Pesquisa da CNI mostra que indústria reduziu intenção de investimentos

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Jornal GGN – A indústria brasileira encerrou o ano de 2014 com queda na produção, no emprego e aumento no nível de ociosidade. Segundo a pesquisa Sondagem Industrial, elaborada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o índice de evolução da produção ficou em 38,3 pontos e o de número de empregados em 44,2 pontos em dezembro. Pela metodologia do indicador, a variação vai de zero a cem pontos, sendo que um desempenho abaixo de 50 pontos indica queda na produção e no emprego. Ambos os índices de dezembro de 2014 são os menores desde  janeiro de 2010, quando começou a série histórica.

O nível de utilização média da capacidade instalada ficou em 68% em dezembro, o menor percentual registrado para o mês desde 2011. Segundo a CNI, os resultados apurados em dezembro “mostram ajuste dos estoques, que ficaram próximos do nível planejado”. O indicador de evolução de estoques efetivos em relação ao planejado ficou em 50,5 pontos, muito próximo da linha divisória dos 50 pontos.

Além disso, as condições financeiras das empresas pioraram no quarto trimestre. A pesquisa mostra que o crescimento dos preços das matérias-primas voltou a se acelerar e a insatisfação com o lucro aumentou: de acordo com a pesquisa, o índice de satisfação com o lucro operacional ficou em 40,6 pontos, o de satisfação com a situação financeira alcançou 46 pontos e o de facilidade de acesso a crédito foi de 36,8 pontos. O índice de evolução de preços de matérias-primas subiu para 63 pontos, muito acima da linha divisória de 50 pontos, que separa o aumento da queda dos preços. 

De acordo com a pesquisa, a elevada carga tributária, com 59,7% das assinalações, continua sendo o principal problema enfrentado pelas empresas no quarto trimestre do ano passado. Em seguida, com 38,5% das menções, vem a falta de demanda e, em terceiro lugar, a competição acirrada de mercado. Também ganharam importância entre as principais dificuldades apontadas pelos empresários o alto custo das matérias-primas e os juros.

A sondagem mostra ainda que, mesmo com uma pequena melhora nas expectativas em janeiro na comparação com dezembro, os empresários estão pouco otimistas.  O índice de evolução do número de empregados ficou em 46,7 pontos, o de compra de matérias-primas foi de 49,6 pontos, o de demanda alcançou 50,9 pontos e o de quantidade exportada, 50,2 pontos.

Em nota, o gerente-executivo da Unidade de Pesquisa e Competitividade da CNI, Renato da Fonseca, diz que a baixa expectativa dos empresários indica que o primeiro semestre será difícil, por causa dos impactos do aumento dos juros e do ajuste fiscal. “A indústria está estagnada e o grande desafio e resgatar a confiança dos empresários, que está muito baixa”, disse Fonseca. Segundo ele, isso requer a adoção de medidas que promovam a competitividade das empresas, com a redução dos custos de produção e a busca de acordos comerciais que facilitem a abertura do mercado externo aos produtos brasileiros.

Diante do quadro de dificuldades, as indústrias continuam com baixa propensão a investir nos próximos seis meses. O Índice de Intenção de Investimento, novo indicador mensal da Sondagem Industrial, oscilou de 52,4 pontos em dezembro de 2014 para 52,2 pontos neste mês e é 9,5 pontos inferior ao de janeiro do ano passado, quando alcançou 61,5 pontos. O indicador de intenção de investimento varia de zero a cem. Quanto maior o índice, maior a disposição  do empresário para investir.

A intenção para investir é maior nas grandes empresas, segmento em que o indicador alcança 59,9 pontos. Nas pequenas indústrias, o índice cai para 42 pontos. A pesquisa mostra ainda que os setores da indústria de transformação com maior disposição para investir são o farmacêutico (75,8 pontos)  e  o de limpeza e perfumaria (65,3 pontos). O índice é menor nas indústrias de couro e artefatos (35,8 pontos) e impressão e reprodução (36,6 pontos).

A Sondagem Industrial foi elaborada entre 5 a 15 de janeiro com 2.146 empresas, das quais 846 são pequenas, 778 são médias e 522 de grande porte.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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