Passe Livre protesta hoje contra reajuste das tarifas em São Paulo

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – Após três anos desde a jornada de junho de 2013, o Movimento Passe Livre volta à tona em São Paulo para protestar contra o reajuste da tarifa do transporte coletivo e fim da integração gratuita em alguns terminais, anunciado pelos governos Geraldo Alckmin e João Doria, ambos do PSDB. A Justiça concedeu uma decisão em liminar suspendendo a majoração mas, ainda assim, o movimento garante concentração na Praça do Ciclista, nesta quinta (12), a partir das 17h. Os manifestantes pretendem caminhar até a casa do novo prefeito.

Por Sarah Fernandes

Na RBA

Apesar de o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o prefeito da capital paulista, João Doria, ambos do PSDB, terem acatado ordem judicial e suspendido ontem (10) o reajuste da tarifa de integração dos ônibus com trens e Metrô, o Movimento Passe Livre (MPL) manterá ato de amanhã (12), que está marcado desde que o reajuste foi anunciado, em 30 de dezembro. A concentração será a partir das 17h, na Praça do Ciclista, na Avenida Paulista. Os manifestantes seguirão até a casa do prefeito João Doria, no Jardim Europa, zona oeste da cidade.

O governo estadual está recorrendo da decisão para restabelecer o aumento. “Vamos manter o ato. Mesmo que a Justiça tenha tomado essa decisão, temos que continuar na rua. Não é só a Justiça, temos que caminhar juntos”, afirmou uma das integrantes do Passe Livre, Sofia Sales. “Essa decisão pode ser alterada. A Justiça e o governador estão dando várias surpresas na gente. É bom nos mantermos atentos.”

Com o lema “Nenhum centavo a mais, nenhum direito a menos”, o ato tem confirmados 5,4 mil participantes na página oficial da manifestação, no Facebook. De acordo com o movimento, tradicionalmente o primeiro ato costuma ter um número significativo de participantes. A integrante do movimento reiterou que o ato é um evento público e que o Passe Livre não tem pretensão de delimitar quem participa. “Seu caráter público tira de nós a responsabilidade de quem o compõe”, disse, ao ser questionada sobre a possível participação de black blocs no protesto.

“As únicas perspectivas dadas tanto pelo Alckmin quanto por seu fantoche Doria é o reajuste da tarifa e a priorização do lucro dos empresários”, diz Sofia. “Grande parte dos usuários de transporte coletivo precisa pegar mais de uma condução pra ir trabalhar. É perverso por parte do poder público com a própria população dizer que o ‘reajuste’ não é um aumento. Apesar do aumento proposto não atingir os bilhetes unitários, ele afetaria a cobrança das integrações e dos bilhetes temporários, dois serviços muito usados por quem precisa do transporte diariamente.”

Questionada sobre o fato de alguns grupos desconhecerem o ato marcado pelo Passe Livre e acusarem o movimento de partidarismo a favor de Doria e contra o ex-prefeito Fernando Haddad, Sofia afirmou que “trata-se de uma afirmação infundada e sobremaneira cega, pois é incapaz de olhar para a história da luta pelo direito à cidade no país”. Ela lembrou que o movimento existe há 12 anos e que, nesse período, organizou “diversas atividades e inclusive atos e jornadas de lutas contra os reajustes de tarifa, realizados por decisão política do prefeito”.

“Nossa pauta é o transporte público e independentemente da prefeitura iremos defendê-la”, acrescentou. “Doria significa um tamanho retrocesso com sua política empresarial, depende de nós barrar as decisões que retiram nossos direitos. Somente a luta pode construir um transporte verdadeiramente público na cidade.”

Sobre o fato de o Passe Livre ser responsabilizado por alguns grupos pelo impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff, sob argumentação que o movimento foi responsável por levar movimentos conservadores para a rua nas jornadas de junho em 2013, Sofia afirmou que os protestos naquele ano ocorreram em “um contexto muito específico”.

