Performance em São Paulo homenageia artista alemão Klaus Nomi

NOMI

You don’t Nomi

Sua passagem nesse planeta foi mais rápida que um meteoro. O artista alemão Klaus Nomi, virtuoso cantor “alienígena” da cena new wave de Nova York, foi uma das primeiras celebridades a morrer de AIDS em 1983. Epílogo perfeito para a gigantesca ópera tragicômica que foi a sua curta vida.

Nascido em 1944, na Alemanha, filho de uma mãe viúva de guerra, ele foi desde sua infância apaixonado por cantoras de ópera, que imitava enquanto as ouvia no rádio. Seu primeiro contato com a música pop foi um álbum de Elvis Presley comprado escondido de sua mãe.

Klaus foi um dos artistas mais singulares dos anos 80. Ser esguio com forma alienígena, visual retrô-futurista inspirado em ficção científica da década de 1920 – rosto pintado de branco em estilo Kabuki, lábios pretos, roupas extravagantes e penteado inspirado pelo cubismo. Seu estilo e suas performances vocais congelavam o público.

Seu sonho de se tornar um cantor o fez mudar do sul da Alemanha para a capital Berlim. Para manter seus estudos, Klaus conseguiu um trabalho de recepcionista na Deustsche Opera, onde podia acompanhar os concertos e até mesmo arriscar algumas performances para os outros funcionários. Porém, Berlim ainda não era suficiente. Em 1972, Klaus se muda para Nova York – a cidade dos desajustados, a selva urbana que acolhia os párias influenciados por Warhol e outros artistas que procuravam a Big Apple para se reinventarem.

Bem, nem tudo era como ele realmente imaginava. Klaus teve que fazer todos os tipos de serviços que um imigrante se sujeita. “Eu varria chão e lavava louças. É a mesma história de sempre. E eu fiz isto por muito tempo até que um dia eu tive essa ideia e lentamente meu caminho se tornou claro”, diz Klaus. Essa ideia a que Klaus se refere é sua primeira performance apresentada num cabaré vaudeville punk-rock, onde combinava a música clássica de sua infância com sintetizadores e um visual que parecia saído de uma HQ de ficção científica dos anos 60. O turning point da sua carreira aconteceu após um encontro fortuito num nightclub com David Bowie, que o contratou como backing vocal para uma apresentação no Saturday Night Live em 1979. A partir daí, sua história nunca mais seria a mesma.

Quando o artista finalmente assinou com a gravadora RCA, que investiu pesadamente nesta “nova arte”, a “família Nomi” explodiu. O primeiro álbum esgotou em oito dias. Jean-Pierre Bommel, diretor da gravadora RCA França, diz que Nomi atraiu a todos com sua synth-opera pop.

“Os adolescentes gostavam de seu lado totalmente pop e os fãs de música clássica admiravam a sua interpretação de árias. Sob pressão de seu empresário, Ron Johnsen, o cantor é orientado a substituir seus companheiros por músicos profissionais. O conceito original havia desaparecido. Mas isso não impediu o sucesso de sua turnê mundial que começou em 1980. Sua música permaneceu realmente excêntrica como evidenciado no seu segundo álbum, Simple Man, que combina a ópera barroca de Purcell, com o tema do Mágico de Oz e seus próprios sucessos. Quando ele retornou da turnê europeia para Nova York, em dezembro de 1982, Klaus estava exausto, emagrecido, tomando toneladas de antibióticos e injeções para manter sua voz. Sua condição rapidamente se deteriorou sem que os médicos fossem capazes de diagnosticar a doença da qual ele padecia. Seu corpo ficou todo coberto por lesões. Poucos amigos iam visitá-lo por medo de contágio. Em 6 de agosto de 1983, aos 39 anos, Klaus Nomi morreu de Aids como cerca de outros 600 tóxico-dependentes ou homossexuais em Nova York”, escreveu o correspondente em Nova York do jornal francês Libération.

Depois de todo o encantamento, o que era na época chamado de câncer gay soou o fim da festa, mas não eclipsou o mito de Klaus Nomi – O Fantasma da Ópera, que ainda continua a assombrar o mundo do pop.

SERVIÇO:
Performance You Don’t Nomi – Ato 01

Nova Babilônia
Rua Augusta, 781 – Cerqueira César

Dias 02, 09, 16, 23, 30 de Agosto e 06, 13, 20, 27 de Setembro das 22h às 06h
Ingressos: R$ 30,00. Não aceita reservas. Área para fumantes. Aceita Cartões
Crédito e Débito.

Redação

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  1. Excerpts from the show “Klaus

    Excerpts from the show “Klaus Nomi – Angel of suburbia” by Sven Henriksen. Recorded live at “Dramatikkens Hus” Oslo, Norway 2011.
    Cast: Klaus Nomi – Øystein Elle, Angel – Jørgen Langhelle, Aunt Ida – Kari Onstad, Maria Callas – Maria Grazia Di Meo, Grace – Christian R. Wold.
    Musicians: Ørnulv Snortheim and Petter Kragstad.
    Director: Piotr Cholodzinski

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=aj7GwjVTArU%5D

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