concentração num pequeno universo. Os sinais emitidos no mundo dão conta de que a globalização está com os dias contados. O novo Presidente Donald Trump está inclinado a proteger a indústria americana, em detrimento das empresas que estão instaladas fora do seu continente. O Brasil até se conscientizar do plano econômico equivocado que vem tentando implementar, vai apresentar déficits cada vez mais significativos na sua balança de pagamentos. Afinal, medidas recessivas, juros de 14%, inflação e desemprego demonstram que a única e primordial inquietação da classe política é com o seu próprio bem- estar. O Brasil? Ah, o Brasil está caminhando rumo ao abismo econômico!
 
Karla Borges é Professora de Direito Tributário, graduada em Administração de Empresas (UFBA) e Direito (FDJ) ,Pós-Graduada em Administração Tributária (UEFS), Direito Tributário, Direito Tributário Municipal (UFBA), Economia Tributária (George Washington University) e Especialista em Cadastro pelo Instituto de Estudios Fiscales de Madrid.
 
Redação

4 Comentários

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  1. A tática é realmente,

    A tática é realmente, realmente óbvia. Agradar os aliados e postos-chave necessários para manter os conspiradores no poder (exército, funcionários públicos chave, parlamentares) para assim conseguir colocar em prática as medidas de desmonte do país.

    Eu só não estou conseguindo entender o que os conspiradores esperam ganhar com o literal esfacelamento do país. Eles esperam saquear tudo que forem capazes e fugirem do país quando começar a guerra civil? Ou eles realmente acreditam que uma vez eliminados todos os “inimigos” eles irão conseguir reerguer a economia com um  “pacote mágico”? Ou algum garoto de Wall Street garantiu que eles seriam os “capatazes” da gigantesca fazenda que o país irá virar depois que massacrarem a maioria da população? Qual é o objetivo desses caras?

  2. país….

    Abismo que nós mesmos abrimos com as próprias mãos. Destruindo empresas, biografias, interesses nacionais. Uma ideologia imbecil contra o trabalho, a competência, o mérito, o capital, a livre iniciativa, a desburocratização, que paralisa o país e inibe seu desenvolvimento. O resultado esta aí. Mas já sabemos qual é a desculpa: a culpa é dos outros.   

  3. A miséria rende um lucro

    A miséria rende um lucro fabuloso ao capital.

    Pense no pote de ouro das previdências privadas, então obrigatórias em todos os níveis após a reforma da previdência. Pense na alegria dos banqueiros e do mercado de capitais.Pense na demanda reprimida após os 20 anos de recessão absoluta em que entraremos.Pense nos lucros dos bancos recolhendo, administrando e investindo a nossa poupança e a nossa previdência e pense neles num futuro próximo negando-se a retribuir-nos com benefiícios previdenciários sob a alegação de maus investimentos.Pense na inflação que nos sobrevirá.

    E não percamos de vista a possibilidade da volta da cpmf.

    Digo-lhe com a consistência de quem já viu e viveu esse filme e que percebe que cada geração tem que criar e superar a sua própria crise, posto que a história nada representa para quem não a viveu.

    O que não muda é a percepção das pessoas quanto ao que é certo e o que é errado. Há pessoas que não aprendem nunca.

    Abrs.

     

     

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