Paulo Nogueira, presente!

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Paulo Nogueira (1956 – 2017)

por Kiko Nogueira

do DCM

Paulo Nogueira morreu na noite de 29 de junho. Tinha 61 anos.

Estava com câncer. Depois de uma batalha de dez meses, finalmente descansou.

Paulo está em seus filhos: meus sobrinhos Emir, Pedro, Camila e Fernando. Paulo está em minhas cunhadas Erika e Luísa.

Está nos seus irmãos Mari, Zé, Kika. Nos seus sobrinhos e sobrinhas. Na minha tia Maria Ely. Nos amigos, como Sergio Berezovsky, Caco de Paula, Bia Parreiras e aqueles que peço desculpas por não citar nesse momento.

Está em mim e em você. 

Está em seu legado vasto e generoso, digno do nosso pai, o jornalista Emir Nogueira, a quem Paulo dedicou linhas e linhas de beleza e gratidão.

Ele fez de tudo no jornalismo. Foi repórter, editor, diretor de redação, superintendente. A maior parte da carreira na Editora Abril, outra parte na Editora Globo, os anos mais recentes neste Diário do Centro do Mundo.

Um dos maiores jornalistas do país, passou pela Veja, foi editor da Veja São Paulo, reinventou a Exame, lançou diversas outras publicações.

Deixou sua marca em cada uma delas. A vibração, a provocação, o apuro, a busca da excelência. Antecipou tendências, fez acontecer.

Nunca foi santo. Era duro. Era também de uma paciência infinita. Fez companheiros para a vida toda nas redações e revelou vários talentos. Fez inimigos, também, como todo grande homem.

“Sempre que você se desentender com alguém, lembre que em pouco tempo você e o outro estarão desaparecidos”, dizia, repetindo Marco Aurélio, o imperador romano, seu filósofo de cabeceira.

O DCM era seu projeto preferido. Ele falava do privilégio de poder exercer o ofício depois dos 50. Poderia ter tido uma aposentadoria tranquila, jogando tênis e pôquer às margens do Tâmisa.

Preferiu combater o bom combate, com a mesma paixão de sempre. Em 2012, quando começamos, comemorávamos quando conseguíamos alcançar 20 mil visualizações num dia. Ele de Londres, eu de São Paulo. Hoje são 500 mil.

O Paulo tinha uma visão e a perseguia com a mesma obstinação que tinha jogando futebol (um dia eu conto do gol mais bonito que ele fez. Um dia eu faço isso, quando não me doer desse jeito).

A utopia do Brasil escandinavo, um Brasil mais justo, foi a nossa bússola no DCM. Continuará sendo.

Uma vida intensa, um homem que fez tudo à sua maneira. Nasceu e morreu no mesmo quarto na casa dos nossos pais, no Jardim Previdência.

Como ele queria.

O Paulo vive. Obrigado, Fratello.

***

Aos amigos que quiserem prestar a última homenagem ao Paulo, seu corpo será velado no Cemitério Gethsêmani do Morumbi nesta sexta, 30, das 10h às 15h. Praça da Ressurreição, número 1.

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

30 Comentários

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  1. Fiquei triste ao saber que

    Fiquei triste ao saber que morreu. Já estranhava que seus textos estavam cada vez mais esparsos. Nesse foto, atrás dele está uma frase de Oscar Wilde. Então, vou aproveitar e usar uma frase do gênio Wilde que, creio, Paulo Nogueira gostaria que servisse de epitáfio=

    Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe (Oscar Wilde) 

     

     

  2. Que pena! Acesso o DCM todos

    Que pena! Acesso o DCM todos os dias e gostava de seus textos diretos e objetivos. Já faz parte da história do jornalismo brasileiro e sua contribuição para o debate e a criação de um jornalismo alternativo ao dominio da grande midia.

  3. Meus sinceros sentimentos

    Essa é, de fato, uma notícia muito ruim!  Junto à sensação de grande perda sobrevive a esperança quanto às sementes plantadas por homens corajosos e criativos como Paulo!

     

    Meus sentimentos à família.

  4. Ler uma notícia destas logo

    Ler uma notícia destas logo de manhã dá tristeza e raiva. Tristeza pela morte do brilhante jornalista e incansável lutador das causas sociais. Raiva pelo regozijo dos coxinhas, que hoje comemoram a morte de um de seus mais aguerridos adversários. Paulo Nogueira nos ensinou a odiar os fascistas e nunca escondeu ou buscou escamotear esta nova luta de classes que se instaurou no Brasil após o golpe de 2016. Morre sem ver a democracia de volta, mas nós, admiradores, lutaremos até o fim, nem que seja preciso manchar as mãos de sangue. Hoje, choramos a passagem de um dos maiores jornalistas do Brasil, mas o câncer que o levou, provavelmene causado pelas tensões e argruras da luta, não se espalhará pela sociedade brasileira. Paulo Nogueira Vive. O DCM continuará sendo a bandeira da liberdade e do socialismo no combate ao fascismo. FORA TEMER! VIVA O DCM!