“A pauta do aumento da tarifa era o centro da questão que expunha a precarização e a exclusão da classe trabalhadora. Entretanto, se a resposta da direita ao junho de 2013 é o que estamos vendo acontecer hoje em todo o Brasil, nos cortes de direitos, na flexibilização das leis trabalhistas e na recém-aprovada PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 55, um movimento que pauta o direito à cidade não tem responsabilidade nisso. Nós defendemos um transporte verdadeiramente público e é isso que buscamos na luta”, diz a representante do Passe Livre.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

25 Comentários

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  1. O estranho timing do MPL

    Como demorou, né? A magistratura foi bem mais rápida que eles! Depois de ter desencadeado os protestos contra Haddad, Dilma e PT em 2013, agora eles precisaram de 12 dias pra descer pra rua após os aumentos da dupla Doria-Alckmin.

    Eles não parecem muito interessados em reclamar dos tucanos de São Paulo, parece.

  2. A luta do Movimento Passe

    A luta do Movimento Passe Livre é legítima e merece todo apoio. É um foco de resistência importante na luta por direitos sociais. As tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras são obscenas e excludentes. As máfias que controlam o transporte coletivo não têm limites e impõem seus interesses de forma criminosa e covarde à população.

    O Movimento Passe Livre cumpre um papel importante num momento tão delicado que vivemos de ofensiva da direita aos direitos sociais consagrados na Constituição. Espero que a luta contra os aumentos das tarifas ganhem força em todo o país. Essa postura sectária da esquerda contrária à luta contra o aumento das tarifas só favorece à direita e aos empresários mafiosos do transporte coletivo.

    O Movimento Passe Livre tem meu total apoio!

    1. Como eles cumprem um papel

      Como eles cumprem um papel importante, se as ações deles resultaram tudo isso que eestamso vivendo?

      Como um movimento que não faz autocritica das coisas terem saido de suas alçadas, vai ser linha e frente em algo maior?

      E eles também não favoreceram a direita também?

      Quem acredita no MPL, acredita em tudo!

    2. EU não sou trouxa.

      Só tem o teu apoio…

      O resto não é mais um bando de trouxa.

      Essa burguesadinha travestida de estudantes revoltados, não passam de “soldados” do golpe.

      Graças a esses palermas, estamos num estado de excessão.

    3. A diferença entre os lindinhos

      e a turma do Kim é tão somente as letras “P” e “B”; alguém deve ter cochichado no ouvidinho “apartidário” deles e delas: ensaiem alguma coisa pois ficou feio e visível demais o papel de vocês no golpe e o MBL, paceiro nosso, já tá fazendo merda demais desde agosto… esquenta não que Dória é dos nossos.

  3. Os “lndinhos”

    de Leilane Neubarth, sem apoio da Globo pra “coletivas exclusivas”, vão apenas marcar ponto… pra tentar tirar um pouco da peso da culpa pelo golpe, que eles e elas ajudaram a turbinar a partir da “Primavera de Junho de 2013”.

      1. Tem

        os acertos com a Globo demoram um pouco… ângulos de câmeras, locais para serem filmados, figurantes para engrossar o caldo… essas coisas; como não o PT na prefeitura, os Marinhos deves estar estudando se entram ou não na onda.

  4. Vai fundo

    A campanha do 20 centavos do Passe Livre em 2013 provocou uma fissura no tecido social que resultou no Golpe de Estado em 2016.

    Esse moleques são culpados pela violência e mortes que ocorreram na época. São responsáveis também pela escalada de ódio e destruição que se instalou no país a seguir contra Lula, Dilma e o PT. Agora que não há mais limites éticos e ninguém mais consegue colocar a serpente pra dentro do ovo, o ódio e a destruição atingem a todo o povo brasileiro. Esse é o legado do MPL.

    Na época, o Passe Livre alinhou-se policamente com Alckmin contra Haddad, mostrando a serviço de quem e quais causas defendiam. Os caras acenderam o rastilho do Golpe. Eles são o Golpe. Esses fascistas não representam os interesses do povo brasileiro.

  5. Agora eles resolveram

    Agora eles resolveram protestar?????????? Porque não fizeram protestos a semana passada quando Alckmin/Doria impuseram aumento abusivo no integração? O judiciário decente já desfez a farsa.

    São primos irmãos dos mbls sustentados pelo Temer/Aécio. Com o tempo ficaremos sabendo quem os financia. Nível cabo Anselmo.

