Pesquisa da USP desenvolve material para substituir amianto

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Bruno Bocchini

Repórter da Agência Brasil

São Paulo – Pesquisadores da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) desenvolveram um novo material com as mesmas qualidades e o mesmo desempenho do amianto para a fabricação de telhas. O composto reúne quantidade reduzida de fibras sintéticas – que têm preço elevado no mercado – e foi baseado na estrutura de materiais naturais como o bambu.

“Faz tempo que a indústria brasileira procura uma telha para substituir a de amianto. Fibras vegetais foram testadas, mas elas não têm durabilidade muito boa. As fibras sintéticas foram empregadas, mas com desempenho inferior às de amianto. Desenvolvemos algo que reduz o emprego de fibras sintéticas sem alterar o desempenho da telha”, disse o pesquisador Cleber Marcos Ribeiro Dias, autor do estudo sobre o emprego das fibras.

No Brasil, o amianto é usado principalmente na fabricação de caixas d’água e telhas. Pesquisadores lembram que o produto é nocivo à saúde. No entanto, representantes de empresas defendem que é possível produzir o material de forma segura, garantindo a movimentação da economia e o emprego de milhares de trabalhadores. O amianto é considerado cancerígeno pela Organização Mundial da Saúde (OMS) na mesma classe que o benzeno, formol e tabaco. Mais de 50 países já proibiram a substância.

Pelo menos cinco estados proíbem a extração, comercialização e o uso do amianto: São Paulo, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Rio de Janeiro e Mato Grosso. A pedido das empresas produtoras, o Supremo Tribunal Federal analisa se a proibição nesses estados é constitucional.

“Nós fizemos testes do novo composto em escala industrial e já pedimos uma patente com participação de duas empresas, uma de Leme (SP) e outra de Criciúma, que nos ajudaram na pesquisa. Os testes mostraram viabilidade na produção industrial”, disse o pesquisador.

O trabalho, feito com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), foi desenvolvida no projeto Cimento-Celulose, elaborado pelos professores Holmer Savastano e Vanderley John, da Poli-USP.

Edição: Graça Adjuto

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

1 Comentário

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  1. Já existe o CRFS – Cimento Reforçado por Fibra Sintética

    Nassif, 

    Já existe um material que substitui o amianto, cuja sigla é CRFS-cimento reforçado por fibra sintética, ele tem exatamente o mesmo acabamento do amianto, está sendo utilizado para fabricação dos mesmos produtos, e tem uma vantagem, é mais resistente e deformável quando submetido a grandes impactos, diferentemente do amianto que se quebra. A fábrica da Eternit aqui em recife se utiliza dessa tecnologia já faz alguns anos, talvez esse “novo” produto possa apresentar novas características ao CRFS. 

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