    1. Pelo andar da carruagem
      Pelo andar da carruagem companheiro MarFig,não está atento aos meus comentários.Rola Bosta desde os tempos idos e vividos foi rejeitado pela morte.Ele queria entrar de chapéu,mandaram ele de volta ao Brasil.

  5. Durante muito tempo, fui

    Durante muito tempo, fui assíduo leitor e comentarista no DCM. Afasteime-se por várias razões (inclusive uma verossímil suspeita de que estivesse sendo espionado por trolls muito bem disfarçados que postavam por lá). Fiquei impactado com a notícia da morte do Paulo, um grande e corajoso jornalistae que transformou em uma das nossas referências nesses tempos sombrios que estamos vivendo. Uma pena. 

    Que Deus o receba com sua paz, Paulo, e dê forças à sua família e principalmente ao Kiko para que prossiga com a coragem necessária para levar em frente o DCM. Meus sinceros sentimentos.

  6. Está mim também.A família de
    Está mim também.A família de Paulissimo Nogueira Batista meus sinceros sentimentos e minha solidariedade.Combateu o bom combate,completou a carreira e guardou a fé.Descanse em paz.

  7. Está mim também.A família de
    Está mim também.A família de Paulissimo Nogueira Batista meus sinceros sentimentos e minha solidariedade.Combateu o bom combate,completou a carreira e guardou a fé.Descanse em paz.

  8. TRISTEZA

    Meu coração, minha casa, meu bairro, minha cidade, meu estado, NOSSO PAÍS, NOSSO MUNDO DOS QUE LUTAM PELA LIBERDADE E IGUALDADE.

    Todos amanheceram tristes e já com saudade de PAULO NOGUEIRA.

    Contra muitos e a favor da maioria ele se dispôs a lutar com sua pena mágica, que nos brindou com artigos cheios de intensidade democrática e paixão por esse BRASIL e seu POVO.

    Espero que das alturas aonde vai se aboletar ele continue a olhar por todos os brasileiros sofridos, carentes e expoliados, dando uma chamada ao SENHOR que estará por perto dele, para que se apiede de nós brasileiros e brasileiras, companheiros e companheiras.

    Já faz e continuará a fazer muita falta aqui embaixo, mas certamente levou mais luz ainda ao seu destino.

    Um obrigado de quem diariamente, pelo menos umas dez vezes ia em busco do ar fresco de suas linhas mal traçadas do seu DIÁRIO.

  9. Dei por falta de artigos

    Dei por falta de artigos assinados por ele no DCM nos últimos meses e pressenti que algo não estava bem.

    Acompanhava Paulo Nogueira quando o DCM ainda era apenas um blog no site da revista Época e ele estava em Londres, eu em Brighton. Trocávamos ideias sobre a vida na Inglaterra, mas naquela época discordávamos politicamente. 

    Ele acordou para a desgraça que seria José Serra presidente no episódio da bolinha de papel e desde então o DCM se transformou num dos melhores veículos de comunicação da esquerda.

    Já sinto falta dos seus textos. 

    RIP, Paulo Nogueira!

  10. Dei por falta de artigos

    Dei por falta de artigos assinados por ele no DCM nos últimos meses e pressenti que algo não estava bem.

    Acompanhava Paulo Nogueira quando o DCM ainda era apenas um blog no site da revista Época e ele estava em Londres, eu em Brighton. Trocávamos ideias sobre a vida na Inglaterra, mas naquela época discordávamos politicamente. 

    Ele acordou para a desgraça que seria José Serra presidente no episódio da bolinha de papel e desde então o DCM se transformou num dos melhores veículos de comunicação da esquerda.

    Já sinto falta dos seus textos. 

    RIP, Paulo Nogueira!

  11. Dei por falta de artigos

    Dei por falta de artigos assinados por ele no DCM nos últimos meses e pressenti que algo não estava bem.

    Acompanhava Paulo Nogueira quando o DCM ainda era apenas um blog no site da revista Época e ele estava em Londres, eu em Brighton. Trocávamos ideias sobre a vida na Inglaterra, mas naquela época discordávamos politicamente. 

    Ele acordou para a desgraça que seria José Serra presidente no episódio da bolinha de papel e desde então o DCM se transformou num dos melhores veículos de comunicação da esquerda.

    Já sinto falta dos seus textos. 

    RIP, Paulo Nogueira!

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