  6. “Entretanto, se a resposta da

    “Entretanto, se a resposta da direita ao junho de 2013 é o que estamos vendo acontecer hoje em todo o Brasil, nos cortes de direitos, na flexibilização das leis trabalhistas e na recém-aprovada PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 55, um movimento que pauta o direito à cidade não tem responsabilidade nisso. Nós defendemos um transporte verdadeiramente público e é isso que buscamos na luta”, diz a representante do Passe Livre.”

    Que gracinha!! ela achava que a proposta da direita era aumentar direitos trabalhistas, reduzir tarifas e cobrar mais impostos dos ricos. Coitada, foi pega de seupresa.

     

     

  7. Abraça quem quer.

    Depois de 2013 ficou claro que o MBL, ops, MPL é um bando de playboy que não esta nem ai para a politica!

    Falam em anarquismo para não se comprometer com nada e na hora da luta sumiram do mapa.

    Focaram toda energia naquela babosera de que não teria copa

    Sabem tudo, então serão a vanguarda da rede Globo.

    Abraça quem quer.

  8. A esquerda obsoleta agora vai

    A esquerda obsoleta agora vai ficar se opondo a protestos contra aumento de tarifa. Isso que é birra ideológica extrema: querer culpar um bando de garotos que agem conforme pregam pelo fracasso de um governo que pregou o céu e abraçou o capeta, do Sarney ao agrobusiness.

    O MPL está menos alinhado à direita do que o PT que busca cargos no Congresso e na Câmara de São Paulo. E 2013 começou por causa da polícia do PSDB ao bater em portador de vinagre e jornalistas. Os partidários do Haddad que não souberam escolher de que lado ficar, bastava recuar do aumento e mandar um abraço para o povo. Agora é tarde para lamúrias, deixem de birra, deixem a moçada trabalhar. Quem sabe os sindicatos também saiam da letargia da era PT.

  9. Com sinceridade…

    Com sinceridade… milicianos psdebistas, isto sim!

    Aliás, cadê a Sininho, o Peter Pan, o Capitão Gancho?

    E, por fim, onde estão os black bostas? Ou melhor, a P2 do PM do Alckmin Santo…

    Não estou falando bobagem, meu irmão é coronel da PM do Santo (se não conhece a minha mãe, diria esse filho da puta)  e desde 2014 “eles sabiam do golpe”!  E preparam.

     

  10. Será interessante observar

    Será interessante observar protestos sem apoio da midia hegemônica. Como irá repercurtir? Quem o movimento irá condenar o gari Doria ou o Santo??

  11. Essa entrevista foi por e-mail?

    A Sofia Sales repetiu quase que literalmente à Rede Brasil Atual o que o Chico Bueno disse ao DCM. Quando questionado pelo DCM (http://bit.ly/2iiIFEp), essa foi a resposta do Chico:

    DCM: O que mudou de 2013 para cá? O MPL se sente usado pela direita? Existe uma autocrítica?

    Chico Bueno: Não dá para ficar comparando. 2013 foi um contexto muito específico. Os 20 centavos foram centrais, pois expunham a precarização da vida das pessoas, a exclusão da classe trabalhadora. Mas se a resposta da direita ao Junho de 2013 é o que vemos acontecendo hoje no plano nacional, nos cortes de direitos, na flexibilização das leis trabalhistas e na recém aprovada PEC 55, o que o MPL tem de responsabilidade nisso?

    E a Sofia, questionada no mesmo sentido pela RBA (http://bit.ly/2jd7jpA), disse o seguinte:

    Sobre o fato de o Passe Livre ser responsabilizado por alguns grupos pelo impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff, sob argumentação que o movimento foi responsável por levar movimentos conservadores para a rua nas jornadas de junho em 2013, Sofia afirmou que os protestos naquele ano ocorreram em “um contexto muito específico”.

    “A pauta do aumento da tarifa era o centro da questão que expunha a precarização e a exclusão da classe trabalhadora. Entretanto, se a resposta da direita ao junho de 2013 é o que estamos vendo acontecer hoje em todo o Brasil, nos cortes de direitos, na flexibilização das leis trabalhistas e na recém-aprovada PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 55, um movimento que pauta o direito à cidade não tem responsabilidade nisso. Nós defendemos um transporte verdadeiramente público e é isso que buscamos na luta”, diz a representante do Passe Livre.

    Ensaiaram tão bem assim as respostas, ou a entrevista foi por e-mail, ou whatsapp?

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